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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Investir na Massa Magra é Investir na Saúde: Entenda a Relação e Como se Beneficiar

A massa muscular é muito mais do que apenas um tecido responsável por movimentar nosso corpo. Ela é uma glândula endócrina produtora de inúmeras substâncias que modulam o nosso sistema imunológico e protegem nosso DNA. 

Dentre as substâncias produzidas pela massa muscular, podemos destacar as miocinas, que são proteínas produzidas pelas fibras musculares e que têm um papel importante na comunicação com outros tecidos do corpo. Essas proteínas podem influenciar a resposta imunológica, ajudando a prevenir a inflamação crônica, que pode estar associada a diversas doenças. 

O médico nutrólogo e endocrinologista Dr. Ronan Araujo comenta que, além disso, a massa muscular também produz substâncias antioxidantes que ajudam a proteger nosso DNA contra danos oxidativos causados por radicais livres. Esses danos podem levar a mutações genéticas e até mesmo ao desenvolvimento de câncer. 

Dessa forma, a massa muscular não só é importante para o movimento e a postura, mas também desempenha um papel fundamental na saúde e no bem-estar do nosso organismo como um todo. Por isso, é fundamental cuidar da nossa massa muscular por meio de uma alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e outros hábitos saudáveis, como a ingestão de água e uma boa noite de sono.
 
Massa muscular e a saúde

De fato, há uma forte relação entre a massa muscular e a saúde metabólica. Quanto maior a massa muscular, menor é o risco metabólico de desenvolver doenças, o que, por sua vez, diminui o risco de mortalidade. 

Isso ocorre porque a massa muscular tem um papel importante na regulação do metabolismo do corpo. Ela é responsável por armazenar e queimar energia, contribuindo para a manutenção da glicemia e da sensibilidade à insulina. Quando há uma quantidade suficiente de massa muscular, o metabolismo do corpo funciona de forma mais eficiente, reduzindo o risco de desenvolver doenças metabólicas, como diabetes tipo 2.

“Além disso, a massa muscular também pode ajudar a proteger o coração. Isso porque, durante a contração muscular, há uma liberação de substâncias que têm um efeito vasodilatador, ou seja, que ajudam a expandir os vasos sanguíneos e melhorar o fluxo de sangue. Com isso, o coração precisa trabalhar menos para bombear o sangue, o que reduz o risco de doenças cardíacas.” Informa o médico. 

Vale comentar também que a massa muscular é importante para a saúde óssea. Quando os músculos são estimulados por meio de atividades físicas, ocorre um aumento da força e da densidade óssea, reduzindo o risco de osteoporose e fraturas. 

É possível entender que quanto mais cedo começarmos a investir no ganho de massa magra, maiores serão os benefícios que poderemos colher ao longo da vida. 

Isso porque a perda de massa muscular é uma consequência natural do envelhecimento, e começa a ocorrer a partir dos 30 anos. Essa perda de massa muscular pode levar a uma série de problemas de saúde, como doenças metabólicas, problemas cardíacos, osteoporose e fragilidade física. 

Por outro lado, investir em atividades físicas que promovam o ganho de massa muscular desde cedo pode ajudar a prevenir esses problemas e garantir uma vida mais saudável e ativa. Além disso, o ganho de massa muscular também pode contribuir para a melhoria da autoestima, da disposição e da qualidade de vida em geral. 

Invista na construção e manutenção da massa muscular, isso pode trazer inúmeros benefícios para a saúde metabólica e geral do seu corpo, reduzindo o risco de desenvolver doenças e, consequentemente, diminuindo o risco de mortalidade. 

“É importante que as pessoas comecem a se preocupar com o ganho de massa magra desde cedo, por meio de atividades físicas e uma alimentação equilibrada. A prática regular de exercícios físicos que estimulem o ganho de massa muscular, como a musculação, pode ser uma excelente opção para quem busca uma vida mais saudável e ativa. Investir no ganho de massa magra desde cedo é uma forma de conquistar mais saúde e qualidade de vida ao longo da vida.” Finaliza o Dr. Ronan Araujo.

  

Dr. Ronan Araujo - Formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com foco em causar impacto e mudar a vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), que o leva a ser atualmente um dos médicos que mais conhece e entrega resultados quando falamos sobre emagrecimento e reposição hormonal.


Beber muita água é sempre positivo?

Um dos conselhos mais difundidos junto a quem procura uma vida saudável é beber bastante água. Quem nunca escutou que é preciso consumir, no mínimo, dois litros do líquido por dia? Apesar da importância para o bom funcionamento dos rins e de outros sistemas do organismo, é necessário cautela na hora de seguir esta recomendação. Segundo o urologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Sandro Nassar, dentro das patologias renais, há tanto as que demandam alto consumo de água quanto as que exigem cuidado com o volume ingerido.

No cenário mais amplo, a orientação para consumo abundante de água está associada essencialmente a dois fatores: desidratação e formação de cálculos renais. O primeiro fator, segundo o médico, tem maior risco de ocorrer entre crianças e idosos que tendem a ter quadros de vômitos e diarreia mais frequentes. “A perda de líquido por esses meios pode gerar desidratação, que aumenta a chance de insuficiência renal. Para evitar isso, indicamos uma ingesta satisfatória de água diariamente”, complementa.

