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sexta-feira, 9 de junho de 2023

Consultora financeira dá dicas para casais neste Dia dos Namorados

Internet
Dia de São Valentim, 12 de junho, traz a tona o motivo de muitos divórcios, as finanças


A falta de organização financeira está entre as principais causas de discussões entre casais. No Brasil 57% dos divórcios realizados na última década foram motivados por problemas financeiros. O dado foi levantado pelo IBGE em 2018, mas outros levantamentos mais recentes apontam para a mesma direção.

Um estudo realizado pelo Serviços de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostrou que 46% dos casais brasileiros brigam por causa de dinheiro.

Segundo a Consultora Financeira especializada em Finanças Pessoais, Raquel Benatti, infelizmente, os dados confirmam a causa de separação. “Tem um ditado que me vem à mente quando falo nesse assunto, 'quando a dívida entra pela porta, o amor sai pela janela’. Para algumas pessoas o dinheiro é motivo de divórcio, porque um dos parceiros visa a segurança financeira mais que o outro”, a especialista reflete.

Com o Dia dos Namorados chegando, Raquel responde alguns questionamentos que surgem em suas consultorias com casais. Confira:


1 - Quais são os principais desafios financeiros que os casais costumam enfrentar e como podem superá-los?
A consultora orienta que, para superar esses desafios, é importante estabelecer uma comunicação aberta e regular sobre dinheiro, criar um plano financeiro conjunto, buscar orientação profissional quando necessário e desenvolver habilidades de negociação para encontrar soluções que atendam às necessidades e metas de ambos os parceiros.


2 - Como os casais podem estabelecer metas financeiras em conjunto e garantir que estejam alinhados em relação aos seus objetivos financeiros?

Estatísticas mostram que a definição de metas financeiras em conjunto é crucial para o sucesso financeiro e a estabilidade do relacionamento. Segundo uma pesquisa do American Psychological Association, casais que compartilham metas financeiras têm maior probabilidade de relatar satisfação com o relacionamento.

“Para garantir alinhamento, é importante discutir e estabelecer metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido (metas SMART). Também é essencial revisar e ajustar essas metas regularmente para acompanhar mudanças nas circunstâncias financeiras e pessoais”, aconselha Raquel.


3 - Quais estratégias podem ser adotadas para evitar conflitos e tomar decisões financeiras de forma colaborativa dentro do relacionamento?

“Para evitar conflitos e tomar decisões colaborativas, é importante estabelecer um ambiente de comunicação aberta, praticar a escuta ativa, buscar compromisso, dividir responsabilidades financeiras equitativamente e considerar a consulta a um consultor financeiro para mediar questões complexas”, instrui a especialista.


4 - Além do compartilhamento de contas bancárias, quais são as práticas recomendadas para garantir uma gestão financeira saudável e equilibrada para casais?

Raquel diz que, quando os dois parceiros possuem renda, o primeiro passo para pensar em uma divisão justa seria descobrir a renda conjunta e o percentual que cada um gera. Um exemplo: uma das pessoas recebe R$ 3.000 por mês enquanto a outra recebe R$ 7.000. Neste caso, a renda conjunta do casal é de R$ 10.000 mensais. Como as duas pessoas contribuem de formas diferentes, aquela com o salário maior é responsável por 70% da renda enquanto a outra é responsável por 30%. “Neste caso, a divisão de despesa mais justa seria de forma proporcional à renda”, afirma a consultora financeira.


Ainda neste exemplo, ela sugere que se a despesa total mensal for de R$ 7.000, quem ganha R$ 3.000 deveria contribuir com R$ 2.100 (30%) e quem ganha R$ 7.000, contribuiria R$ 4.900 (70%). Forma mais simples, porém não existe regra, é somar rendas, entender contas fixas e variáveis do casal e determinar quanto irão investir todo mês sem esperar sobras.

Além do compartilhamento de contas bancárias, a consultora recomenda estabelecer um orçamento familiar, criar uma reserva de emergência, evitar dívidas excessivas, planejar e discutir grandes despesas com antecedência, e buscar aconselhamento financeiro quando necessário. Manter a transparência, confiança e colaboração na tomada de decisões financeiras também é essencial para a saúde financeira do casal.

