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sexta-feira, 18 de junho de 2021

Uma a cada cinco gestantes/puérpuras mortas pelo SARS-CoV-2 não teve acesso a UTI

 33% não foram nem intubadas, o derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las

 

 

O Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 (OOBr Covid-19) acaba de divulgar atualização semanal do número de óbitos maternos pelo SARS-CoV-2, com base em dados do Ministério da Saúde. Até 18 de junho de 2021, perderam a vida 1.412 gestantes e puérperas.  Nos primeiro cinco meses e meio de 20921, contabilizamos 959 óbitos, ou seja, 111,7% a mais do que 2020 inteiro - 453.  

 

Outra estatística estarrecedora é a da letalidade da doença: saltou de 7.4% em 2020 para 17% em 2021.

 

Desde o início da pandemia, uma a cada cinco gestantes e puérperas que faleceram por SARS-CoV-2 não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e 33% não foram intubadas -o derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las.

 

Assim, entre março de 2020 e 16 de junho de 2021, quando da mais recente atualização da base de dados SIVEP-Gripe do Ministério da Saúde, são 14.042 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid e, repetimos, 1.412 óbitos (10,1%).

 

Isso sem contar outros 11.785 de registros com 296 mortes entre gestantes e puérperas com SRAG não especificada, que, na avaliação dos pesquisadores, podem ser também episódios de SARS-Covid-19.

 

O Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 (OOBr Covid-19) visa a dar visibilidade aos dados desse público específico e oferecer ferramentas para análise e fundamentação de políticas para atenção à saúde de gestantes e puérperas em relação ao novo coronavírus.


O OOBr Covid-19 foi criado e é mantido por Rossana Pulcineli Vieira Francisco (docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente da SOGESP), Agatha Rodrigues (docente do Departamento de Estatística da UFES) e Lucas Lacerda (estudante de graduação em Estatística na UFES).

 

Avaliação médica antes de atividades físicas pode evitar mortes prematuras

Especialista dá recomendações para evitar preocupação na realização das atividades físicas

 

Recentemente, um brasiliense de 55 anos sentiu fortes dores no peito enquanto pedalava com amigos em uma trilha e morreu no local. A causa da morte foi um infarto e o homem não tinha histórico aparente. Casos como esses são comuns, o que lembra a importância da avaliação médica antes da realização de atividades físicas, especialmente as de alta intensidade e duração.

De acordo com o cardiologista do Hospital Brasília Leandro Valim, este não é um caso isolado, sendo frequentes outras situações como esta durante as mais variadas práticas esportivas. Isso pode ocorrer até mesmo com atletas de alto rendimento.

O cardiologista aponta que a preparação para a realização de qualquer atividade física inclui a avaliação médica, especialmente em pessoas acima dos 35 anos. Segundo o médico, antecedentes como hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade, tabagismo e história familiar tornam ainda mais importante tal avaliação.

Abaixo, confira as recomendações do cardiologista antes de realizar alguma atividade física.


Quais são os cuidados que as pessoas devem tomar antes de começar a pedalar?

Antes de iniciar qualquer atividade física, inclusive o ciclismo, mesmo que de forma recreativa, é importante que as pessoas façam avaliação médica, durante a qual se analisam os antecedentes pessoais e familiares, e realizam-se também o exame físico e a solicitação de exames, quando indicados.


Que tipo de preparação física a pessoa deve fazer?

Além de uma avaliação prévia adequada, recomenda-se que toda atividade física deva ser iniciada de forma gradual, para evitar lesões ou outros problemas mais sérios, principalmente após longos períodos de sedentarismo. Não se deve tentar compensar todo o prejuízo de uma só vez. Toda atividade física deve ser acompanhada também por treinamentos de musculação, ou exercícios de resistência, pois isto evita a ocorrência de lesões e melhora o desempenho de forma geral.


Isso serve para qualquer idade ou alguma está mais em risco que as outras?

A idade é um dos fatores fundamentais a ser levado em consideração quando se indica o momento e o tipo de avaliação a ser realizada, porém devem ser observadas outras questões. Mesmo pessoas mais jovens podem necessitar de avaliação médica, principalmente se apresentarem algum sintoma de alerta (ex.: dor no peito, falta de ar, tonturas, desmaios) ou antecedentes como hipertensão (“pressão alta”), dislipidemia (“colesterol alto”), diabetes, tabagismo, obesidade, história familiar de problemas cardíacos precoces, entre outros. Um grupo que também merece atenção é o dos atletas de alto desempenho, não apenas para orientar o tipo e intensidade de preparação física, mas também para se afastar doenças específicas, como a miocardiopatia hipertrófica, que é a maior causa de morte súbita em atletas jovens.

 

A atividade deve ser sempre acompanhada por um profissional? Qual?

