Com a previsão de
que apenas 4% da população estará empregada daqui 60 anos, carreiras que
envolvem relações interpessoais serão alternativas valorizadas
Um cenário que alguns futuristas desenham para os
próximos 50 ou 60 anos é que apenas 4% da população mundial estará empregada.
Essa previsão se dá ao observarem as revoluções tecnológicas deste século e as
mudanças que elas trouxeram para a sociedade. Ao analisarmos esses pontos da
história, a relação do homem com a tecnologia, percebemos impactos positivos,
como na área da saúde, e negativos, com os chamados desempregos tecnológicos.
Neste contexto de um futuro próximo uma pergunta preocupante surge: como
ficarão os outros 96%?
Para responder essa questão é necessário pensar
primeiro sobre os 4%, a minoria que formará os trabalhadores. Primeiro, se você
deseja fazer parte dessa porcentagem será necessário desenvolver duas
importantes habilidades: flexibilidade e polivalência. Hoje, já não temos
condições de manter a rigidez criada pela teoria de Ford e logo veremos as
especialidades particulares do operário serem substituídas por essas novas
competências procuradas pelo mercado. A mudança será tão grande que as escolas
vão precisar se adaptar a essa nova visão de mundo, se adequar a esse perfil de
sociedade em que as máquinas desempenham o papel de desenvolver novas formas de
produção, procurando sempre a maximização do lucro, além de continuar a
oferecer conforto, segurança e prazeres.
Não devemos pensar em tal cenário futurista como
uma luta do homem contra a máquina, mesmo porque a tecnologia traz uma vida
melhor, com mais praticidade e conforto em diversas áreas. Esse impacto vai
criar novos padrões de consumo, de produção e outra visão de trabalho. A
própria família terá um outro tipo de funcionamento, as escolas deverão ser
mais funcionais e, com esse avanço tecnológico, a humanidade precisará lidar
com a energia natural e o respeito à natureza. Com isso em mente, haverá uma
série de fatores que poderão abrir espaço para campos de atuação diferentes dos
tradicionais. Os cursos tradicionais, tais como Administração e Engenharia, sempre
vistos como carreiras garantidas no mercado, serão revistos em função dessa
nova organização mundial.
Estamos diante de uma nova ordem social, que, assim
como a revolução industrial, exige essa mudança na organização das sociedades
humanas. O novo desenho já não será Capital x Trabalho, talvez se torne
Tecnologia x Trabalho. Mas será que isso indica que os 96% da população mundial
desempregada deverão brigar com as máquinas? Como diz Don DeLillo, por um lado
a tecnologia cria o apetite pela imortalidade, visto os avanços na área da
medicina e biomédica, por outro ameaça a extinção do homem social, e esse
talvez seja o grande desafio dessa nova fase.
Mas não há motivo para entrar em pânico. Da mesma
forma que os 4% darão conta do trabalho, assessorados pelas máquinas, talvez os
outros 96% mostrem que o propósito da criação do mundo e do universo não seja
necessariamente o trabalho. Talvez o ser humano deva buscar na espiritualidade
e na humanidade outros serviços que serão extremamente prestigiados com essa
nova configuração mundial. O Judaísmo milenarmente garante que cada indivíduo
deve internalizar que: “para mim o mundo foi criado”!
Einstein já dizia que se tornou aparentemente óbvio
que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade, e o espírito humano precisa
prevalecer sobre ela. Então, no futuro, todas as carreiras que envolverem essas
relações interpessoais serão supervalorizadas. As máquinas podem até substituir
vários homens ordinários, mas nunca extraordinários. Se eu fosse você, focaria
em transformar seus filhos em pessoas extraordinárias.
Prof. Dr. Rabino Samy Pinto
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