Do outro lado, quando existe diagnóstico de insuficiência renal, a orientação vai na contramão: a ideia é que o consumo de líquido se torne cada vez mais restrito conforme a gravidade do problema. Nassar explica que nestes casos, o rim tem uma incapacidade de filtração e, se a demanda hídrica for alta, ocorre inchaço.

“A perda da função do rim pode ocorrer por diferentes motivos, como uso de medicamentos, diabetes e hipertensão. Para os pacientes com o quadro, é preciso limitar o consumo de qualquer líquido, até mesmo os presentes nos alimentos, para evitar inchaço - que geralmente é percebido nas pernas. Em casos graves, por exemplo, essa ingestão pode ser de no máximo 800 ml ao dia”.

O urologista ressalta, no entanto, que para uma população saudável e que mantém acompanhamento médico constante, a dica de consumo de 1,5 a 2 litros de água por dia pode ser seguida. “Essa é uma orientação generalizada que auxilia na prevenção de cálculo renal. Porém, vale ressaltar que essa quantidade não vai impedir o problema em todos. Algumas pessoas vão necessitar de mais líquido, por isso é preciso sempre ter um acompanhamento médico”, conclui.  

 

Hospital Edmundo Vasconcelos
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Alzheimer infantil: entenda o que é, quais são as causas e tratamentos

Especialista explica como acontece o desenvolvimento da doença nas crianças e as dicas de prevenção

 

A síndrome de Sanfilippo, popularmente conhecida como Alzheimer infantil, é um distúrbio causado por uma mutação que impede o metabolismo de degradar moléculas de alguns tipos de açúcar, causando falta da capacidade ou habilidade motora. Segundo a Organização Mundial para Distúrbios Raros (NORD), aqueles com a doença vivem em média entre 15 e 20 anos, embora a morte possa ocorrer antes dos 10 anos. 

O pediatra e professor do curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa - Unipê, Bruno Leandro, explica que a doença, na verdade, não se trata de Alzheimer em si, mas de uma outra que provoca perda de memória, dentre outras características.  

“É oficialmente conhecida por Niemann-Pick tipo C, porém também é, por vezes, atribuída a outras síndromes demenciais na infância, como a Síndrome de Sanfilippo. A condição é rara e há registros de que o Alzheimer infantil afeta menos de 1000 crianças no mundo todo. A doença ainda não tem cura e avança com o tempo; normalmente causa o aumento dos órgãos, danos nos pulmões, rigidez muscular, demência e dificuldade na fala”, completa. 

Entretanto, há uma grande distinção entre o Alzheimer em adultos e crianças.  A síndrome de Sanfilippo, ou mucopolissacaridose tipo III, é uma doença genética rara que impacta a produção de enzimas. A condição afeta uma substância chamada glicosaminoglicanos nas células. Já o Alzheimer tem relação com um acúmulo anormal de proteínas: a tau e a beta-amiloide.  

“Na criança começa a aparecer logo na primeira infância, acompanhada geralmente de outras alterações neurológicas como a epilepsia, convulsões e até mesmo alterações em outros órgãos do corpo. Já no adulto, é um distúrbio neurológico progressivo, principalmente depois da sexta ou sétima década de vida com a acentuação progressiva no decorrer da idade, sobretudo alterações comportamentais”, analisa o especialista. 

De acordo com o docente, geralmente as descobertas do Alzheimer infantil são ao longo da primeira infância. “Basicamente em todos os exames de rotina pré natais realizados, não trazem alteração e a criança também por muitas vezes não tem nenhuma mudança perceptível ao nascimento, mas ao longo dos primeiros anos de vida é que ela desenvolve essas síndromes conhecidas popularmente como Alzheimer infantil.” 

O especialista recomenda que, em crianças que já têm o diagnóstico de síndromes demenciais infantis, é importante fechar o diagnóstico com exames específicos e avaliação do neurologista, que pode requerer avaliação de outros especialistas, como um geneticista para observar qual a evolução natural da doença e tentar potencializar o lado saudável da criança, verificar quais são os órgãos alvos e o comportamento que se mantém íntegro, mesmo após a doença e as expectativas de tratamento. 

Por fim, o docente salienta que existem alguns cuidados que é preciso ter com crianças diagnosticadas com Alzheimer infantil. “Medicamentos que podem atrasar ou diminuir os sintomas da síndrome são ótimos cuidados, além de uma atenção multidisciplinar, em conjunto com a equipe de terapia passional, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas e fisioterapeutas capazes de darem um suporte completo para essa criança e família.”    



Centro Universitário de João Pessoa
www.unipe.edu.br

 

Veja dicas para evitar lesões relacionadas à rotina de trabalho

A LER e os DORT são decorrentes de movimentos repetitivos, sobrecargas e posturas inadequadas.


Concluir uma demanda do trabalho é satisfatório para muitos profissionais. Para que isso aconteça, alguns estão dispostos a ficar horas na frente do computador, sem intervalos, para cumprir a tarefa. 

O problema é quando essa dedicação em busca dos melhores resultados deixa de ser saudável e traz prejuízos à saúde do trabalhador, como o aparecimento de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). 

Geralmente associada à rotina de trabalho, a síndrome atinge tendões, nervos, músculos, ligamentos, ossos, articulações, entre outras estruturas do corpo. São decorrentes de movimentos repetitivos, sobrecargas por períodos prolongados em uma mesma posição, excesso de força e postura inadequada. 