Afinal, nada melhor do que comemorar o Dia de São Valentim com seu parceiro, e ter segurança financeira pode potencializar muito essa experiência, com passeios românticos, jantares à luz de velas, viagens surpresa ou presentes atenciosos, sem quaisquer preocupações ou restrições.

 

Raquel Benatti
Especialista em Finanças Pessoais da W1 Consultoria Financeira
@raquelbenatti.consultora


Atividades de enfrentamento ao trabalho infantil estão previstas em todas as Regiões brasileiras durante o mês de junho

Fóruns estaduais de erradicação do trabalho infantil, instituições públicas e ONGs de todo o país estão participando da campanha nacional contra o trabalho infantil 

 

Desde o início do mês, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (FNPETI) juntamente com seus fóruns estaduais e organizações membro estão trabalhando na sensibilização da população em relação ao trabalho infantil e seus riscos e malefícios à infância e à adolescência, a partir da campanha nacional que marca o Dia 12 de junho como o Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil. 

Centenas de organizações por todo o país estão planejando atividades em seus respectivos territórios[1]. Ações de sensibilização em eventos esportivos, caminhadas temáticas pelos bairros e/ ou no centro da cidade, diálogo e sensibilização de comerciantes e vendedores ambulantes, distribuição de materiais sobre trabalho infantil são algumas das ações de mobilização previstas durante todo o mês nas cinco Regiões brasileiras. 

Promovida pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (FNPETI), pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego), pelo Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a campanha nacional marca o Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho. 

Com a poesia de Bráulio Bessa e as ilustrações em formato de cordel elaboradas pelo ilustrador Ary Falcão, a campanha de 2023 que tem como mote “Proteger a infância é potencializar o futuro de crianças e adolescentes. Chega junto para acabar com o trabalho infantil” convida a todas e todos se aliarem contra o trabalho infantil. 

Além disso, durante a semana do Dia 12 de Junho, o FNPETI participará de atividades de âmbito nacional como a posse da nova membresia da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI), no dia 12 de junho, às 9h, no Ministério do Trabalho e Emprego; o lançamento da atualização do Observatório da Prevenção e da Erradicação do Trabalho Infantil (SmartLab), no dia 13 de junho, às 14h, no Auditório da PGT/ Ministério Público do Trabalho; o lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo da Aprendizagem, no dia 14 de junho, às 16h30, na Câmara dos Deputados; e, a Audiência Pública na Comissão do Trabalho para debater o combate ao trabalho infantil no Brasil, no dia 15 de junho, às 14h, no Plenário 12 do Anexo II, da Câmara dos Deputados. 

“Iniciativas que tragam à luz a problemática e o enfrentamento ao trabalho infantil são fundamentais para que consigamos mudar o cenário desolador que temos. São mais de 440 mil crianças e adolescentes em trabalho infantil apenas na agricultura familiar e mais de 83 mil meninas como trabalhadoras infantis domésticas, de acordo com os estudos mais recentes que divulgamos. Chamar a atenção das e dos nossos representantes no Congresso Nacional é imprescindível se objetivamos incidir por mais recursos e mais políticas públicas que enfrentem efetivamente o problema”, sinaliza Katerina Volcov, secretária executiva do FNPETI. 

Também é importante mencionar que, em março desse ano, o FNPETI criou um grupo de trabalho composto por fóruns estaduais e entidades-membro que, voluntariamente, participaram da concepção do mote da campanha desse ano e das 12 Diretrizes para Elaboração de Campanhas contra o trabalho infantil[2] . O objetivo da iniciativa foi possibilitar que os fóruns pudessem partilhar ideias sobre como deveria ser a campanha desse ano. 

