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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Nova “idade das trevas” – Surgimento e ressurgimento de bactérias e superbactérias





A descoberta e utilização de fármacos antimicrobianos foram decisivas para a diminuição da mortalidade e morbidade das doenças causadas por bactérias e salvou muitas vidas ao longo do século XX. É possível afirmar que a introdução de antibioticoterapia em escala mundial foi fundamental para o desenvolvimento econômico e social de diversos países.

Contudo, a utilização indiscriminada, desregulada, e equivocada permitiu o surgimento de cepas resistentes a alguns antibióticos ou ainda a uma multiplicidade deles. Segundo a Dra. Margareth Chan, Diretora-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), a questão da resistência aos antimicrobianos é considerada uma crise mundial sem precedentes, o que poderia levar a uma era pós-antibióticos em que bactérias comuns poderiam causar danos devastadores e morte.

Dessa forma, a pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos antimicrobianos é urgente e premente. Ainda assim, a última molécula inovadora com ação bactericida foi lançada em 1987. Este fato é o que aponta o estudo do economista britânico Jim O´Neill.

A falta de inovação no desenvolvimento de novas moléculas antimicrobianas tem brindado a sociedade mundial com bactérias super-resistentes, situação que impacta não apenas a saúde, mas o status quo social e econômico. As estratégias atuais de melhorar e modificar moléculas já existentes no mercado, muitas vezes, favorecem mais o microrganismo do que a humanidade.

Entretanto, é importante verificar que também há grandes barreiras de acesso aos antibióticos em diversos locais, especialmente nos países pobres. Sendo assim, não será apenas o desenvolvimento de novas moléculas, produzir novos medicamentos que garantirão a redução das infecções bacterianas, mas a mobilização mundial, de governos, empresas, sociedade civil organizada, para garantir acesso equânime a todos os que necessitam de tratamento.

No passo em que a situação caminha, em breve viveremos um grande paradoxo, uma sociedade altamente tecnológica, com padrão de saúde da Idade Média – com toda certeza, a permissão do surgimento de outras “superbactérias” invalidará todo o ganho em saúde e qualidade de vida alcançados no século XX. As mudanças precisam acontecer agora!



Jan Carlo Delorenzi é PhD -  Farmacêutico, Mestre e Doutor em Ciência Biológicas (Biofísica). Professor de Imunologia e Saúde Pública – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Investigador Sênior em Pesquisa Clínica. Líder do Grupo de Pesquisas em Saúde Pública da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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