Em alguns casos pode-se inclusive indicar que a atividade seja acompanhada presencialmente por um profissional de educação física, fisioterapeuta ou até mesmo um médico, em situações específicas de reabilitação. Neste contexto, é importante lembrarmos que mesmo pessoas com os fatores de risco (como os citados acima) e até aquelas com histórico de infarto, insuficiência cardíaca ou outros problemas sérios não apenas podem como devem realizar a prática de atividade física. Devem apenas tomar o cuidado para que a avaliação cardiológica seja ainda mais detalhada e a orientação das práticas seja mais individualizada.


Genética pode revolucionar a vida de crianças com atraso no desenvolvimento

Dr. Marcelo Pavese e Dra. Carolina Fischinger
Divulgação

Características centrais, percebidas na primeira infância, podem antecipar o diagnóstico e possíveis tratamentos


Desde o nascimento até os seis anos de idade, as crianças desenvolvem diferentes habilidades e algumas podem apresentar uma condição inadequadas à sua faixa etária. Os processos de desenvolvimentos ocorrem de maneira dinâmica e, segundo os especialistas, são fundamentais para identificação precoce de crianças expostas a fatores de risco. Conforme explica o médico pediatra da Maternitá Saúde da Mulher e Pediatria, Marcelo Porto, o desenvolvimento das crianças é moldado a partir de inúmeros fatores externos e o mapeamento genético pode entender a evolução clínica e adiantar possíveis tratamentos.

“Enfrentamos muito a questão do atraso no desenvolvimento de crianças, mas só lembramos das causas genéticas em casos nos quais não encontramos uma explicação tradicional para algum tipo de situação. Sabemos que o atraso no desenvolvimento tem possíveis etiologias que são múltiplas e dentre elas estão as causas genéticas tratáveis, fundamentais para que possamos ligar nosso radar para o diagnóstico do atraso do desenvolvimento”, destaca.

O tema foi abordado em evento recente, promovido pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Existem em torno de 6 mil doenças genéticas, sendo que 600 delas são doenças metabólicas. Segundo, a médica geneticista da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Carolina Fischinger, esse número vem aumentando progressivamente, pois a genômica abriu um leque de oportunidades como a amplitude do conhecimento, além da redução do custo de investigação e a facilidade da coleta para exames.

“A classificação internacional aumentou e os avanços exigem uma busca constante de conhecimento e atualização dos temas, principalmente no que concerne ao autismo, deficiência intelectual e atraso do desenvolvimento. Destaco os Erros Inatos do Metabolismo (EIM), já descrito em 1908 por Archibald Garrod, que hoje são mais conhecidos como Condições Genético Metabólicas. Já se sabia sobre doenças que envolvem alterações de genes que codificam determinadas proteínas e geralmente são enzimas envolvidas na síntese, na degradação, no transporte, no armazenamento de moléculas no organismo. É com isso que estamos lidando”, explica.

A suspeita dos casos, segundo a especialista, é principalmente baseada nos sinais e sintomas clínicos e o diagnóstico precoce leva a um sucesso terapêutico para muitas condições clinicas que podem ser fatais. Fischinger lembra, ainda, que as manifestações podem ser inespecíficas e variadas, pois dependem de característica genética e das diferentes doenças quem envolvem rotas metabólicas.

“O diagnóstico das desordens genético metabólicas iniciam com a suspeita clínica e partem para exames radiológicos, testes bioquímicos e estratégia molecular, com painéis de genes por sequenciamento de nova geração, e exames mais robustos como sequenciamentos do exoma e genoma. O período da vida em que o EIM apresenta, normalmente é na fase neonatal e infantil, cerca de 80%, por isso a importância e atenção ao teste de triagem neonatal, além de exames sutis, por exemplo, na presença de colesterol e triglicerídeos mais elevados ou fígado no tamanho superior”.

O desenvolvimento infantil deve ser observado atentamente pelos pais e os especialistas reforçam a importância de fazer os exames genéticos e ter um diagnóstico precoce. Alguns sinais e sintomas das doenças de neurotransmissores também podem ser indicados na consanguinidade, como a presença outro familiar afetado, em movimentos anormais como distonia e tremores, nas dificuldades de deglutição e refluxo grave, hipersalivação, crises de sudorese e oculogírica, temperatura instável e febre de origem obscura, além da deficiência intelectual.

“As crianças que possuem distúrbios de desenvolvimento e que tem crises de sudorese, eles têm desbalanço de neurotransmissores e isso precisa ser imediatamente investigado. Quanto mais precocemente o tratamento iniciar, mais favoráveis são os resultados.  Por isso, é importante preciso prestar atenção nos sinais sutis, são estas informações que devem ser cuidadas”, alerta.

 


Fernanda Calegaro

 

21 de junho - Dia Nacional de Controle da Asma

Asma surge até um ano de idade e cuidados devem ser redobrados especialmente no outono e no inverno

 

No dia Nacional de Controle da Asma, que se comemora em 21 de junho, o Sabará Hospital Infantil chama a atenção para o início da doença, cujos sintomas aparecem, em 50% dos casos, na 1 infância, até os três anos de idade.

