Imagine
duas amigas que vão ao shopping almoçar. De repente, elas passam por uma
vitrine e um calçado chama atenção. Uma delas diz “eu preciso desse sapato”. A
potencial cliente experimenta e compra o produto. Contudo, a primeira intenção
dela era almoçar, mesmo porque ela já tem mais de 30 pares de sapato em casa.
Será que ela realmente necessitava fazer essa aquisição?
Claro
que sim! Precisava! Embora muitos argumentem contra a afirmação de que ninguém
compra o que não precisa, essa é uma verdade incontestável no mundo das vendas
e compras. As pessoas não compram os produtos, mas o que eles representam para
elas. O calçado por si só não era uma necessidade, mas o que ele representa e a
possibilidade de uso. Comprar o sapato tem a ver com coleção, poder, acesso,
marca pessoal, status, realização.
Outro
exemplo: imagine um amigo que vê outro com um carro novo. Ao andar em seu
automóvel, ele observa os seus defeitos. O barulho da porta incomoda, o risco
do lado começa a ficar horrível, a porta não fecha mais como antes. Todas as
características que ele nunca tinha percebido aparecem porque agora ele tem uma
base de comparação.
Ao
chegar em casa, tem a certeza que precisa trocar de carro. Eu pergunto, ele
necessitaria fazer essa troca? Tanto quanto a mulher que se encantou pelo
sapato. Sendo assim, quem comprou o produto precisa daquele momento, daquela
sensação, daquele prazer de levá-lo para casa.
E
as pessoas que vão para o exterior e compram compulsivamente? Elas não
necessitam de tudo o que compram e sim da sensação que é estar comprando
naquela situação, em um outro país que oferece produtos diferentes e preços
mais baixos.
No
entanto, essa discussão não é sobre questões financeiras nem mesmo sobre o que
deve ser prioridade nos gastos de cada um. É para afirmar que uma compra,
considerada correta ou não, nunca é desnecessária. Mesmo que por alguns
segundos, ela proporciona alguma satisfação, o prazer de uma experiência nova,
o desejo do cliente.
Quando
eu afirmo que ninguém compra o que não precisa é porque as pessoas não investem
em um objeto e sim naquilo que ele pode proporcionar. Por exemplo, quando você
passa em alguma doceria famosa e pega um pedaço enorme de bolo? Você não
precisa necessariamente daquele alimento e sim provar o merengue que só aquele
bolo tem.
Um
consultor financeiro talvez nos convença que não precisamos comprar, pois o
princípio para ficar rico e conquistar a independência financeira é gastar
menos do que ganha, poupar e investir, que é diferente de comprar algo a mais
do que as necessidades básicas. Mas do ponto de vista comercial, as pessoas
compram para satisfazer necessidades de status, por exemplo.
O
vendedor profissional deve entender tanto de cliente quanto de produto. Ele
deve saber o que a sua venda representa. Mais do que isso, é preciso entender o
que o comprador está vendo ou pode ver naquilo que é oferecido. O ser humano
não adquire apenas itens concretos, mas também abstrações, como conceitos,
opiniões, ideias, sensações.
O
erro do vendedor menos desavisado é focar apenas no objeto, dê atenção àquilo
que ele pode proporcionar. Os consumidores esquecem o que o vendedor falou, mas
nunca esquecerão o que o produto o fez sentir. Pense nisso e invista na
experiência de uso do cliente.
Carlos Cruz - diretor
do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas)
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