Oito horas de trabalho sentado.
Esse hábito tão comum ao ambiente de trabalho pode causar 433 mil mortes. É o
que aponta uma pesquisa desenvolvida na USP (Universidade de São Paulo) e na
UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Os doutorandos pegaram artigos e inquéritos da OMS (Organização
Mundial da Saúde) sobre o tempo médio de permanência sentado em 54 países e
relacionaram esses dados com uma meta-análise publicada na revista científica PLoS ONE. Essa é uma técnica estatística feita para integrar
resultados de dois ou mais estudos sobre uma mesma questão de pesquisa.
E o resultado do estudo
foi que até 4% das mortes no mundo poderiam ser evitadas se o tempo que as pessoas
passam sentadas reduzisse três horas, ou seja as 433 mil pessoas por ano.
O fisioterapeuta Leonardo
Machado ressalta mais: "Quando o corpo está repleto de
tensões, dores nos ombros, nas articulações, coluna estalando, logo vem aquela
dica popular para solucionar as tensões originadas das 8 horas de trabalho:
faça uma aula de alongamento e volte ao normal. Realmente, as dores acabam
passando e o corpo parece mais relaxado, mas logo as dores voltam a incomodar e
de forma crônica".
O
fisioterapeuta Leonardo Machado explica
que o corpo que não é exigido, não se esforça para manter um tecido
flexível. "Quando a flexibilidade natural não é trabalhada como um hábito
corrente como beber água, a rigidez será gerada, músculos estarão
encurtados e articulações tenderão a ser comprimidas", relata o membro da
Sociedade Brasileira de Fisioterapia e criador do Projeto Por uma Vida Sem Dor.
Mas qual seria a
solução? Fazer 1 hora de alongamentos musculares na academia e durante 3
dias na semana? Infelizmente isso não é suficiente. "Uma semana tem 10.080
minutos. Se em cada aula você ficar 30s para alongar cada grupamento, você
estará exigindo esse músculo em apenas 0,01% da sua flexibilidade
máxima", ressalta Machado.
A solução, segundo o
fisioterapeuta está em um novo cenário: livre dos apoios e encostos de
cadeira, sentado no chão e pegando coisas que fazem parte da rotina sem
ter que fugir de movimentos de tensionamento muscular. Não é necessário
ter um horário específico para alongar o corpo, mas sim que eles estejam
presentes naturalmente no decorrer do dia. Existe até um estudo sobre o tema,
onde os ambientes de trabalho se transformam em áreas livres e os funcionários
não ficam sentados, mas em pé recostados sobre uma plataforma anatômica.
Leonardo Machado sugere
ainda 4 situações que ajudam a usar a capacidade plena do corpo humano na
rotina e que poderão ajudar muito na liberdade de movimentos:
1- Leitura de um
livro:
A flexibilidade dos
músculos anteriores do corpo é estimulada e preservada.
2- Sentar no chão
A eventual diminuição
do corpo fará com que você esteja se movimentando a todo o instante
levando as articulações do quadril, joelho, pé e coluna em uma
grande variedade de movimentações.
3- Procure afastar
seus objetos de trabalho
Experimente deixar o
seu material de trabalho mais afastado de você para que amplitudes maiores
de deslocamento corporal sejam geradas.
4- Trabalhe no chão
Vivencie uma rotina
de trabalho/estudo no chão. Combine suas atribuições com a flexibilização
da coluna e das pernas.