 

% por faixa etária (Pneumonia)

 

2020

2021

>1 ano

9,6

11,5

1 - 2anos

41,5

38,5

3-4 anos

22,9

26,9

5-6 anos

10,6

15,4

>7 anos

15,4

7,7

A asma é uma doença crônica de maior prevalência na infância, atingindo 10% da população pediátrica e 20% de adolescentes, sendo a quarta causa de internação pelo SUS.

A doença se caracteriza por uma inflamação crônica que afeta as vias aéreas ou brônquios (os “tubos” que levam o ar para dentro dos pulmões), que dificulta a respiração.

Diante da pandemia da COVID-19,  a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que as infecções virais são causas frequentes de crises de asma e, por isso, esses pacientes devem ficar em isolamento social sempre que possível, especialmente os portadores das formas mais graves da doença.

No Sabará Hospital infantil, especializado no atendimento de crianças e adolescentes, o período mais crítico para as crises é entre maio de agosto, nos quais há uma mudança de clima, que ocasiona as crises. Em 2020, a taxa de casos do mês de maio foi de 5,30% em internações devido ao fechamento das escolas e, em 2021, com as crianças frequentando as escolas fisicamente, esse número subiu para 21%.

A asma fica em quarto lugar entre as taxas de todas as internações de outras doenças respiratórias (10%); ficando atrás apenas dos casos de bronquiolite (41%), bronquite (13%) e insuficiência respiratória (11%).

“Apesar desse tipo de doença poder aparecer em todas as idades, na maioria dos casos, o surgimento é mais comum na infância, 60% dos pacientes manifestam a doença no primeiro ano de vida, explica a pneumologista do Sabará Hospital Infantil, Dra. Maria Helena Bussamra.

Os sintomas mais comuns são falta de ar, chiado ou aperto no peito e tosse, sendo que, durante uma crise, a criança pode apresentar ainda lábios com coloração arroxeada, extrema dificuldade de respirar, confusão mental ou sonolência, pulsação rápida e sudorese.

“Por ser uma doença crônica a ida ao hospital deve ser feita quando os sinais de crise não melhoram com a medicação orientada pelo profissional. Só então os pais devem buscar atendimento no pronto-socorro”, explica a Dra. Maria Helena.

Entre os fatores que podem desencadear a doença estão: poeira, ácaros, poluição, fumaça de cigarro, ar frio, infecções virais, mudanças bruscas de temperatura.

Para amenizar as crises é possível realizar algumas medidas preventivas como: manter a adesão ao tratamento proposto pelo médico especialista, evitar ambientes fechados, pouco ensolarados e sem ventilação, manter a casa arejada e praticar exercícios físicos regularmente e de forma controlada.

“Com o tratamento correto, a criança asmática consegue ter a mesma qualidade de vida de qualquer outro indivíduo. A asma é uma doença que não tem cura. Entretanto, os sintomas podem ser controlados pelo acompanhamento clínico e com o afastamento de possíveis agentes causadores das crises”, conclui a especialista.

 


Sabará Hospital Infantil

www.hospitalinfantilsabara.org.br


Oftalmologista alerta: miopia pode levar à cegueira

A miopia avança entre crianças devido a horas em frente a telas digitais
Pixabay

A importância da saúde visual da criança e o crescimento "gigante" dos casos da miopia fazem parte das atenções e preocupações dos oftalmologistas brasileiros. Olhar para isto é fundamental. Todos podem ter engajamento e gerar oportunidades de mudar este cenário

 

Imagine seis habitantes do mundo. Imaginou? De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), duas pessoas serão míopes em 2021. Agora realize uma viagem no tempo rumo ao futuro e vamos para 2050. A realidade prevista será de cinco pessoas míopes em cada grupo de 10 habitantes no Planeta.


Alerta

A conhecida frase “quem sabe faz a hora, não espera acontecer” permite agir no presente e mudar o quê possa estar no horizonte. A importância da saúde visual da criança e o crescimento “gigante” dos casos da miopia fazem parte das atenções e preocupações dos oftalmologistas brasileiros. Olhar para isto é fundamental. Todos podem ter engajamento e gerar oportunidades de mudar este cenário.

Uma atitude prática está no alerta permanente sobre a importância do controle da miopia e saúde ocular, uma campanha da SOBLEC - Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria. A iniciativa conta com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Sociedade Brasileira Oftalmologia Pediátrica (SBOP), Sociedade Brasileira de Visão Subnormal (SBVSN), Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

“Alcançar o público em geral e levar esclarecimentos sobre a realidade da miopia são prioridades. Criar uma consciência coletiva sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce  sobre o tema e assim ajudar a evitar problemas mais sérios como até a perda da visão”, destaca a presidente da SOBLEC, médica oftalmologista Tania Schaefer.


Prática

Para viabilizar a campanha, a SOBLEC está promovendo em todos os estados, entrevistas com pessoas das mais variadas profissões e idades que desempenham papel relevante na sociedade, com habilidade de influenciar e engajar positivamente o público ao compartilhar experiências e opiniões.

A iniciativa tem caráter de utilidade pública e envolve todas as regionais da SOBLEC, visando a um alcance mais abrangente do público-alvo. As entrevistas serão veiculadas em 2021 e 2022 pelas redes sociais (Instagram, Facebook, YouTube).

