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domingo, 8 de janeiro de 2017

A importância da alimentação para a fala e a linguagem



A consistência dos alimentos interfere no crescimento dos órgãos da face e na produção dos sons da fala


Como é bom provar uma comida diferente, mas para muitas crianças isso nem sempre é um prazer, principalmente as que dão mais trabalho pra comer. Além da questão nutricional, a consistência dos alimentos é importante pois interfere no crescimento dos órgãos da face e, consequentemente, na produção dos sons da fala e no desenvolvimento da linguagem, explica a fonoaudióloga Raquel Luzardo, especialista em linguagem e atendimento infantil. "É indispensável que a alimentação da criança seja adequada no sentido de proporcionar oportunidades para o exercício da mastigação e estimulação oral", diz.

Tem também as crianças que comem de tudo, contanto que esteja bem molinho, tudo tem de passar pela peneira ou pelo liquidificador e haja imaginação para cozinhar pra elas. É o caso da Ester, mãe do Rafael, 5 anos, que foi orientada a passar a papinha do filho na peneira e, a consequência não poderia ser pior, Rafael demorou pra falar, só com dois anos e meio, e até hoje troca algumas letras, e até há pouco tempo não conseguia comer alimentos sólidos e o intestino também não funcionava direito. A vida começou a melhorar depois que Ester encontrou a orientação fonoaudiológica correta, aliada a ajuda de uma terapeuta ocupacional. "Todo esse atraso do Rafa em relação a introdução da alimentação sólida causou muito sofrimento pra ele e pra nossa família, que só quem passa sabe. Além do atraso no desenvolvimento da fala, ele teve também hipersensibilidade aos alimentos. Oferecia uma cenoura, mas ele não conseguia segurar, sentia aflição ao mastigá-la", lembra Ester.

A mãe conseguiu ajuda da fono que, com exercícios semanais,   em poucos meses Rafael evoluiu muito. "Nossa, hoje ele é outro menino, já fala melhor, consegue mastigar, sentir os alimentos e o intestino funciona todos os dias. A professora da escola, os amigos, a família, todos percebem a melhora dele", diz Ester.

Segundo Raquel, a consistência adequada dos alimentos oferecidos ao bebê é muito importante para que ele possa exercitar várias funções como a sucção, a mastigação, a deglutição (engolir) e a respiração. Dessa forma, todas as áreas do corpo responsáveis por essas funções podem receber o estímulo adequado e na hora certa. A mastigação exige uma dissociação de movimentos da língua, lábios e mandíbula, que é importante para a preparação da musculatura responsável pela articulação dos sons da fala.

Raquel explica que as causas de problemas alimentares mais comuns na primeira infância são atraso de linguagem, troca de sons na fala e falar com a língua entre os dentes. "O acompanhamento terapêutico pode ser realizado para prevenção ou reabilitação de diversos distúrbios da comunicação", diz.
Raquel dá algumas dicas para a alimentação das crianças

Conforme o bebê vai se acostumando, as sopas devem ir mudando de consistência. Primeiramente devem ser passadas pela peneira fina, depois peneira grossa e mais tarde, ela pode se tornar mais espessa até que os alimentos da papa possam ser amassados com um garfo. Usar o liquidificador pode prejudicar a criança nessa fase de transição.

Quando aparecerem os primeiros dentinhos, a criança já pode comer pedacinhos de carne, bolachas e outros alimentos mais sólidos. É nessa hora que os pais devem incentivar o bebê a provar as novidades que aparecem no prato. É importante que a criança esteja sentada a mesa e preste atenção no que está comendo. Comer em frente à televisão ou brincar entre uma garfada e outra só atrapalha. Eles precisam entender que é importante se alimentar bem.

Não esqueça de fazer elogios a cada alimento que for acrescentado ao cardápio da criança e mostrar que cada vez ela está comendo mais coisas gostosas e ficando mais saudável.


Orientações

0 a 3 anos ð A alimentação na primeira infância é muito importante. Siga o ritmo do bebê e vá seguindo cada fase, acrescentando novos alimentos. A fase de transição entre o líquido e o sólido requer muito cuidado e atenção.

3 a 6 anos ð O exemplo dos pais a mesa é fundamental. Se a criança ver que seus pais não comem verduras e saladas ela vai achar que também não precisa desses alimentos.

6 a 9 anos ð Nessa idade a criança pode ficar mais enjoada e seletiva para comer. Por isso, é importante que ela aprenda a comer de tudo desde pequena, para não dar trabalho mais tarde.

Seja por dificuldade ou por um comportamento aversivo, a criança que não come precisa de ajuda. Quanto antes a intervenção acontecer, menores serão as consequências dessa privação sensorial para o desenvolvimento físico, emocional e da fala do pequeno.




Raquel Luzardo - CRFa 2-7480-3 - Fonoaudióloga, formada pelo Centro Universitário Metodista de Porto Alegre – IPA-RS, especialista em linguagem pelo Centro de Estudos em Fonoaudiologia Clínica - CEFAC-SP, diretora da FONOterapia - Clínica de Fonoaudiologia, atua em atendimento clínico infantil, orientação familiar e consultoria escolar.




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