Quando
analisamos o aproveitamento dos alunos, nas escolas públicas de São Paulo, levamos
em conta os índices de aproveitamento nos exames nacionais e estaduais,
conforme reportagens realizadas nos últimos meses.
Temos
que ter muito cuidado. É difícil analisar este tema apenas por um caminho, pois
um dos grandes problemas ao pensarmos em educação é cair numa visão simplista e
não entender a escola, seus atores, professor, aluno, gestor e políticas
públicas dentro de uma visão holística, sistêmica.
A
culpa é do professor que não ensina, a culpa é do estado que não investe, a
culpa é do aluno que é preguiçoso e do gestor que não é democrático. Tudo isso
pode ser verdade, mas culpabilizá-los não resolve. Colocar apenas um elemento,
dentro de todo sistema, como o mote do fracasso é fazer análise reducionista.
O
estado de São Paulo, faz muitos anos, não tem a educação como prioridade, isto
é fato! Trata as escolas, alunos e professores com total desprezo, basta
lembrar as invasões na escola pelos alunos, o caso da merenda não resolvido, as
decisões antidemocráticas de reorganização, enfim são tantos exemplos que não é
preciso fazer esforço para provar a colocação feita.
Se
não há políticas públicas para educação que escutam todos os sujeitos
envolvidos e especialistas em diversas áreas para colaborar em sua melhoria
então os resultados ficam sempre muito abaixo do esperado e ficamos tentando
arranjar fórmulas mágicas para mascarar uma melhora da situação.
A
política pública adotada mostra que temos professores desmotivados, escolas sem
projeto, aulas sem sentido e currículo que não atinge o aluno que, vai para a
escola, sem perspectiva alguma de, por meio dela, ter um futuro melhor.
É
preciso fazer um quadro sistêmico dos problemas para entender o que acontece
realmente acontece, é urgente chamar, ouvir e entender todos os envolvidos na
situação para essa discussão. Todos, no caso, representam alunos, comunidade,
professores, gestores e especialistas. Sem este caminho não acredito que
sairemos dos índices tristes de qualificação dos alunos.
Se
o aluno passa 13 anos na escola e não aprende o mínimo necessário para fazer a
leitura de mundo, como tanto disse Paulo Freire, então qual a razão de ser da
escola no século XXI?
Claudia Coelho Hardagh -
professora do Programa de Pós-graduação Educação, Arte e História da Cultura da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisadora do Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra. Está disponível para entrevistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário