Trazendo um maior leque de possibilidades para os tratamentos, terapia pode aumentar a sobrevida e evitar a progressão da doença
Nesta segunda-feira, 21 de fevereiro, a AstraZeneca divulgou que o Enhertu, medicamento destinado ao tratamento contra o câncer, trouxe resultados bastante positivos para as pacientes com tumores agressivos na mama pela primeira vez.
Comparado à quimioterapia tradicional, foi possível observar que o medicamento promoveu um aumento na sobrevida e o estadiamento do câncer de mama metastático de níveis inferiores da proteína HER2 - um oncogene presente entre 25% a 30% dos casos desta neoplasia. Vale lembrar ainda que, atualmente, a quimioterapia é o único meio de tratamento para pacientes com tumores RH positivos (após progressão de terapia endócrina), quanto RH negativos.
Apesar do anúncio já se mostrar bastante promissor até o momento, a farmacêutica irá apresentar dados detalhados do estudo durante uma conferência médica em breve. Além disso, as agências reguladoras devem ser contatadas para um possível uso ampliado do tratamento.
Para Daniel Gimenes, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo, esse é mais um avanço da ciência no combate ao câncer de mama. "O tratamento irá oferecer um maior leque de opções para as mulheres e isso é extremamente animador. Em um futuro próximo, o medicamento irá ajudar milhares de pacientes a passarem bem por uma fase tão delicada", comenta.
O medicamento, apesar de ter sido testado em mulheres que fizeram entre três e quatro terapias anteriores, também será disponibilizado para estudos futuros em pacientes nos estágios iniciais do câncer de mama, ou seja, com o HER2 alto ou baixo. "Isso irá permitir que mais pessoas sejam elegíveis ao tratamento por ano, abrindo portas para um grupo muito maior", explica o oncologista. Durante os ensaios clínicos, a AstraZeneca explicou que o perfil de segurança do medicamento foi consistente e não trouxe possíveis preocupações.
Vale lembrar que os tumores de mama estão no topo do ranking dos tipos de câncer mais diagnosticados em todo o mundo, segundo o último relatório Globocan 2020, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - são aproximadamente 2,3 milhões de novos casos por ano, o que representa 24,5% dos diagnósticos da doença em mulheres. Anualmente, são estimados 684.996 óbitos, correspondendo a 15,5% da mortalidade pela neoplasia.
No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente no
público feminino de todas as regiões, seguido pelo câncer de pele não melanoma.
Além disso, é também a primeira causa de morte pela doença em mulheres no país.
Em 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 novos casos da neoplasia, de acordo com
o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Como o tratamento funciona?
Pertencente às terapias conjugadas de drogas de anticorpos (ADC), o Enhertu, comercializado desde 2019 para os cânceres gástricos causados por HER2, faz com que esses anticorpos sejam ligados às células tumorais e, com isso, substâncias químicas sejam depositadas no local do tumor, matando as células.
É importante ressaltar que, além do câncer de mama,
o medicamento também está sendo estudado para o tratamento de outros tipos de
câncer, como é o caso do colorretal, pulmonar e gástrico. "Apesar de ainda
ser cedo demais para afirmar sobre os resultados, todos os passos e conquistas
trazem esperança e otimismo para esse recurso terapêutico", finaliza
Daniel Gimenes.
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