Pesquisar no Blog

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Apneia do sono ​x problemas cardiovasculares: especialistas explicam como as dificuldades para dormir bem podem significar algo mais grave

 

Shutterstock

SAOS atinge 33% da população brasileira, mas muitas pessoas sequer sabem que têm a doença, alertam médicos do sono do Hospital Paulista


A qualidade do sono é uma preocupação constante de médicos e pacientes mundo afora, dada a importância que o bom descanso tem para a qualidade de vida. Pesquisa do Ministério da Saúde indica que 50% dos brasileiros sofrem com alguma dificuldade para dormir, estando a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) entre as principais doenças, atingindo cerca de 33% da população adulta.

Como a doença aumenta os riscos de desenvolver problemas cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e muitas pessoas nem sequer sabem que sofrem de apneia do sono, os cuidados precisam ser redobrados.

Os médicos do sono Dr. Braz Nicodemo Neto e Dr. Nilson André Maeda, ambos otorrinolaringologistas do Hospital Paulista, explicam que as pessoas que sofrem de SAOS nas formas moderadas e graves, mas não tratam a doença, têm ainda mais chances de desenvolver problemas do coração.

Segundo os especialistas, a SAOS pode estar presente em 50% dos pacientes portadores de fibrilação atrial, chegando a 80% nos casos de fibrilação atrial crônica persistente, e em 30% dos pacientes coronarianos. Estudos apontam ainda que entre 12 e 53% das pessoas que têm a síndrome também sofrem de insuficiência cardíaca, e que a sua prevalência em pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) é muito mais alta do que na população geral, podendo chegar a 70%.

Por conta da correlação entre a síndrome e os riscos ao coração, os cardiologistas costumam encaminhar os pacientes com eventuais sinais de apneia para realização da polissonografia, exame não invasivo que mede a atividade respiratória, muscular e cerebral (além de outros parâmetros) durante o sono.

Quando não tratada, a apneia do sono ainda pode levar a casos de hipertensão arterial sistêmica. Conforme os médicos, ao menos 35% dos hipertensos também sofrem com a síndrome, podendo chegar a 70% em casos de hipertensão arterial refratária, considerada mais difícil de controlar.


Paradas respiratórias

A apneia obstrutiva do sono trata-se de uma limitação do fluxo de ar que ocorre na faringe, sendo mais intensa que apenas um ronco, levando a repetidas paradas respiratórias enquanto o indivíduo dorme.

Dr. Braz ressalta que estas pausas causam a diminuição da oxigenação e pequenos despertares, estimulando o sistema nervoso simpático - responsável por preparar o corpo para lidar com situações de estresse ou emergência -, e podendo ocasionar uma vasoconstrição, levando a um quadro de hipertensão arterial sistêmica.

"A diminuição da oxigenação, seguida de uma reoxigenação, é capaz de formar radicais livres que levam a um estresse oxidativo considerável, que contribui para as doenças cardiovasculares."


Diagnóstico

Sabendo dos riscos da correlação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono e as doenças cardiovasculares, principalmente quando ela não é tratada, é de suma importância que o diagnóstico de ambas as patologias seja feito precocemente.

Segundo o Dr. Nilson, é por este motivo que os cardiologistas encaminham os pacientes com suspeita do quadro para a avaliação de um médico do sono. "É muito comum estes pacientes já estarem em tratamento para hipertensão e apresentarem exame de medição da pressão arterial de 24h (MAPA) com aumento dos níveis, inclusive durante o sono."

Dr. Nilson ainda explica que, com o diagnóstico e o tratamento da apneia, é possível reduzir os riscos de possíveis sequelas, bem como as internações hospitalares, procedimentos invasivos e, até mesmo, as chances de óbito.

"Pessoas roncadoras, que vivem sonolentas e têm um sono fragmentado e não reparador, necessitam da avaliação de um especialista em medicina do sono", salienta o médico.

Considerado padrão ouro por conta da precisão do diagnóstico, o exame polissonográfico, composto por eletroencefalograma, eletromiograma, eletrocardiograma e eletro-oculograma, consiste em monitorar as variáveis eletrofisiológicas, além de avaliar os fluxos de ar nasal e bucal, movimentos do tórax e abdômen, ronco e oximetria durante o sono do paciente.

"O diagnóstico é feito de forma simples, mas é necessário que o especialista esteja ciente de todas as queixas do paciente", alerta o Dr. Braz, destacando que a diminuição do peso e a redução no consumo do álcool podem servir como medidas preventivas.