Segundo Katerina, além do sentimento de pertencimento e construção coletiva, foi possível observar pelos relatos das e dos participantes, os desafios que muitos municípios têm para realizar uma campanha sem ter parâmetros definidos do que pode ou não pode ser feito para tratar de um tema complexo como o trabalho infantil. “As 12 Diretrizes, por exemplo, fazem menção a uma série de cuidados que a instituição deve tomar para que a campanha seja efetiva. Saber que tipo de imagens podem ser utilizadas e articular a rede de proteção social para o recebimento das denúncias são dois pontos que contemplamos nesse documento. Se a campanha não conversar com seus públicos-alvo e não houver a retaguarda dos serviços públicos, a campanha não atinge o seu maior objetivo que é tirar as crianças e adolescentes do trabalho infantil, devolvendo-lhes a dignidade”, enfatiza a especialista. 

 

Dia 12 de Junho - O dia 12 de junho, Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, foi instituído pela Organização Internacional do Trabalho em 2002, ano da apresentação do primeiro relatório global sobre trabalho infantil. 

No Brasil, o 12 de junho foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, pela Lei Nº 11.542/2007. As mobilizações e campanhas anuais são coordenadas pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), em parceria com os Fóruns Estaduais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador e suas entidades membros. 

O símbolo da campanha e da luta contra o trabalho infantil no Brasil e no mundo é o cata-vento de cinco pontas coloridas (azul, vermelha, verde, amarela e laranja). Ele tem um sentido lúdico e expressa a alegria que deve estar presente na vida das crianças e adolescentes. O ícone representa ainda movimento, sinergia e a realização de ações permanentes e articuladas para a prevenção e a erradicação do trabalho infantil. 

É válido lembrar que trabalho infantil diz respeito às atividades econômicas e/ ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 anos, ressalvada a condição de aprendiz a partir dos 14 (quatorze) anos, independentemente da sua condição ocupacional. Toda atividade realizada por adolescente trabalhador, que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que é executada, possa prejudicar o seu desenvolvimento físico, psicológico, social e moral, se enquadra na definição de trabalho infantil e é proibida para pessoas com idade abaixo de 18 anos[3]. 

 

Anote em sua agenda:

- Dia 14 de Junho – Lançamento e Reinstalação da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo da Aprendizagem

Horário - 16h30

Local - Salão Nobre da Câmara dos Deputados

RSVP: dep.tuliogadelha@camara.leg.br (até o dia 10 de Junho)

 

- Dia 15 de Junho - Audiência Pública na Comissão do Trabalho para debater o combate ao trabalho infantil no Brasil,

Horário - 14h

Local - Plenário 12 do Anexo II, da Câmara das e dos Deputados.

 

 

Sobre o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI)

Criado em 1994, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil é uma estratégia da sociedade brasileira de articulação e aglutinação de atores sociais institucionais, envolvidos com políticas e programas de prevenção e erradicação do trabalho infantil no Brasil. Como instância autônoma de controle social, legitimado pelos segmentos que o compõem, coordena a Rede Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, formada pelos 27 Fóruns de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador e as 48 entidades-membro.

Para mais informações: www.fnpeti.org.br  e/ou pelos (61) 3349.5660 e fnpeti@fnpeti.org.br.





[1] Lista de atividades de enfrentamento ao trabalho infantil previstas para junho/ 2023: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1GWKQr7UpUKMvYxjz-h-Udx2qVzWnpvGm/edit?usp=sharing&ouid=110955647897383314890&rtpof=true&sd=true

[2] Para acessar as 12 Diretrizes: < https://fnpeti.org.br/media/12dejunho/documentos-de-referencia/Diretrizes_campanhas_trabalho_infantil_FNPETI_2023.pdf >

[3] Mais informações sobre o conceito podem ser acessadas em: < https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/novembro/lancado-3o-plano-nacional-de-prevencao-e-erradicacao-do-trabalho-infantil/copy_of_PlanoNacionalversosite.pdf>


Aumenta a violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil


Em 13 de junho, das 7h às 13h, no Terminal da EMTU – Metrô Jabaquara, em ação da  II Semana de “Conscientização e mobilização em prol do desenvolvimento saudável e de prevenção e combate à violência contra crianças e adolescentes da cidade de São Paulo” será realizado um mutirão de de combate à violência digital às crianças e aos adolescentes.


