Resultado negativo supera o baixo desempenho
de 2009, ano da crise financeira mundial
A
indústria de São Paulo demitiu 128,5 mil funcionários em 2014, o equivalente a
uma perda de 4,9% do emprego do setor no ano, segundo pesquisa da Federação e
do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
Somente
em dezembro de 2014, a indústria paulista demitiu 40 mil funcionários. O
número, porém, é menor quando comparado aos de outras demissões ocorridas no
mês de dezembro de outros anos. Em dezembro de 2008, por exemplo, o saldo
negativo chegou a 121 mil.
De acordo com Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, a queda menos expressiva em dezembro do ano passado é resultado de uma antecipação das demissões ao longo de 2014 em meio ao cenário adverso.
De acordo com Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, a queda menos expressiva em dezembro do ano passado é resultado de uma antecipação das demissões ao longo de 2014 em meio ao cenário adverso.
A
situação do emprego industrial no ano passado - a mais delicada desde 2006,
início da pesquisa - foi ainda pior que a de 2009, auge da crise financeira
mundial, quando o setor manufatureiro registrou uma queda de 4,5% do índice
naquele ano.
O
diferencial entre os cenários de 2009 e 2014 é a recuperação dos empregos
ocorrida no ano da crise, um movimento que não deve se repetir em 2015, segundo
Francini.
"A
partir da metade do ano [passado] já começávamos a ver esse panorama para 2014.
Entramos em 2015 com a indústria muito fragilizada e não vemos a menor
possibilidade de 2015 ser um ano de recuperação como 2010 foi para 2009",
projeta Francini ao analisar uma provável retomada dos empregos este ano.
Parte
da falta de perspectiva de recuperação para o ano, segundo Francini, deriva da
elevação da taxa de juros, do já sabido ajuste fiscal do governo, da retirada
de alguns subsídios como os concedidos à energia, e o seu impacto no consumo, e
do aumento de impostos. Além disso, o salário real do trabalhador não deve
apresentar crescimento significativo.
"Há
uma pressão em cima do gasto público e já houve a redução dos gastos por parte
dos ministérios. E isso significa menos dinheiro sendo colocado na economia,
enquanto a taxa de juros deve crescer ainda. Portanto, este é um ano em que a
atividade econômica vai ser negativamente afetada. Esse é o desenho para 2015 e
o problema do desemprego será um grande tema", avalia Francini. "Todo
ajuste não é agradável, mas é preciso."
Açúcar
e álcool em queda inédita
Pela
primeira vez, desde o início da sondagem da Fiesp e do Ciesp, a indústria de
açúcar e álcool registrou queda expressiva no emprego no acumulado do ano. Ao
longo de 2014, o setor sucroalcooleiro demitiu 13.681 funcionários, o
equivalente a uma perda de 8,5% durante o período. A pesquisa abrange um
universo de pelo menos 160 mil empregos no setor.
Somente
em dezembro, a indústria de açúcar e álcool fechou 6.479 vagas, em parte por
conta da típica devolução ao mercado de trabalhadores contratados para o período
da colheita de cana-de-açúcar, mas as demissões também atingiram funcionários
não inclusos nas contratações específicas para colheita.
Setores
e regiões
Dos
22 setores avaliados pela pesquisa em 2014, 20 apresentaram baixa no emprego,
um registrou alta e um ficou estável. Somente no mês de dezembro, todos os
setores da indústria registram demissões.
A
indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias foi a que mais
demitiu em 2014, 23.180 funcionários ao todo. Enquanto o setor de máquinas e
equipamentos fechou 22.049 postos de trabalho no ano..
O
emprego caiu 5,4% na Grande São Paulo no ano e 4,4% no interior do estado. Das
36 regiões pesquisadas pelo Depecon em 2014, apenas uma registrou contratações.
Santa Bárbara D´Oeste registrou alta de 6,6% em sua indústria, impulsionada
principalmente por contratações do setor de produtos têxteis (3,36%).
No
campo das perdas, destaque para a região de Piracicaba, com queda de 16,54% do
emprego industrial no ano, influenciada por demissões nos segmentos de produtos
de metal, exceto máquinas e equipamentos (-36,%) e de máquinas e equipamentos
(-14,23%).
A região de Diadema também se destacou com queda de
13,14%, com demissões principalmente nas indústrias de produtores de metal,
exceto máquinas e equipamentos (-19,16%) e de produtores de borracha e plástico
(-19,15%). Enquanto Jaú encerrou 2014 com queda de 12,03%, pressionada por
baixas nos setores de coque, petróleo e biocombustíveis (-46,97%) e de produtos
de metal exceto máquinas e equipamentos (-41,67%).
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