Confira a tabela de sintomas indicativos da SAOS:


Tratamento


A melhor forma de tratar a Apneia Obstrutiva do Sono é analisando a origem e a intensidade do distúrbio. Pessoas obesas têm uma predisposição maior à doença, porém, indivíduos magros, mulheres e crianças também podem desenvolver AOS, por causas multifatoriais.

Os médicos explicam que existe uma classificação de gravidade da doença. Dessa forma, cada paciente tem o tratamento indicado de maneira individualizada, de acordo com a sua necessidade e anatomia, por isso a importância de um acompanhamento especializado.

Atualmente, os principais tratamentos para a doença são o uso de pressão positiva em via aérea (CPAP), aparelhos bucais de avanço mandibular usados durante o sono e confeccionados pelo dentista, terapia fonoaudiológica, e em alguns casos, a resolução pode ser através de cirurgia na região da faringe.

 


Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


Esclerose múltipla: conheça os sinais de alerta para diagnóstico do paciente

No dia da Conscientização da Esclerose Múltipla, especialista em doenças degenerativas traz informações sobre os estágios da doença e o papel da família no tratamento

 

O fim do Agosto Laranja está chegando e, com ele, o Dia da Conscientização da Esclerose Múltipla (30/08), que é dedicado a esclarecer sobre a doença rara e autoimune que afeta cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo, segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla.

A EM (Esclerose Múltipla) é uma "doença neurológica inflamatória e degenerativa que produz inflamação cerebral com formação de placas presentes tanto no cérebro, na região cortical e subcortical, como na medula", conforme explica o neurologista, especialista em doenças degenerativas e membro da Doctoralia , Flávio Sallem .

Foi pensando nesta data de conscientização, que a Doctoralia, em conjunto com o especialista, reuniu algumas informações para desmistificar a doença, além de promover o diagnóstico e o tratamento precoce. Confira!

Formas e sintomas

Por se tratar de uma patologia com manifestações distintas, são as diversas formas da EM que facilitam a identificação do diagnóstico e tratamento, visto que não há cura.

"A forma Remitente-Recorrente (EMRR), geralmente responde por 85% dos eventos em geral. Nela, ocorrem surtos que podem se resolver completamente ou podem deixar sequelas, com frequência variada. Já a forma Secundariamente Progressiva (EMSP) é sempre derivada da remitente recorrente, em que o paciente começa a ter uma neurodegeneração pior da marcha, ou seja, o deslocamento de um ponto para o outro e dos movimentos em geral", comenta o neurologista.

Na EMSP, ela é definida quando o paciente apresenta inicialmente surtos e remissões e, após algum tempo, a doença se torna progressiva e o paciente piora de forma lenta, sem que obrigatoriamente tenha novos surtos.

Ainda segundo o especialista, outro estágio da doença é a EM Primária Progressiva (EMPP), no qual o paciente tem uma alteração de marcha sem muitos surtos, mas com sequelas e sintomas progressivos da doença medular em geral.

Apesar de variáveis, os sintomas da Esclerose Múltipla mais comuns entre brasileiros são: neurite óptica, ou seja, perda visual; fraqueza muscular dos membros inferiores e membros superiores; alterações cognitivas, de memória, espaciais ou frontais e de linguagem; e, por fim, surtos simulando o AVC.


O papel da família

Para Sallem, um dos principais papeis da família do paciente é a compreensão. "É preciso entender que não se trata de frescura ou fraqueza, mas de uma doença neurológica que pode evoluir para um quadro de deficiência", reforça.

Além da vulnerabilidade para a violência doméstica, historicamente, as pessoas com deficiência lidam com baixo acesso ao mercado de trabalho, à mobilidade urbana e à educação. De acordo com o relatório mais atual do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFD), de 2020, foram registradas 12.868 denúncias de violências praticadas contra Pessoas com Deficiência.

"Orientar o paciente, ser seu porto seguro, auxiliá-lo nas tarefas do dia a dia ou em demandas mais difíceis, fornecer as medicações e acompanhamento também são cuidados extremamente necessários para que o paciente possa ter uma vida mais tranquila e positiva", conclui o médico.