O objetivo é esclarecer os cidadãos, particularmente pais e tutores, quanto a ameaças recorrentes no universo digital e orientá-los sobre como combatê-las para proteger seus filhos.


Denominado de Infância, eu abraço o mutirão será interprofissional com participação e apoio de instituições da sociedade civil, entidades médicas, como a Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Associação Paulista de Medicina, entre outras (www.instituto-omp.org.br/infanciaeuabraco). A organização é da ONG Instituto Olinto Marques de Paulo e da Sociedade de Pedriatria de São Paulo.


         A recepção às crianças, pais e responsáveis será calorosa:

·      Balões coloridos para as crianças.

·      Distribuição de rosas brancas, simbolizando a paz, às mães, aos pais e responsáveis.

·      Especialistas acolhendo, prestando orientação e distribuindo cartilhas sobre os direitos das crianças.

·      Educadores esclarecendo sobre os cuidados indispensáveis ao adequado acompanhamento de crianças e adolescentes quando da nevegação em redes sociais e demais plataformas digitais.

·      Performances didáticas de um grupo de “palhaços da informação” chamando atenção para os riscos que se escondem por trás das plataformas digitais e, cada vez com maior frequência, ganham espaços nos noticiários policiais - como atentados em escolas, preparação de sequestros, pedofilia, cyberbullying, entre outros

A campanha Infância, eu abraço também vem mobilizando astros, estrelas e celebridades como o cartunista Mauricio de Sousa, papai da Monica, Cebolinha e Cascão, entre outros, além de estrelas da TV e cinema: Suzana Vieira, Nicholas Torres, Paulo Tatit e Mateus Solano, Yana Sardenberg, Júlia Zimmer e Malu Mader.

 

A propósito, no dia 13, no Terminal da EMTU – Metrô Jabaquara, haverá ainda exposição de telas temáticas especialmente preparadas por alguns dos principais grafiteiros do Brasil.  

 

Dados sobre a violência 

Foi divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde um boletim epidemiológico sobre as notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, com dados de 2015 até 2021. O documento considera crianças aquelas que têm de 0 a 9 anos, e adolescentes, de 10 a 19 anos. Os dados levam em conta características demográficas, como região do País, sexo da vítima, sexo do agressor, local de ocorrência e a quantidade de acontecimentos por criança e adolescente.


Durante os sete anos de análise, houve um crescimento exponencial nas notificações de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, totalizando 202.948 casos, dos quais 41,2% foram cometidos contra crianças e 58,8% contra adolescentes.


Somente em 2015, foram notificados 21.122 casos, e em 2019 este número havia subido mais de metade em relação ao início da pesquisa, chegando a 34.208 casos. No ano de 2020, essa quantidade declinou para 29.265, porém, a pandemia de Covid-19 pode ter afetado diretamente estes dados, visto que em 2021 o número de casos disparou para a casa de 35 mil notificações.


Crianças violentadas

Na violência sexual contra crianças, estima-se que 76,9% das notificações ocorreram entre meninas. Os maiores índices de ocorrência, tanto do sexo feminino quanto do masculino, foram entre a faixa etária de 5 a 9 anos (55,1%), com valores correspondentes a 53,6% e 60,1%, respectivamente.


Observa-se que os tipos de violências mais cometidos são o estupro – 52.436 (56,8%) –, seguido de abuso sexual – 26.995 (29,2%). Entre os abusadores, 81% são do sexo masculino e 4,3% do sexo feminino. Os principais agressores dessa faixa etária são os familiares e amigos/conhecidos, com 41,1% e 26,9%, nesta ordem. Em disparada, o local com maior incidência são as próprias residências, com 70,9% dos registros, em sequência as escolas (4%) e vias públicas (2,3%).


O Sudeste destaca-se como a região com o maior número de ocorrências, registrando 36.482 casos, que corresponde a 43,7% do total. Os encaminhamentos e notificações geralmente são feitos para o Conselho Tutelar. Durante os anos do estudo, o órgão público foi acionado em 56.090 casos (34,7%), e em sequência aparecem a rede de saúde (29,4%) e a de assistência social (15,4%).


