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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Indústria de SP demite quase 128,5 mil em 2014 e registra pior desempenho dos últimos oito anos




Resultado negativo supera o baixo desempenho de 2009, ano da crise financeira mundial
A indústria de São Paulo demitiu 128,5 mil funcionários em 2014, o equivalente a uma perda de 4,9% do emprego do setor no ano, segundo pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
Somente em dezembro de 2014, a indústria paulista demitiu 40 mil funcionários. O número, porém, é menor quando comparado aos de outras demissões ocorridas no mês de dezembro de outros anos. Em dezembro de 2008, por exemplo, o saldo negativo chegou a 121 mil. 

De acordo com Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, a queda menos expressiva em dezembro do ano passado é resultado de uma antecipação das demissões ao longo de 2014 em meio ao cenário adverso.
A situação do emprego industrial no ano passado - a mais delicada desde 2006, início da pesquisa - foi ainda pior que a de 2009, auge da crise financeira mundial, quando o setor manufatureiro registrou uma queda de 4,5% do índice naquele ano.
O diferencial entre os cenários de 2009 e 2014 é a recuperação dos empregos ocorrida no ano da crise, um movimento que não deve se repetir em 2015, segundo Francini.
"A partir da metade do ano [passado] já começávamos a ver esse panorama para 2014. Entramos em 2015 com a indústria muito fragilizada e não vemos a menor possibilidade de 2015 ser um ano de recuperação como 2010 foi para 2009", projeta Francini ao analisar uma provável retomada dos empregos este ano.
Parte da falta de perspectiva de recuperação para o ano, segundo Francini, deriva da elevação da taxa de juros, do já sabido ajuste fiscal do governo, da retirada de alguns subsídios como os concedidos à energia, e o seu impacto no consumo, e do aumento de impostos. Além disso, o salário real do trabalhador não deve apresentar crescimento significativo.
"Há uma pressão em cima do gasto público e já houve a redução dos gastos por parte dos ministérios. E isso significa menos dinheiro sendo colocado na economia, enquanto a taxa de juros deve crescer ainda. Portanto, este é um ano em que a atividade econômica vai ser negativamente afetada. Esse é o desenho para 2015 e o problema do desemprego será um grande tema", avalia Francini. "Todo ajuste não é agradável, mas é preciso."

Açúcar e álcool em queda inédita
Pela primeira vez, desde o início da sondagem da Fiesp e do Ciesp, a indústria de açúcar e álcool registrou queda expressiva no emprego no acumulado do ano. Ao longo de 2014, o setor sucroalcooleiro demitiu 13.681 funcionários, o equivalente a uma perda de 8,5% durante o período. A pesquisa abrange um universo de pelo menos 160 mil empregos no setor.
Somente em dezembro, a indústria de açúcar e álcool fechou 6.479 vagas, em parte por conta da típica devolução ao mercado de trabalhadores contratados para o período da colheita de cana-de-açúcar, mas as demissões também atingiram funcionários não inclusos nas contratações específicas para colheita.

Setores e regiões
Dos 22 setores avaliados pela pesquisa em 2014, 20 apresentaram baixa no emprego, um registrou alta e um ficou estável. Somente no mês de dezembro, todos os setores da indústria registram demissões.
A indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias foi a que mais demitiu em 2014, 23.180 funcionários ao todo. Enquanto o setor de máquinas e equipamentos fechou 22.049 postos de trabalho no ano..
O emprego caiu 5,4% na Grande São Paulo no ano e 4,4% no interior do estado. Das 36 regiões pesquisadas pelo Depecon em 2014, apenas uma registrou contratações. Santa Bárbara D´Oeste registrou alta de 6,6% em sua indústria, impulsionada principalmente por contratações do setor de produtos têxteis (3,36%).
No campo das perdas, destaque para a região de Piracicaba, com queda de 16,54% do emprego industrial no ano, influenciada por demissões nos segmentos de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-36,%) e de máquinas e equipamentos (-14,23%).
A região de Diadema também se destacou com queda de 13,14%, com demissões principalmente nas indústrias de produtores de metal, exceto máquinas e equipamentos (-19,16%) e de produtores de borracha e plástico (-19,15%). Enquanto Jaú encerrou 2014 com queda de 12,03%, pressionada por baixas nos setores de coque, petróleo e biocombustíveis (-46,97%) e de produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (-41,67%).

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