Levantamentos
mostram que alterações hormonais, privação do sono e estresse
influenciam a memória
É comum muitas
grávidas reclamarem que estão se sentindo mais distraídas, esquecidas e com a
memória fraca durante a gestação. Há embasamento para isso e alguns fatores
biológicos e hormonais contribuem para que realmente aconteça.
“Existem algumas
pesquisas sobre o ‘baby brain’, termo usado para relacionar a perda de memória
com a gestação. Elas sugerem que as pacientes podem esquecer compromissos e ter
maior falta de atenção”, esclarece a Dra. Carolina Rossoni, ginecologista e
obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim.
Segundo a
especialista, alguns levantamentos têm mostrado que a gestação de fato altera a
memória da mulher no período, e que isso ocorre devido a alterações hormonais,
privação do sono ou o estresse de lidar com uma grande mudança. O aumento da
taxa de progesterona também pode mexer com a área responsável pela atenção.
Além disso, algumas
mulheres se queixam de ficar mais irritadas ou percebem que o humor está oscilando
com frequência na gravidez. Mais uma vez, a progesterona é um dos responsáveis
por essa alteração, já que o aumento deste hormônio no início da gestação eleva
a sonolência.
Já no terceiro
trimestre, a qualidade de sono piora muito, devido ao desconforto da posição
para dormir, com piora da sensação de falta de ar, e o aumento da frequência
urinaria durante a noite. “Isso tudo pode causar diminuição dos reflexos,
sonolência, dificuldade de concentração, e diminuição da fixação da memória,
oscilação de humor e irritabilidade”, explica a ginecologista.
Há até quem diga que
o cérebro diminui durante a gravidez, porém, isso é um mito. De acordo com a
Dra. Carolina, essa afirmação ocorre devido aos lapsos de memória e a falta de
concentração, já que na verdade a gestante está focada em outro universo na
gravidez e, após o parto, nas necessidades do recém-nascido. Com isso, elas
ficam menos focadas em outras atividades.
Outro hormônio que contribui para as mudanças no período é a ocitocina.
Ela é responsável pelo aumento da ativação em áreas motivacionais do cérebro,
em resposta ao estímulo do contato da mãe com o filho. “Durante os últimos dias
da gravidez e os primeiros dias da lactação, ocorre um significativo aumento
dos receptores de ocitocina em várias áreas do cérebro”, diz a médica.
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