Adolescentes

O estudo aponta que, entre os adolescentes, a faixa etária quem mais sofreu algum tipo de violência sexual foram aqueles entre 10 e 14 anos. 35% das meninas e 41,6% dos meninos afirmam já terem sido violentados mais de uma vez, somando-se ao todo 52.968 adolescentes.


O estupro, o assédio sexual e a exploração sexual são os tipos de violência que mais ocorrem com frequência, sendo o primeiro com 59,6% dos casos, e os outros dois aparecem com 27,4% e 4,2%, nesta sequência.


A própria residência é apontada como o local em que mais ocorrem crimes de importunação sexual, cerca de 63,4% dos casos; as vias públicas aparecem logo em seguida, com 10,5%. Em paralelo como os dados referentes à violência contra a criança, o sexo masculino também se manifesta como maior agressor, em torno de 86% dos acontecimentos.


Nesta perspectiva, a região Sudeste também se destaca, com 39.771 (33,3%) casos, seguida de Norte e Nordeste, com 19,7% e 19,3%, respectivamente. Para esta faixa, os lugares para onde mais são encaminhadas as vítimas de abusos sexuais são o Conselho Tutelar e a rede de saúde, com 30,9% e 30,2%; já a rede de assistência social ocupa a terceira posição, com 17,4%.

 

Fonte: Associação Paulista de Medicina


Em Goiás, nenhuma campanha de vacinação atinge meta; cenário preocupa especialistas

Imagem ilustrativa
Freepik
Médica infectologista, Marília Turchi, que atende no Órion Complex, em Goiânia, ressalta a importância da imunização para evitar surtos de doenças


O baixo índice de imunização em Goiás chama a atenção da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e preocupa especialistas. Neste ano, de acordo com a SES, nenhuma das campanhas voltadas ao público a partir de 1 ano conseguiu atingir a meta estipulada pelo Ministério da Saúde (MS). 

De acordo com a médica infectologista, Marília Turchi, que atende no Órion Complex, em Goiânia, a imunização é fundamental para prevenir aumento de casos graves, internações e de óbitos pelos vírus Influenza. Estas infecções foram responsáveis  por grande número de vítimas, neste primeiro semestre de 2023, em Goiás.

A preocupação, também, foi debatida pela Organização Pan-Americana da Saúde, que em abril emitiu um alerta para o risco de surtos de doenças preveníveis por vacinação. Segundo o comunicado, no cenário atual, o índice é o mais alto em 30 anos, devido à baixa cobertura vacinal. 


Vacinação em Goiás

A vacina contra a poliomielite, por exemplo, alcançou 72,72% do público alvo em Goiás. No ano passado, o número subiu para 76,65%, tendo um retrocesso em 2023, caindo para 67,93%. A meta do MS é de 95%. O mesmo ocorreu com a vacina BCG, que protege contra a tuberculose, e a Tríplice Viral D1 (sarampo, caxumba e rubéola).

A BCG, de acordo com a pasta, tem meta de 90%, mas em 2021 a cobertura alcançou 74,21%, passando para 79,59% em 2022 e, novamente, caindo para 71,1% em 2023. A Tríplice Viral D1, por outro lado, imunizou 79,53% do público em 2021, 82,34% em 2022 e 72,45% neste ano, sendo que a meta é de 95%. A queda vem ocorrendo desde de 2016, conforme a SES.

Em relação à imunização contra a gripe, a SES conseguiu vacinar apenas 46,74% da população, fazendo com que a campanha fosse prorrogada para conseguir atingir a meta de 90%. Em 2022, a cobertura vacinal contra a influenza em Goiás foi de 70,1%. Foram 1 milhão de doses aplicadas no público-alvo.

“A vacina tem um tremendo impacto na saúde das populações e individual. Uma das principais estratégias para prevenir mortes, sequelas e sofrimento por parte de doenças é a vacinação, que também foi responsável pela erradicação de algumas doenças”, contou Marília.


