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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Estudo aponta ligação entre ebola e uveítes





Se a epidemia de ebola persistir, os oftalmologistas de todo o mundo diagnosticarão mais casos de pacientes com uveíte, pós-ebola. Eles terão de reconhecer e tratar esta condição, além de adotarem precauções adequadas na realização dos procedimentos cirúrgicos nesses pacientes

A Academia Americana de Oftalmologia emitiu um comunicado, após a publicação de um estudo, no The New England Journal of Medicine, sobre um paciente com ebola que tinha uveíte, um tipo de inflamação ocular comum em sobreviventes de ebola. A entidade médica reforça que as descobertas não indicam um aumento do risco de infecção por ebola do público em geral através do contato casual com o paciente já curado.
De acordo com o estudo, o paciente com ebola recebeu alta após testes de urina e de sangue indicarem que ele estava livre do vírus. Três meses depois, ele voltou a ser examinado e foi diagnosticado com uveíte, doença ocular que pode levar à cegueira. Os pesquisadores também descobriram evidências do vírus ebola ao testar o fluido do globo ocular, mas não encontraram vestígios do vírus ao testar as lágrimas, a conjuntiva ou as pálpebras.
Segundo os pesquisadores, a comunidade médica já havia descoberto que o vírus ebola pode permanecer vivo em alguns fluidos corporais por um longo período de tempo, após o estágio inicial da doença. O caso relatado no estudo demonstra que o vírus pode permanecer vivo em fluidos oculares muito tempo depois da recuperação da infecção sistémica por parte do paciente.
Segundo o comunicado da entidade médica, se a epidemia de ebola persistir, oftalmologistas em todo o mundo diagnosticarão mais casos de pacientes com uveíte, pós-ebola. Eles terão de reconhecer e tratar esta condição, além de adotarem precauções adequadas na realização dos procedimentos cirúrgicos nesses pacientes.
“No entanto, é preciso enfatizar que, tanto quanto sabemos, o vírus ebola não é transmitido pelo contato casual com esse paciente. O estudo não sugere que a infecção possa ser transmitida através do contato com a superfície ocular de pacientes que tenham se recuperado da infecção inicial”, afirma o oftalmologista Virgílio Centurion (CRM-SP 13.454), diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Como orientação aos profissionais de saúde, vale o que é preconizado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, nos EUA. É recomendado que todos os profissionais de saúde tomem precauções especiais no tratamento de doentes que estejam ou tenham sido infectados com ebola. Estas medidas incluem o uso de roupas de proteção adequadas, desinfecção adequada dos equipamentos, o emprego e a gestão adequada dos resíduos para minimizar a propagação da infecção.
“Os novos achados, que indicam que a uveíte pode estar associada com o vírus ativo dentro do olho, destacam a importância vital das medidas de segurança para os oftalmologistas ao realizarem procedimentos invasivos, como injeções intraoculares ou a cirurgia para catarata ou de glaucoma em pacientes que foram infectados com o vírus ebola”, destaca Centurion.
Estudos de surtos anteriores mostraram que as infecções por ebola, muitas vezes, se manifestam nos olhos e podem afetar a visão e causar cegueira tempos depois que a infecção sistêmica foi eliminada. Um dos primeiros sinais do vírus ebola é a hiperemia conjuntival, como observado em um estudo de 1995 do surto de ebola no Congo. Um outro estudo sobre sobreviventes do mesmo surto descobriu que 4 dos 20 sobreviventes do ebola, desenvolveram, posteriormente, uveíte grave, marcada por dor nos olhos, sensibilidade à luz, visão reduzida e lacrimejamento excessivo.


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