Espetáculo que busca pensar a identidade do novo circo contemporâneo brasileiro a partir de uma linguagem transdisciplinar e sensorial entre a cultura popular e urbana, as artes visuais, as experiências sonoras e uma estética carnavalizada, URUTU estreia dia 17 de março, em picadeiro de aço montado na área externa do CCBB Rio.
Para comemorar as efemérides do centenário da Semana de Arte Moderna e o
bicentenário da Independência do Brasil, o Banco do Brasil, com apoio
institucional da FUNARTE, se une a Escola Nacional de Circo, ao diretor
Renato Rocha e a Ciranda de 3 Trupe Produções, criando uma vitrine
para o circo brasileiro nas relações internacionais, colocando assim, o
Brasil no mapa do cenário circense mundial. O projeto é patrocinado pelo
Banco do Brasil.
Em um palco-picadeiro com estrutura de aço, criado e montado na área
externa do CCBB Rio, 35 artistas formados na Escola Nacional de Circo,
pessoas de diversos países da América Latina, entre Venezuela, Equador,
Argentina, Chile, Colômbia, e das 5 regiões do Brasil, do Amazonas,
Pará, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
alguns deles com antepassados pertencentes a povos originários,
emprestam alma e corpos latino-americanos para encenarem o espetáculo
URUTU, que estreia na noite de 17 de março e segue em cartaz até 3 de
abril.
Na cultura dos povos originários (indígenas), o nome URUTU diz respeito a
cobra-grande, que é símbolo da deglutição e da gestação de algo novo.
E é nesse sentido, digamos: antropofágico, que URUTU está sendo
concebido como um espetáculo de alto nível técnico e
de extremo impacto físico e visual, que mistura as artes visuais, a
dança, a música, o teatro, a cultura popular e o próprio circo, para criar
uma experiência estética que una o carisma, o vigor e o risco do circo
clássico com a pesquisa, inovação, visceralidade e a beleza estética e
sensorial do circo contemporâneo. Uma obra de dramaturgia aberta, que
só se completa no corpo e na imaginação dos espectadores, convidando-os
para um universo de sensações, onde eles próprios possam criar associações
a partir de suas vivências e experiências pessoais.
Um trabalho diferenciado, sofisticado e de grande alcance popular, que
possa restabelecer o debate sobre a identidade do novo circo contemporâneo
brasileiro, a cena circense atual, o mercado nacional, e o investimento
para esta linguagem de tão grande alcance junto ao público e sua
internacionalização, visto a precariedade do segmento no cenário
brasileiro atual.
– O circo brasileiro é hoje um dos maiores exportadores de artistas para
grandes companhias internacionais, como o Cirque du Solei, o Ringles Bros,
o Finzi Pasca entre outros, fora os parques temáticos da Europa e
grandes cruzeiros pelo mundo. Chegou a hora de pensar qual
a identidade do circo brasileiro no cenário circense mundial e o
mercado para a linguagem no cenário nacional e suas oportunidades. Qual a
construção da identidade da linguagem circense que será capaz de traduzir
a brasilidade que tanto encanta o mundo? E como é possível fomentar
esse segmento tão popular e ao mesmo tempo tão precarizado? Resolvemos
criar um projeto inédito, que mergulhe de cabeça na cultura brasileira com
a linguagem do circo contemporâneo, composto por artistas oriundos
da Escola Nacional de Circo, a maior escola de circo
da américa-latina. Dessa forma o projeto vira também uma plataforma para
a formação, fortalecimento do mercado do circo no Brasil, de intercâmbio,
debate e fortalecimento da linguagem e do setor circense nacional, –
comenta o diretor Renato Rocha.
A concepção de Renato Rocha, artista articulador no Brasil e no cenário
internacional, de um espetáculo que represente toda a potência e
diversidade de nossa produção cultural, criando uma vitrine para o
circo brasileiro nas relações internacionais, ao promover uma
ação coordenada em diferentes níveis, propõe uma ação reflexiva, como a da
Semana de Arte Moderna, que se dará para além de uma montagem de um
espetáculo de circo.