Baixa em Goiânia 

A baixa procura pelos imunizantes também refletiram. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vacinação contra a gripe, meningite, sarampo, rubéola e caxumba foi de 65,7% em 2022. Os imunizantes estão disponíveis em 72 postos de saúde da capital e 36 de Aparecida de Goiânia. 

O calendário de vacinação continua até o dia 9 de setembro, período no qual a SMS tem a expectativa de ampliar as coberturas vacinais da faixa etária. Os pais e responsáveis devem apresentar o cartão de vacina da criança ou adolescente para conferência dos imunizantes faltantes. 

“É muito importante pensar a vacina trazendo proteção ao indivíduo e proteção à coletividade. Em 2016, o Brasil recebeu a certificação da eliminação do vírus  do sarampo . Entretanto, com a queda progressiva da cobertura vacinal, o número de casos de sarampo aumentou muito desde 2018.  E o Brasil  perdeu a certificação de país livre de sarampo”, explicou a médica infectologista.


PROPOSTA PARA INCLUSÃO DOS PEIXES NA LEGISLAÇÃO REFERENTE AO ABATE HUMANITÁRIO DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO

Até o momento não há nenhum respaldo ou suporte na legislação brasileira que ampare o abate humanitário em peixes, que é a cadeia produtiva que mais cresce

 

I - Sobre o mérito 

A senciência refere-se à capacidade de sentir, entender ou perceber algo por meio dos sentidos1, sendo um pré-requisito para a discussão da ciência do bem-estar animal. Isso significa que os seres sencientes não apenas detectam, observam ou reagem automaticamente às coisas ao seu redor, mas que também podem senti-las. Do ponto de vista evolutivo, a capacidade de perceber impressões ou sentir sensações auxilia na sobrevivência das espécies e, portanto, não é surpreendente que ela tenha evoluído nos seres humanos e em outros animais, incluindo os peixes2.

 

Embora a trajetória evolutiva e de desenvolvimento cerebral dos peixes seja diferente da de outros vertebrados, é evidente que existem muitas estruturas análogas que desempenham funções semelhantes às nossas nesses animais3. Um conjunto de evidências anatômicas, fisiológicas, comportamentais, evolutivas e farmacológicas sugere que os peixes são capazes de sentir dor, medo e outros sentimentos de maneira similar aos demais vertebrados, e que a sua percepção e as habilidades cognitivas muitas vezes correspondem, ou até mesmo excedem, a de outros vertebrados³4. Na maioria das vezes, seus sentidos primários são tão bons quanto os nossos e, em muitos casos, até melhores5 6.

 

Em relação a dor, estudos demonstram que os peixes não apenas possuem todo o aparato anatômico-fisiológico que permite detectar o estímulo nocivo que causa dor, mas também são capazes de transmitir essa informação ao cérebro, onde ela é processada, desencadeando uma resposta complexa. É por isso que quando um peixe sente dor, ele raspa a região do corpo afetada em substratos ou rochas, deixa de se alimentar ou deixa de responder a estímulos que estava acostumado a responder. Tudo isso indica que eles são capazes de sentir e reagir conscientemente a diferentes estímulos potencialmente nocivos do ambiente, favorecendo a sua sobrevivência7 8.

 

Assim, é evidente que, como outros animais de produção, os peixes necessitam de considerações de bem-estar. Entretanto, no momento não há qualquer normativa ou portaria sobre bem-estar de peixes. A Portaria 365/2021 MAPA/SDA, que aprova o regulamento técnico de manejo pré-abate e abate humanitário dos animais considerados de açougue, bem como os métodos de insensibilização autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), não inclui os peixes. Embora a portaria mencione o pescado em suas especificações, posteriormente define pescado como sendo apenas espécies de anfíbios e répteis que são abatidos para o consumo, sendo que tais animais compõem uma fração praticamente insignificante dos animais que, de fato, representam o pescado. Os peixes, juntamente com invertebrados como camarões, lagostas, polvos e lulas, é que compõem o principal recurso pescado ou produzido pelas grandes indústrias.

