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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mãe – Uma história






Ela era uma das últimas árvores. Estava seca, sofrida, e seus galhos, sem folhas, se quebravam a qualquer movimento. Fazia tempo que não chovia naquele mundo e toda a exuberância verde do passado só existia na sua memória. Suas raízes buscavam nas profundezas qualquer resto de umidade, mas não existia mais água. Ela sabia que era uma das últimas a permanecer em pé naquele mundo sem vida.

Por séculos ela desfrutara da amizade de todas as outras árvores, dos pequenos animais do bosque e dos duendes. Ah, os duendes! Ela se lembrava das grandes algazarras que eles faziam debaixo de sua sombra protetora. Eles eram incapazes de fazer mal a qualquer forma de vida, porém eles desapareceram e, agora, era só silêncio. Só restaram algumas poucas árvores, insistentes como ela, e um homem estranho. Ele falava para ela resistir, que as coisas voltariam a ser como foram um dia e que ainda haveria de cair água dos céus.

Ela não entendia como ele ainda estava vivo, mas lá estava ele, com seu corpo esquelético, recoberto de pele ressecada, todos os dias. A paisagem, outrora cheia de cores, agora tinha somente um tom amarelo dourado. Durante todos os dias sempre a mesma cor e as noites, cheias de estrelas, não mais existiam. A lua, no passado, tão fria, alva e romântica, transformou-se em um segundo sol, fazendo com que a escuridão desaparecesse.

Ela se lembrava do dia em que as explosões começaram; em seguida veio o calor, a cor amarela e o novo sol que trouxe o dia permanente para o mundo inteiro. Em poucos meses, tudo foi reduzido a cinzas cor de ferrugem. Era um mundo sem odores, moribundo, mas lá estava ela e o estranho. Ela se lembrou do tempo em que os duendes se reuniam aos seus pés e de quando um deles arrancou um grande cogumelo vermelho de suas raízes e, mostrando para os demais, falou com voz solene:

Eu tive um pesadelo! Eu vi cogumelos gigantes e vermelhos como este inundarem os céus. E todo nosso mundo foi ferido mortalmente.

Todos ficaram em silêncio, pois os duendes davam muito valor aos sonhos. Recordou também que, deste dia em diante, eles olhavam para os grandes cogumelos vermelhos com receio, como quem está vendo uma maldição.

Naquela tarde, o homem chegou mais cansado e quase não falou. Sentou-se ao pé da árvore, encostou suas mãos ressequidas no caule queimado e começou a sussurrar uma prece engasgada em sua garganta:

Grande Mãe! Por que permitiste a geração de monstros em teu seio? Por que deixaste o mal avançar tanto nos teus domínios? Poderia tê-los detido e não o fizeste. Poderias ter evitado a morte de seus outros filhos, como os duendes, as árvores e os animais. Mãe! Por que poupaste a mim e a esta minha amiga sofrida? Escuta minha prece! Conceda-nos a morte para não assistirmos a mais um dia deste teu desalento. Tenha piedade destes pobres que sobreviveram à desgraça que um dos teus filhos criou e livra-nos de mais um dia de vida neste inferno. Mãe! Escuta a súplica deste teu filho.

 A árvore ouviu a prece e sentiu que o estranho era bom. Ela tentou consolá-lo e um pedaço de galho seco caiu bem ao lado do estranho. Ele abraçou a árvore, fechou os olhos e desejou, do fundo do seu coração, que a morte os levasse, para bem longe daquele inferno. Assim ficaram, em silêncio, por várias horas, até que os primeiros pingos grossos de chuva quente começaram a cair na terra ressequida. O estranho abriu os olhos e olhou para o céu! Lá em cima, o antigo sol estava se pondo e a imagem de uma lua esbranquiçada apareceu no firmamento. O estranho apertou com mais força a sua amiga e entendeu que a Mãe escutara sua prece.



Célio Pezza - colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Tumba do Apóstolo. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza

Ninho vazio. Síndrome ou oportunidade? Cada vez mais os ninhos vazios viram renda extra para pais





 O Dia das mães está chegando e o Airbnb tem se tornado um aliado às mães que estão sentindo o ninho vazio. Depois que os filhos saem de casa, os pais tendem a sentir a falta do movimento em casa, de cuidar, conversar e fazer atividades rotineiras juntos. Se o presente que a sua mãe quer é ter a casa sempre cheia, o Airbnb é um canal, que tem transformado a vida de muitas mulheres. Além de gerar uma renda extra, o Airbnb proporciona uma função melhor para aquele quarto que traz nostalgia aos pais, alugando por temporada. Pessoas de diversas culturas e lugares podem fazer parte da rotina de sua mãe, alem de ganhar um dinheiro extra alugando o quarto recém vazio: um anfitrião do Airbnb ganha em média na Alemanha 1.800 euros por quarto.