“As redes sociais são ferramentas com uma abrangência ímpar”, conceitua a Tania Schaefer. “As histórias compartilhadas servem como inspiração para que as pessoas enfrentem momentos decisivos em suas vidas. E os influenciadores digitais com mensagens de otimismo, muitas vezes, mostram uma solução. São milhões de seguidores interagindo, trocando opiniões, pedindo conselhos”, argumenta a oftalmologista.


A miopia

A miopia se caracteriza pela dificuldade de enxergar de longe e dependendo do grau de progressão pode evoluir para outras patologias como catarata, glaucoma e deslocamento de retina. A doença é relativamente simples, se leve ou moderada, mas quadros graves estão associados a um risco de descolamento da retina, catarata precoce, degeneração macular e glaucoma.

Estudos especializados mostram que, além da predisposição genética e o aumento do tempo gasto em ambientes fechados, a miopia está avançando entre crianças e adolescentes por conta das muitas horas com os olhos grudados em telas digitais.

O diagnóstico da miopia é de responsabilidade do médico oftalmologista, único profissional habilitado para prescrição do tratamento mais adequado a cada paciente. Entre as opções de tratamento e terapias estão: o uso de colírios de atropina com dosagens mínimas e rigoroso controle, e a utilização de óculos com lentes bifocais e de lentes de contatos. Somado a isso, tem a chamada Ortoceratologia, onde lentes de contato são usadas durante a noite. O paciente dorme de lentes e, ao acordar, retira e tem uma visão nítida durante o dia.


ALERTA: Pandemia pode afetar a saúde dos olhos das crianças

É comum crianças e adolescentes apresentarem pequenos problemas de visão que, porém, se não cuidados com a devida atenção, podem evoluir para doenças graves, até mesmo à cegueira. Segundo estudo da OMS sobre o percentual estimado de pessoas com deficiência visual por erros de refração não corrigidos na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Venezuela, mencionado no relatório ‘ Condições da Saúde Ocular no Brasil’ do CBO, há aproximadamente 23 milhões de crianças em idade escolar com problemas de refração que interferem em seu desempenho diário (problemas de aprendizado, autoestima e de inserção social). Ainda, seguindo estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil haja cerca de 26 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente.

Os problemas de visão mais comuns são hipermetropia, miopia e astigmatismo - erros refrativos, que impedem a formação do foco das imagens na retina. Esses problemas podem surgir no início da infância, sendo mais comuns a partir dos 4 anos de idade. Quando não são corrigidos, podem prejudicar o desenvolvimento da criança ou adolescente, portanto, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento.

Atualmente, com o isolamento social imposto pela pandemia, o uso excessivo de telas, como smartphones, TV, computadores ou tablets, tem preocupado pais e oftalmologistas, tem sobrecarregando a visão, levando a uma maior incidência dessas doenças, como é o caso da miopia (dificuldade para ver de longe), que tem aumentado de forma alarmante. Segundo estudo publicado no jornal JAMA Ophthalmology, houve mudança significativa no grau de miopia em crianças de 6 a 8 anos em 2020, em comparação ao período de 2015 a 2019. A condição também pode estar associada a outros fatores, como estilo de vida, ambiente e genética, por exemplo, mas o papel da digitalização não pode ser subestimado. Hoje, as crianças são nativas digitais e isso pode afetar o seu desenvolvimento visual de forma comprometedora e até irreversível.

"É muito importante acompanhar a rotina das crianças e garantir que haja equilíbrio entre o período imerso no mundo digital e o tempo em atividades que não envolvam eletrônicos. Muitas vezes, os sinais de problemas na visão são sutis, sobretudo em bebês, e demoram a ser percebidos, o que pode agravar o problema e comprometer a qualidade de vida da criança. A melhor solução é acompanhar de perto e procurar um oftalmologista de confiança periodicamente, a partir dos 12 meses de idade", ressalta a Dra. Alessia Braz, oftalmologista que atuou como orientadora do setor de cirurgia refrativa da Unifesp, e hoje é diretora clínica da Univi - centro oftalmológico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças oculares.

Confira abaixo alguns sinais de que seu filho pode estar com problemas na visão, e dicas de boas práticas para garantir a saúde ocular dos pequenos:

Aproximação de objetos: Sentar-se muito próximo da TV / computador ou segurar livros muito perto dos olhos pode indicar dificuldade para enxergar, assim como franzir a testa e/ou apertar os olhos ao tentar ler ou assistir algo. Faça o teste afastando a criança da tela ou livro e pedindo para identificar detalhes menores.

Olhos lacrimejando: Uma das causas do lacrimejamento constante são os problemas de visão. Quando a criança está sempre com os olhos lacrimejando, é importante procurar o oftalmologista.

Notas baixas: Problemas de visão podem afetar a atenção e dificultar o aproveitamento em aula. Por isso, o boletim escolar pode se tornar um termômetro nesse momento. O uso de óculos adequados é fundamental para a aprendizagem e para identificar a sua necessidade, é fundamental realizar consultas periódicas com o oftalmologista.