 

No Brasil, com base nas estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e em dados científicos publicados em 2022, mais de 350 mil toneladas de tilápias são abatidas anualmente. Considerando-se um peso médio de 0,8 Kg por indivíduo, isso implica no abate de mais de 435 milhões de peixes, sem contar ainda outras espécies de produção no Brasil. Desse montante, mais de 80% são abatidos com métodos não considerados humanitários, especialmente a hipotermia em gelo ou água gelada e morte por asfixia9. Visando melhorar esse cenário em termos de bem-estar para os peixes, o MAPA coordenou a produção e o lançamento de manuais sobre boas práticas na criação de peixes de cultivo10, boas práticas no transporte de peixes11 e sobre abate humanitário nesses animais12 que legitimam o tema, mas sem nenhum respaldo legal correspondente pelo poder Executivo. Assim, é necessário que haja suporte nesse sentido para que as considerações de bem-estar propostas nos manuais sejam levadas a sério e incorporadas na prática. Nesse sentido, um primeiro passo fundamental é a inclusão dos peixes na legislação que dá suporte para o abate humanitário de animais de produção.


 

II - Nossas recomendações 

Com base nas informações apresentadas no Manual do MAPA sobre abate humanitário em peixes e no que se conhece a partir da literatura científica da área, nós fazemos as seguintes recomendações no âmbito de respaldar o abate humanitário em peixes pela legislação nacional:

 

 

1. Fase pré-abate: desembarque/descarregamento na chegada ao frigorífico: 

● Deve ser feito com uma canaleta (ponte) ou cano móvel que permita o descarregamento com o volume total de água no transporte.

● Prestar atenção para que nenhum peixe se machuque ou caia dessa canaleta/cano no processo.

● No tanque de recepção/depuração, deve-se avaliar: viabilidade, apetite, quantidade de perda de escamas, padrão de cardume e mortalidade. Lembrar que o estresse do transporte afeta a fisiologia e o apetite por dias após a descarga, o que requer monitoramento constante de ferimentos e doenças.

● Peixes moribundos ou gravemente feridos devem ser removidos e eutanasiados.

 


2. Fase de insensibilização e abate:

 

2.1. Insensibilização por percussão não perfurante:

 

● 15 segundos entre a retirada do peixe da água, sua contenção e sua insensibilização são aceitáveis.

● Administrar um golpe severo com instrumento sólido no crânio do peixe, que deve permanecer inconsciente até a morte.

● O golpe deve ser aplicado acima ou adjacente ao cérebro para causar inconsciência imediata.

● O peixe torna-se rígido, sem movimento opercular, permanecendo com a boca aberta e sem reflexos oculares.

● A percussão pode ser realizada manualmente com pistola pneumática (pistola de dardo cativo), ou de forma mecanizada (equipamentos específicos geralmente alimentados por ar comprimido com pressões entre 90-120 p.s.i.: 6-8 bar).

● Essa técnica tem menor risco, é mais efetiva e mais facilmente realizada em peixes de maior porte como as carpas e o tambaqui.

Importante: deve haver planos de contingência para o caso de haver uma falha do equipamento ou outra ocorrência inesperada que possa resultar em peixes sendo deixados fora da água ou na máquina de insensibilização. Obs: a percussão manual e o corte das brânquias podem ser uma alternativa adequada nesses casos.

 


2.2. Insensibilização por percussão perfurante:

 

● 15 segundos entre a retirada do peixe da água, sua contenção e sua insensibilização são aceitáveis.

● Inserir uma faca afiada, uma chave de fenda afiada ou ferramentas especialmente projetadas com uma haste perfurante (ponta) no cérebro do peixe.

● O impacto da ponta deve produzir inconsciência imediata.

● Por não provocar a morte imediata, deve necessariamente ser seguida de um método de sangria como a decapitação ou o corte de brânquias.

● Para peixes comprimidos lateralmente (ex: tilápia-do-Nilo) usa-se o acesso lateral da cabeça do animal; já para peixes fusiformes (forma de torpedo, ex: carpa-capim) e peixes chatos (ex: bagres brasileiros), usa-se o acesso dorsal da cabeça do peixe.

