Segundo tratamento não cirúrgico com maior procura no Brasil
Rosácea é
o nome da doença que vem sendo muito discutida atualmente devido ao caso do
goleiro da seleção brasileira, Alisson Becker. Atingindo cerca de 10% da
população mundial, -- comum em adultos com idades entre 30 e 50 anos – a
enfermidade possui entre seus principais tratamentos o uso do
Botox. Assim como ela, outras doenças como a acne, cicatrizes e a
hiperidrose também podem ser tratados por meio da aplicação da toxina
botulínica.
Sendo
o segundo tratamento não cirúrgico com maior procura no Brasil, -- de
acordo com dados divulgados pelo censo 2016 da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica -- o Botox é obtido a
partir de uma bactéria intitulada como Clostridium botulinum. Ao atuar como um
forte agente neuroparalisante, a substância interrompe a ação entre o nervo
motor e o músculo, e acaba por neutralizar a força da musculatura. Dessa
forma, o Botox contribui para a eliminação de rugas e marcas de expressões,
pois as mesmas são consequências da contração muscular.
A dermatologista Monalisy Rodrigues explica que ao longo dos
anos, a toxina botulínica foi alvo de várias pesquisas científicas que
revelaram seu grande potencial terapêutico tanto na área estética, como no
âmbito da saúde, ao possibilitar o tratamento de doenças. “Atualmente, o Botox
é aplicado no tratamento de doenças oftalmológicas, neurológicas,
odontológicas, fisiátricas, ortopédicas e urológicas, mas seus benefícios
dermatológicos vêm crescendo muito nos últimos anos. Hoje, o uso da toxina
ultrapassa o cuidado com a aparência e atinge a saúde da pele”, ressalta.
Monalisy explica que na rosácea, por ser uma doença
inflamatória crônica, o Botox atua como um recurso anti-inflamatório e
regulador do fluxo sanguíneo nos pequenos vasos localizados na área afetada. “A
toxina ameniza o aspecto avermelhado da pele, a irritação e
o incômodo causados pelas pápulas e pústulas que surgem na região das
bochechas, queixo, testa e nariz”, ressalta a dermatologista.
No tratamento da acne, a substância contribui para a
diminuição da inflamação e reduz a oleosidade da pele. “A ação do Botox
nos nervos, impede a proliferação exacerbada de microrganismos na pele
e altera o funcionamento das glândulas sebáceas, causando a redução das
secreções no rosto”, esclarece.
Quanto à melhora de cicatrizes na pele, Monalisy Rodrigues aponta
que a toxina botulínica pode ser usada tanto na prevenção quanto na redução
deste tipo de lesão. Sendo assim, o Botox – em menor quantidade e de forma
mais superficial – pode ser aplicado antes da realização de um procedimento
cirúrgico, pois ajuda a reduzir a tensão local e auxilia na cicatrização da
pele suturada, como também na recuperação de cicatrizes avermelhadas. “Sem
a movimentação ocasionada pela contração muscular, a cicatriz não se alonga, e
isso impede a formação de bordas grandes e duras ao redor da lesão. No caso de
cicatrizes já formadas e de tom avermelhado, a toxina opera na redução da
formação de vasos sanguíneos, pois os mesmos estimulam o aumento destas marcas.
A aplicação do Botox em cicatrizes tem um índice de eficiência de 60% a 70%,
durando cerca de seis a sete meses”, explica.
A Hiperidrose é caracterizada pela transpiração excessiva em
áreas específicas do corpo, como as mãos, pés, axilas, face e couro cabeludo.
Essa condição está presente em cerca de 3% da população mundial e pode
impulsionar o surgimento de problemas psicológicos e sociais. O distúrbio pode
ser tratado por meio do uso de desodorantes antitranspirantes, remoção das
glândulas sudoríparas, lipoaspiração a laser na área das axilas,
cirurgia do nervo simpático principal (simpatectomia) ou pela aplicação da
toxina botulínica. “Por não ser invasivo e de fácil recuperação, a aplicação
do Botox vem sendo a terapêutica mais
utilizada no tratamento da hiperidrose. Ao ser aplicado no local afetado pelo
problema, a substância bloqueia a liberação do suor pelas glândulas sudoríparas
na área, sem aumentar a transpiração em outros lugares do corpo”, argumenta.
Por fim,
a dermatologista afirma que mesmo com todos estes benefícios, a toxina
botulínica deve ser aplicada somente após uma consulta e
avaliação médica. “O Botox continua
sendo estudado em vários centros de pesquisa com o objetivo de ter um tempo de
ação mais prolongado, assim como para se tornar alternativa de tratamento de
outras doenças”, conclui.
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