Nesta terça-feira (28/2), Dia Mundial de Combate à LER/DORT, o médico do Trabalho, Djunior Mota, que atua na Clínica Censo em Parauapebas (PA), unidade referência na saúde do trabalhador, explica que segundo pesquisas, as síndromes são mais recorrentes em mulheres, entre 40 e 49 anos. 

“Quando falamos em setores ocupacionais, os estudos demonstram que a ocorrência das síndromes é maior em profissionais que atuam em indústria, comércio, alimentação, transporte e serviços domésticos, sendo comum nas profissões de serviços gerais, operadores de máquinas fixas, digitadores, músicos e cozinheiros”, exemplifica. 

Um levantamento realizado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), apontou que entre os anos de 2007 e 2016, foram notificados mais de 67 mil casos de LER/DORT. 

“São dados que trazem um alerta para a necessidade do cuidado com a saúde do trabalhador. A maioria dos sintomas estão relacionados a atividades executadas de maneira equivocada ou feita por muito tempo, como um trabalhador que fica mais de dez horas seguidas na frente de computador”, alerta o profissional. 

Os principais sintomas se manifestam nos membros superiores e nos dedos, provocando formigamento, cansaço muscular, alteração na temperatura e sensibilidade. Os trabalhadores também são acometidos com lesões nos ombros e inflamação nas articulações. 

Para prevenir o aparecimento das lesões, o médico recomenda algumas dicas importantes a serem seguidas: 

- Mantenha uma postura adequada e apoie as costas no encosto;

- Faça alongamentos periódicos, principalmente em regiões onde há sobrecarga;

- Faça pausas sempre que possível e respeite os momentos de descanso;

- Respeite os limites do seu corpo;

- Use ferramentas e acessórios adequados para as atividades que exerce;

- Tenha estilo de vida com boa qualidade de sono, alimentação e com atividades físicas. 

O médico finaliza recomendando que “a qualquer sinal de dores, o trabalhador deve procurar um médico especialista para diagnóstico e tratamento correto”.

 

04/03 Dia Mundial da Obesidade: os números e perigos

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que cerca de 20% dos brasileiros estão acima do peso, o que coloca a obesidade como um problema crônico de saúde pública.

 

Dia 04 de março é o Dia Mundial da Obesidade, para o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa, da capital paulista, essa não é uma questão de estilo de vida, mas sim de uma doença crônica, recidivante e multifatorial. Por isso, deve ser olhada com cuidado e atenção. 

Para o médico, a obesidade é um desequilíbrio entre a quantidade de calorias consumidas e a quantidade que se gasta e muitos pacientes não conseguem por um fim ao sobrepeso utilizando de mudanças de hábitos e dieta, eles realmente precisam de intervenção cirúrgica. É aí que entra a cirurgia bariátrica. 

Esse tipo de cirurgia está indicada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos)”, revela. Para Dr. Rodrigo, o mais importante e essencial é que uma pessoa com esse perfil busque ajuda médica, já que a qualidade de vida e a saúde são itens que nenhuma balança ou fita métrica são capazes de medir. 

Já para a médica nutróloga Dra. Ana Luisa Vilela, especialista em emagrecimento, isso pode ser sinal de doenças como hipotireoidismo, intolerância alimentar e até estresse, que também pode influenciar no funcionamento normal do metabolismo e dificultar o processo de emagrecimento. 

"Os distúrbios hormonais e as doenças metabólicas são alguns fatores que dificultam ou até impedem a perda de peso", fala a médica. "O estresse, por exemplo, faz o organismo liberar cortisol - um hormônio capaz de acumular gordura abdominal. Além disso, os acometidos pelo estresse muitas vezes descontam o estado emocional em comidas gordurosas", fala. 

Dra. Ana também conta que doenças metabólicas ou hormonais também dificultam o processo de emagrecimento, como o hipotireoidismo, por exemplo, que também pode alterar a produção de hormônios que regulam o metabolismo e assim, em menor quantidade, o deixam mais lento e dificultam também a perda de peso", completa a médica.

 



Dr Rodrigo Barbosa - Médico graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba com internato médico pelo Hospital Sírio-Libanês - SP. Cirurgião geral pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e cirurgião do aparelho digestivo pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista em coloproctologia pelo Hospital Sírio-Libanês-SP e titulação de mestrado pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de S. Paulo (IAMSPE).


Dra. Ana Luisa Vilela - Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Itajubá -- MG, especialista pelo Instituto Garrido de Obesidade e Gastroenterologia (Beneficência Portuguesa de São Paulo) e pós graduada em Nutrição Médica pelo Instituto GANEP de Nutrição Humana também na Beneficência Portuguesa de São Paulo e estágio concluído pelo Hospital das Clinicas de São Paulo -- HCFMUSP.

 

Dia da ressaca: prejuízos podem ser evitados antes mesmo da bebedeira

A ressaca nada mais é do que uma intoxicação aguda do corpo. Médicos e nutricionistas detalham qual o impacto do excesso de álcool no organismo e os cuidados que podem ser tomados antes mesmo da bebedeira

 

Dia 28 de fevereiro é comemorado o dia da ressaca. Afinal, todo mundo tem alguma história com bebida, não é mesmo? Seja num barzinho com amigos, num happy hour, em um casamento, ou até mesmo em um jantar. A diversão no dia pode ter sido incrível, mas e o dia seguinte?  