 


Sinais de insensibilização percussiva eficaz:

 

● Perda de movimento opercular

● Perda de movimento dos olhos

● Abaulamento do anel muscular próximo a nadadeira peitoral

 


2.3. Insensibilização elétrica (eletronarcose):

 

● Pode ser realizada dentro da água ou à seco fora da água, sendo que o tempo de 15 segundos entre a retirada do peixe da água, sua contenção e sua insensibilização é aceitável.

● Consiste na passagem de corrente elétrica através do cérebro com força suficiente para resultar em inconsciência imediata.

● Os peixes devem entrar de cabeça na máquina para assegurar insensibilização.

● Deve durar tempo suficiente para garantir que o animal não recupere a consciência antes da morte por sangria (considerar o tempo para que ocorra a perda suficiente de sangue para causar a morte).

● Para peixes de água doce, normalmente a força requerida é de 3V/cm, enquanto na água do mar a força requerida pode ser três vezes menor. A carga elétrica deve ser liberada por 10-60 s.

● Frequências próximas a 50Hz têm um efeito maior no cérebro e no músculo do peixe, mas que pode causar danos à carcaça. Assim, frequências maiores são recomendadas.

● Deve ser seguida de um método de sangria como a decapitação ou o corte de brânquias.

● A combinação de corrente alternada com corrente contínua tem um efeito positivo em evitar lesões e danos na carne dos peixes.

● Importante: é essencial que os peixes sejam classificados por tamanho antes da insensibilização.

 


Sinais de insensibilização elétrica eficaz:

 

● Perda de movimento opercular

● Perda de movimento dos olhos

● Pequenas contrações musculares

● Perda de posição normal do peixe

 


3. Métodos de abate proibidos:

 

● Hipotermia em gelo ou água gelada

● Asfixia (deixar o peixe fora d’água)

● Sangria sem insensibilização prévia

● Narcose por dióxido de carbono (CO2)

● Evisceração e filetagem sem insensibilização e abate prévios

 


4. Monitoramento para assegurar rápida perda de consciência e morte antes do animal recobrar a consciência:

 

● Os peixes devem ser monitorados regularmente durante toda a operação.

● Se houver dúvida sobre se um peixe está inconsciente ou não, não hesite em repetir a insensibilização ou usar um método alternativo.

● Indicadores comportamentais de inconsciência em peixes para monitoramento:

1. Nado: observar comportamento natatório espontâneo. Ausência de nado indica inconsciência.

2. Equilíbrio na água: inverter o peixe. Incapacidade de retomar à posição normal indica inconsciência.

3. Manejo: pegar e pinçar a nadadeira caudal (dentro ou fora d’água). Ausência de resposta indica inconsciência.

 

4. Picada/beliscada: picar levemente o lábio (fora d’água). Ausência de resposta indica inconsciência.

5. Choque de 6 V: estimular o lábio (fora d’água) com choque de 6 V. Ausência de resposta indica inconsciência.

6. Movimento de virar os olhos: rolar o peixe de um lado para o outro fora d’água e observar o movimento dos olhos. Olhos fixos (acompanhando o movimento da cabeça) indicam inconsciência.

7. Respiração: observar o rítmico batimento opercular dentro d’água. Ausência de movimentos ou movimentos aleatórios do opérculo indicam inconsciência.

 

Observação: atentar para o fato de que algumas espécies não respondem à picada ou ao choque mesmo quando conscientes, e que há espécies com movimentos operculares restritos, de difícil observação.

 



1 SENCIÊNCIA. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https:// www.dicio.com.br/trabalho/. Acesso em: 23/05/2021.

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10 MAPA. Manual de boas práticas na criação de peixes de cultivo. 2022. Acesso: Manual_BP_cultivo_ISBN_ok2.pdf (www.gov.br)

11 MAPA. Manual de boas práticas no transporte de peixes. Acesso: Manual_BPtransporte_ISBN_ok2.pdf (www.gov.br)

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