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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

O impacto da endometriose na produtividade da mulher

Doença atinge 1 em cada 10 mulheres em todo o mundo, que chegam a perder até 11 horas semanais em produtividade devido aos seus sintomas


A endometriose é uma doença que atinge cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo 10 milhões apenas no Brasil. Estima-se que 1 em cada 10 mulheres sofram com a doença, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os  sintomas mais comuns são cólicas menstruais, dor pélvica crônica, dispareunia (dor durante e após as relações sexuais), inchaço abdominal, dor e/ou sangue para urinar e evacuar. Com tantos sintomas e prejuízos à qualidade de vida da mulher portadora da endometriose, é esperado que sua produtividade seja diretamente afetada pela doença. “Para quem sofre com as dores incapacitantes da doença que a impedem de realizar suas atividades normais no dia a dia, esse dado não é novidade”, afirma Caroline Salazar, autora do blog A Endometriose e Eu, pioneira no assunto no Brasil, e coordenadora do Time Brasil da EndoMarcha (Marcha Mundial de Conscientização sobre a Endometriose). “As empresas e gestores também precisam saber disso, ainda mais levando em consideração que, desde 2010, as mulheres são maioria no país e 40% delas sustentam suas casas”, completa Caroline, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

Em 2012, um estudo realizado pela World Endometriosis Research Foundation, intitulado EndoCost, avaliou 909 mulheres diagnosticadas com a doença, em 12 centros de 10 países - Alemanha, Bélgica, Dinamarca, EUA, França, Holanda, Hungria, Itália, Reino Unido e Suíça. Além dos ginecologistas destes centros de saúde, economistas dos 10 países participantes integraram a pesquisa para calcular o custo real da endometriose. O estudo concluiu que além do impacto na qualidade de vida das endomulheres, cada uma custava €9.579 aos países analisados. Deste total, € 6.298 eram diretamente relacionados à perda de produtividade no trabalho, enquanto o restante estava ligado às despesas diretas com assistência médica. “Neste mesmo ano (2012), os gastos com as endomulheres equivaliam a gastos com doenças mais conhecidas, como diabetes, doença de Crohn e artrite reumatoide, a diferença é que a endometriose ainda é uma doença com pouco investimento em pesquisas”, aponta Caroline Salazar.  

O EndoCost endossou dados de outro estudo publicado um ano antes dela, em 2011, na Fertility and Sterility, o Estudo Global da Saúde da Mulher (Global Study of Woman Health). De acordo com eles, a mulher portadora da endometriose pode perder até 11 horas semanais de produtividade em decorrência dos sintomas da doença. Caroline aponta que os custos apresentados por ambos os estudos podem ser ainda maiores. “Estes estudos contemplaram apenas 10% das mulheres ‘em idade reprodutiva’ e sabemos que muitas de nós começam a sofrer com a doença muito antes dos 15 anos e eu fui um exemplo disso”, explica Caroline, que desde junho de 2012 está curada da doença, quando começou a estudar os artigos científicos que comprovam  essa cura e começou a espalhar essa nova conscientização sobre a endometriose.  

Há quase 11 anos, Caroline Salazar criou o blog A Endometriose e Eu para falar sobre a doença e ajudar outras mulheres a buscarem tratamento - e a cura - da endometriose.  Em 2013, realizou a cirurgia de excisão dos focos dos tecidos endometriais, curando-a, de fato, 21 anos depois do início das dores severas e diárias. Em 2014, já premiada e reconhecida internacionalmente pelo conteúdo do blog, Caroline foi convidada a liderar o time brasileiro da EndoMarcha. Além disso, apoia o desenvolvimento de projetos de lei nas três esferas (municipais, estaduais e federal) para a conscientização, diagnóstico e tratamento da endometriose, como o PL 3047/19, apresentado pela deputada Daniela do Waguinho (MDB/RJ), que foi apensado ao 6215/2013 e aprovado pela Câmara Federal por unanimidade em fevereiro de 2020,  e aguarda tramitação no Senado Federal. O PL 3047/19 prevê a instituição do dia 13 de março como o Dia Nacional da Luta Contra a Endometriose. A ativista também lançou, em 2020, o projeto EndoConectadas, primeiro clube de assinatura com conteúdo exclusivo sobre endometriose.


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