Coça-coça: a coceira constante nos olhos pode ser sinal de fadiga ocular. Devido à exposição aos equipamentos digitais, há uma tendência a piscar menos, levando a um ressecamento da superfície ocular com sensação de corpo estranho, prurido constante e ardência. Para evitar o agravamento ou surgimento de doenças na vista, existem no mercado lentes específicas para o público infantil, como as da linha ZEISS Kids , da multinacional alemã ZEISS, por exemplo, indicadas para crianças a partir dos 7 anos de idade. Maleáveis e de rápida adaptação às necessidades das mudanças visuais que ocorrem na infância, as lentes são fabricadas com policarbonato, material que traz segurança contra impactos. Além disso, contam com garantia de um ano para troca por quebra, e até duas substituições para casos de mudança de dioptria (grau).

Olhos Cansados: Quando a criança reclama que sente os olhos cansados ou apresenta dores de cabeça com frequência, é preciso procurar o oftalmologista. Os sintomas podem ser sinal de algum problema na visão ou de que o pequeno precisa de pausas no uso dos eletrônicos.

Tempo de Exposição à luz azul: Os games e canais com programação infantil ganham cada vez mais espaço entre as crianças, que passam horas em frente ao computador. Com a pandemia, essa permanência ficou ainda maior, pois há o período de aulas online, de realização de atividades escolares e atividades de lazer - que também giram em torno do universo digital. Pode parecer prático, sobretudo quando se está em home office, mas a permanência dos pequenos tanto tempo em frente às telas não é positiva. Para proteger os olhos, é fundamental fazer pausas constantes, estimulando o ato de piscar, olhar para outras distâncias, de preferência para o horizonte. Uma boa "regra" é, 20 minutos de uso na frente das telas e pausa de 20 segundos (20-20). Atividades ao ar livre ou em ambientes com luz natural são uma ótima alternativa, pois além de não prejudicarem os olhos, auxiliam no desenvolvimento psicomotor dos pequenos.


Vision Care da ZEISS

www.zeiss.com

Saúde bucal na pandemia: cinco mitos e verdades sobre cárie

Estima-se que mais de 2,5 bilhões de adultos e crianças sofram de cáries no mundo
Créditos: Envato Images

Mudança constante de rotina durante isolamento não pode ser fator para deixar cuidados de lado; estima-se que mais de 2,5 bilhões de adultos e crianças

 sofram de cáries no mundo


Escondida pelas máscaras, a saúde bucal não pode ser esquecida durante a pandemia e a rotina de cuidados diários é essencial para evitar problemas como a cárie. Com o vai e vem de home office e ensino remoto ou presencial, os horários podem ficar bagunçados e processos básicos como a escovação, o fio dental e o flúor acabam ficando de lado. Tanto para adultos, quanto para crianças e adolescentes. E isso tem preocupado dentistas.

Já se sabe que a cárie é uma das doenças mais comuns no mundo. Segundo o Global Burden of Disease Study 2017, estima-se que, globalmente, mais de 2 bilhões de pessoas sofram de cárie nos dentes permanentes e mais de 530 milhões de crianças têm cáries nos dentes de leite. Para o especialista em Saúde Coletiva e dentista da Neodent, João Piscinini, é fundamental esclarecer alguns mitos sobre a doença. “Muitas pessoas acham que a cárie é uma doença transmissível, por exemplo. E só o conhecimento pode levar à prevenção do problema”, comenta. Confira, então, alguns mitos e verdades sobre a cárie dentária:


  • Cárie é contagiosa

Mito. A cárie não é transmissível. A doença causa a destruição dos tecidos devido a um ácido liberado pelas bactérias que consomem o açúcar que fica nos dentes. Por conta disso, o especialista da Neodent, João Piscinini, explica que muitas pessoas acreditam que a cárie é contagiosa, por envolver um microrganismo, porém, não é. “A cárie é uma doença comportamental que, para se desenvolver, depende dos seus hábitos alimentares e da sua higiene. Então preveni-la só depende de você, mantendo um consumo controlado de açúcar e carboidratos em geral; uma boa escovação, com pasta dental contendo flúor; e o uso diário do fio dental”, afirma. 


  • Manchas brancas podem ser cáries 

Verdade. Muitas pessoas acreditam que a cárie só aparece como um pontinho preto. Porém, o dentista João Piscinini explica que a doença tem vários estágios e na fase inicial aparece como uma mancha branca. “Ao perceber a presença de manchas nos dentes é indicado ir a um especialista para ver se não se trata de um início de cárie e, dessa forma, interromper o avanço o mais rápido possível”, alerta. 


  • Dores podem indicar um avanço da doença 

Verdade. A cárie pode demorar semanas ou meses para se desenvolver. Durante esse tempo, a mancha branca pode evoluir para um buraquinho. Com isso, a dor pode surgir ou intensificar. “Se o paciente sentiu dor é porque, muito provavelmente, a cárie já esteja avançada. Sendo assim, é essencial ir ao dentista com frequência para que a cárie possa ser tratada no estágio inicial e não cause dor”, aconselha o especialista em Saúde Coletiva. 


