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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Tabagistas têm até 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão





Além do câncer, tabaco pode causar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); 15% da população tem a doença e maioria deles são fumantes, somente 16% tem o diagnóstico e 12% passam por tratamento

 O tabagismo é uma doença que mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano no mundo. Só no Brasil são cerca de 147 mil óbitos anuais. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que em 2016 serão registrados no país 28,2 mil casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões (17.330 em homens e 10.890 em mulheres). Esses valores correspondem a um risco estimado de 17 casos novos a cada 100 mil homens e 10 para cada 100 mil mulheres. Quem fuma tem cerca de 30 vezes mais chance de desenvolver câncer de pulmão, quando comparados a pessoas que nunca fumaram.

Para alertar sobre as doenças e mortes relacionadas ao tabagismo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio. Segundo o coordenador do Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Prof. Dr. Elie Fiss, o câncer de pulmão é o que mais provoca mortes no mundo.  “O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão é o tabagismo. A incidência deste tipo de câncer em homens ainda é mais predominante, mas o número de casos em mulheres vem crescendo. Isso é reflexo do consumo do tabaco, que também vem aumentando entre as pessoas jovens. Apesar dos programas nacionais e das doenças que são causadas pelo cigarro, cerca de 17% da população nacional ainda fuma”, afirma o especialista. 

De acordo com o Prof. Dr. Fiss, nos anos 1970, ainda não se associava o tabaco a algumas doenças. Foi no final desta década que surgiram indícios mais frequentes do tabagismo ligados não somente ao câncer de pulmão, mas também ao de laringe, boca e atualmente, de acordo com pesquisas, casos de câncer de bexiga e mama. Além de diversos tipos de câncer, fumar ainda pode causar problemas respiratórios, incluindo Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), condição progressiva na qual as paredes das vias aéreas inflamam e se tornam estreitas, evoluindo para ruptura dos alvéolos, caracterizando o enfisema pulmonar. Os pacientes costumam apresentar os sintomas, como falta de ar e tosse com catarro, a partir dos 40 anos. De acordo com a OMS, a DPOC será a terceira maior causa de morte em 2020 no mundo.

Cerca de 15% da população tem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e a maioria são fumantes. A doença é sub-diagnosticada. Apenas 16% tem o diagnóstico e só 12% passam pelo tratamento. Na fase sintomática inicial, com tosse e catarro, o paciente raramente procura o especialista. No Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cerca de 30% dos pacientes atendidos tem a doença e todos são estimulados a parar de fumar”, diz o Prof. Dr. Fiss. O especialista ainda aponta que outras formas de consumo de tabaco, como charuto, narguilé e cachimbo também fazem mal e oferecem riscos à saúde, já que também contam com nicotina em sua composição, assim como o cigarro eletrônico, utilizado por alguns fumantes como método para interromper o consumo do cigarro. “O charuto, por exemplo, não se traga a fumaça, mas pode causar câncer de boca e laringe. Já o cigarro eletrônico, apesar da dosagem menor, é apenas outra forma de fumar a nicotina”.

A nicotina tem efeitos maléficos e é considerada uma droga que chega a atingir o cérebro mais rápido que a cocaína, em 0,7 segundos. Estudos recentes ainda apontam que aumentou o número de fumantes passivos, ou seja, aqueles que estão ao redor do dependente, com bronquite crônica e até mesmo com câncer de pulmão. A fumaça liberada pela ponta do cigarro, que às vezes é inalada pelo fumante passivo, contém três vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça tragada pelo fumante.

O tabagismo ainda está associado a doenças cardiológicas, Acidente Vascular Cerebral (AVC), enfisema e embolia pulmonar. Este último acomete principalmente as mulheres, que têm uma probabilidade maior de ter trombose. O consumo do tabaco também provoca problemas na pele, como ressecamentos, além de rouquidão na voz.

De acordo com o pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o indivíduo que deseja parar de fumar pode procurar uma equipe multidisciplinar para dar todo suporte médico, nutricional e psicológico. A avaliação médica também é indicada aos ex-fumantes, já que existem casos de pessoas que pararam de fumar há anos e tiveram problemas de saúde posteriormente.  “O tratamento varia de acordo com cada paciente. A vontade, aliada ao tratamento, influencia muito. É preciso perder o medo de ficar sem cigarro. Algumas pessoas chegam a ter medo de ficar sozinhas, com a mão vazia depois de um café ou jantar”, comenta o pneumologista, que reforça a importância da realização de uma atividade física durante o processo. “O exercício ajuda a aliviar a ansiedade. Hoje, também existem medicamentos que auxiliam no tratamento”.

O tabagismo é uma doença recidiva, cerca de 60 a 70% dos pacientes voltam a fumar. O Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com especialistas capacitados e treinados para o tratamento de tabagismo e atende cerca de 200 pacientes por mês. “A relação médico e paciente é importantíssima. Não se pode deixar o paciente desanimar e achar que é fraco por cair na tentação. Oferecemos o tratamento, mesmo se o paciente não nos procura com esse foco”, explica.



Hospital Alemão Oswaldo Cruz – www.hospitalalemao.org.br

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