Segundo Boletim Epidemiológico Especial Nº21, do Ministério da Saúde,
com números até o dia 4 de julho, o Brasil tinha 1.577.004 de casos de
Covid-19. Os leitos hospitalares estavam ocupados com 169.382 pessoas que
apresentavam a chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por
Covid-19. Do total de internados com a SRAG por Covid-19, 3.583 eram crianças e
adolescentes entre zero e 19 anos.
Neste cenário de incertezas proporcionado pela pandemia, existe entre os
especialistas oncológicos, ao menos uma certeza que traz consigo uma grande
preocupação: os casos de câncer não diagnosticados atualmente, devido a
ausência de consultas médicas e exames, podem se transformar em diagnósticos
tardios da doença, especialmente nas crianças, que não sabem exprimir o que
sentem.
“O câncer é uma doença sorrateira e silenciosa que, caso não seja
precocemente diagnosticada, pode evoluir de maneira rápida. Quando acomete
crianças, a atenção deve ser redobrada, uma vez que elas não sabem dizer com
precisão o que estão sentindo, dificultando e retardando o diagnóstico”, afirma
Dr. Cláudio Galvão, Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica
- SOBOPE.
Atenção ainda maior deve ser destinada às crianças que são pacientes
oncológicas. “Elas são sensíveis a qualquer tipo de infecção. Com relação,
especificamente a Covid-19, a sensibilidade não parece ser maior, todavia ainda
precisamos de mais tempo e informações”, adianta Dr. Cláudio Galvão. “Doenças
como H1N1, que é um vírus chamado sincicial respiratório, parecem ser
particularmente tão ou mais agressivos que a Covid-19, mas todo cuidado é pouco
e não queremos ver nossas crianças infectadas”, completa. Além disso, sobre em
quais situações a Covid-19 pode ser mais perigosa, Dr. Cláudio Galvão aponta:
“Os dados são esparsos, mas aparentemente pacientes com leucemia mielóide
aguda, lma leucemia que, em si só já são mais graves, são mais sensíveis”.
A prevenção que crianças que já estejam fazendo tratamento oncológico
devem ter, segundo o especialista da SOBOPE é: “Recomendamos o de praxe: uso de
máscaras, higiene intensa das mãos, restrição de visitas e distanciamento
social. Aliás, não apenas os pacientes oncológicos devem observar tais
recomendações, mas todas as crianças”.
Para as crianças que, infelizmente, já foram infectadas, os cuidados
pós-cura envolvem muito acompanhamento. “Eles ficam
sob monitoramento a depender do quadro clínico, mas o tratamento não difere
muito do que acontecia antes, uma vez que esses pacientes estão sob cuidados e
vigilância constantes”, salienta Dr. Cláudio Galvão.
Neste momento, em que a preocupação com o
tratamento oncológico se soma aos cuidados com a Covid-19, uma das saídas
proposta pelo especialista são as terapias complementares. “Música, leitura,
interação com familiares via aplicativos de celular, entre outras atividades
são recomendadas para que as crianças possam melhorar a sua auto-estima e,
assim, possam ter uma melhor resposta ao tratamento e à recuperação”, finaliza Dr. Cláudio Galvão.
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