Adolescência é uma fase marcada por muitas mudanças, hormonais e
corporais. Durante esse período, o corpo muda e as ideias também. Como tudo
ocorre ao mesmo tempo, é normal que aconteçam conflitos internos e externos.
Somado a isso, existem questões como expectativas acadêmicas e a busca
por aceitação pelo grupo social.
Na sociedade contemporânea ocidental, a adolescência é definida e
formada por um complexo jogo de forças biológicas, culturais, econômicas e
históricas. Esse estado ao mesmo tempo transitório e demorado que pode chegar a
durar uma década ou mais é um estado diferenciado no qual o jovem não é adulto
inteiramente, nem criança, mas compartilha desafios, privilégios e expectativas
de ambas as épocas. A adolescência é um período de paradoxos em que encontramos
maturidade física e sexual, sem ter-se alcançada ainda a maturidade emocional e
cognitiva. Alguns jovens não conseguem atravessar esse período com a devida
saúde mental.
A depressão em adolescentes é um grave problema de saúde que causa
uma persistente sensação de tristeza e perda de interesse nas atividades
diárias. Afeta os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos adolescentes, e
pode causar problemas emocionais, funcionais e físicos.
Embora a depressão possa ocorrer a qualquer momento da vida, os
sintomas nesta fase da vida podem se expressar de modo diferente que na fase adulta,
fazendo com que os familiares muitas vezes confundam com as próprias mudanças
emocionais características deste ciclo de vida, dificultando inicialmente a
identificação de uma situação de adoecimento.
A psiquiatra do Hospital Santa Mônica, dra. Ana Taveira, salienta
que "é importante ressaltar que depressão é diferente de tristeza comum, e
não é um sinal de fraqueza ou algo que possa ser superado com força de vontade
? pode ter graves consequências e requer tratamento".
O tratamento inclui acompanhamento médico e psicológico.
Sintomas
Os sinais e sintomas de depressão na adolescência incluem uma
mudança da atitude e comportamento prévios do adolescente que pode causar
sofrimento e problemas significativos na escola ou em casa, nas atividades
sociais ou em outras áreas da vida e variam em sua gravidade.
Os sintomas mais comuns estão listados abaixo:
Mudanças emocionais
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Tristeza, que pode incluir choro sem
razão aparente;
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Desesperança ou sensação de vazio;
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Humor irritado;
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Frustração ou sentimentos de raiva,
mesmo em questões pequenas;
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Perda de interesse ou prazer em
atividades antes consideradas prazerosas;
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Perda de interesse ou conflito com
familiares e amigos;
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Baixa autoestima;
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Sentimentos de inutilidade ou culpa;
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Fixação em falhas passadas ou culpa
exagerada;
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Autocrítica exacerbada;
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Extrema sensibilidade a rejeição ou a
falha, necessidade de excessiva reafirmação;
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Problemas para pensar, concentrar-se,
tomar decisões, queixas de memória;
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Sentido contínuo de que a vida e o
futuro são sombrios;
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Pensamentos frequentes de morte ou
suicídio.
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Mudanças no comportamento:
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Cansaço e perda de energia;
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Insônia ou sono em excesso;
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Alterações no apetite ? diminuição do
apetite e perda de peso, ou aumento de apetite e ganho de peso;
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Uso de álcool ou drogas;
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Agitação ou inquietação ?
lentificação da fala ou dos movimentos, movimentos repetitivos e sem sentido;
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Queixas frequentes de dores no corpo,
sem explicação aparente, incluindo dores de cabeça, que podem incluir visitas
frequentes à enfermaria da escola ou idas a prontos-socorros;
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Isolamento social;
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Mau desempenho escolar ou frequentes
ausências da escola;
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Aparência negligenciada;
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Comportamentos arriscados, ou outros
comportamentos agindo fora do padrão;
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Autoagressão ? por exemplo,
cortar-se, queimar, perfurar ou tatuar;
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Fazer um plano de suicídio ou uma
tentativa de suicídio.
