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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Níveis de aprendizagem dos alunos nas séries finais é baixíssimo: de quem é a culpa?



Quando analisamos o aproveitamento dos alunos, nas escolas públicas de São Paulo, levamos em conta os índices de aproveitamento nos exames nacionais e estaduais, conforme reportagens realizadas nos últimos meses.

Temos que ter muito cuidado. É difícil analisar este tema apenas por um caminho, pois um dos grandes problemas ao pensarmos em educação é cair numa visão simplista e não entender a escola, seus atores, professor, aluno, gestor e políticas públicas dentro de uma visão holística, sistêmica.

A culpa é do professor que não ensina, a culpa é do estado que não investe, a culpa é do aluno que é preguiçoso e do gestor que não é democrático. Tudo isso pode ser verdade, mas culpabilizá-los não resolve. Colocar apenas um elemento, dentro de todo sistema, como o mote do fracasso é fazer análise reducionista.

O estado de São Paulo, faz muitos anos, não tem a educação como prioridade, isto é fato! Trata as escolas, alunos e professores com total desprezo, basta lembrar as invasões na escola pelos alunos, o caso da merenda não resolvido, as decisões antidemocráticas de reorganização, enfim são tantos exemplos que não é preciso fazer esforço para provar a colocação feita.

Se não há políticas públicas para educação que escutam todos os sujeitos envolvidos e especialistas em diversas áreas para colaborar em sua melhoria então os resultados ficam sempre muito abaixo do esperado e ficamos tentando arranjar fórmulas mágicas para mascarar uma melhora da situação.

A política pública adotada mostra que temos professores desmotivados, escolas sem projeto, aulas sem sentido e currículo que não atinge o aluno que, vai para a escola, sem perspectiva alguma de, por meio dela, ter um futuro melhor.

É preciso fazer um quadro sistêmico dos problemas para entender o que acontece realmente acontece, é urgente chamar, ouvir e entender todos os envolvidos na situação para essa discussão. Todos, no caso, representam alunos, comunidade, professores, gestores e especialistas. Sem este caminho não acredito que sairemos dos índices tristes de qualificação dos alunos. 

Se o aluno passa 13 anos na escola e não aprende o mínimo necessário para fazer a leitura de mundo, como tanto disse Paulo Freire, então qual a razão de ser da escola no século XXI?





Claudia Coelho Hardagh - professora do Programa de Pós-graduação Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Está disponível para entrevistas.



 

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