A data 9 de Julho para os paulistas tem
um significado especial na saga das lutas pelo estado democrático de direito.
Em 1932, quatro jovens foram mortos na Praça da República, durante protesto
contra as forças de Getúlio Vargas, dando origem ao símbolo MMDC (Martins,
Miragaia, Dráuzio e Camargo). Foi o estopim para a fase revolucionária do
movimento paulista pela reforma constitucionalista, por eleições diretas e pela
deposição do governo provisório, autoritário e resultado de um golpe. O Estado
de São Paulo foi uma voz isolada na tentativa de combater os desmandos do
governo federal. Mas nem por isso a população curvou-se, lutando bravamente por
um país melhor.
O conflito armado, conhecido como
Revolução Constitucionalista de 1932, mobilizou grande parte dos cidadãos do
estado. Homens, mulheres e jovens serviram como voluntários para defender uma
causa. A árvore gerou frutos, apesar da derrota dos paulistas, com a convocação
de Assembleia Constituinte por Vargas no ano seguinte e a promulgação da
Constituição de 1934. No entanto, a maior luta armada da história de São Paulo
deixou pelo menos três mil mortos.
O feriado de 9 de Julho, instituído
desde 1997, foi a forma encontrada para resgatar a memória do evento que deixou
importantes legados para o Brasil. Segundo historiadores, podemos citar, entre
eles, a opção pela industrialização, o aprendizado da mobilização popular e a
emancipação feminina. Outra herança importante da revolução constitucionalista
foi o investimento em educação. Após o conflito, o paulista Armando de Salles
de Oliveira foi nomeado interventor federal. Com Júlio de Mesquita Filho,
diretor do jornal O Estado de S. Paulo, articulou a criação da Universidade de
São Paulo. De acordo com o historiador José de Souza Martins, sem a revolução,
a USP não teria sido criada. Foi uma espécie de resposta do bem, após o
fracasso bélico.
É importante salientar que, apesar da
derrota nas armas, São Paulo, como pode se notar, saiu bastante fortalecido do
embate. Com o desenvolvimento de seu parque industrial, o investimento em
educação e a força de trabalho que sempre moveu seus habitantes, a metrópole
tornou-se a principal referência para o país, hoje o maior PIB brasileiro
disparado e, segundo projeções da PricewaterhouseCoopers, deverá chegar ao sexto maior PIB entre as cidades mundiais
em 2025.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do
Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da
Academia Paulista de História (APH).
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