Doctoralia


Terceira idade: a importância da nutrição para a manutenção da saúde na geriatria

Divulgação
Especialista explica porque a boa alimentação é uma grande aliada da terceira idade para promover a longevidade e qualidade de vida

 

Com o passar dos anos, alguns efeitos do tempo viram parte da rotina das pessoas. A chegada da chamada terceira idade é marcada justamente pelos efeitos das mudanças físicas causadas pelos anos vividos, que são sentidos diretamente na saúde. O envelhecimento também engloba mudanças fisiológicas, que combinam com a redução de gastos energéticos.  

A nutrição precisa se adequar a essas mudanças e pode beneficiar o indivíduo com a ingestão de nutrientes específicos. Irani Gomes dos Santos Souza, coordenadora do curso de graduação em nutrição da Faculdade Santa Marcelina, explica que é necessário se atentar à ingestão de cálcio, vitamina D e outros nutrientes, além das dificuldades com mastigação e digestão: “Uma das mudanças fisiológicas é a diminuição da produção do ácido clorídrico, responsável pela digestão e que facilita a absorção de alguns nutrientes, como ferro e vitamina B12”. 

Irani explica que também é recomendada a redução de alimentos ultra processados na dieta de idosos, como embutidos, refrigerantes e bebidas artificiais, e reduzir o consumo de sal e açúcar.  

Outra questão é o uso da dieta como estratégia no tratamento de determinadas doenças. O consumo de alguns alimentos pode reduzir ou piorar os sintomas, de forma que a nutrição se torna parte essencial para um tratamento integrado. “Um bom exemplo é a diverticulose. Esse caso pode ser comum na terceira idade, potencializada por redução do consumo de fibras e baixa ingestão hídrica”, comenta Irani.  

A nutrição também é uma estratégia para tratamentos preventivos, bem como na retardação do processo de envelhecimento. Isso pode ser feito através da ingestão de alimentos antioxidantes que, de acordo com Irani, reduzem a produção de radicais livres que são estabelecidos naturalmente pelo nosso corpo. 

Um obstáculo que pode existir na nutrição de idosos é a própria dificuldade de adaptação a uma nova rotina alimentar. Para isso, ferramentas como banho de sol para a absorção de vitamina D, uso de suplementações prescritas por profissionais da saúde, escolha de alimentos integrais e a redução do consumo de bebidas alcóolicas se tornam um passo simples, mas significativo para um envelhecimento mais saudável. 

 


Faculdade Santa Marcelina


Desinformação ainda é um dos grandes entraves para o diagnóstico e tratamento da Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla afeta cerca de 35 mil pessoas no país. Para conscientizar a sociedade sobre a doença foi criado o Agosto Laranja. Segundo Herval Neto, médico neurologista, a esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica, sem causa determinada e sem cura, em que as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando a perda de mielina, uma substância cuja função é fazer com que o impulso nervoso percorra os neurônios de forma rápida. Por isso, quanto antes diagnosticada, mais chances de vida sem limitações importantes tem o paciente.

De acordo com o especialista, apesar de não ter cura, a esclerose múltipla possui tratamento, por meio do controle dos sintomas e da diminuição da progressão da doença. No entanto, mesmo com os significativos avanços da ciência nesta área, o diagnóstico precoce é um dos grandes entraves para que portadores consigam iniciar o tratamento o quanto antes. "A demora é causada principalmente pela falta de informação sobre a esclerose múltipla e seus sintomas, que podem ser confundidos com os de diversas outras doenças --mesmo pelos profissionais de saúde que fazem os primeiros atendimentos", afirma o médico.

Dentre os sintomas mais comuns estão fadiga imprevisível ou desproporcional à atividade realizada; alterações fonoaudiológicas, como fala lenta, palavras arrastadas, voz trêmula e dificuldade para engolir; visão dupla ou embaçada; problemas de equilíbrio e coordenação; sensação de queimação ou formigamento em alguma parte do corpo e de aparecimento espontâneo; perda de memória e raciocínio; transtornos emocionais; e problemas vesicais e sexuais, como perda de libido e sensibilidade.

A EM pode se manifestar de duas principais formas, a recorrente e a primária progressiva. A forma recorrente é a predominante, ocorrendo em torno de 85% dos casos. Já a forma primária progressiva progride independentemente de surtos e é considerada a mais agressiva. "Até poucos anos atrás não havia tratamentos medicamentosos comprovadamente efetivos e aprovados para essa forma da doença. Hoje, felizmente, já existem terapias para os dois tipos de EM. No entanto, esse caminho é longo, a mobilização e a participação da sociedade são imprescindíveis para fomentar o tema junto aos atores envolvidos e fazer com que as novas tecnologias para o tratamento da doença cheguem, de fato, a quem precisa delas", conclui o especialista.


