Medicamentos mais usados no frio podem cortar o efeito de colírios ou se transformar numa
bomba para a saúde. Saiba o que deve ser evitado.
O consumo de
medicamentos para doenças respiratórias triplica no inverno, segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde). Levantamento feito em 12 mil prontuários do
Instituto Penido Burnier pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, mostra que
nesta época do ano 20% dos pacientes atendidos no hospital acabam se expondo a
interações perigosas de colírios com esta classe de remédios.
O médico afirma que
o 'coquetel molotov' atinge
principalmente os portadores de glaucoma, cardiopatas e mulheres. Isso porque,
o colírio mai usado por conta própria é o vasoconstritor (adstringente) para
combater o olho vermelho. "A maioria dos brasileiros acredita que este
tipo de colírio é uma aguinha refrescante que resolve quase todos os problemas", afirma. Não é
bem assim. O médico diz que o uso abusivo pode causar catarata a longo prazo e
outros problemas quando associados a alguns medicamentos.
Cuidados com o glaucoma
Este é o caso dos
portadores de glaucoma, afirma. Isso porque,
os vasoconstritores diminuem o calibre dos vasos sanguíneos quando
instilados no olho e podem cortar o efeito do tratamento para glaucoma. Queiroz
Neto ressalta que outra classe de medicação que contrai os vasos e deve ser
evitada por este grupo são os descongestionantes nasais. A dica do médico é
lavar a narina com soro fisiológico para aliviar o entupimento sem efeitos
colaterais. "Os portadores de
glaucoma que tem asma também devem evitar o uso de colírio betabloqueador para
diminuir a pressão intraocular. A medicação pode causar falta de ar nestas
pessoas", explica. Já nas irritações das vias respiratórias. quem tem
glaucoma deve fazer o tratamento com anti-inflamatórios não hormonais. Isso
porque, comenta, o uso de anti-inflamatório hormonal (corticóide) é
contraindicado para glaucomatosos por cortar o efeito dos colírios que diminuem
a pressão intraocular.
Contraindicações para cardiopatas
O oftalmologista diz a
simples combinação de colírio vasoconstritor e aspirina, antiagregante
plaquetário bastante usado no tratamento
de resfriados, pode causar hemorragia em
cardiopatas. Outras contraindicações deste tipo de colírio e dos
descongestionantes nasais para quem tem alterações cardíacas são a maior
dificuldade de circulação
sanguínea, aumento da pressão arterial e
risco de taquicardia. O ideal no tratamento de vermelhidão ocular em cardiopatas,
comenta, é a lágrima artificial. Isso se não fizer tratamento com Amiodarona
para arritmia cardíaca. "Esta medicação corta o efeito da lágrima
artificial", afirma. Outras
complicações também podem impedir a
eficácia do colírio. Este foi o caso de Antônio Mussolini que trabalhou muitos
anos consertando monitores com tela de fósforo. "A atividade danificou
minha glândula lacrimal" conta. O
que salvou o olho de Mussolini de uma lesão na córnea foi o implante de um plugue no canal
lacrimal.
Mulheres
Segundo Queiroz Neto,
mulheres que tomam pílula anticoncepcional ou fazem TRH (Terapia de Reposição
Hormonal) devem ficar atentas com a interação dessas medicações e antibióticos
usados nas infecções das vias respiratórias durante o inverno. Isso porque, os
antibióticos podem diminuir o efeito da pílula, explica. A pílula e a TRH
também diminuem o efeito da lágrima artificial.
A dica do médico para
reduzir o risco dessas interações medicamentosas é tampar
o canal lagrimal no canto interno do olho sempre que for instilar um
colírio para impedir que penetre na corrente sanguínea. O problema é que a
maioria dos brasileiros instila colírio de forma errada.
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