Instrumento tem
feito vítimas e causado prejuízos materiais e imateriais para companhias;
abordagem exige inovação
Enquanto o mercado se prepara para a adoção, em
2017, das novas regras do Banco Central para modernizar o sistema de liquidação
e compensação de boletos de pagamento, o instrumento tem sido alvo de fraudes e
segue como motivo de preocupação entre o empresariado.
Segundo Fernando Carbone, diretor sênior da Kroll
no Brasil e especialista em segurança da informação, tem crescido recentemente
o número de companhias que procuram a consultoria como vítimas do golpe e
acusando sérios prejuízos financeiros.
“São muitos os contatos e consultas por executivos
preocupados não apenas em identificar eventuais falhas de controle que
possibilitaram o desvio, mas também o destino dos recursos, numa tentativa de
reavê-los”, comenta.
O trabalho de investigação é complexo, pode levar
tempo e, por isso, exige abordagens inovadoras para que os objetivos sejam
atingidos.
Por fazer parte da rotina financeira dos
brasileiros e movimentar cifras vultosas – de acordo com a Febraban, anualmente
são pagos mais de 3,5 bilhões de boletos de produtos e serviços –, o
instrumento é alvo do interesse de quadrilhas com métodos extremamente
sofisticados.
Para conseguir acesso a informações privilegiadas,
nem sempre os fraudadores recorrem a ciberataques. “Em muitos casos, o
vazamento de dados conta com cooperação interna na empresa, ainda mais se não
existe um ambiente de compliance estabelecido”, diz Carbone.
Nesse contexto, as vítimas têm demandado novas
abordagens e perspectivas para a solução do problema. “Na tentativa de oferecer
uma resposta assertiva à necessidade de recuperar perdas, criamos uma
metodologia forte de investigação e com foco na origem da fraude, que, em
última instância, também retroalimenta os mecanismos de gestão de risco”,
explica Carbone.
O especialista acredita que as mudanças previstas
para maior segurança e confiabilidade de boletos de pagamento devem coibir o
crime organizado. “Até que elas estejam totalmente em prática, no entanto, é
recomendada atenção permanente; do contrário, há de fato chances reais de
prejuízos ao patrimônio e imagem das corporações”.
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