Amamentação reduz risco de AVC e doenças cardiovasculares

Estudos mostram que a prática traz inúmeros benefícios ao bebê e também à mãe.

 

No mês de agosto celebramos o Agosto Dourado, ação conhecida mundialmente que tem como propósito orientar e incentivar o aleitamento materno. A amamentação tem uma série de pontos positivos não somente à saúde do bebê, mas também para a saúde das mamães. 

 

Um deles é a prevenção e a redução de chances de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC). Um estudo desenvolvido por pesquisadores dos Estados Unidos e publicado no Jornal da Associação Americana do Coração aponta que as mulheres que amamentaram seus filhos por mais de seis meses tiveram 23% menos chance de sofrer um AVC. Por outro lado, a probabilidade negativa de ter o problema de saúde reduz para 19% para aquelas que provêem o aleitamento aos filhos até os seis meses. Sendo assim, os pesquisadores concluíram que o risco diminui à medida que o período de amamentação se estende.

 

De acordo com a neurocirurgiã Danielle de Lara, que atua no Hospital Santa Isabel (Blumenau/SC), durante a gravidez o metabolismo da mulher é alterado pois o corpo passa a armazenar gordura para fornecer a energia necessária à gestação do bebê. “Ao amamentar, a mulher possibilita que o corpo acelere a perda de peso e a eliminação dessa gordura armazenada de forma mais rápida e efetiva e isso auxilia na melhoria da saúde cardiovascular, evitando doenças cardíacas. Além de reduzir a possibilidade de ambos terem problemas cardíacos, a amamentação auxilia também na redução da mãe desenvolver câncer de mama ou dos ovários, diabetes e artrites”, comenta Danielle de Lara.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno deve ser a única fonte de alimentação do bebê em seus primeiros seis meses de vida. “O alimento é rico em proteínas, açúcares, gorduras, vitaminas, água e glóbulos brancos o que leva a prevenção de diversas doenças ao bebê como infecções e alergias.

 

 


Danielle de Lara - Médica Neurocirurgiã em atividade na cidade de Blumenau (SC). Atua principalmente na área de cirurgia endoscópica endonasal e cirurgia de hipófise. Dois anos de Research Fellowship no departamento de "MinimallyInvasiveSkull Base Surgery" em "The Ohio StateUniversity MedicalCenter", Ohio, EUA. Graduada em Medicina pela Universidade Regional de Blumenau. Possui formação em Neurocirurgia pelo serviço de Cirurgia Neurológica do Hospital Santa Isabel.

 

Cuidados no parto e no pré-natal podem evitar deficiências

Neuropediatra ressalta importância da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla


O Brasil possui mais de 45,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, ou seja, 23,9% da população. Desse valor, a deficiência mental ou intelectual foi declarada por mais de 2,6 milhões de brasileiros, cerca de 1,4% da população, segundo o último censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram como é importante para a sociedade entender sobre possíveis formas de minimizar os casos, identificar o quanto antes sinais de deficiência intelectual e promover o esclarecimento sobre a condição destas pessoas e contribuir para seu bem-estar.  

Estes temas fazem parte da agenda da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, celebrada entre 21 e 27 de agosto. A neuropediatra Alinne Rodrigues Belo (CRM 19322), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que a deficiência múltipla é quando há mais de uma associada. “Pode ser física, sensorial, mental, emocional ou do comportamento”, destaca. 

Segundo a especialista, a deficiência intelectual pode ter diversas causas como a genética, responsável pelas síndromes do x frágil ou a de down, por exemplo. “Outras causas seriam malformações do sistema nervoso central por condições adquiridas por um erro no processo de desenvolvimento; por consequência de fatores teratogênicos, causados pelo uso de álcool, drogas e fumo; a desnutrição materna; infecção no sistema nervoso; problemas durante o parto ou ainda epilepsias que levam a uma deterioração do sistema nervoso. Outras causas que são raras, mas existem, são as intoxicações e doenças metabólicas”, detalha Alinne.