As consequências são um misto de arrependimento com sintomas físicos característicos da ressaca. O consumo excessivo de bebida alcoólica pode trazer prejuízos instantâneos à saúde assim como a longo prazo. Isso porque o álcool afeta diversos órgãos e funções do organismo, como o fígado, a imunidade e a pele.  

“Basicamente, uma ressaca é resultado da reação das toxinas do álcool com as enzimas corporais. Uma ressaca prolongada é mais provável à medida que o corpo tenta eliminar mais toxinas. Para ajudar na limpeza que seu corpo vai ter que fazer, consumir alimentos ricos em vitaminas antioxidantes é fundamental. Neste caso, as frutas são as melhores amigas, pois além de vitamina e minerais, elas têm muita água, como melancia, melão e morango”, explica o nutricionista Ângelo Daher, da plataforma Science Play.  

Patrícia Costa, clínica médica  do Hospital Anchieta de Brasília, explica que os sintomas duram, em média, de seis a oito horas, mas podem permanecer até 24 horas após a bebedeira. A especialista diz que, depois da ingestão, dor de cabeça, dor nos olhos, enjoo, mal estar, além de dores no corpo e no estômago são alguns sintomas da ressaca, sem contar os sinais de desidratação, falta de apetite, tremores, suor e muito sono. 

"Isso acontece porque o álcool causa irritação na mucosa estomacal. O fígado só consegue metabolizar uma quantidade máxima de álcool, então, quando ele é consumido em excesso, ocorre o acúmulo de substâncias tóxicas no organismo, como o acetaldeído. Por isso, a ressaca nada mais é do que uma intoxicação aguda do corpo”, detalha Patrícia.  

De acordo com o nutricionista da Science Play Pedro Perim, existem algumas estratégias simples que minimizam esse mal-estar. Uma delas, bastante conhecida, é alternar a bebida com água ou com algum tipo de opção sem álcool. Vale, também, variar com energético sem açúcar ou água tônica. “Mantenha o máximo possível a ingestão de água para que não ocorra a desidratação, um dos principais efeitos do álcool no organismo”, recomenda o profissional. 

A médica experiente em emagrecimento e longevidade saudável Mariana Arraes conta que as bebidas mais açucaradas, mais calóricas e com o maior teor alcoólico podem ser as mais perigosas para efeitos mais significativos. “Algumas dicas que eu dou para amenizar o efeito do álcool é, no próprio dia que for ingerir a bebida, ficar atento para diminuir os excessos e manter a hidratação. Já no dia seguinte é importante fazer uma atividade aeróbia e sempre lembrar de se manter hidratado”, conclui a especialista.
 

Entenda o que são as doenças raras e a importância de detectá-las precocemente

No Dia Mundial das Doenças Raras, geneticistas da Dasa explicam como o diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento das enfermidades e melhorar a qualidade de vida

 

O último dia de fevereiro, nesta terça-feira (28/2), foi instituído como o Dia Mundial das Doenças Raras, com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre a existência delas e os cuidados necessários. Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), são consideradas raras as doenças que afetam até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos.

De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que existam entre 6 mil e 8 mil tipos de doenças raras no mundo, sendo 80% delas decorrentes de fatores genéticos. O órgão também informa que há aproximadamente 13 milhões de brasileiros diagnosticados com doenças raras, como: mucopolissacaridoses, esclerose tuberosa, atrofia muscular espinhal e síndrome de Ehlers-Danlos.

 Além da baixa incidência na população, as doenças raras também se caracterizam pela dificuldade no diagnóstico. Mas, a medicina e a ciência têm tido êxito nas tecnologias que auxiliam na detecção mais rápida dessas síndromes. A Dra. Graziela Antonialli, geneticista da equipe de medicina fetal da Maternidade Brasília – pertencente à Dasa, maior rede de saúde integrada do país –, explica que as doenças raras de tipo “dismórficas” podem ser detectadas já no período fetal, como as síndromes de Edwards e de Noonan, por exemplo. 

 “Na medicina fetal, realizamos exames que podem sinalizar a existência de alterações genéticas no feto condizentes com essas doenças raras malformativas. Esses exames são importantes para planejar o tratamento mais adequado para quando a criança nascer”, detalha a geneticista.

Há, no entanto, doenças raras que não se manifestam em sintomas ou características físicas logo no início da vida. Por isso, é imprescindível realizar o Teste do Pezinho, exame que coleta gotinhas de sangue do calcanhar do bebê entre o terceiro e quinto dia de vida, e que entre outras doenças também detecta as raras.

Um grupo de síndromes raras que o Teste do Pezinho detecta são as metabólicas, como as glicogenoses e a doença de xarope de bordo, por exemplo. “Para esse grupo de doenças, é estabelecido um tratamento nutricional que previne complicações graves. Mesmo que não seja possível curar a doença nem evitar sequelas, o tratamento possibilita melhorias na qualidade de vida dessa criança, por isso a importância do Teste do Pezinho”, destaca a Dra. Graziela.

O Dr. Henrique Galvão, oncogeneticista e gerente médico da Dasa Genômica e do Exame Medicina Diagnóstica, marcas que também fazem parte da Dasa, reitera ainda que, em outros grupos de doenças raras, a jornada do paciente desde o início dos sintomas até o diagnóstico pode chegar a 15 anos. “Um dos principais desafios na investigação genômica das doenças raras é encurtar o tempo para o diagnóstico, porque quanto mais cedo a pessoa for diagnosticada, maiores as chances de obter um tratamento bem-sucedido”, observa o geneticista.

