Pediatra explica
os principais motivos e dá dicas aos pais
É de conhecimento popular que um bom
dia começa com uma noite bem dormida e para as crianças não é diferente. O sono
adequado é fundamental para o crescimento e desenvolvimento delas, promovendo
funções importantes para o corpo.
Segundo a pediatra, Dra. Maju Carvalho, o sono tem
função reparadora do corpo e da mente, remodelagem de sinapses cerebrais e
participação no processo de consolidação da memória e do aprendizado. “Além
disso, no período do sono ocorrem funções fisiológicas importantes, como a
liberação do hormônio de crescimento. Não dormir o tempo necessário pode ter
consequências sérias, como falta de atenção,
muita irritabilidade, falta ou excesso de apetite, cansaço excessivo e até
crescimento deficiente”, explica.
A insônia, definida
pelo demorar para adormecer ou ter o sono interrompido
por qualquer razão, com dificuldade de adormecer novamente, pode acometer até
30% das crianças em alguma fase da vida.
O sono pode sofrer influências
sociais, comportamentais, familiares e até alimentares. Cada idade pode
sofrer interferência no
sono por algum fator: desde as cólicas, os gases e o refluxo ácido de bebês;
além dos quadros febris, questões emocionais (chegada de um
irmãozinho ou entrada na escola), ansiedade, depressão, falta de
rotina e mudança no dia a dia (como em uma viagem, por exemplo).
Confira algumas dicas para uma boa
noite de sono das crianças:
- Soneca da tarde: até os
três anos, há a necessidade de períodos de sono diurnos para completar a
quantidade de sono fundamental para as crianças e esses períodos variam de
acordo com cada faixa etária. Com o avançar da idade, as sonecas diminuem
gradativamente. É importante se atentar ao tempo, elas não devem ocorrer após
às 16 horas, para que não prejudique o sono da noite.
- Rotina: é preciso
que haja uma rotina, mesmo aos fins de semana. “Os hábitos e horários para o
sono muito diferenciados entre os dias da semana e o fim de semana favorecem
distúrbios do ritmo circadiano (que é basicamente nosso “relógio interno”),
levando aos distúrbios do sono. Criar uma rotina do sono desde o lactente é
fundamental para a saúde e o bem-estar da criança e da família”.
- Hora de dormir: desde o 3º mês
de vida, é recomendado estabelecer horários para a criança dormir e acordar.
Na hora de dormir, deve-se criar uma rotina calma, prazerosa e acolhedora. O
que inclui, por exemplo, tomar um banho morno, amamentar, conversar calmamente,
contar histórias e escovar os dentes. É
importante lembrar que a criança deve ser colocada na cama sonolenta,
mas acordada.
- Quarto da criança: deve-se ter pouca
luminosidade e pouco barulho no local, sem aparelhos
eletrônicos e em temperatura agradável, além de evitar brincadeiras
agitadas antes de dormir. E, principalmente, não criar associações
negativas para o início do sono, como adormecer mamando, no sofá, assistindo TV
e no colo, ou seja, a criança deve aprender a iniciar o sono sozinha, sem a
participação de outras pessoas ou objetos. É aceitável a presença de objetos
transicionais, como uma boneca ou ursinho, para aqueles com mais de um ano de
idade. “Estudos mostram que crianças com TV no quarto têm mais dificuldade em
adormecer. Assim, não é interessante que crianças tenham equipamentos que
possam distrair sua atenção no quarto de dormir, como TV, DVD,
computadores e videogames”, alerta Dra. Maju.
- Alimentação: um
fato importante também é manter uma alimentação mais leve para as crianças à
noite. Deve-se evitar um jantar muito pesado e bebidas com cafeína como
café, chás escuros e refrigerantes tipo cola após às 17h,
até mesmo porque elas não fazem bem à saúde das crianças.
- Limites: outro
tipo de insônia decorre
exatamente da falta de limites e de uma rotina. Esta é mais frequente
em crianças nos períodos pré-escolares e escolares,
caracterizada pela recusa da criança em ir para a cama no horário de dormir e
da utilização de meios para protelar o sono, como pedir água ou outra história. Os pais
precisam, preventivamente, de forma amorosa, mas firme, estabelecer horários
que a criança irá incorporar na sua rotina.
“É importante lembrar que quando a
criança desperta a noite, os pais não precisam e não devem ir vê-la
imediatamente, pois rápidos despertares noturnos são normais. Se precisarem
atender a criança, evite acender a luz ou tirá-la do berço ou cama. Essas
orientações visam prevenir a insônia comportamental, mais frequente dos 6 meses
aos 3 anos”, orienta. Além disso, o
pediatra também deve estar atento e orientar a
família quanto aos padrões de normalidade e da higiene do sono e,
dependendo do caso, da necessidade de exames ou de um
especialista no assunto.
Dra. Maria Julia Carvalho
- formada pela UNICAMP (2004-2009). Fez residência
em pediatria pela Santa Casa de SP (2010-2012). E é especialista em
oncohematologia infantil pela Santa Casa de São Paulo (2012-2014). Plantonista
na unidade de internação do hospital infantil Sabara e na UPA do Einstein de
Perdizes. facebook.com/dramajucarvalho
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