  • Pacientes que usam aparelhos podem ter mais cáries

Verdade. As pessoas que estão realizando tratamento ortodôntico, principalmente com aparelhos convencionais, precisam ter mais atenção com a higiene bucal. “Os alimentos ficam presos facilmente nos aparelhos ortodônticos. Assim, quando a escovação dos dentes não é correta ou o paciente deixa de usar o fio dental por ser mais trabalhoso, o risco de ter cárie aumenta”, destaca o dentista.


  • Cárie não surge mais, caso tenha uma vez 

Mito. Na maior parte dos casos, o tratamento de uma cárie é feito com materiais restauradores. Caso não haja o cuidado bucal, o dente tratado ainda pode desenvolver uma nova cárie e inclusive atingir a polpa e precisar de um tratamento de canal. “A orientação é a escovação dos dentes e uso de fio dental todos os dias para evitar que o problema retorne”, explica. 

O especialista reforça ainda a importância de ir ao dentista regularmente, pois, assim, o tratamento pode ocorrer de forma mais simples e prática quando realizado no início. “Nas consultas você pode receber orientações de dieta, aprender a melhorar sua escovação e ter diagnósticos precoces”, finaliza João Piscinini.  



Neodent®

 

Tecnologias minimamente invasivas reduzem em 93% risco de hérnia após cirurgia abdominal


Entre os pacientes que passam por uma cirurgia no abdome, cerca de 15% desenvolvem uma hérnia no local da incisão cirúrgica. Quando o procedimento é realizado de forma minimamente invasiva, com as tecnologias laparoscópica e robótica, esse risco cai para 1% devido aos cortes menores, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia, representando redução de 93%.

Segundo o cirurgião e presidente da SBH, Christiano Claus, o risco existe para todos os tipos de procedimentos que exigem incisões no abdome. "Seja retirada da vesícula, cirurgia de apêndice, intestino ou estômago. Uma incisão feita na parede abdominal que não cicatriza de forma adequada pode resultar em uma hérnia incisional", explica.

Ela acontece devido a separação precoce da fáscia muscular no pós-operatório. O Dr. Marcelo Furtado e vice-presidente da SBH afirma que existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença. "Durante o primeiro mês após a cirurgia a resistência da ferida à tração é menor, o que resulta na dependência da sutura. Pessoas com anemia, desnutridas, que fazem uso de corticoides, com tosse crônica e, principalmente, aquelas com infecção na ferida cirúrgica, obesidade e tabagismo têm maiores chances de desenvolver hérnias incisionais".

Quando a hérnia ocorre o paciente apresenta um caroço na região, com dor que aumenta durante a prática de exercícios físicos e melhora com o repouso. O diagnóstico é simples e acontece com exames clínicos associados a exames de imagem.

RISCOS DA HÉRNIA - As hérnias abdominais correm risco de complicações como o encarceramento e o estrangulamento, que são quadros de emergência médica. O diretor da SBH, Dr. Gustavo Soares, alerta para os sintomas: "Dor intensa e aumento de volume mais acentuado no local da hérnia, obstrução do intestino, vômitos e estufamento abdominal também podem estar presentes".

Nesses casos é essencial buscar uma unidade de pronto-atendimento.

DADOS - Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS) foram feitas 25,1 mil cirurgias para reparos de hérnias incisionais em 2019 e 12,6 mil, em 2020 - ano de pandemia e paralisação dos procedimentos eletivos.
Estima-se que sejam realizadas aproximadamente 600 mil operações para reparos de hérnias abdominais ao ano no Brasil, fora de época de pandemia, levando em consideração o sistema público e privado de saúde.

Para saber mais, acesse: sbhernia.org.br

 

Pesquisa "Jornada do Paciente com Mucopolissacaridose (MPS) Tipo II"

 

Sem sua inclusão no teste do pezinho ampliado, o diagnóstico da Mucopolissacaridose Tipo II, doença genética que faz parte do grupo dos erros inatos do metabolismo, acaba sendo demorado e complexo, uma vez que ela se apresenta progressivamente e há múltiplos sintomas e muitos são comuns a outras patologias.

De acordo com o estudo qualitativo “Jornada do Paciente MPS II”, realizado pelo Instituto Inception Consultoria e Pesquisa, instituto de pesquisa focado na área da saúde, e encomendado pela JCR Farmacêutica, cuidadores de pacientes com MPS relatam que passaram por mais de cinco médicos diferentes, incluindo pediatra, otorrino, ortopedista, neurologista e cirurgião, até ser levantada a suspeita de uma doença rara e o diagnóstico ser realizado, usualmente pelo geneticista.

Esse percurso pode durar até quatro anos e, ao longo desse percurso, a doença vai se agravando , reduzindo a expectativa de vida do paciente que, sem tratamento, na maioria dos casos não atinge a idade adulta.