 “Fazemos testes genéticos de alta complexidade com equipes especializadas para obter um diagnóstico laboratorial de qualidade na detecção das doenças raras, pois o nosso objetivo é oferecer o melhor cuidado a essas pessoas que precisam de atenção multidisciplinar”, reforça o Dr. Galvão. 

Além do diagnóstico de doenças raras, os exames genéticos e genômicos realizados pelo Exame Medicina Diagnóstica são indicados também no tratamento das seguintes áreas: hematologia; doenças hereditárias; neurologia; cardiologia; farmacologia; reprodução humana; medicina fetal. Para tirar dúvidas e obter outras informações sobre o teste genético, acesse: https://www.dasagenomica.com/



Doença de Crohn: saiba o que é e quais sintomas ela provoca

A condição é considerada rara, atinge o trato gastrointestinal e não tem cura, mas é possível tratá-la e ter qualidade de vida

 

 

O Dia Mundial das Doenças Raras é celebrado em 28 de fevereiro - a data tem o objetivo de dar visibilidade ao tema e levar conhecimento à população, reforçando a igualdade para os pacientes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é considerada doença rara aquelas que afetam até 65 pessoas em um grupo de 100 mil. Estima-se que aproximadamente 350 milhões de pessoas sofrem com doenças raras no mundo e que existam entre 6 mil e 8 mil tipos diferentes de doenças raras. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que aproximadamente 13 milhões de pessoas vivem com doenças ou síndromes que são classificadas dessa forma.

 

Dentre essas doenças raras, está a Doença de Crohn, a condição é a inflamação do trato gastrointestinal e atinge desde a boca do paciente até o ânus, mas que ataca principalmente a parte final do intestino delgado. Casos graves podem resultar em fístulas e estenose do intestino, por afetar os tecidos gastrointestinais profundamente, ela pode ser um fator de risco para o câncer de intestino. A doença de Crohn não tem cura e de acordo com especialistas, é provocada por desregulação do sistema imunológico. 

 

É uma inflamação grave no trato gastrointestinal, ou seja, ela provoca feridas no intestino. No Brasil, estima-se que cerca de 11 mil pessoas sofrem com a Crohn e esse número vem aumentando nos últimos anos, segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), o país registrou um crescimento de 15% nas doenças inflamatórias gastrointestinais . A doença atinge, na maioria das vezes, pessoas entre 15 e 40 anos, mas podem ocorrer em todas as idades e não tem cura. É importante ressaltar que existe tratamento e isso, faz com que a vida do paciente tenha mais qualidade”, explica Michele Brajão, enfermeira estomaterapeuta e coordenadora da clínica ConvaCare.

 

As causas da doença de Crohn ainda são desconhecidas, mas de acordo com a especialista, fatores como a genética do paciente e alterações no sistema imunológico podem ocasionar a doença, sendo agravados por hábitos alimentares ruins, além de estresse e ansiedade.


 

Os sintomas

 

·  Dor abdominal;

·  Diarreia frequente, com fezes que podem conter sangue;

·  Cólica;

·  Febre;

·  Sangramento Retal;

·  Fraqueza;

·  Perda de apetite e de peso;

·  Lesões na pele, lesões da região anal, incluindo hemorróidas, fissuras, fístulas e abscessos, inflamação nos olhos e pedras nos rins são sintomas que também podem estar ligados à Doença de Crohn.

 

 

O diagnóstico e a vida após a descoberta da doença

 

A Doença de Crohn é diagnosticada através de exames de imagem, como o raio-X e a endoscopia, além de exames de sangue.

 

A doença não é causada pela alimentação mas, por atingir a parte gastrointestinal quando ela não está controlada é importante ter uma dieta balanceada rica em fibras, evitando alimentos industrializados e gordurosos para não agredir e provocar mais sintomas. “A doença estando controlada, o paciente pode ter uma alimentação sem restrições, praticar esportes e ter uma vida normal e com qualidade”, afirma Michele.


 

Quais são as complicações que a Doença de Crohn provoca?

 

Por se tratar de um quadro inflamatório importante, que afeta o intestino, no longo prazo, a doença de Crohn pode trazer outros problemas de saúde, as chamadas complicações. Entre as complicações comuns da doença de Crohn, estão:

 

·  obstruções intestinais, em que as paredes do órgão apresentam uma aderência que impede a movimentação do bolo fecal;

·  fístulas que geram a formação de novos canais de ligação entre as alças intestinais ou mesmo entre outros órgãos;

·  úlceras que podem surgir não só no intestino, mas também em outros pontos do sistema gastrointestinal, aparecendo até mesmo na boca, na forma de aftas;

·  câncer de cólon e reto.

 

 

O tratamento

 

A doença de Crohn pode ser controlada por meio dos medicamentos que reduzem a inflamação e amenizam os sintomas. Além disso, a dieta alimentar é importante para obter um controle dessas inflamações. Alguns pacientes podem precisar da cirurgia e outros utilizam a bolsa de colostomia. Mas, isso varia de caso para caso, somente o médico responsável poderá indicar o tratamento adequado. Na ConvaCare, quem utiliza a bolsa de colostomia tem todo um treinamento de como fazer a higienização dela e viver normalmente utilizando o procedimento. 

