Se a
epidemia de ebola persistir, os oftalmologistas de todo o mundo diagnosticarão
mais casos de pacientes com uveíte, pós-ebola. Eles terão de reconhecer e
tratar esta condição, além de adotarem precauções adequadas na realização dos
procedimentos cirúrgicos nesses pacientes
A Academia Americana
de Oftalmologia emitiu um comunicado, após a publicação de um estudo,
no The New England Journal of Medicine, sobre um paciente com
ebola que tinha uveíte, um tipo de inflamação ocular comum em sobreviventes de ebola.
A entidade médica reforça que as descobertas não indicam um aumento do risco de
infecção por ebola do público em geral através do contato casual com o paciente
já curado.
De acordo com o
estudo, o paciente com ebola recebeu alta após testes de urina e de sangue
indicarem que ele estava livre do vírus. Três meses depois, ele voltou a ser
examinado e foi diagnosticado com uveíte, doença ocular que pode levar à
cegueira. Os pesquisadores também descobriram evidências do vírus ebola ao
testar o fluido do globo ocular, mas não encontraram vestígios do vírus ao
testar as lágrimas, a conjuntiva ou as pálpebras.
Segundo os
pesquisadores, a comunidade médica já havia descoberto que o vírus ebola pode
permanecer vivo em alguns fluidos corporais por um longo período de tempo, após
o estágio inicial da doença. O caso relatado no estudo demonstra que o vírus
pode permanecer vivo em fluidos oculares muito tempo depois da recuperação da
infecção sistémica por parte do paciente.
Segundo o comunicado
da entidade médica, se a epidemia de ebola persistir, oftalmologistas em todo o
mundo diagnosticarão mais casos de pacientes com uveíte, pós-ebola. Eles terão
de reconhecer e tratar esta condição, além de adotarem precauções adequadas na
realização dos procedimentos cirúrgicos nesses pacientes.
“No entanto, é
preciso enfatizar que, tanto quanto sabemos, o vírus ebola não é transmitido
pelo contato casual com esse paciente. O estudo
não sugere que a infecção possa ser transmitida através do contato com a
superfície ocular de pacientes que tenham se recuperado da infecção inicial”,
afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO,
Instituto de Moléstias Oculares.
Como orientação aos
profissionais de saúde, vale o que é preconizado pelos Centros de
Controle e Prevenção de Doenças, nos EUA. É recomendado que todos os
profissionais de saúde tomem precauções especiais no tratamento de doentes que
estejam ou tenham sido infectados com ebola. Estas medidas incluem o uso de
roupas de proteção adequadas, desinfecção adequada dos equipamentos, o emprego
e a gestão adequada dos resíduos para minimizar a propagação da infecção.
“Os novos achados,
que indicam que a uveíte pode estar associada com o vírus ativo dentro do olho,
destacam a importância vital das medidas de segurança para os oftalmologistas
ao realizarem procedimentos invasivos, como injeções intraoculares ou a
cirurgia para catarata ou de glaucoma em pacientes que foram infectados com o
vírus ebola”, destaca Centurion.
Estudos de surtos
anteriores mostraram que as infecções por ebola, muitas vezes, se manifestam
nos olhos e podem afetar a visão e causar cegueira tempos depois que a infecção
sistêmica foi eliminada. Um dos primeiros sinais do vírus ebola é a hiperemia
conjuntival, como observado em um estudo
de 1995 do surto de ebola no Congo. Um outro estudo
sobre sobreviventes do mesmo surto descobriu que 4 dos 20 sobreviventes do
ebola, desenvolveram, posteriormente, uveíte grave, marcada por dor nos olhos,
sensibilidade à luz, visão reduzida e lacrimejamento excessivo.
IMO, Instituto de
Moléstias Oculares - http://www.imo.com.br/home.aspx
- Email:
imo@imo.com.br - https://www.facebook.com/imosaudeocular
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