Por que uma medida
com resultados positivos em outros países não daria certo se sancionado no
Brasil?
Grande parte das pessoas consideram a castração
algo negativo. Se, de modo singular, o entendimento das palavras castração e química se
unissem, poderia resultar em algo como acabar com a vida de alguém, ou
restringir o direito de liberdade da pessoa, ou até mesmo, arruinar com a
dignidade de um ser humano. Entretanto, toda moeda tem dois lados, conforme
dito popular.
A polêmica castração química é um método que priva
temporariamente o paciente de impulsos sexuais com a utilização de medicamentos
hormonais. Isto é, não há a remoção dos testículos e o homem permanece fértil,
mas por ter oscilações na dosagem dos hormônios, o indivíduo passa a ter
problemas para ter e manter as ereções, e ainda, reduz o estímulo interno que
funciona como origem de fantasias e impulsos eróticos.
O ato de realizar uma castração química num
condenado pode ser considerado como uma oportunidade do indivíduo de voltar à
vida em sociedade. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Polônia
têm leis que determinam essa medida com resultados positivos. A aplicação de um
método como este, por si só, já dificulta a ocorrência de crimes sexuais em
grande quantidade nesses países.
Com a aplicação desta “sanção” do
hormônio injetável no Brasil, o condenado poderá escolher aceitar ou não este
tratamento, a sua aceitação dará apenas aos que não são reincidentes, e com
este tratamento o indivíduo poderá ser incluso na sociedade com ressalvas. A
pena também poderá ser reduzida em até 2/6, e a pessoa terá que passar por
consultas pré-determinadas com um profissional habilitado para monitoramento de
resultados.
É certo que esta forma de utilização de pena,
vislumbra algumas particularidades, dentre elas o custo, pois o condenado não
ficaria junto à presídios despreparados para recebê-los, gerando alto custo
para sociedade. Cada injeção sairia em média por R$ 14,89, somando à isso, o
custo da junta médica, totalizando um custo médio de R$800,00 por mês.
O ato de trazer o ser humano à uma realidade com valores morais coerentes através de um tratamento tangível e aplicável, dignifica o indivíduo e o não excluiria em uma cela fria, concorrendo com o perigo iminente de sua vida a cada dia cair por um fio.
É preciso discutir a temática da castração química e quebrar o paradigma existente. Sair do entendimento de um simples nome feio, para a compreensão do real intuito do projeto, pelo qual visa principalmente o fator humano.
Sandra Regina Missioneiro - advogada militante, professora universitária, Perita Judicial, Perita Grafotécnica, Pós Graduada em Direito Constitucional pelo Universidade Mackenzie, Pós Graduada em Direito do Trabalho e Previdenciário pela UNISAL, Especialista em Direito Penal – Tribunal do Júri pela ESA, Especialista em Infância e Juventude pela ESA, Necropicista e tanatologista com enfase na área forense; Doutorada pela UMSA- Universidade Museo Socio Argentino em Buenos Aires- Argentina.
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