A cirurgia é feita para extrair zonas do intestino e promover o alívio a longo prazo e por tempo indeterminado dos sintomas.Muitas pessoas utilizam medicamentos diários para controlar a doença e diminuir a inflamação causada pela mesma. O controle da doença de Crohn é feito por medicamentos e por dieta alimentar, feito isso, o paciente vive com qualidade de vida

 

ConvaCare

 https://clinicaconvacare.com.br


MSF dá apoio a sobreviventes de naufrágio que matou 62 na Itália

Barco afundou a poucos metros da praia; entre as vítimas há 12 criança


Uma equipe de Médicos Sem Fronteiras (MSF) está oferecendo apoio psicológico aos sobreviventes do naufrágio que matou pelo menos 62 pessoas, incluindo 12 crianças, a algumas centenas de metros da praia de Steccato di Cutro, na província de Crotone, no sul Itália, em 26 de fevereiro. Cerca de 180 pessoas, a maioria do Afeganistão, Irã e Paquistão, viajavam em um barco de pesca de madeira que havia partido da Turquia quatro ou cinco dias antes.

Segundo relatos, todo o grupo caiu na água a cerca de 150 metros da costa, provavelmente depois que o barco de madeira atingiu algumas rochas na costa leste da Calábria devido ao mau tempo. Uma pessoa foi encontrada morta a dezenas de quilômetros do naufrágio, levada pela forte correnteza.

Pelo menos 20 sobreviventes, incluindo uma pessoa com necessidade de cuidados intensivos, foram hospitalizados em um hospital público local. Cerca de 60 pessoas sobreviventes do naufrágio foram levados ao centro de acolhimento de requerentes de asilo em Crotone. A maioria deles é do Afeganistão.

“[Os sobreviventes] estão muito traumatizados. Todo mundo perdeu alguém”, diz Mara Eliana Tunno, psicóloga de MSF. "Há um menino de 16 anos do Afeganistão que perdeu a irmã. Ele não teve coragem de contar aos pais. Eles fugiram [para ajudá-la]. Como mulher, nos disse o irmão, ela achava que já não tinha futuro em seu país”.

As equipes de MSF forneceram apoio psicológico a cerca de 60 pessoas e continuarão a ajudar nos próximos dias. Entre os relatos de sobreviventes ouvidos por nossos profissionais, há crianças e adolescentes que perderam pais e familiares. Um menino de 12 anos perdeu toda a família, e um adolescente de 17 anos que estava hospitalizado perdeu os pais. Há outro menino que contou que o irmão de 6 anos morreu por hipotermia, quatro horas após o naufrágio.

Embora a maioria das mortes no mar ainda ocorra na rota do Mediterrâneo Central, entre a Líbia e a Itália, onde MSF opera o navio de resgate Geo Barents, nos últimos meses MSF observou um aumento no número de pessoas que fazem a perigosa travessia partindo da Turquia para o sul da Itália. Em 23 de fevereiro, o Geo Barents foi injustamente detido e multado pelo governo italiano. Embora essa medida tenha como alvo diretamente MSF, o preço real será pago por aqueles que fogem pelo Mediterrâneo Central, que ficarão sem assistência.

“Esse trágico naufrágio é um lembrete doloroso de que políticas restritivas de migração não impedirão que pessoas desesperadas fujam. As pessoas continuarão a arriscar suas vidas, pois muitas vezes não têm outra opção”, diz Sergio Di Dato, líder do projeto de MSF. “Os governos da Itália e da União Europeia devem parar de criminalizar a migração e a assistência humanitária. Em vez disso, eles devem se concentrar em fornecer segurança adequada e rotas legais para migração, e melhorar os mecanismos para ajudar e proteger as pessoas em movimento”.

 

Sobre o contexto 

Equipes de MSF na Itália têm ajudado refugiados, solicitantes de asilo e migrantes em pontos de desembarque há vários anos. Os profissionais, incluindo psicólogos e mediadores interculturais especificamente treinados para oferecer Primeiros Socorros Psicológicos (PFA), frequentam portos de desembarque, pontos de acesso e centros de recepção. As atividades de apoio psicológico são dirigidas principalmente a familiares e amigos de vítimas de naufrágio, com o objetivo de ajudar a lidar com os traumas por meio de apoio emocional e de saúde mental. A equipe também oferece serviços básicos a todos os sobreviventes, o que inclui facilitar o acesso a tratamento médico, fornecer informações e encaminhar casos vulneráveis à autoridade competente.

Em 2022, MSF Itália lançou um projeto em Roccella Jonica, perto de Crotone, para fornecer apoio médico e psicológico nos pontos de desembarque, com foco na identificaçãode pessoas em situações de vulnerabilidade médica para que seja garantida a continuidade dos cuidados.

MSF está ativa e envolvida em atividades de busca e salvamento desde 2015, tendo trabalhado em oito diferentes embarcações (sozinha ou em parceria com outras organizações). Neste período, mais de 85.000 pessoas foram resgatadas. Desde o lançamento das operações de busca e resgate a bordo do Geo Barents em maio de 2021, MSF resgatou 6.194 pessoas (em 2022, foram 3.742), recuperou os corpos de 11 pessoas que morreram no mar e ajudou no parto de um bebê a bordo.

