O 9 de Julho evoca os acontecimentos
que mobilizaram os paulistas em 1932. Iniciado em 26, o governo de Washington
Luís não foi tranquilo: a crise econômica mundial de 1929 gerou alto
desemprego. Na política, provocou forte reação ao indicar o governador Júlio
Prestes à sua sucessão, quebrando a política do “café com leite”, na qual
paulistas e mineiros revezavam a presidência do País. Seria a vez do governador
mineiro Antônio Carlos, que inconformado, lançou a candidatura do governador
gaúcho, Getúlio Vargas, com João Pessoa, governador da Paraíba vice. Em 30, as
eleições deram a vitória ao paulista, Vargas contestou. O assassinato de
Pessoa, em julho, originou o movimento militar que depôs Washington Luís.
Vargas já assumiu quebrando
promessas: suspendeu a Constituição e dissolveu o Congresso. Esse desrespeito
gerou insatisfação paulista. A sociedade se mobilizou para lutar “pela
autonomia de São Paulo e pela constitucionalização do Brasil”. Em fevereiro de
32, partidos se uniram lançando a Frente Única. Em 22 de maio, comícios
assumiam tom inflamado, gerando ataques a jornais favoráveis a Vargas. Na
tentativa de depredação da sede do Partido Popular, os paulistas foram
recebidos a tiros, vitimando Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia
e Antônio Américo de Camargo Andrade. Os jovens entraram para história, pois as
iniciais de seus sobrenomes batizaram o movimento do levante paulista: o MMDC,
que em 9 de julho, sob o comando do general Isidoro Dias Lopes e do coronel
Euclides Figueiredo, chefes do Estado Maior Revolucionário, eclodiram a
revolução paulista, para depor Vargas, convocar eleições e promulgar nova
Constituição.
Mas as tropas paulistas lutaram
sozinhas, pois as promessas de ajuda não se cumpriram. Contavam com 7 aviões e
44 canhões, contra os 24 aviões e 250 canhões das forças de Vargas. A rendição
foi assinada pela Força Pública em 2 de outubro. Entretanto, os livros de
história indicam que apesar da derrota militar, os paulistas saíram vitoriosos
em 32, pois o País ganhou uma Constituição em 34. Foi um exemplo ímpar de união
e força, que talvez não mais se reproduza entre nós.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do
Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da
Academia Paulista de História (APH).
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