O Brasil e o mundo estão assustados e estarrecidos com as cenas de extrema
violência e barbárie ocorridas em nossos presídios. A guerra entre facções do
crime organizado, travada dentro de estabelecimentos sob a tutela legal do
Estado, mostra que o Poder Público não tem conseguido conter e controlar essas
organizações, que se assemelham cada vez mais em sua estrutura e modo de
operação aos mais sofisticados grupos terroristas internacionais.
Para a sociedade, dissemina-se um sentimento de indignação e medo. Os
brasileiros não podem ficar reféns de uma situação como essa, cuja mitigação
exige medidas urgentes e eficazes das autoridades. Há, contudo, a necessidade
de um planejamento de médio e longo prazo, para se interromper o fluxo de
conversão dos jovens à criminalidade. Nesse sentido, o ensino tem missão
fundamental, o que reforça o erro histórico do Brasil de ter negligenciado essa
prioridade durante tanto tempo.
Nesse contexto, é interessante resgatar estudo do ano de 2011, do professor
Evandro Camargo Teixeira, do Departamento de Economia, Administração e
Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
Universidade de São Paulo. Encontrei matéria sobre o trabalho no site da
Agência USP. Os dados são conclusivos.
O estudo, realizado por meio de modelos
econométricos, é intitulado “Dois ensaios acerca da relação entre criminalidade
e Educação”. O docente concluiu que a criminalidade aumentou em 51% em todos os
estados brasileiros, no período 2001/2005, devido à evasão escolar. O
modelo associou e assinalou a proporção direta de crescimento entre abandono
defasado ou evasão escolar e taxas de homicídio. Quando a evasão aumenta, o
número de homicídios também cresce.
O próprio estudo ressalva não ser possível afirmar
que todos os alunos evadidos das escolas transformem-se em bandidos. Segundo o
pesquisador, quem abandona as aulas tem tanto a possibilidade de virar
membro de uma gangue, quanto de simplesmente estar excluído do
mercado de trabalho formal. Contudo, é inegável que a desocupação e a falta de
conhecimento são portas de entrada para a criminalidade, o que confere pleno
sentido à associação entre o índice de crescimento de homicídios e a evasão
escolar.
Do mesmo modo, é inegável e direta a relação entre
os graus e a qualidade da escolaridade e o desenvolvimento econômico de um
país. Enquanto seguir colocando a educação em segundo plano, o Brasil retardará
o seu ingresso num fluxo sustentável de prosperidade socioeconômica e seguirá
perdendo muitos jovens para as fileiras do crime organizado.
Rubens
F. Passos - economista pela FAAP e MBA pela Duke University, é presidente da
Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de
Escritório (ABFIAE) e diretor titular do CIESP Bauru.
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