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O que é normal e o que não é:
Pode ser difícil dizer a diferença entre altos e baixos que são
apenas parte da adolescência dita normal, ou perceber limites do início do
adoecimento.
O diálogo aberto é a melhor forma de saber se ele ou ela consegue
ser capaz de gerenciar sentimentos desafiadores, ou se a vida parece
esmagadora.
Causas
Não se sabe exatamente o que causa a depressão, mas várias
questões podem estar envolvidas. Incluem:
Química biológica: Os neurotransmissores são substâncias
químicas cerebrais de ocorrência natural que transportam sinais para outras
partes do cérebro e do corpo. Quando esses produtos químicos estão anormais ou
prejudicados, a função dos receptores nervosos e sistemas nervosos mudam,
levando à depressão.
Hormônios: Alterações no equilíbrio do corpo de
hormônios podem estar envolvidos em causar ou desencadear depressão.
Genética: A depressão é mais comum em pessoas
cujos parentes de sangue também têm a condição.
Traumas na primeira infância: Eventos traumáticos durante a infância, como abuso físico ou
emocional, ou perda de um pai, podem causar alterações no cérebro que torna uma
pessoa mais suscetível à depressão.
Padrões de pensamentos negativos aprendidos: A depressão no adolescente pode estar ligada à aprendizagem de
se sentir impotente ? em vez de aprender a se sentir capaz de encontrar
soluções para os desafios da vida.
Complicações
A depressão não tratada pode resultar em problemas emocionais,
comportamentais e de saúde que afetam todas as áreas da vida do adolescente.
Complicações relacionadas à depressão na adolescência podem incluir, por
exemplo:
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Abuso de álcool e drogas;
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Problemas acadêmicos;
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Conflitos familiares e dificuldades
de relacionamento;
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Envolvimento com o sistema de justiça
juvenil;
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Suicídio.
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Quando consultar um médico:
Se os sintomas da depressão continuarem ou começarem a interferir
na vida do adolescente, fale com um médico para tratar o adolescente. O médico
de família ou pediatra de um adolescente é um bom lugar para começar. A escola
de seu filho pode recomendar alguém.
Os sintomas de depressão não vão melhorar por conta própria ? e
eles podem piorar ou levar a outros problemas se não tratados. Adolescentes
deprimidos podem estar com risco de suicídio, mesmo se os sinais e sintomas não
pareçam ser graves.
Se você é um adolescente e você acha que pode estar deprimido ? ou
você tem um amigo que pode estar deprimido ? não espere para obter ajuda.
Converse com um médico, ou o psicólogo da escola. Compartilhe suas preocupações
com seus pais, um amigo íntimo, um líder espiritual, um professor ou alguém em
quem você confia.
Diagnóstico
O diagnóstico de depressão é basicamente clínico, ou seja, um
Psiquiatra qualificado, especialista em psiquiatria da Infância e Adolescência,
examinará o adolescente, ouvindo suas queixas, seus sintomas, a descrição de
seu comportamento atual, rendimento escolar, relacionamentos interpessoais,
etc.
A participação da família para o diagnóstico é fundamental,
complementando as observações, o histórico de vida pessoal, desenvolvimento
desde nascimento, infância até os dias atuais, vida acadêmico, comportamentos,
histórico genético de doenças da família, dentre outras informações.
O Psiquiatra poderá realizar exame físico do paciente, solicitar
alguns exames laboratoriais (sangue, urina, etc.), de imagem (tomografia,
ressonância) e avaliação neuropsicológica (testes realizados por psicóloga
especialista) para complementar o diagnóstico, ou elucidar dúvidas.
Tratamento
A indicação do tratamento depende do tipo e gravidade dos sintomas
do adolescente. Na maioria dos casos, o tratamento ambulatorial, incluindo
consultas médicas regulares com o Psiquiatra, associado a psicoterapia,
realizada por um psicólogo(a) capacitado, serão eficazes.