 

Parto e pré-natal

O momento do parto é muito delicado, pois complicações podem surgir. De acordo com Alinne Belo, várias condições podem levar a algum nível de sequela e estresse tóxico para o cérebro da criança, o que pode repercutir em uma deficiência física, uma sequela sensorial ou com comprometimento cognitivo intelectual. “Podem ser crianças que nascem de um parto prematuro ou têm uma assistência perinatal inadequada, o que pode levar a uma falta de oxigênio ou a uma hemorragia intracraniana. Além disso, pacientes que entram em sofrimento fetal por insuficiências placentárias ou que têm um deslocamento prematuro de placenta, infecções perinatais, na placenta, no útero. Ou ainda quando o feto não está em uma posição adequada no canal vaginal e o período expulsivo se torna prolongado”, ressalta a neuropediatra. 

No entanto, Alinne Belo ressalta que um pré-natal adequado pode evitar muitos problemas no hora de dar à luz. “Outras causas muito comuns de complicações no parto que levam à problemas para a criança e podem desencadear uma deficiência podem ser a pré-eclâmpsia materna e a diabetes gestacional. Então se a mãe é acompanhada fará avaliação da pressão e da glicemia. Outras causas podem ser infecções intra uterinas ou doenças infectocontagiosas, como a toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus. Se a mãe fizer o seguimento pré-natal ela fará exames que rastreiam essas doenças. E todo esse acompanhamento é capaz de garantir que o parto seja feito da melhor forma possível”, salienta.

 

Sinais

Caso a deficiência do filho não seja detectada em exames clínicos, seja no período perinatal, que são os 28 dias após o parto, seja ao longo da infância, os pais devem estar atentos a alguns sinais. “Toda criança que tenha algum atraso no desenvolvimento, seja na aquisição dos marcos motores, como sentar, engatinhar, andar, ou a nível cognitivo, como dificuldade na linguagem, para se expressar ou se relacionar socialmente merecem atenção”, destaca a médica. Ela alerta para que os pais estejam atentos à caderneta da criança, que é nacional e contém de forma bem direta e didática os marcos motores esperados para a cada mês e a cada ano da vida criança. 

Ela explica ainda como proceder ao perceber qualquer atraso no desenvolvimento. “A família precisa estar atenta ao comportamento, ao desenvolvimento e diante de qualquer atraso consultar um pediatra, fazer uma investigação e se necessário procurar um especialista para fazer o diagnóstico da melhor forma possível”, reforça Alinne Belo. A médica conta que o tratamento de crianças com qualquer deficiência é feito de forma individualizada, a longo prazo e com uma equipe interdisciplinar, com diversos médicos, e multidisciplinar composta por vários terapeutas. 

A neuropediatra destaca ainda a importância da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. “É fundamental para esclarecer o que é, trazer informações para a sociedade, porque quando existe o conhecimento consequentemente as pessoas avaliam melhor a situação, elas refletem, observam de uma forma diferente do que quando não tem orientação. E despertar na sociedade ainda a necessidade da consciência e do acolhimento.


Proteína que ajuda o vírus zika a entrar na célula pode ser alvo para novos antivirais

Estudo conduzido por grupos da Unicamp e da USP aponta correlação entre as complicações neurológicas do zika e níveis elevados de Gas6 – proteína que facilita a replicação viral. Resultados foram divulgados na revista Brain, Behavior, and Immunity (modelo em 3D do vírus zika; imagem: NIH)


Pesquisa brasileira publicada na revista Brain, Behavior, and Immunity desvenda um dos mecanismos pelos quais o vírus zika causa complicações neurológicas em pacientes adultos e microcefalia em fetos. A descoberta abre a possibilidade para que novos estudos busquem medicamentos capazes de inibir o agravamento da doença.

No trabalho, que teve o apoio da FAPESP, os cientistas demonstraram uma correlação entre as complicações neurológicas do zika com níveis elevados de Gas6, uma proteína que ajuda o vírus a entrar nas células. Mostraram ainda que as principais fontes de Gas6 nesses casos são os monócitos periféricos, um grupo de células do sistema imunológico.

Em sua forma ativa, a Gas6 se liga a receptores da família TAM (Axl, Tyro3 e Mer) e, após a entrada nas células, é capaz de reprimir uma resposta inflamatória do organismo, facilitando a replicação viral e levando ao agravamento da infecção por zika.

