O dia 1º de janeiro de 2017 foi um dia emblemático
para as novas relações de trabalho criadas com a revolução tecnológica. Neste
dia, na França, passou a valer a primeira lei que dá explicitamente o direito
às pessoas se desconectarem do trabalho após o fim de seus expedientes. Não
existe lei semelhante no Brasil, mas a notícia faz gestores e profissionais
pensarem no equilíbrio ideal entre o “horário comercial” e o “horário pessoal”.
Se por um lado, a tecnologia permitiu que
ganhássemos flexibilidade no trabalho, por outro, vimos esta mesma
flexibilidade ser colocada em risco na vida pessoal. Começaram a surgir novas
síndromes, tais como a FOMO (Fear of Missing Out) – que se manifesta
também no trabalho, não apenas em relação às redes sociais – ou como o aumento
significativo dos casos de burnout.
O que esta lei nos diz? Especialista detalha as
mudanças
Fonte: Segundo o consultor em
desenvolvimento organizacional Paulo Aziz Nader, para as empresas, ela liga um
alerta importante: como adaptar os objetivos organizacionais e demandas de
mercado – cada vez mais intensos e rápidos – às necessidades dos funcionários?
Como desenvolver seus executivos para liderarem suas equipes neste cenário tão
complexo?
Gerenciamento de tempo: como lidar com diferentes
fusos-horários?
Nesse sentido, o especialista pode detalhar como as
empresas podem gerenciar melhor o tempo de trabalho e servir às demandas dos
seus clientes – que muitas vezes estão em diferentes fusos-horários – ao mesmo
tempo em que respeitam a vida privada dos seus funcionários?
Para Nader, o que se sabe hoje é que não há uma
única resposta para estes desafios. “E isto é muito bom. Mesmo que pareça
redundância, o momento é, sim, de muita complexidade, o que implica termos a
capacidade de olhar para cada cenário com discernimento e cautela. Assumir que
não temos uma resposta formada é, talvez, o que nos dará maiores chances de
sucesso. Tal mudança serve tanto para as empresas quanto para os funcionários,
que devem promover estas discussões internamente para que se chegue a um
consenso que atenda a todos (ou que chegue o mais perto disso). E isto não está
acontecendo isoladamente”, explica Paulo.
Talvez tenha sido uma boa coincidência que esta lei
se inicia justamente no período tradicional de férias. Quem sabe, nos ajuda a
refletir melhor com a cabeça mais “fresca”.
“Boa ou ruim, esta dinâmica ainda é desafiadora
para muita gente. A intenção desta lei é dar o direito formal de qualquer
pessoa se desconectar do trabalho, após o seu horário. Na prática, isto pode
significar muito pouco se não mudarmos o nosso comportamento (já que se
desconectar é um direito, e não um dever), mas abre um precedente importante
para que os direitos de qualquer pessoa de estar com a família, descansar ou
fazer qualquer coisa que nos dê vontade, não sejam minados pela pressão velada
de estarmos sempre disponíveis”, finaliza o consultor.
Paulo Aziz Nader - Atua como
consultor no setor de desenvolvimento organizacional com a Leverage
Coaching criando programas de desenvolvimento
executivo, de liderança e de gestão de
talentos para empresas de diversos portes e segmentos. É também Coach
profissional, certificado pelo Integral Coaching Canada™, pelo Behavioral
Coaching Institute (BCI) e pela International Coach Federation (ICF) da qual é
membro afiliado. Bacharel em Administração de Empresas e gestão
internacional de negócios pela ESPM e mestrando em desenvolvimento
organizacional pelo INSEAD (Fontainebleau), tem em seu currículo passagens por
empresas de grande porte como Microsoft e Facebook. Possui extensões em
Leadership & Management pela Harvard University e em Change Management pelo
MIT Sloan; é membro afiliado do Institute Of Professional Coaching (IOC),
órgão afiliado à Harvard Medical School; e membro convidado da International
Society for the Psychoanalytic Study of Organizations. Pode contribuir em
pautas sobre liderança, governança, cultura organizacional, gestão de pessoas,
inteligência emocional, desenvolvimento de liderança, gestão de mudança
organizacional e planejamento de negócios familiares, www.leveragecoaching.com.br.
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