 

Defesas civis nos municípios enfrentam falta de verba, de pessoal e de estrutura, mostram pesquisas

Além de mapeamento de áreas de risco e prevenção, órgãos atuam na recuperação de áreas afetadas por desastres ambientais, como as chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo no carnaval (foto: Prefeitura de São Sebastião)

 

Um dos órgãos responsáveis pelo mapeamento de áreas de risco, prevenção e contenção de desastres ambientais, as defesas civis municipais enfrentam falta de verba, de pessoal e de estrutura. Em casos de temporais e chuva extrema, como a que atingiu o litoral norte de São Paulo no carnaval, cabe à defesa civil alertar e assessorar a população.

O déficit de recursos é o principal entrave para a realização do trabalho de 67% desses órgãos (26% correspondem à falta de dinheiro; 22% de equipe e 19% de equipamentos). Com base em questionário aplicado em 1.993 cidades que participaram da Pesquisa Municipal em Proteção e Defesa Civil, 72% responderam não ter orçamento próprio para a área, não contando com dinheiro de outras secretarias ou, às vezes, nem sequer da própria prefeitura.

Esses dados estão no artigo Fundos Públicos Federais e Implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil, publicado na Revista de Informação Legislativa do Senado e assinado pelos advogados Fernanda Damacena e Luiz Felipe da Fonseca Pereira e pelos pesquisadores Renato Eliseu Costa, doutorando em Políticas Públicas pela Universidade Federal do ABC (UFABC), e Victor Marchezini, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Além disso, agentes de defesas civis municipais apontam a alta rotatividade nos cargos como o principal fator de retrocesso na redução do risco de desastres, aliada às precárias condições de trabalho, falta de treinamento e responsabilidades pouco claras na gestão de risco.

A qualificação – 63% dos funcionários têm, pelo menos, curso superior completo – não garante a permanência no cargo – 43% estão há apenas um ano na função atual e 37% entre um e cinco anos, segundo a pesquisa Challenges for professionalism in civil defense and protection, divulgada na revista Disaster Prevention and Management. Alguns órgãos relataram que chegam a ter apenas um ou dois funcionários disponíveis para o trabalho e, quanto ao espaço físico, 65% das defesas civis dividem com outra secretaria.

No estudo, os pesquisadores apontam que a falta de definição dos papéis dos atores envolvidos na gestão de riscos compromete a governança, reforçando a importância de profissionalizar a área. Em resposta a esse ponto, no ano passado, o Ministério do Trabalho incluiu o agente de proteção e defesa civil na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sendo o primeiro passo para o reconhecimento e habilitação da profissão.

“As defesas civis não estão preparadas. Em um momento de emergência extrema, como o que ocorreu no litoral norte de São Paulo, os municípios como um todo também não estão. Sabemos que menos de 10% deles têm planos municipais de redução de riscos de desastres. Uma defesa civil sozinha não faz milagre. É necessário ter articulação entre as secretarias, conectando, por exemplo, planejamento urbano, escolas, sistema de saúde e fortalecendo a participação intersetorial e social. Há ainda o papel de Estados e do governo federal, que têm responsabilidade de dar suporte financeiro, de capacitação e com pessoal técnico”, avalia Marchezini, que atualmente faz pós-doutorado com apoio da FAPESP no Natural Hazards Center, da Universidade do Colorado-Boulder (Estados Unidos).

Atuando desde 2004 na área de sociologia dos desastres, com olhar para o envolvimento de comunidades locais na prevenção, Marchezini participou de vários levantamentos ligados à área, entre eles a coordenação do Projeto Elos.

Realizada entre outubro de 2020 e dezembro de 2021 por meio de cooperação técnica internacional entre a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a pesquisa conduzida no Cemaden fez um levantamento de informações sobre a estrutura e capacidades das defesas civis municipais. Resultou em seis publicações do Diagnóstico Municipal em Proteção e Defesa Civil, que trazem não só um perfil desses órgãos por regiões do Brasil como sugestões de aperfeiçoamento da implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) nos municípios.

“Há uma necessidade cada vez maior de o tema da gestão de riscos não ser apenas da defesa civil. Mas sim de todas as secretarias municipais que precisam ter responsabilidade e comprometimento para ações estruturais e permanentes, principalmente quando o território onde elas estão tem ou pode vir a ter riscos de desastres em função da expansão urbana e maus projetos de crescimento econômico. É necessário também preparo de funcionários e da sociedade civil por meio de políticas educacionais e de comunicação clara que ajudem a lidar com situações de emergência”, completa o pesquisador.

Marchezini teve aprovado recentemente o projeto Capacidades Organizacionais de Preparação para Eventos Extremos (COPE), junto ao edital Auxílio Projeto Inicial, da FAPESP.


Recorde

O temporal que atingiu o litoral norte entre os dias 18 e 19 de fevereiro, deixando dezenas de mortos (65 óbitos até o dia 26) e quase 2 mil desabrigados, foi o maior volume de chuva acumulada de que se tem registro no Brasil, segundo o Cemaden. Foram 683 milímetros em Bertioga em menos de 24 horas, superando a tragédia de Petrópolis (RJ), em 2022, quando foram 534,4 milímetros no período.

Com 626 milímetros de chuva, São Sebastião foi o município mais impactado, com deslizamentos de encostas, alagamentos e bairros isolados por interdição de vias de acesso. Em Ilhabela choveu 337 mm no período, em Ubatuba 335 mm e em Caraguatatuba 234 mm, tendo sido essa última o local de maior tragédia no Estado de São Paulo. Em março de 1967, a cidade teve desmoronamento de encostas provocado pelas chuvas, com centenas de casas soterradas, e pelo menos 487 mortos (na contagem da época).