“O próprio vírus induz a expressão de Gas6, que aparece em nível maior nos pacientes com a forma grave da doença. Esses níveis estão ligados ao aumento de supressores de sinalização de citocinas [SOCS-1], responsáveis pelo bloqueio das respostas antivirais de interferon tipo 1. Quanto mais potente esse mecanismo, pior o prognóstico do paciente”, explica o professor José Luiz Proença Modena, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e um dos orientadores do trabalho.

O estudo teve a participação de três grupos: o coordenado por Modena, que analisou amostras de soro de pacientes com zika, incluindo grávidas; o do professor Fábio Trindade Maranhão Costa, também do IB-Unicamp; e o de Jean Pierre Schatzmann Peron, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês), um instituto da Rede Pasteur constituído em parceria com a universidade, que fez testes em camundongos.

Parte dos pesquisadores integra a Rede Zika Unicamp, criada em 2016, após a epidemia no Brasil, para desenvolver pesquisas que contribuam com o enfrentamento dos graves impactos causados na saúde pública pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Também teve a cooperação científica do Laboratório de Doenças Infecciosas A*Star, de Cingapura. Essa parceria já resultou em outros estudos publicados, como o que identificou um marcador para zika.

“A Rede Zika funcionou como um embrião desse tipo de parceria, que continua surgindo e se expandindo. Agregou pessoas competentes e com linhas complementares, unindo expertise, com resultados positivos. A atividade colaborativa contribui com a qualidade do trabalho”, afirma Costa.

Em 2015, o vírus zika se tornou um problema de saúde pública, começando na América do Sul e depois se espalhando para mais de 94 países. Descoberto pela primeira vez em 1947 em Uganda (África), não foi considerado uma ameaça à saúde humana até os surtos registrados nos anos 2000.

No Brasil, houve a notificação de aproximadamente 214 mil casos prováveis de zika em 2016. No ano seguinte, foram 17 mil registros, caindo para 8 mil, em 2018. De janeiro a maio deste ano, segundo o Ministério da Saúde, são 2.006 casos prováveis.

O aumento de registros de zika veio acompanhado do crescimento de microcefalia, um raro distúrbio neurológico no qual o cérebro do bebê não se desenvolve completamente. Somente em 2015 foram mais de 2.400 registros de microcefalia no país. Antes, entre 2010 e 2014, haviam sido notificados 781 casos em todo o período.

A epidemia de zika no Brasil ocorreu em regiões historicamente endêmicas para a dengue. Os dois vírus (ambos do gênero Flavivirus) têm o mesmo vetor de transmissão, o Aedes Aegypti, e os sintomas das doenças também são semelhantes (febre, dor de cabeça, vermelhidão nos olhos, dores nas articulações e manchas no corpo).

Apesar de a infecção por zika ser geralmente assintomática, dados recentes mostram a ligação entre a doença e o desenvolvimento de síndromes neurológicas, como a de Guillain-Barré, encefalite e meningite em adultos e malformações congênitas, como a microcefalia, em recém-nascidos. Ficou demonstrado que o vírus pode atravessar as barreiras cerebrais e placentárias, atingindo nesse caso os tecidos fetais.

Modena lembra que, para a dengue, já havia sido mostrado na literatura que o vírus pode interagir com Gas6 e usar esse mecanismo para entrar em fagócitos e se replicar. E agora a pesquisa desvendou o funcionamento em casos de zika.


Entendendo o caminho

Para correlacionar os níveis de Gas6 com as complicações neurológicas associadas ao zika, os pesquisadores analisaram o soro de pacientes (por meio de um teste imunoenzimático), incluídos em um estudo transversal realizado entre fevereiro de 2016 e junho de 2017 em diferentes hospitais da cidade de Campinas.

Foram avaliadas amostras de 57 pacientes com doença leve (chamados de não neuro), de 19 com complicações neurológicas após infecção por zika (neuro), de 14 com complicações neurológicas, mas sem ligação com a doença, e de 13 saudáveis. Os neuro apresentaram maiores níveis de Gas6, com aumento de supressores de sinalização de citocinas (SOCS-1).

Paralelamente a esses testes das amostras dos pacientes, o grupo orientado por Peron trabalhou com camundongos adultos imunocompetentes, ou seja, com sistema imune capaz de combater o vírus (linhagens C57BL/ 6 e SJL).