– Precisamos fortalecer a cena circense brasileira com ações formativas,
intercâmbios, mesas de debate com temas de extrema importância para o
circo, como a segurança, técnica, formação, linguagem, público, festivais,
patrocínio, internacionalização e mercado para os artistas brasileiros,
além de compartilhamentos de metodologias e dispositivos para processos
criativos, e pensamentos de diferentes dramaturgias possíveis para o
circo. Produzir pensamento sobre a estética, formação e o fazer artístico
do circo hoje, através da criação de um produto artístico que se
pretende de alta qualidade. Um espetáculo que represente toda a potência e
diversidade de nossa produção cultural. E atrair os investimentos
necessários para alavancar esse setor –, declara Renato.
Não atoa o espetáculo URUTU se apresenta como obra de arte
associada a efeméride do centenário da Semana de Arte Moderna e irá
promover, durante a temporada, uma série de debates, com temas alguns
deles já citados aqui nos comentários de Renato Rocha, e outros mais.
Na data em que se celebra o Dia Nacional do Circo (27 de março)
haverá exibição do espetáculo URUTU em formato audiovisual, pelo canal
YouTube do Banco do Brasil.
DRAMATURGIA COMO ESCRITURA CÊNICA
A dramaturgia que Renato Rocha desenvolve em seus espetáculos caminha para
além do que as artes cênicas costumam pensar a respeito desta
palavra. Em seu processo, Renato cria suas dramaturgias a partir do
material humano do artista, suas ferramentas criativas, em como este
se relaciona com o mundo hoje, e com o tema proposto como ponto de partida,
tendo sua biografia como matéria-prima afetiva.
– A dramaturgia a que me refiro é transdisciplinar, aberta, não linear,
subjetiva e emocional, e abrange diversas dramaturgias, como a da palavra,
a do performer em cena, a da imagem, a da própria cena, a da sonoridade, a
da especulação e da produção de significados do espectador. E quando
se fala de circo: Qual a dramaturgia possível para as variadas técnicas
circenses? Qual a de um aparato circense, como o trapézio, por exemplo? Como
tratar o espaço aéreo como um lugar a ser habitado? Qual a produção de
universo sensível a partir da fricção entre um corpo e um aparelho
aéreo? É uma discussão –, provoca o diretor.
Nesse sentido Renato procura deslocar o espectador da ideia de um
entendimento lógico, trazendo-o para o centro da experiência e da ação,
convidando-o a construir sua própria dramaturgia, a partir de como se
relaciona e especula sobre o que vê, interagindo com a obra com suas
vivências pessoais.
RENATO ROCHA
Criou espetáculos para a Royal Shakespeare Company, The Roundhouse, Lift,
Circolombia, para a Bienal Internacional de Artes de Marselha, o National
Theatre of Scotland, o Festival Internacional de Leicester, a União
Européia e Unicef. Dirigiu projetos na Índia, Berlim, Tanzânia, Quênia, Egito,
Paris, Nova Iorque, Edimburgo, Estocolmo, Budapeste e Colômbia. Foi
diretor artístico da Organização Street Child United e do
Circus Incubator, colaboração entre França, Finlândia, Suécia, Espanha,
Canadá e Brasil.
Em 2016, fundou o NAI – Núcleo de Artes Integradas, no Brasil, onde criou
“Before Everything Ends” para o Festival Home/Away em Glasgow, “S’blood”,
indicado ao Shell-RJ de 2018, na categoria inovação, “Entre Cinzas, Ossos
e Elefantes”, “Estar fora do mapa também é existir” para a ArtRio, na
C.Galeria, “Fragmentos de emaranhados e esquecimentos”, para o ArtCore no
MAM-RJ e a plataforma internacional “A conferência dos pássaros”, para a
programação artística da COP26, em Glasgow. Dirigiu “Rastros” com o Circo
Crescer E Viver, “Ayrton Senna” e “O Meu Destino é Ser Star” com a
Aventura Entretenimento, e em 2019, “Eu, Moby Dick” com o Oi
Futuro. Recebeu 16 indicações nas mais importantes premiações do país,
ganhando o Prêmio Cesgranrio de Teatro de Melhor Cenografia.
Nos anos 1990, Renato Rocha montou espetáculos com elencos numerosos que
fizeram temporadas em espaços ao ar livre. Integrou a Intrépida Trupe e o
Nós do Morro, experiências que o catapultou para trabalhos na Europa, Ásia
e África.
