Baleia Azul, Boneca Momo e, agora, o Homem Pateta.
Não é de hoje que crianças e adolescentes estão expostos aos perigos da
internet – ou, melhor dizendo, de adultos que se aproveitam das amplas
possibilidades da rede para propagar o ódio e a violência. Os criminosos já têm
táticas bastante conhecidas: sob o pretexto de convidar os jovens para um jogo
ou desafio, os induzem à automutilação e até mesmo ao suicídio.
E não é apenas a esses virais que o público
infanto-juvenil está exposto. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil
2019, 15% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos viram na internet algum
tipo de conteúdo sexual. A exposição pode ser ainda mais perversa: 18% dos
internautas de 11 a 17 anos receberam mensagens de conteúdo sexual e, 11% dessa
faixa etária já foram solicitados a enviar uma foto ou vídeo em que apareciam
nus.
As ofensas também foram objeto de estudo. Mais de
30% das meninas e quase 25% dos meninos foram tratados de forma ofensiva na
internet. Dentre eles, 12% tinham entre 9 e 10 anos. Apenas um em cada dez
contou para um amigo ou amiga da mesma idade e 9%, para os pais ou
responsáveis. O estudo mostra ainda que 7% disseram já terem sido discriminados
na rede, sendo o principal motivo a cor ou raça, seguido pela aparência física,
por gostarem de pessoas do mesmo sexo ou ainda por questões religiosas.
Hoje em dia, a interação com celulares e tablets
ocorre desde muito cedo. Deparar-se com o mais variado índice de violência
nessa idade, em que o indivíduo ainda está em formação e conhecendo o mundo ao
seu redor, pode causar danos psicológicos seríssimos, como traumas e
dificuldades para se relacionar com os outros.
Por isso, é dever dos pais monitorarem os conteúdos
que crianças e adolescentes acessam. Em todo dispositivo, existem recursos que
permitem bloquear conteúdos explícitos. As redes sociais também merecem
atenção. É importante verificar mensagens suspeitas e manter um diálogo claro
com a criança sobre como ela não deve se comunicar com estranhos nas redes.
A responsabilidade é objetiva. Deve-se estabelecer
limites de horário de acesso à internet – quanto mais jovem, menos tempo.
Também é extremamente recomendável direcionar o uso a conteúdos enriquecedores
para a formação do indivíduo, como desenhos ou sites educativos. Em caso de
dúvidas, uma consulta a profissionais da área ou psicólogos especializados
sempre vale a pena.
Outro ponto importante é que a educação digital já
é algo que deve ser incorporado às famílias. Os pais precisam educar os filhos
sobre como se comportar na internet, tendo em vista que o que se escreve é público
e fica registrado por tempo indeterminado. Tenho experiência realizando
treinamentos sobre etiqueta digital e, por lá, afirmamos que é de bom alvitre
não debater temas polêmicos, ainda mais quando se é jovem, ainda em formação,
pois as consequências não são sempre tão previsíveis.
Agora, com as aulas suspensas devido à pandemia de
Covid-19, mais crianças e adolescentes estão utilizando a internet. Portanto, a
atenção dos pais deve ser redobrada. É importante acompanhar o EAD, as tarefas
que estão sendo propostas, estabelecer um diálogo aberto com os filhos para que
eles se sintam seguros para compartilhar algo que eventualmente possa tê-los
incomodado. Assim, poderemos criar um ambiente mais seguro e de respeito para
todas as idades.
Dane
Avanzi - advogado, empresário de telecomunicações e diretor do Grupo Avanzi.
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