Mais de 45% das
mortes por raios são registradas entre janeiro e março - veja mitos e verdades
sobre o tema
O Brasil é o país com maior incidência de raios do
mundo - por ano, uma média de 100 milhões de descargas elétricas rompem o céu e
atingem o solo brasileiro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE). Anualmente, cerca de 100 pessoas morrem em decorrência do
fenômeno, sendo que 45% dos óbitos ocorrem no verão.
“Raios são gigantescas descargas elétricas que se
“conectam” ao solo. Eles começam a formar nas nuvens situadas de 2 a 10 km de
altitude com temperaturas que variam de 0 a -50 °C. Dentro delas existem
cristais de água, água líquida e granizo participando de uma atmosfera bem
agitada. Correntes de ar ascendentes levam os cristais e a água líquida para
cima junto com as cargas positivas. Já o granizo, devido à gravidade, se
acumula na parte inferior da formação, ficando com as cargas negativas. O
conjunto se assemelha a uma enorme pilha com correntes típicas de 30.000
Ampères, podendo percorrer 5 km até atingir o solo. Um raio pode durar, quando
muito, 2 segundos”, afirma Wilson Namen, cientista que, junto de Gerson Julião
e Daniel Ângelo, forma o grupo Ciência em Show.
O trio de especialistas já realizou experimentos
com raios e garante: estar próximo a uma descarga pode ser fatal. Alguns pensam
que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Outros dizem que a melhor
maneira de se proteger de uma descarga elétrica é permanecer dentro de um
automóvel. Para esclarecer os mitos e as verdades - além de ajudar a prevenir
acidentes, o Ciência em Show respondeas principais dúvidas e explica os
cuidados que devem ser tomados especialmente no verão, onde a ocorrênciade
tempestades é maior do que em qualquer outra época do ano.
Mitos X Verdades
Segundo Gerson, a chance de um raio atingir
diretamente uma pessoa é de uma em um milhão. “Os acidentes com seres humanos
ocorrem quase sempre em locais descampados onde o ponto mais alto do terreno é
a pessoa. Existem muitas lendas sobre objetos que atraem raios, tais como
espelhos, tesouras, próteses humanas, aparelhos dentários, guarda chuvas, entre
outros. Porém, raios quase sempre procuram objetos pontiagudos que estão a
menor distância entre o céu e o solo. Se você estiver em um ambiente ao ar
livre e começar uma tempestade, a melhor atitude é se abaixar junto ao solo e
sair dali o mais rápido possível”, diz o especialista.
Mas, e se você estiver nadando?
Daniel afirma que mares, rios e piscinas são
ambientes condutores de eletricidade e que, caso algum raio caia próximo ao seu
local de lazer, a eletricidade é conduzida até o banhista, tornando-se
potencialmente letal. “ A água pura não é boa condutora de eletricidade, ao
contrário do imaginário popular. No entanto, em mares, rios e piscinas existem
muitos sais dissolvidos que facilitam a passagem de eletricidade, diz Daniel.
Quando um temporal se aproxima, a melhor atitude a
se tomar é entrar em casa ou em alguma edificação para evitar acidentes. “Um
carro também é um local seguro para ficar em tempestades de raios porque ele é
feito de metal e funciona como uma gaiola protetora. Como toda a pessoa é
envolvida pelo material, ela está basicamente dentro de uma cúpula metálica,
onde o raio descarrega e pode percorrer com segurança até o solo. Muita gente
acha que o pneu do veículo isola tudo, mas na verdade o raio percorre toda a
lataria e descarrega diretamente no chão. A borracha do pneu não protege contra
raios” explica Daniel.
Em uma tempestade de raios, nunca se proteja
embaixo de árvores, pois o local é um potencial alvo e você, consequentemente,
também se tornará. No entanto, os cientistas alertam existir riscos de
acidentes decorrentes de descargas elétricas mesmo em locais seguros, como
dentro de casa.
“Nunca devemos ficar próximos de tomadas ou
aparelhos conectados a essas redes em caso de tempestade com raios. Se
acontecer um incidente em algum poste, apesar deles possuírem sistemas de
proteção anti-raios, eventualmente a sobrecarga pode atingir pessoas que
estiverem usando aparelhos como telefones com fio, chuveiros e outros ligados
nestas redes. Se precisar urgentemente conversar com alguém, prefira o celular
– mas desde que ele não esteja carregando” revela Daniel.
Sobre a lenda de que uma descarga elétrica não pode
cair duas vezes no mesmo local, Wil corrige: “O raio viaja na velocidade da
luz. Então é possível que dois raios caiam no mesmo lugar sem que a gente
perceba. Aliás, se dois raios não caíssem no mesmo lugar, qual seria a
necessidade dos para-raios? “.
Sobre o Ciência em Show (www.cienciaemshow.com.br)
– Liderada pelos cientistas Wilson Namen, Gerson Julião e Daniel Ângelo, todos
físicos formados pela USP, o Ciência em Show existe desde o ano 2000. De uma
maneira descontraída, descomplicada e significativa, os cientistas fazem
espetáculos científicos para os mais variados públicos, fato que já os levou a
ter séries em canais abertos e fechados de televisão, como BBC e Net Geo, entre
outros. O Ciência em Show também trabalha na produção de conteúdo para empresas
educacionais, por meio de vídeo-aulas e publicações com experiências práticas,
além de produzir brinquedos maker.
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