Conjunto de resultados da pesquisa é estarrecedor:
6 em cada 10 médicos denunciam pressões de planos para restringir internações;
7 em 10 dizem que isso também ocorre para reduzir exames e outros
procedimentos.
No SUS, 97%
apontam problemas para exercer a especialidade. Outro indicador gravíssimo: 8
em cada 10 já foram agredidos no ambiente de trabalho.
A SOGESP
(Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), por meio do
DataFolha, realizou pesquisa com ginecologistas e obstetras do Estado (entre
associados, não associados e também que nunca foram associados), com o intuito
de conhecer melhor como estes profissionais se relacionam com planos e
operadoras de saúde, em que condições atuam no Sistema Único de Saúde (SUS),
quais os principais obstáculos enfrentados no dia a dia da medicina e as
queixas mais recorrentes de seus pacientes quanto às redes pública e
suplementar.
A mostra é
de 604 ginecologistas e obstetras, sendo que a pesquisa quantitativa, com
abordagem telefônica, ocorreu de 24 de maio a 14 de junho de 2018. O nível de
confiança é de 95%.
Perfil
Segundo o Datafolha,
hoje as mulheres são maioria entre os ginecologistas e obstetras (60%). E a
presença feminina é maior entre os especialistas mais jovens. Elas são 84%
entre o grupo de 25 a 34 anos. A média etária dos profissionais,
independentemente de gênero, é de 47 anos.
Houve a
constatação de que apenas 4% dos entrevistados atuam exclusivamente na
Obstetrícia. Entre os que já atuaram nesta área e não o fazem mais (14%), os
principais motivos para abandonarem-na são a obrigatoriedade de disponibilidade
médica em período integral (25%), especialização em outro campo (25%),
estresse/desgaste/desmotivação (24%) e baixos honorários (23%).
Fica
evidente também que os ginecologistas e obstetras trabalham acima da carga
estabelecida de 40 horas semanais (57%) no Brasil. Em média, eles dedicam 50
horas da semana, sendo que 40% trabalham mais do que isso. São 18% os que
trabalham mais de 60 horas.
Planos
de saúde
72% dos
médicos consultados atendem planos ou seguros saúde. Indagados sobre quais, na
opinião deles, são as piores empresas da área suplementar, destacaram entre as
três primeiras a Amil (13%), Intermédica/NotreDame (13%), Greenline (5%).
Considerando
todos os planos, 94% indicaram que eles interferem na autonomia do médico.
Entre os principais tipos de interferência há restrições à internação (61%), ao
tempo da internação/antecipação de alta (57%), ao período de internação
pré-operatório (53%) e quanto à solicitação de exames (73%).
A maioria
(60%) relata que, nos últimos cinco anos, atendeu pacientes que tiveram
problemas com os planos de saúde a ponto de interferir adequado exercício da
medicina.
Rede
pública
A avaliação
do serviço público no Estado de São Paulo teve 83% de péssimo/ruim/regular.
Quase a totalidade dos médicos GOs (97%) citam problemas para exercer a
profissão na rede.
Os
problemas mais ressaltados são falta de valorização dos recursos humanos (69%),
falta de equipamentos e recursos técnicos (66%) e descompromisso dos gestores
(63%).
Segundo os
ginecologistas e obstetras figuram entre queixas dos pacientes: a demora para
marcar/realizar exames (64%); demora/não conseguir vaga para internação (36%);
falta de médicos ou poucos (22%).
92% avaliam
como péssimo/ruim/regular o acesso dos pacientes aos serviços especializados de
nível ambulatorial. São 9 em cada dez os que fazem consideração igual sobre o
acesso dos pacientes à atenção secundária ou terciária.
Violência
81% dos
ginecologistas e obstetras entrevistados já sofreram algum tipo de agressão no
ambiente de trabalho, enquanto 78% já presenciaram episódios de agressões a
outros profissionais de saúde.
Sobre a
agressão aos médicos, eles enumeram como motivos principais a demora para
atendimento (40%), casos isolados de destempero (24%), insatisfação com o
atendimento médico (15%) e ausência de recursos adequados à boa prática (12%).
Praticamente 8 em cada 10
dizem que não há equipes de segurança nas unidades em que trabalham.
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