Especialistas dão
dicas para lidar com os efeitos colaterais causados pelo principal tratamento
para combater o câncer
Com mais de 600 mil novos casos por ano no Brasil,
a quimioterapia ainda representa um dos principais métodos para o tratamento do
câncer. O procedimento consiste no emprego de compostos químicos, ou na
combinação deles, que destroem e impedem que as células cancerígenas se
espalhem pelo corpo. Porém, muitos medicamentos podem acabar afetando as
células saudáveis também, acarretando nas conhecidas e muito temidas, reações
adversas.
Vale ressaltar que, assim como a quimioterapia não
é a mesma para cada paciente, os efeitos secundários também podem variar de
pessoa para pessoa. Entre os sintomas mais comuns está fadiga, vômitos e
náuseas, a perda do apetite e do cabelo. Porém, da mesma forma que os
tratamentos evoluíram, atualmente também já existem formas de controlar os
efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida do paciente oncológico.
Queda de cabelo
A técnica, chamada de Crioterapia ou Scalp Cooling
(em inglês), aumenta as chances de preservação dos fios durante o processo da
quimioterapia. Ela consiste no uso de uma touca gelada, que resfria o couro
cabeludo, levando à contração dos vasos sanguíneos e, desta forma, cria uma
espécie de capa protetora que preserva os folículos capilares.
"Hoje uma estratégia para tentar reduzir ou
evitar a perda de cabelo, são aparelhos que causam o resfriamento do couro
cabeludo durante a administração da quimioterapia. O frio faz com que os vasos
sanguíneos se contraiam, assim menos sangue passa por partes do corpo que estão
geladas. A ideia por trás dessa estratégia é fazer com que menos quimioterapia
circule pela pele do couro cabeludo, reduzindo assim o efeito de queda de
cabelo", pontua o Dr. Felipe Ades, oncologista do Centro Paulista de Oncologia
(CPO).
Vomito e náusea
Muitos medicamentos podem irritar o trato
gastrointestinal, ocasionando em náuseas e vômitos que podem ocorrer logo após
a sessão, algumas horas ou até mesmo dias depois. "Para evitar estes
efeitos colaterais existem inúmeros medicamentos que podemos utilizar. O
desenvolvimento de antieméticos foi uma das áreas de maior avanço na oncologia
nos últimos 30 anos. Antes do início do tratamento administramos a
"pré-quimioterapia" com medicamentos para evitar náuseas e vômitos,
além de antialérgicos, dependendo do tipo do medicamento. Depois do tratamento
podemos seguir por 2 a 3 dias com comprimidos em casa. Também tem papel
importante nesses casos a alimentação. A indicação é comer alimentos que são
fáceis de digerir e beber água em pequenos goles para se manter
hidratado", sugere o oncologista.
O gengibre se mostrou um bom aliado para combater
esse efeito colateral, mesmo que em pequenas quantidades. Frutas cítricas
também podem ajudar, devido a grande presença de ácido fólico, que estimula a
produção de ácidos digestivos e ainda podem reduzir outro efeito comum, a boca
seca. Algumas pessoas têm bastante alívio deste sintoma tomando água gelada com
gotas de limão ou abacaxi. Evitar alimentos gordurosos, apimentados ou com
cheiro intenso também pode auxiliar.
Fadiga
A fadiga é um dos sintomas mais apresentados nos
pacientes oncológicos, atingindo cerca de 75% a 95% dos doentes, segundo dados
do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Esse sintoma pode surgir em decorrência
da própria doença, pela baixa ingestão de calórica, pelo tratamento
quimioterápico ou ainda por fatores psicológicos, como a depressão. A Medicina
Integrativa, abordagem que une técnicas corporais não invasivas como
acupuntura, musicoterapia, yoga, suporte emocional, psicologia vem conquistando
cada vez mais espaço em centros médicos.
"Pessoas que se exercitaram durante o
tratamento apresentaram uma melhor qualidade de vida, menos cansaço, menos
ansiedade e depressão e menos problemas com o sono. Esses resultados foram conseguidos
com vários tipos diferentes de exercícios indo de caminhada, bicicleta, treinos
em academia, até levantamento de peso e yoga. Todos estes tipos de atividade
física foram avaliados em estudos clínicos e comprovadamente melhoram a fadiga,
mas vale ressaltar que são indicados apenas para pessoas que estão dispostas.
Caso a pessoa se sinta cansada depois do tratamento o melhor é repouso e
retomar os exercícios alguns dias depois", finaliza Ades.
Grupo
Oncoclínicas
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