Isso acontece porque em cada uma das diferentes MPS, a produção de uma das enzimas responsáveis pela degradação de compostos específicos é afetada e o acúmulo  dos mesmos no organismo do paciente, de forma progressiva, provoca diversas manifestações. Dessa forma, quanto mais tempo se passa sem tratamento, piores são as consequências.

O pediatra é o médico que tem contato com o bebê e pode perceber as primeiras manifestações da doença, que muitas vezes acontecem já nos primeiros meses de vida.  Ao se deparar com os problemas, especialistas como otorrinolaringologista, ortopedista e cirurgião pediátrico são indicados para as complicações da doença que aparecem na infância

“Otites recorrentes que muitas vezes levam à colocação de drenos no tímpano, cirurgias para retirar adenoides e amígdalas, ou para corrigir hérnia umbilical ou inguinal, são alguns dos procedimentos comuns nos pacientes com MPS, geralmente realizados antes que o diagnóstico esteja estabelecido”, comenta o Prof. Roberto Giugliani, médico geneticista do HCPA. “Seria importante que, embora sejam situações frequentes, esses procedimentos gerassem um questionamento sobre a possibilidade de MPS, especialmente quando mais de um deles está presente num mesmo paciente ou então associado a algum outro problema, como deficiência auditiva, restrição articular ou alteração na coluna”, complementa Giugliani.

Como os médicos muitas vezes não têm informações sobre doenças raras, que são muitas e individualmente pouco frequentes, demora-se até suspeitar da doença e encaminhar para um especialista.

Entre os problemas que ocorrem com os pacientes com MPS que não recebem o tratamento adequado, se incluem: limitações articulares, perda auditiva, problemas respiratórios e cardíacos, aumento do fígado e baço e déficit neurológico. E segundo pesquisa do Instituto Inception, não são apenas as crianças que sofrem com o diagnóstico tardio.

As mães sentem uma grande frustração por não terem conseguido realizar o diagnóstico mais cedo. Os relatos mostram que elas vivem um mix de sentimentos como alívio, por finalmente ter o diagnóstico e a chance de tratamento; e culpa, por não terem suspeitado e levado a criança ao médico certo antes, o que poderia ter diminuído o sofrimento.

É o caso de Silmara Moraes da Silva, cujo filho, João Guilherme, tem MPS tipo II. A criança, que hoje tem 10 anos, fez o teste do pezinho convencional (que não incluía MPS II) logo que nasceu, por meio do convênio médico.

“Só tive o diagnóstico de MPS do meu filho aos cinco anos. As suspeitas começaram aos três, quando a pediatra da creche o examinou e, ao perceber a barriga muito inchada, pediu exames e o encaminhou para outros médicos. Dos 3 aos 4 anos, percorremos vários especialistas, até chegar a um pediatra que nos incentivou a ir ao geneticista. O geneticista, ao examiná-lo, já suspeitou de MPS, mas pediu os exames que só foram concluídos após mais um ano. Nem sabíamos o que era a doença”, revela Silmara.

Hoje, a mãe de Luiz Guilherme lamenta não ter tido acesso ao diagnóstico antes, por meio do teste do pezinho. Se esse fosse o caso, seu filho teria tido uma melhor evolução da doença por meio do tratamento precoce. “Hoje, meu filho já tem sequelas e está começando a ficar debilitado”, lamenta. 

Isso nos mostra que, com o teste do pezinho ampliado no SUS, a possibilidade dos pais detectarem a doença logo após o nascimento e assim garantirem uma qualidade de vida melhor aos seus filhos vai fazer muita diferença não só no tratamento da criança, mas também na saúde mental familiar.

“Sorte dos pais que no futuro vão conseguir diagnosticar com o teste do pezinho. Eu me alegro muito pela lei ter sido aprovada, pois sei que esses novos pacientes terão muito mais chance de ter uma vida melhor”, destaca Silmara Moraes.

A pesquisa ouviu pais de pacientes, associações de pacientes, cuidadores, enfermeiros e médicos de diferentes especialidades com objetivo de compreender a jornada do paciente com MPS II. durante todas as fases. Esse mapeamento reflete as etapas, ações, pensamentos e considerações de todos os envolvidos com a enfermidade, bem como os sentimentos, emoções e preocupações.

 

As Mucopolissacaridoses (MPS)

A incidência das Mucopolissacaridoses é de cerca de 1 para cada 20 mil nascidos vivos². De acordo com a enzima que se encontra deficiente, as Mucopolissacaridoses podem ser classificadas em 11 tipos diferentes.

No Brasil, o tipo II, conhecido como Síndrome de Hunter, é o mais prevalente - são 0,48 para cada 100.000 nascidos vivos², com uma média de 13 novos casos ao ano. Ocorrendo quase exclusivamente em pessoas do sexo masculino, a MPS II, sem o tratamento adequado, pode causar a morte do paciente precocemente.

De acordo com dados da Rede MPS Brasil, entre os anos 1982 e 2019, foram diagnosticados por esse programa 493 pacientes com a MPS tipo II em nosso país, e diagnóstico dessa doença pode ganhar um novo aliado com a aprovação do Projeto de Lei que visa a ampliar as doenças que devem fazer parte do Teste do Pezinho realizado no âmbito do SUS. 