Não importa quando os filhos saem de casa, o sentimento sempre é o mesmo, mas em uma pesquisa, foi notado que cerca de 24% dos jovens adultos (de 25 a 34 anos) ainda moram com os pais sendo 60% homens e 40% mulheres, segundo dados do IBGE.

Na Europa notamos que esse movimento, por questões culturais, é diferente. Um em cada dois jovens de 23 anos ainda moravam na casa de seus pais, segundo a Federal Statistical Office. No entanto, apenas uma em cada três mulheres de 23 anos ainda viviam casa dos pais. Pelos padrões europeus, os jovens adultos na Alemanha saem de casa relativamente cedo, os homens, no entanto, saem de casa mais tarde do que as mulheres.

Mas na Croácia e Eslováquia a plataforma percebeu que há uma movimentação diferente, em média, os jovens adultos tem mais de 32 anos de idade, quando eles decidem procurar sua própria casa. No Sul da Europa, o "Hotel da Mamãe" também continua muito popular: italianos começam a procurar seu próprio canto em uma idade média de 31, 32 anos (mulheres italianas em 28, 29 anos) e espanhóis em 29 anos (mulheres espanholas em 28,2 anos) .

Já os alemães tem em média 23 anos de idade quando saem de casa (os homens com 24 anos e as mulheres com 22 anos), que é abaixo da média europeia. Apenas escandinavos sentem um impulso ainda mais forte para serem independentes e deixarem a sua casa-mãe para trás em seus 20 e poucos anos (suecos têm, em média, 20 anos, dinamarqueses em 21 anos e as mulheres dinamarquesas têm 20 anos).

Os anfitriões do Airbnb convidam o mundo para sua casa
No Brasil o Airbnb analisou anfitriões com mais de 60 anos edescobriu que já hospedaram mais de 28 mil pessoas, fazendo uma renda média de 5.300,00 dólares por ano pelo Airbnb. As razões podem ser de natureza financeira - algumas hospedagens do Airbnb são usados para complementar a renda.



*** Fonte: Estimated average age of young people leaving the parental home, as of 12.08.2015: http://appsso.eurostat.ec.europa.eu/nui/show.do


Sobre o Airbnb

Fundado em agosto de 2008 e sediado em São Francisco, na Califórnia, o Airbnb é um marketplace que administra uma comunidade confiável para que as pessoas anunciem, descubram e reservem espaços diferenciados pela Internet (via computador, tablets ou por celular). Seja um apartamento por um dia, um castelo por uma semana, uma vila por um mês, o Airbnb conecta pessoas em experiências de viagem únicas, a qualquer faixa de preço, em mais de 34.000 cidades e 191 países. Com serviços globais de atendimento a clientes e uma comunidade de usuários crescente, o Airbnb é a solução para as pessoas monetizarem seus espaços extras e mostrá-los a uma plateia de milhões de pessoas.

Mães com múltiplas jornadas






Em 2016, no Brasil, a presença de mulheres em cargos de CEO aumentou de 5% a 11% em relação ao ano anterior, segundo pesquisa International Business Report (IBR)

A cada dia a mulher veem se destacando nas organizações, principalmente em cargos de alto escalão. A maternidade e a vida familiar já não são considerados empecilhos para o desenvolvimento da carreira. Conforme dados do Governo Federal, 40% dos lares brasileiros são comandados por mulheres. “Esses dados são um marco histórico na nossa sociedade porque mostram que tem diminuído a diferença salarial entre os gêneros”, afirma Neusa Pereira Bojikian, professora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina (FASM).

No Brasil, diferentemente de Estados Unidos, Papua-Nova Guiné e de outros países na Oceania, as mulheres têm o direito à licença maternidade sem qualquer prejuízo da respectiva remuneração, assegurado por lei (Artigo 7o, Constituição Brasileira de 1988).

Apesar da cláusula trabalhista representar um avanço e proporcionar ganhos à sociedade de um modo geral, garantindo o bem-estar físico e mental das mães e bebês, o período da licença acaba gerando custo adicional às empresas com a substituição das licenciadas e com isso possíveis indisposições em relação às mulheres, e isso ainda é um problema para as mulheres no mercado de trabalho, ressalta a professora.

A especialista destaca que mesmo com um avanço considerável, um dos problemas que as mulheres ainda enfrentam nas corporações é a falta de reconhecimento profissional. "Alguns colegas ou mesmo chefes acabam direcionando projetos de maior escopo para pessoas do sexo masculino”.  

Fazendo um balanço, a professora destaca que mesmo com existência de dificuldades, a mudança de comportamento na sociedade deu origem as mães que são profissionais dedicadas e que encaram as múltiplas jornadas primeiramente por necessidade financeira ou motivadas à construção de uma carreira profissional repleta de conquistas. “Com isso, essas mulheres se tornam mais engajadas, produtivas e acabam conciliando relativamente bem a vida profissional e a maternidade” - afirma a coordenadora.

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