Se seu filho adolescente tiver depressão grave, ele ou ela pode
precisar de uma internação hospitalar.
Psicoterapia
A psicoterapia, também chamada de aconselhamento psicológico, é
fundamental para o tratamento da depressão. Diferentes tipos de psicoterapia
podem ser eficazes para a depressão, como terapia cognitivo-comportamental ou
terapia interpessoal.
A psicoterapia pode ser feita individualmente, com membros da
família ou em grupo. Através de sessões regulares, o adolescente pode:
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Entender fatores desencadeantes da
depressão;
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Aprender como identificar e fazer
mudanças em comportamentos ou pensamentos distorcidos ou negativos;
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Explorar relacionamentos e
experiências;
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Encontrar maneiras melhores de lidar
e resolver problemas;
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Aprender a definir metas realistas;
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Recuperar uma sensação de bem-estar e
controle;
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Aprender a lidar com sentimentos como
frustração e raiva.
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Quando obter ajuda de emergência
O suicídio é frequentemente associado à depressão. Se você acha
que seu filho ou você pode se machucar ou tentar o suicídio, procure um serviço
de emergência local imediatamente.
Considere também estas opções se você está tendo pensamentos
relacionados a morte:
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Ligue para o seu especialista em
saúde mental;
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Procure ajuda do seu médico de
cuidados primários ou de outro profissional de saúde;
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Procure um amigo próximo ou amado;
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Entre em contato com um líder
espiritual ou alguém em sua comunidade de fé;
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Se um ente querido ou amigo está em
perigo de tentar suicídio ou fez uma tentativa;
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Certifique-se de que alguém fique com
essa pessoa;
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Ligue para o número de emergência local
190 ou imediatamente;
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Ou, se você puder fazê-lo com
segurança, leve a pessoa para a sala de emergência do hospital mais próximo.
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Nunca ignore comentários ou
preocupações sobre suicídio. É fundamental sempre tomar medidas para obter
ajuda.
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Hospitalização
Em algumas situações uma hospitalização torna-se necessária,
especialmente em quadros depressivos graves, onde há risco de suicídio,
automutilação, pensamentos de culpa intensos, ou pensamentos irreais. Ou ainda
associação ao uso de álcool e/ou e drogas. Perda de peso significativa e
insônia persistente também são indicações que devem ser consideradas.
A internação hospitalar é um tratamento realizado por uma equipe
multiprofissional. Além dos cuidados médicos e de enfermagem especializada 24
horas, fazem parte da equipe psicólogos, terapeuta ocupacional, educador
físico, assistente social, nutricionista, dentre outros. Todos os
profissionais estão empenhados em garantir a segurança e o bem estar do
adolescente e de sua família.
Além disso, garante uma melhora mais rápida e um planejamento
terapêutico pós-alta.
Medicina alternativa
Certifique-se de que você e seu adolescente compreendam os riscos,
bem como possíveis benefícios se o seu adolescente adotar a terapia alternativa
ou complementar. Não substitua o tratamento médico convencional ou a
psicoterapia pela medicina alternativa. Quando se trata de depressão,
tratamentos alternativos não são um substituto para os cuidados médicos.
Exemplos de técnicas que podem ajudar no tratamento da depressão
incluem:
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Acupuntura;
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Técnicas de relaxamento, como a
respiração profunda;
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Ioga ou tai chi;
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Meditação;
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Massagem terapêutica;
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Musicoterapia;
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Confiar somente nestes métodos
geralmente não é suficiente para tratar a depressão. Mas eles podem ser úteis
quando usado, além de medicação e psicoterapia.
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Fonte: Dra. Ana Taveira - Psiquiatra, Hospital Santa Mônica,
Mestre em Ciências . Hospital das Clínicas. Universidade de São Paulo.
Mayo Clinic, USA.
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