Em um mercado cada vez mais globalizado, a diversidade e a cultura vão além de respeito e aceitação das diferenças e não são - muito menos - apenas um programa social. Segundo a consultoria americana Gartner, em uma pesquisa de 2019, concluiu-se que as equipes inclusivas e com diversidade de gênero performaram 50% melhor do que as equipes com menos diversidade. Para as empresas a mensagem é urgente: A pluralidade de culturas é elemento estratégico na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, já que dinheiro não tem cor para a grande maioria das marcas.
Atualmente, todos querem vender para qualquer pessoa que queira
consumir. Em outras palavras, as empresas querem aumentar a sua fatia de market
share e quanto mais diversas forem, maior será seu entendimento da dinâmica
do consumo, da demanda existente e das possibilidades de criação de
necessidades, que é o papel fundamental do marketing. Todavia, promover a
multiplicidade cultural dentro das empresas é uma construção, e essa construção
parte de furar bolhas, provocar reflexão e até desconforto. E o incômodo é uma
espécie de combustível.
Recorro a Ebony English School, a primeira escola de idiomas com
foco na cultura negra no Brasil e que também faz um trabalho B2B, para dar um
exemplo de como podemos pensar o impacto da cultura nas organizações e,
enquanto, um expoente importante no processo educacional, visto que é uma
abertura para trabalharmos não só a diferença cultural, mas, consequentemente,
mobilizar os envolvidos a refletir sobre o tema, para além do quadro ou de suas
vivências individuais.
Dessa forma, um do eixos da instituição, a ebony corporate,
atende empresas interessadas em transitar pelos ambientes culturais diversos, e
utiliza da educação para fundamentar este processo, já que entendemos que o
sistema e, principalmente, o modo de nos comunicar nesse ambiente, que,
alinhado à estrutura das instituições, tem dificuldade de navegar não só pela
temática racial ou de DE&I, mas nas demais camadas lidas como
minoritárias.
Fazer esse trabalho de base por meio do inglês é uma ferramenta de grande potência e, olhando para o mercado, de forma estratégica, pois além de aprimorar o colaborador, reconfigura-se o ambiente de trabalho, e consequentemente, a cultura organizacional da empresa dará um giro de 360° graus.
Resgato, novamente, as premissas da Ebony que têm como material
didático e referencial a cultura afro, em sua totalidade e em diáspora: Para um
colaborador negro, por exemplo, ter como benefício um curso de idiomas que não
somente conte a história da África e toda a sua riqueza, como também tem um
modelo de aprendizagem afrocentrado, gera um sentimento de pertencimento e
identificação. O resultado é a transformação do ambiente, um espaço que não só
acolhe a diversidade mas que também navega pelas interseccionalidades e para
além disso, evidencia-se uma pluralidade de protagonismo, não terá apenas um
corpo específico tendo narrativas contadas ou representadas, ainda que no
ambiente corporativo.
É preciso fazer a diferença nos negócios e quebrar uma lógica
que há muito tempo não considera mais da metade da população. Costumo dizer que
o futuro é hoje, e não há melhor momento para se falar de diversidade, se não
agora. Que possamos seguir em abundância, com perspectivas diversas e com
empresas e instituições com perfis reais. É preciso descolonizar e dar o passo
rumo a um futuro equânime, dinâmico, plural e diverso, tal qual são as pessoas
consumidoras dos produtos e serviços, tal qual é a sociedade em que vivemos.
Marta Celestino - Pesquisadora,
Yalorixá, Consultora em
Inovação e Diversidade, e CEO da Ebony English School
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