Tratamento - A MPS não tem cura, mas com tratamento adequado é possível controlar a doença e aumentar a expectativa de vida do paciente. Segundo o médico geneticista do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dr. Roberto Giugliani, a Terapia de Reposição Enzimática (TRE), com infusões semanais de enzima deficiente nesses paciente,  foi um importante avanço no tratamento das MPS, embora tenha algumas limitações, como o fato de não penetrar no sistema nervoso, já que em dos pacientes com MPS II a doença afeta também o cérebro.

“Novos tratamentos, como os que utilizam enzimas que são capazes de chegar ao cérebro, ainda que tenham sido administradas no sangue, irão permitir tratar as manifestações neurológicas. A combinação dessas novas tecnologias de tratamento com o diagnóstico precoce, idealmente através do teste do pezinho, trará um ganho significativo na qualidade de vida dos pacientes com MPS”, explica o Dr. Roberto Giugliani. 

 


Referências: 

1) Casa Hunter. Disponível em https://casahunter.org.br/o-que-e-doenca-rara/ 

2) Estudo ‘Updated birth prevalence and relative frequency of mucopolysaccharidoses across Brazilian regions’. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47572021000100103&script=sci_arttext 

3) Rede MPS Brasil. Disponível em http://www.ufrgs.br/redempsbrasil/sobremps.php

 

PRECISAMOS FALAR SOBRE O LIPEDEMA

 

Junho é o mês de conscientização do lipedema, doença muito comum, porém deixada em segundo plano nos cuidados com a saúde da mulher – uma patologia quase que exclusivamente feminina, atualmente atinge mais de 11% das mulheres em todo o mundo.   

E o que exatamente é lipedema? Tão pouco mencionado na mídia e com pouca fama, o lipedema é uma patologia crônica do tecido adiposo e linfático. Bem diferente de uma “gordurinha sobrando”, é um tumor de gordura que atinge extremidades inferiores do corpo, como pernas, joelhos e coxas – raramente ele surge também nos braços.Como uma resposta à profusão dos hormônios femininos, principalmente na puberdade, gravidez e menopausa – quando há grande quantidade de hormônios em ação – o corpo desenvolve células de gordura doente.  

Por ser resultado de uma condição genética, com incidência familiar entre 16% a 45%, muitas mulheres acreditam que se trate de uma questão de composição corporal, aceitando o problema como característica da família. Como os nódulos de lipedema são muito sensíveis ao toque, causando hematomas frequentes nas pernas, muitas mulheres, mesmo com muita dor, não se dão conta de que podem buscar ajuda e um tratamento adequado. Além disso, o lipedema também pode ser responsável por cansaço em excesso – principalmente se a mulher passar muito tempo em pé - e, com o tempo, pode levar a uma redução considerável da mobilidade. Aqui é onde começa o grande problema.  

Embora o diagnóstico precoce seja essencial para o tratamento desta patologia, que já não é de fácil diagnose, nem todos os médicos têm familiaridade com a doença. Muitos confundem lipedema com linfedema e obesidade. Por isso, a conscientização é tão importante e procurar um especialista no assunto é essencial. O lipedema é uma gordura doente, que não é eliminada mesmo com dieta e exercícios físicos, sendo essa a principal diferença entre a doença e a simples obesidade.  

Precisamos falar mais sobre este tema e orientar as pessoas na busca adequada por tratamento. Afinal, esta é a única saída para a qualidade de vida da paciente, considerando que até o momento não há cura identificada e, em se tratando de uma doença genética, não há nenhum tratamento que exclua do corpo o gene causador do problema.  

Existem duas principais formas de se tratar o lipedema. A primeira, que é o tratamento clínico, envolve a prática diária de exercícios físicos, a adoção de uma alimentação saudável, o uso de roupas de compressão e drenagem linfática e eventual uso de medicamentos a depender do caso. Outra forma de lidar com a patologia é via procedimento cirúrgico, com lipoaspiração, que nada mais é do que a retirada da gordura doente em excesso da região dos membros inferiores. A cirurgia, no entanto, não elimina a doença por completo. Além disso, há um limite de gordura a ser aspirado e o resultado do procedimento varia de acordo com cada paciente. Desta forma, o tratamento cirúrgico não deve ser a única opção de tratamento indicada ou escolhida pela paciente, que precisa associar o procedimento à adoção de práticas saudáveis no dia a dia e ao tratamento clínico, porque o lipedema frequentemente volta quando não se tem esses cuidados.  

Assim, a mulher deve fazer uma escolha bem pensada, sabendo dos resultados esperados de cada procedimento aos quais ela, em parceria com seu médico de confiança, opte por se submeter, permanecendo sempre ciente de que nenhum deles é definitivo. O tratamento é eficaz para evitar a progressão da doença e ajuda a manter a qualidade de vida da paciente. 

 

 

Alexandre Amato - cirurgião vascular, especialista em lipedema e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, a Unisa.  

 

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