“Inoculamos o vírus já recoberto com Gas6 em animais prenhes e em animais adultos não prenhes. Nos adultos, a carga viral no primeiro dia após a infecção era muito maior em comparação aos animais que receberam o vírus sozinho, sem Gas6. O que mostra que a proteína ajuda na infecção. Já entre os filhotes houve um elevado número com malformação congênita, tinham cabeça e tamanho geral menores”, conta Lilian Gomes de Oliveira, primeira autora do artigo juntamente com João Luiz da Silva Filho.

Para conseguir se ligar aos receptores celulares, Gas6 precisa sofrer carboxilação, uma reação química que permite a interação com outras moléculas. Os pesquisadores então testaram in vitro o uso da droga varfarina e perceberam que ela foi capaz de inibir ou diminuir a replicação do vírus.

“Decifrando esse mecanismo abrimos a possibilidade de novas análises que permitam a intervenção por fármacos. Mostramos que o tratamento com varfarina em culturas de células é efetivo para a inibição da multiplicação do vírus. Não avaliamos se vai funcionar na clínica, mas é uma porta que se abre”, diz Modena.

À Agência FAPESP, Peron destaca que os resultados contribuem não só para uma melhor compreensão sobre a patogênese da infecção por zika e seus desfechos graves, como também abrem caminhos que podem mirar o Gas6 como uma ferramenta terapêutica. Atualmente, Peron coordena um projeto que estuda a imunopatogênese da COVID-19 em modelos experimentais, também apoiado pela FAPESP.

No total, o artigo publicado pelo grupo tem 46 autores e recebeu apoio da FAPESP por meio de diversos projetos (16/00194-817/26170-016/12855-916/21259-018/13866-017/02402-016/07371-217/11828-017/26908-017/22062-918/13645-320/02159-017/22504-1 e 20/02448- 2).

O artigo Gas6 drives Zika virus-induced neurological complications in humans and congenital syndrome in immunocompetent mice pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0889159121002981.

 


Luciana Constantino

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/proteina-que-ajuda-o-virus-zika-a-entrar-na-celula-pode-ser-alvo-para-novos-antivirais/36668/


Conheça os cuidados com dreno pós-cirurgia

Especialista ensina como higienizar o dreno em casa

Vermelhidão e dor local podem ser sinais de infecção

 

Seguir as recomendações médicas após uma cirurgia plástica interfere diretamente no sucesso de um procedimento. Uso adequado de cintas e malhas, realização correta de curativos, reabilitação com fisioterapia, realização de drenagem linfática com profissional capacitado e a manipulação correta de drenos, quando indicados no pós-operatório, são considerados fundamentais para atingir com sucesso o resultado final desejado.

 

O uso de drenos dependerá de cada cirurgia, técnica escolhida e até mesmo da rotina do cirurgião. Eles servem, principalmente, para drenar líquidos (sangue, secreções) que possam acumular na região operada. Os procedimentos mais comuns de cirurgia plástica que utilizam o dreno incluem as cirurgias abdominais e as de mama.

O cirurgião plástico, Dr. Fernando Amato, explica que o dreno está indicado para evitar o acúmulo excessivo de líquidos nos primeiros dias de pós-operatório. Ele pode ser inserido abaixo da cicatriz da cirurgia e fixado com pontos, é mantido de acordo com o volume e aspecto do líquido que está saindo.

 

Geralmente, o líquido acumulado na cirurgia pode drenar em quantidade maior, principalmente, nas primeiras 48 horas. “No caso de sentir dor no local do dreno ou qualquer outra alteração, o paciente deverá buscar orientações com o seu médico”, orienta Dr. Amato.

Em casa – Alguns cuidados devem ser ressaltados para as pacientes que recebem alta com o dreno a vácuo. Abaixo, o Dr. Fernando Amato explica como fazer a limpeza do dreno em casa: 

 

  • Lave as mãos antes e depois de manipular o dreno e use luva descartável. 
  • Feche o clampe, limpe a válvula com álcool, abra a tampa do dreno e despreze o conteúdo em um recipiente adequado. 
  • Com uma das mãos comprima o frasco do dreno contra uma superfície firme para expelir o ar e com a outra mão, feche a tampa e abra o clampe, realize esta operação a cada seis horas, ou mais vezes se necessário.
  • Anote o débito do dreno com dia, quantidade e cor.
  • Não lave o recipiente do dreno. Se as conexões derem problema, procure um médico.

 

No banho, deve-se evitar molhar o curativo, pois pode aumentar o risco de infecção. “Caso o curativo molhe durante o banho, será necessário refazê-lo. Não deve ficar com curativos molhados.”, explica Dr. Amato. 

