Ceratocone e
ceratite, infecção na córnea por mau uso de lente de contato, são as principais
causas.
Novas terapias
podem reduzir o número de cirurgias.
O brasileiro tem pouco a
celebrar no dia da saúde ocular comemorada esta semana no Brasil. A maior parte
da população não coloca os olhos na lista de
check-up da saúde. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
do Instituto Penido Burnier na adolescência e juventude os grandes vilões são o
ceratocone doença degenerativa que afina e deforma a córnea, além da ceratite,
maior causa de cegueira infecciosa no mundo que atinge a córnea pelo uso
incorreto de lente de contato.
Os relatórios da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de
Órgãos). apontam que no primeiro trimestre deste ano foram realizados 3811
transplante de córnea no país, a maioria em jovens com ceratocone e ceratite.
São 10% a mais que os 3471 feitos no
mesmo período de 2016.
O médico explica que no
início do ceratocone a correção visual pode ser feita com óculos, mas conforme
a doença evolui é necessário substituir por lentes de contato rígidas.
Um recente levantamento
feito por Queiroz Neto com 315
portadores de ceratocone mostra que os erros mais comuns na
manutenção das lentes cometidos por este
grupo são:
·
18% as vezes dormem com a lente.
·
36% desconhecem que devem lavar as mãos
antes de manipular as lentes.
·
80% não trocam o estojo a cada 4 meses
·
54% guardam a lente no banheiro e expõem a
córnea a risco de contaminação.
As dicas do médico para evitar complicações com lentes de contato são:
Fazer a adaptação com um
oftalmologista.
|
Lavar cuidadosamente as
mãos antes de manipular as lentes.
|
Utilizar solução
higienizadora tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo.
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Friccionar as lentes
para eliminar completamente os depósitos
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Não usar soro
fisiológico ou água na higienização
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Retirar as lentes antes
de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo
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Colocar as lentes sempre
antes da maquiagem
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Guardar o estojo em
ambiente seco e limpo
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Trocar o estojo a cada
quatro meses
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Respeitar o prazo de
validade das lentes
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Jamais dormir com
lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.
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Interromper o uso a
qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista
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Retirar as lentes
durante viagens aéreas por mais de três horas
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Não entrar no mar ou
piscina usando lentes.
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Novas terapias
A boa notícia é que segundo um estudo publicado no British Journal of
Ophthalmology o crosslink, reticulação
que associa riboflavina (vitamina B12) e radiação UV (Ultravioleta) para
aumentar a resistência da córnea no ceratocone, também pode ser aplicado com
sucesso em ceratites, desde que o tratamento seja feito no início da
infecção.
Outra novidade em desenvolvimento para tratar a ceratite é um composto
de nanopartículas que aumenta a eficácia dos colírios já existentes.
Na infância
Queiroz Neto afirma que a
falta de prevenção facilita a perda da visão até em crianças. A estimativa do
CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que 15 milhões de crianças em
idade escolar tenham problemas de visão. Embora menos comum na infância, o
ceratocone também atinge crianças. O médico conta que um pré-adolescente foi
diagnosticado com a doença na face
posterior da córnea através da tomografia que analisa as duas faces.
Os cuidados com a visão
das crianças devem começar bem antes da fase escolar. "Nossos olhos se
desenvolvem até a idade de 7 anos e qualquer bloqueio neste período pode se
transformar num problema irreversível" afirma. O oftalmologista adverte
que as doenças congênitas como catarata, glaucoma e retinoblastoma precisam ser
diagnosticadas pelo teste do olhinho,
logo que o bebê nasce para não se tornarem problemas permanentes. Já a
primeira consulta oftalmológica recomenda aos 2 anos quando os pais usam óculos
ou aos 3 anos quando não usam. Isso porque, explica. um olho pode ter menor
desenvolvimento que o outro e se não for estimulado com a oclusão do outro olho
a criança é candidata à cegueira monocular por olho preguiçoso ou
ambliopia. Em um projeto social
desenvolvido pelo hospital com 37 mil crianças 8% foram diagnosticadas com
ambliopia quando a estimativa nacional é de 4%.
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