A visita anual ao médico oftalmologista pode ajudar a prevenir a perda irreversível da visão
Causa de grande
parte das cegueiras definitivas que poderiam ter sido evitadas no panorama
global, o Glaucoma é uma doença sem cura, que afeta o nervo óptico e impacta
cerca de 2% da população brasileira acima dos 40 anos, de acordo o Ministério
da Saúde, o que equivale a 1,5 milhão de pessoas. O número de brasileiros
portadores da condição, no entanto, tende a ser muito maior do que apontam as
estatísticas atuais, devido à baixa identificação dos casos, o que tem
preocupado instituições da área, como o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Segundo a
Associação Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB), nos próximos 15 anos,
a projeção é que 112 milhões de pessoas tenham Glaucoma, por fatores
relacionados à expectativa de vida cada vez mais elevada no panorama mundial e
o uso prolongado de medicamentos.
De acordo com o
médico da área de Oftalmologia da rede AmorSaúde, Dr. Heitor Piccinini Neto, o
Glaucoma causa cegueira por se tratar de uma degeneração nervosa. “O Glaucoma é
uma doença que evolui aos poucos degenerando os nervos e, uma vez que conclui
esse processo, não é possível recuperar as funções das terminações nervosas
deterioradas. Quando a lesão é detectada, geralmente o problema já está um
pouco avançado. Nesse ponto, o tratamento é iniciado para controle ou
diminuição da progressão”, explica o profissional da maior rede de clínicas
médico-odontológicas do Brasil.
O profissional
explica que existem maneiras de prevenir o Glaucoma, o que envolve o
acompanhamento oftalmológico. “É importante que as pessoas realizem uma
consulta oftalmológica por ano, pelo menos, na qual é possível detectar
eventuais problemas de fundo de olho e, assim, realizar procedimentos
complementares. Para as pessoas que têm histórico familiar, há exames de rotina
adicionais, como retinografias, para deixar anotado o tamanho da escavação do
nervo; paquimetria e campo visual”, aconselha o médico.
Como é feito o diagnóstico
O Glaucoma é
diagnosticado em consulta, a partir da realização de exames com médicos
oftalmologistas. Conforme aponta o Dr. Henrique, é recomendada a realização de
consultas periódicas com profissionais da área, para que possam realizar os
exames-diagnósticos, mas há alguns sintomas que podem indicar que é hora de
buscar ajuda médica, pois a doença existe e está avançando no organismo do
paciente. “O glaucoma é uma doença progressiva e costuma dar dor ocular,
dificuldade visual e vermelhidão ocular”, detalha.
O diagnóstico inicial é realizado por meio do exame feito na parte do fundo dos olhos dos pacientes e ratificado com o auxílio de exames complementares, dentre os quais estão: campo visual, espessura da córnea, pressão intraocular, fundoscopia e retinografia. “Existem vários exames que podem ser associados ao diagnóstico de glaucoma. Inclusive, hoje em dia, a gente tem o OCT, que é a Tomografia de Coerência Óptica, que, quando feita do nervo oftalmológico, fornece resultados precisos no seguimento do glaucoma”, indica o profissional.
Fatores de risco para o desenvolvimento do Glaucoma
Ninguém está livre de desenvolver a doença, mas há fatores de risco, entre eles histórico familiar da doença, idade e algumas condições oftalmológicas. “Entre os principais fatores de risco estão a miopia e a idade acima de 70 anos”, diz o médico, citando ainda que a hipermetropia alta também representa um risco maior para glaucoma de ângulo fechado.
No caso das pessoas
70+, o envelhecimento natural do olho afeta a produção do humor aquoso, líquido
incolor que preenche as câmaras oculares, sendo responsável por manter a saúde
e a transparência dos olhos. “O vítreo, gel que dá sustentação ao nosso olho,
começa a ficar mais liquefeito, então começa a circular mais o humor aquoso e o
humor vítreo, o que aumenta a pressão intraocular”, descreve o médico da área
de oftalmologia.
Em relação à
pressão intraocular elevada, o médico ressalta que há pacientes que são hipertensos
oculares, mas que não apresentam alteração na camada de fibra nervosa e no
nervo oftalmológico. “Nesses casos, é feito o controle da pressão intraocular,
mas com mais tranquilidade, pois o paciente não está tendo lesão da fibra do
nervo, ou seja, não é glaucoma. Existem também pacientes que têm escavação no
nervo, a distância aumentada dos vasos do nervo, e isso faz com que seja uma
suspeita para glaucoma. Aí, os exames vão ajudar na parte do diagnóstico”,
explica.
Como é o tratamento para o Glaucoma
O tratamento
contra a doençavisa controlar a pressão intraocular e prevenir danos adicionais
ao nervo óptico, sendo feito por meio de medicamentos, como colírios, e/ou
cirurgias. “O acompanhamento ideal do paciente de glaucoma é, pelo menos, a
cada seis meses depois de estabilizado, para o profissional saber quais
medicações estão em uso e para verificar se não tem interação medicamentosa
entre os remédios dos quais o paciente faz uso”, explica.
Segundo o
profissional, o uso contínuo de colírios faz parte da vida do paciente com
Glaucoma. “Os colírios servem para diminuir a pressão do olho, ou seja,
para melhorar a reabsorção do humor aquoso ou diminuir a produção”, fala Dr.
Heitor, citando também alguns efeitos colaterais do medicamento. “Os colírios
são químicos fortes, então podem provocar vermelhidão nos olhos, a hiperemia
ocular, incentivar o crescimento dos cílios e resultar no escurecimento na
parte palpebral”, descreve.
Caso o paciente
tenha piora ou crise aguda, dr. Heitor fala que existem medicações para
controle, como manitol e acetazolamida, assim como cirurgias. “Não estamos
falando da cura do glaucoma e sim de cirurgias que auxiliam a controlar a
pressão do olho. Por exemplo, o paciente está usando os quatro tipos de colírio
e, mesmo assim, a pressão do olho não diminui. Nesse caso, a cirurgia filtrante
pode auxiliar. Mas não é uma cura; é um tratamento”, explica.
Se o tratamento
não seja realizado, a consequência é a perda irreversível da visão. “A parte
principal de não tratar o glaucoma é a pessoa ficar com cegueira e isso é muito
triste. Se a pessoa espera muito tempo e, quando vai fazer o tratamento, ela já
está cega, esse é um quadro irreversível”, atesta o profissional.