O cirurgião plástico, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), alerta também para alguns sinais de que algo pode estar errado com o dreno, entre eles estão febre, vermelhidão, aumento do líquido drenado com o passar dos dias, cheiro desagradável, inchaço e dor intensa no local do dreno.



Dr. Fernando C. M. Amato Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

https://plastico.pro/

www.amato.com.br

https://www.instagram.com/meu.plastico.pro/


Pandemia dispara espera por transplante de córnea

No primeiro semestre do ano a fila de transplante aumentou 200% em comparação ao mesmo período de 2020. 


 

A pandemia de covid-19 reduziu diversas cirurgias para dar espaço aos pacientes contaminados pelo coronavírus nas UTIs dos hospitais. Dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) mostram que já no primeiro semestre do ano passado diminuiu em 44% os transplantes de córnea no Brasil. Pior: O levantamento aponta aumento de 200% na fila de espera pelo transplante. Passou de 5,9 mil inscritos em junho do ano passado para 17,5 mil no final do primeiro semestre deste ano. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, o enxerto também é realizado em hospitais especializados que não têm covidários ativos, mas o isolamento social somado ao medo do coronavírus fez muitos pacientes falharem no tratamento das doenças oculares. “O transplante é o último recurso para tratar o ceratocone que responde por 7 em cada 10 enxertos de córnea no País”, afirma.  O índice é tão alto, explica, porque no início da doença os sintomas são visão embaçada e desfocada como acontece no astigmatismo. A diferença do ceratocone, ressalta, é o enfraquecimento progressivo das fibras de colágeno da córnea, lente externa do olho que toma o formato de um cone. “Esta deformação faz a luz entrar distorcida nos olhos e resulta em visão desfocada”, afirma.

 

Fatores de risco, sintomas e diagnóstico

Queiroz Neto ressalta que o ceratocone atinge cerca de 100 mil brasileiros. É uma doença multifatorial que geralmente aparece na infância ou adolescência.  Pode estar relacionado à genética quando há casos na família, ser desencadeado por doenças alérgicas na pele ou vias respiratórias que em 70% dos casos causam coceira nos olhos, maior fator de risco do ceratocone.  Locais empoeirados e estiagem prolongada que ressecam a lágrima também funcionam como gatilhos. Um levantamento feito pelo médico com 315 portadores de ceratocone mostra que a incidência de olho seco nos portadores da doença é de 24%, contra 12% em toda população. 

Os principais sintomas do ceratocone elencados pelo médico são:  troca frequente do grau dos óculos, visão de halos noturnos, aversão à luz do sol, maior fadiga visual e olhos frequentemente irritados.

 O diagnóstico não pode ser feito por um exame oftalmológico de rotina sem a tomografia da córnea que avalia a espessura, face anterior e posterior da córnea. Isso porque, as principais características do ceratocone são o afinamento e a deformação da córnea.

 

Tratamentos

Inicialmente a correção visual é feita com óculos, mas conforme a doença progride é necessário substitui por lente de contato rígida que aplana a córnea e permite melhor correção da visão

O oftalmologista afirma que o único tratamento capaz de minimizar a progressão do ceratocone é o crosslinking. Trata-se de uma cirurgia ambulatorial em que o cirurgião aplica na córnea riboflavina, vitamina B2 associada à radiação ultravioleta. Esta associação reticula as fibras de colágeno e aumenta em até 3 vezes a resistência da córnea, visando evitar o transplante. O especialista destaca que nem todos podem passar pela cirurgia. É necessário ter, no mínimo 400 micras de espessura na córnea. 

Nos casos avançados as irregularidades na córnea pode tornar o uso da lente muito desconfortável, pondera. Uma alternativa para escapar do transplante, destaca, é a substituição por lente escleral cuja borda se apoiada na esclera, parte branca do olho, invés de ficar apoiada na borda da córnea. 

Outra alternativa é o implante de anel intercoreano,  comenta. A técnica consiste no implante de dois arcos que pode ser feito manualmente ou a laser. O especialista explica que o dispositivo faz uma pressão sobre a córnea e diminui a alteração na curvatura, melhorando a adaptação às lentes de contato. Na maioria dos casos, comenta, a visão também melhora. Sem estes tratamentos só resta o transplante e depois da pandemia a espera pela cirurgia pode demorar mais de um ano.

 

Posts mais acessados