A intensidade das chuvas durante o último carnaval foi resultado de uma combinação de umidade, ventos de ciclone e uma frente fria estacionada em São Sebastião. O efeito foi agravado pela temperatura do oceano (entre 27 °C e 28 °C), que estava 1°C acima da média, o que aumenta a evaporação e a formação de nuvens. Nos últimos anos, o Brasil vem registrando um crescimento de eventos extremos. Segundo especialistas, com o aumento de temperatura de, no mínimo, 1,1°C nas últimas décadas devido às emissões de carbono, a tendência é que esses eventos sejam registrados com mais frequência, podendo causar danos maiores caso não sejam adotadas medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres revelam que o país contabilizou 28.033 registros de decretação de situação de emergência (SE) e estado de calamidade pública (ECP) entre 2013 e o início deste ano. A maior parte corresponde a estiagens, secas e tempestades.

“De algum modo é preciso associar um projeto de proteção ambiental a um planejamento do uso do solo, com soluções habitacionais e oferta de moradias em locais sem risco, além de ações de mitigação, educacionais e estruturais, incluindo drenagem urbana, saneamento básico e contenção de encostas”, avalia Marchezini.


Atribuições

Às defesas civis municipais cabe a gestão de riscos e de desastres, atribuições que vão desde a análise e monitoramento de áreas de risco, com ações de prevenção e mitigação, até o socorro e atuação em projetos de recuperação. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) congrega todas as competências para a gestão dos riscos e desastres e deve ter ênfase na prevenção. Sua coordenação está a cargo da Sedec.

No caso de chuvas, o Cemaden emite um comunicado/diagnóstico para a defesa civil nacional, que o encaminha à estadual e ou municipal. A defesa civil, por sua vez, envia mensagens à população local avisando da previsão de chuvas, alagamentos e deslizamentos. Em algumas cidades, há sirenes instaladas para o alerta.

Geralmente, entre os problemas desse sistema de comunicação estão o número de cadastrados no alerta, que pode ser baixo, e os textos das mensagens por SMS, genéricos para uma região e até mesmo para o tipo de evento previsto.

Na pesquisa do diagnóstico de capacidades, 25% dos órgãos responderam usar o SMS para comunicar os alertas. Para outros tipos de comunicação, 56% responderam usar as redes sociais (Facebook, Instagram) e 43% aplicativos de mensagens (WhatsApp, Telegram).

Para Marchezini, tanto a comunicação como o envolvimento da população podem ser os diferenciais para salvar vidas em casos de desastres. O pesquisador cita como exemplo o Japão, em 2011, quando cerca de 3 mil alunos do ensino fundamental e médio de Kamaishi, na província de Iwate, sobreviveram ao tsunami que atingiu a região. Isso foi graças à rápida evacuação após um terremoto, possibilitada pelo treinamento dos próprios professores e estudantes.

O pesquisador também acompanhou, com apoio da FAPESP, a reconstrução de São Luiz do Paraitinga (SP), destruída em janeiro de 2010 por causa de um transbordamento do rio Paraitinga. No município, os próprios moradores agiram com rapidez para responder à enchente, depois realizaram audiências públicas, resultando na criação do Centro de Reconstrução Sustentável de São Luiz do Paraitinga.

Anos depois fizeram a reposição de árvores em morros devastados, reduzindo o assoreamento do rio, e estudantes do ensino médio trabalharam em um mapeamento de riscos para prevenir os efeitos de inundações, descrito no artigo Giving voice to the voiceless: connecting graduate students with high school students by incubating DRR plans through participatory mapping (leia mais em: agencia.fapesp.br/37978/).

“Em São Luiz, o que ajudou a acelerar o processo de reconstrução foi justamente a participação da sociedade por meio das audiências públicas e o fato de o plano diretor definir uma zona de especial interesse social. O litoral tem agora esse desafio”, diz Marchezini.

Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, ao qual a Sedec está ligada, informou que para melhorar os quadros de defesa civil foi instituído o Plano de Capacitação Continuada em Proteção e Defesa Civil. São 25 cursos on-line e gratuitos. Entre 2020 e 2023, foram emitidos cerca de 25 mil certificados. “Importante registrar que temos trabalhado na conscientização dos gestores municipais sobre a importância da atuação sistêmica em defesa civil, assim como a importância do órgão municipal. Nessa linha, desenvolvemos o material de capacitação para os gestores e realizamos eventos, como o "Bate-Papo com Defesa Civil", que tem entre os objetivos a aproximação com os municípios, assim como o "Banco de Boas Práticas", que compartilha experiências exitosas, de baixos custos e replicáveis”, informou a assessoria. A Defesa Civil do Estado de São Paulo não respondeu ao pedido de informação até o fechamento desta reportagem.

O artigo Fundos Públicos Federais e Implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil está disponível em: www12.senado.leg.br/ril/edicoes/59/235/ril_v59_n235_p215.pdf.

A pesquisa Challenges for professionalism in civil defense and protection pode ser acessada em: www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/DPM-03-2022-0057/full/html.

E o Diagnóstico Municipal em Proteção e Defesa Civil pode ser consultado no endereço: www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/protecao-e-defesa-civil/diagnostico-de-capacidades-e-necessidade-municipais-em-protecao-e-defesa-civil. 



Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/defesas-civis-nos-municipios-enfrentam-falta-de-verba-de-pessoal-e-de-estrutura-mostram-pesquisas/40768/

 

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