O uso de big data tem crescido exponencialmente em todas as áreas da ciência nos últimos anos e com a medicina não foi diferente. Na Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, há um núcleo de pesquisa específico sobre o uso de big data na rotina e procedimentos de saúde. Assim, o uso de big data em favor da saúde é uma realidade a cada vez mais desenvolvida e utilizada nas rotinas médicas.
Mas, que realmente ele é? big data são dados com
maior variedade que chegam em volumes crescentes e com velocidade cada vez
maior, incapazes de serem gerenciados por softwares tradicionais.
Na área da saúde, os principais fornecedores de
informações que alimentam os bancos de dados são: aplicativos e dispositivos de
monitoramento de atividades pessoais, prontuários eletrônicos, exames e laudos
online enviados remotamente e arquivos digitais fornecidos por instituições de
atendimento, como clínicas, enfermarias do trabalho, entre outras áreas.
O big data realiza o cruzamento desses dados
obtidos por meio dessas diversas fontes possibilitando a obtenção de insights
rápidos e capazes de ajudar nas rotinas médicas.
Porém, grandes quantidades de dados não
necessariamente significam boas informações. A beleza do big data está
justamente na eficácia do cruzamento de informações para obter os resultados
que possam efetivamente auxiliar na tomada de decisões, o que depende do
engajamento de uma equipe multidisciplinar, como engenheiros de tecnologia da
informação, cientistas de dados e demais profissionais capazes de processar
esse sistema. Por conta da devida curadoria e organização dessas informações de
acordo com os objetivos da organização, é possível gerar o conhecimento capaz
de agregar valor.
Suas vantagens no setor da saúde são
inúmeras, como no auxílio da identificação de necessidades dos pacientes, na
prescrição eletrônica de relatórios clínicos, na medição do desempenho e
gerenciamento dos tratamentos médicos, na redução de custos e ainda permite
maior agilidade e precisão nos diagnósticos clínicos.
Deve ser evidenciado que o objetivo do uso de big
data é de mero auxiliar na tomada de decisão da equipe médica e assistencial.
Ou seja, a decisão final acerca do tratamento mais adequado sempre será do
profissional, que jamais será substituído. O big data apenas produz um dado
bruto que depende do conhecimento e experiência exclusiva dos médicos para
poder auxiliar nos diagnósticos e indicação de tratamentos.
Assim, a importância do big data na saúde é imensa,
mas ela não gira em torno da quantidade de dados que serão processados e sim a
informação que será extraída deles, seja para as análises médicas, seja na
gestão do hospital/clínicas.
Refere aos cuidados que o uso do big data exige,
seu uso exige o cuidado redobrado com a privacidade e segurança da informação.
Assim, a implementação de um Sistema de Segurança da Informação (SGSI) que
garanta a proteção dos dados por meio de firewalls, controles de acesso, troca
de informações criptografadas, anonimização dos dados antes de torná-los
públicos ou abertos para profissionais de outras áreas torna-se imprescindível.
Considerando que o principal objetivo do big data é
a extração de informações capazes de auxiliar na condução estratégica do
negócio, bem como nos diagnósticos clínicos no caso da área da saúde, o seu uso
desacompanhados de um Sistema de Gestão de Segurança da Informação (SGSI) pode
representar um verdadeiro desastre.
Em resumo, pode-se dizer que o SGSI são os planos,
estratégias, políticas, medidas e controles desenvolvidos em prol da segurança
da informação, de modo a garantir a confidencialidade, integridade e
disponibilidade da informação dentro da organização.
A SGSI depende de tecnologias e pessoas. Assim, é
inútil adquirir um software de ponta para cuidar da segurança da informação do
hospital ou clínica se as pessoas que manuseiam tal sistema não estão
comprometidas com a cultura em prol da segurança da informação.
De modo geral, o SGSI depende de alguns critérios,
que são: mapeamento e classificação dos dados, criação de políticas e
procedimentos e a manutenção e atualização dessas políticas e procedimentos.
Assim, o uso de tecnologias como o big data apenas
cumprem o fim a que se destinam se é imprescindível que o hospital, clínicas
médicas, laboratórios e profissionais da saúde elevem a segurança da informação
como um aspecto essencial da gestão e do exercício profissional.
Esta mentalidade deve estar intrínseca em toda a
organização, de forma que os profissionais de todos os níveis hierárquicos
estejam conscientizadas da importância das ações de adequação e manutenção de
um programa de proteção de dados, que deve conter, no mínimo uma governança de
proteção de dados, gestão de dados pessoais, forte segurança da informação,
unida à gestão de riscos e, obviamente, controle de incidentes.
Juliana Callado Gonçales - sócia do Silveira
Advogados e especialista em Direito Tributário e em Proteção de
Dados (www.silveiralaw.com.br)
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