Em 2021, desenvolveu o projeto “Casa Comum”. Financiado pelo British
Council, o projeto aconteceu no coração da Amazônia com o povo
indígena Sateré Mawé entre rios, floresta e cidade, onde os 10 artistas
amazônidos, juntamente com o diretor artístico Renato Rocha, o estúdio londrino
SDNA, os cineastas Takumã Kuikuro e Rafael Ramos e o artista sonoro
Daniel Castanheira, criaram vídeos performances que refletiram sobre a
cosmovisão indígena do planeta como uma casa comum, iluminada por Ailton
Krenak. O projeto fez parte também da programação artística do Casa
Festival em Londres, da COP26 em Glasgow e do Festival Amazônia Mapping no
Pará, e contou com as parcerias da Pipe Factory, The Theatre of the
Opportunity, The Necessary Space e LABEA.
O PICADEIRO DE AÇO
Projeto do palco-picadeiro de aço que será montado no estacionamento do
CCBB Rio.
EQUIPE
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Dramaturgia e Direção Artística: Renato Rocha
Diretor Assistente: Orlando Caldeira
Elenco: Alex D, Aline Fortunato, Andru, Caroline Meurer, Digão,
Eduardo Estrada, Elias Oliveira, Ezequiel Freitas, Felipe Cerqueira,
Francine Rosa, Gui Oliveira, Ingrid Bogotá, Isabella Steffen, Jajá, JC
Barbosa, Jessica Oscar, Juan Pizarro, Juliana Fernandes, Leonora Cardani,
Maga Martinez, Matheus Gabriel, Mística, Murillo Atalaia, Nat Az,
Paolla Ollitsak, Patrick, Pedro Freitases, Pedro Vinicius, Pietro Ricordi,
Rafaela Duarte, Rick Almodi, Sinead Daniela Rojas, Thaís Ventorini, Victor
Versuth e Vini Reis
Criação Sonora e Trilha Musical: Daniel Castanheira
Coreografias e Direção de Movimento: Romulo Vlad
Iluminação: Renato Machado
Cenografia: Cachalote Mattos
Figurinos: Isaac Neves
Direção Técnica: Daniel Elias
Projeto Técnico: VRS – Vertical Rigging Solution
Design Técnico da Estrutura Circense: Hugo Mercier
Responsáveis Técnicos e Co-criadores dos Números Circenses |
Professores(as): Alex Machado, Alexander Khudyakova, Alexandre Souto,
Alexis Reyes, Antônio Rigoberto, Bruma Saboya, Bruno Carneiro, Edson
Silva, Ernesto Trujillo, Luciana Belchior, Marisa Khudyakova,
Paulo Emanuel, Rodolfo Rangel, Rodrigo Garcez e Thalita Nakadomari
Professores(as) colaboradores(as): Felipe Reznik (Música), Gustavo
Damasceno (Teatro), Nayanne Cavalcante (Dança) e Raquel Castro (Dança)
Consultor Técnico e Acrobático: Rodolfo Rangel
Preparadores Físicos: Felipe Bedran e João Solano
Fisioterapeuta: Rafael Gonçalves
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Designer Gráfico: Rafaela Gama Lira
Fotografia e Vídeo: Renato Mangolin
Assistência de Produção: Naomi Savage
Direção de Produção: Dadá Maia
Produção: Ciranda de 3 Trupe Produções
SOBRE O CCBB RJ
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona na 2ª, 4ª a
sábado de 9h às 21h, no domingo de 9h às 20h e fecha na terça-feira. A
entrada do público é permitida apenas com apresentação do comprovante de
vacinação contra a COVID-19 e uso de máscara. Não é necessária
a retirada de ingresso para acessar o prédio, os ingressos para os eventos
podem ser retirados previamente no site eventim.com.br ou presencialmente na bilheteria
do CCBB.
SERVIÇO
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.
Informações: 21 3808-2020
Estreia Nacional/Temporada: de 17 de março até 3 de abril de 2022.
Apresentações: Quinta a domingo, às 19h
Local: Estacionamento do CCBB
Ingresso GRATUITO
Retirada das senhas 1 hora antes do início das apresentações.
Capacidade de público: 150 pessoas
Duração: 90 minutos
Classificação livre
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