Como será para o agronegócio brasileiro, especificamente
para a região Sul, enfrentar desafios referentes à economia, às políticas
públicas e ao clima em 2023, diante das expectativas do novo governo
Durante
o início do ano passado, o Sul do país sofreu com a forte estiagem e inúmeros
prejuízos provocados pelo período de seca. Frente a uma pesquisa feita pela
Agência Brasil, 138,8 mil propriedades do Rio Grande do Sul foram afetadas com
a estiagem de janeiro de 2022, deixando mais de 5 mil famílias sem acesso à
água e 96 municípios em decreto confirmado de situação de emergência.
As
safras de milho e soja de 2022/2023 no estado do Rio Grande do Sul estão sendo
acometidas pela estiagem. Segundo dados da Rede
Técnica Cooperativa, RTC/CCGL, os prejuízos de quebra de safra, neste mês
de janeiro, totalizaram 53%, se comparados à expectativa inicial de produção;
no mês passado, os prejuízos alcançaram os 42%. Infelizmente, e até agora, 11%
da área destinada à soja ainda não foi semeada e a área semeada, que compreende
15%, ainda não foi emergida, consequência resultante da falta de chuva, com a
ausência de solo adequado para a semeadura, desenvolvimento e estabelecimento
da cultura.
A
ocorrência desses extremos afeta seriamente o setor agro da região. A colheita
de grãos, por exemplo, sofre com a redução de safra quando a estiagem a
alcança, tal qual as milhares de toneladas que deveriam ser colhidas. Já com as
chuvas, as regiões de colheitas ficam alagadas e o solo encharcado,
impossibilitando os produtores de entrarem com suas máquinas nas lavouras.
Situações como essas são um imperativo para os representantes brasileiros
acordarem com o novo governo tratativas quanto a um auxílio de crédito
emergencial, para que os produtores e cerealistas retomem a rotina de safra com
normalidade e recuperem sua fonte de renda.
Frente
a uma pesquisa realizada pela Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, os grãos de soja lideraram as
vendas externas em 2022, somando US$46,6 bi em receita, o que sugere 20,8% a
mais do que os resultados de 2021, vendendo, principalmente, para a China
(31,9% dos embarques), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%). No
entanto, entre janeiro e dezembro de 2022, os maiores aumentos registrados nas
exportações foram os da índia (128,3% +), Irã (121,7% +) e Japão (66,3% +).
Estes
resultados permitiram ao agro brasileiro fechar 2022 com exportações recordes
que somaram US$159,1 bi e um crescimento de 32% frente aos resultados obtidos
no ano anterior e o maior superávit já computado, totalizando US$141,8 bi.
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, instituição do governo
brasileiro que cuida do agronegócio, tem a função de gerir políticas públicas
de estímulo e incentivar o agro a regular e normalizar todos os serviços
vinculados ao setor.
Como
setor essencial, o agronegócio brasileiro é mantido em ascensão, com
abastecimento garantido, por meio das especificidades deste ministério,
especificamente. O atual governo, através do ministro da Agricultura e
Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar,
Paulo Teixeira, desejam focar este primeiro ano na produção e comercialização
de alimentos. Ambos os ministérios conversam com o objetivo de compartilhar
orçamento para políticas públicas de apoio à comercialização da produção
nacional e ao desenvolvimento da produção dos pequenos e médios produtores.
Como
suporte ao agronegócio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é
de vital importância para o setor, pois além de integrar o poder executivo,
também é responsável pela segurança alimentar não só do Brasil, como de
inúmeros países do mundo. Ainda de acordo com a CNA, o agronegócio, hoje,
representa 20% do PIB brasileiro; isso equivale a R$1,55 Tri e significa
influência e importância diretas retidas na economia do país. Também é
responsável por 10% da exportação de produtos agrícolas a nível mundial, pois
foi considerado o maior exportador e produtor de soja em grãos e o terceiro
maior exportador e produtor de milho do mundo.
Políticas públicas para o setor do agronegócio
O
Brasil mantém no setor do agronegócio a alavanca para o seu desenvolvimento
econômico, garantindo o abastecimento do mercado interno, gerando e expandindo
ainda mais exportações, empregos, renda, energia e divisas, o que resulta no
estímulo de crédito ascendente, e projetando o Brasil à frente da economia.
Quando
desafios acontecem, o Ministério interpela as ocorrências diminuindo os
entraves que possam dificultar o desenvolvimento do setor. Este é o desafio da
Federação, além do embate com o clima, das limitações referentes à manutenção
do financiamento, das compras governamentais e do investimento público. São os
pontos responsáveis por deixar o agro brasileiro, principalmente da região Sul
do país, com um pé atrás com esse novo governo e com um grande receio quanto
aos próximos passos que o país dará, em continuidade às exportações e
comercialização dos grãos cultivados e colhidos em terras locais.
Há
uma maneira de melhorar as relações entre o agronegócio e o governo atual e tem
relação direta com o ato de clarear o trabalho em conjunto com as políticas
públicas que objetivem deixar as empresas do setor em evidência. Como manobra,
esta decisão pode ser considerada inteligente, já que o agro é uma grande parte
segmentada da economia brasileira, com aberturas consideráveis ao mercado
externo. Outra discussão levantada tem relação à tributação das exportações no
setor. Em suma, são as políticas públicas que determinarão o relacionamento do
agro, e consequentemente do homem do campo, com o governo. As próximas esperas
têm relação direta com a autonomia da política agrícola no país e de como a
gestão do agro agregará esses extremos - relações entre governo e lideranças do
agro.
Segundo
uma pesquisa feita pela Revista Exame, o setor agro espera um aumento de
produção de 10% e um crescimento de 0,6% do PIB nacional, em 2023. Isto deverá
ocorrer por meio do incentivo às ações privadas, de investimentos no setor e da
economia aquecida. No entanto, o maior desafio para 2023 será acumular esforços
com o objetivo de continuar o desenvolvimento do agro tecnologicamente.
Tecnologias
funcionais que impactam o mercado agrícola consagram-se como uma vertente
importantíssima no setor do agronegócio. A inovação de novas funcionalidades
garante a eficiência na produção, melhorando a rastreabilidade, a
sustentabilidade e a qualidade de grãos e produtos comercializados.
O
futuro do agronegócio é promissor e significativo, o que faz com que a garantia
ininterrupta do funcionamento do setor seja uma importância que, sem sombra de
dúvida, deve ser mesclada aos interesses do novo governo e aos investimentos
tecnológicos no setor.
Cristian Dias -formado em Agronegócio, Head comercial e de negócios na Agroraiz 360.
Nota: questões geopolíticas e outras linhas “polêmicas” não foram levadas em consideração, porque trazem nuances além da capacidade dos autores.