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sexta-feira, 10 de março de 2023

Ciclo menstrual, gestação e menopausa podem afetar labirinto

Alterações hormonais podem resultar no comprometimento do equilíbrio dos fluidos labirínticos, afirma especialista do HP

 

Localizado na porção mais interna do ouvido, o labirinto é um dos principais órgãos responsáveis pelo equilíbrio corporal, trabalhando em conjunto com o sentido da visão e a propriocepção (capacidade do corpo de perceber e reconhecer a posição, movimento e orientação de seus membros, sem precisar da visão). 

As variações hormonais femininas podem ter uma relação com as doenças labirínticas, que afetam o equilíbrio e a audição. Durante o ciclo menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona podem afetar o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, e a cóclea, responsável pela audição. 

Conforme o otorrinolaringologista do Hospital Paulista Dr. Ricardo Dorigueto, as principais doenças do labirinto que podem ser influenciadas pelo controle hormonal feminino são Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), um distúrbio da orelha interna que causa crises de vertigens desencadeadas por determinadas mudanças na posição da cabeça; e doença de Ménière, caracterizada por ataques recorrentes de vertigem espontânea, perda de audição e zumbido. Essa última ocorre devido ao aumento da pressão dos líquidos da orelha interna.

Especificamente nas mulheres, segundo ele, as alterações hormonais que ocorrem no ciclo menstrual, gestação e menopausa podem resultar no comprometimento da homeostase (equilíbrio) dos fluidos labirínticos, agindo diretamente nos processos enzimáticos e na atuação de neurotransmissores.

“Os nossos hormônios atuam em todo nosso corpo e, claro, que uma mudança nos seus níveis pode acarretar sintomas num órgão tão sensível quanto o labirinto”, explica o médico.

Artigo publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia corrobora com a tese, ressaltando que, no ciclo menstrual regular, ocorrem variações nos níveis de hormônios esteroides ovarianos, estrógeno e progesterona, conforme as fases do ciclo.

“No labirinto, temos um líquido que precisa estar bem equilibrado na quantidade de suas substâncias para o bom funcionamento do ouvido. E é exatamente aí que o hormônio atua e, em algumas pessoas, pode desencadear sintomas de instabilidade, sensação de cabeça vazia ou como se andasse flutuando, além de zumbido e intolerância aos sons”, ressalta Dr. Dorigueto.

Esses sintomas, relacionados ao ciclo menstrual e à gravidez, se devem em geral à progesterona que leva a um aumento de água e sódio, podendo gerar um aumento da pressão dentro do labirinto e causar sintomas parecidos com a síndrome de Ménière, assim como as alterações hormonais, particularmente durante a menopausa, aumentam a incidência de VPPB em mulheres. A provável fisiopatologia, segundo o especialista, está relacionada aos receptores de estrogênio na orelha interna.
 

“Devido à retenção de sódio e à hipertensão endolinfática, é na fase lútea (última fase do ciclo menstrual) que podem ser observados quadro de hidropisia labiríntica” afirma o médico.

O especialista finaliza destacando que, como é comum confundir as doenças do labirinto, é necessário que o paciente realize uma consulta com um otorrinolaringologista para garantir o correto diagnóstico e tratamento adequado.



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia

O que define uma doença neurológica ser rara?

Neurologista explica sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoce

 

O que define uma doença neurológica ser rara? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças raras são definidas a partir da quantidade de pessoas diagnosticadas. Isso quer dizer que se a cada 100.000 pessoas, 65 indivíduos são afetados, ela já pode ser definida como rara. Em 2018, através da Portaria nº 199/2.014, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, que são caracterizadas por uma ampla diversidade de sinais e sintomas, que variam de enfermidade para enfermidade, assim como de pessoa para pessoa afetada pela mesma condição, o que dificulta o diagnóstico e consequentemente o tratamento.

“De modo geral, quando falamos em doenças raras, é natural pensar em doenças geneticamente determinadas, mas não exclusivamente. Eu gosto sempre de lembrar que existem doenças raras que não são genéticas, principalmente as doenças inflamatórias e desmielinizantes do Sistema Nervoso Central, que se encaixam como doenças raras e são passíveis de tratamento”, afirma Dr. Rafael Paterno, neurologista na Clinica EV CITI em São Paulo, pertencente ao Grupo CITA – Centros Integrados de Terapia Assistida.

A Esclerose Múltipla (EM), no Brasil, pode ser considerada uma doença rara, principalmente na forma Primariamente Progressiva. Para o diagnóstico de Esclerose Múltipla Progressiva são utilizados critérios específicos que levam em conta os sintomas, exames de imagem e a análise do líquor (líquido extraído através de uma punção na coluna lombar), com a pesquisa de marcadores específicos. “A forma progressiva da EM pode se manifestar com sintomas motores de lenta evolução, geralmente em um adulto jovem ou de meia idade. Na forma mais comum, que chamamos de Remitente Recorrente, o paciente pode apresentar episódios de sintomas neurológicos passageiros, que desaparecem depois de alguns dias e podem voltar a aparecer em outros momentos”, afirma. “Para a forma Remitente Recorrente existem diversos tratamentos aprovados, alguns há mais de 20 anos. A novidade é a possibilidade de tratamento medicamentoso para a forma progressiva, que é um acontecimento relativamente recente”, reforça Dr. Rafael Paterno.

Uma outra doença que é rara e não é de origem genética é a Mielopatia associada ao vírus HTLV-1, também conhecida como paraparesia espástica tropical (TSP).  Nessa doença, o vírus causa alterações imunológicas que levam a uma doença crônica e progressiva que afeta principalmente a medula espinhal, levando a rigidez e fraqueza das pernas e dificuldades para controle da urina. Ela é prevalente em certas regiões geográficas específicas, como Japão, Caribe e alguns países africanos. “Não existem tratamentos medicamentosos comprovados e comercialmente disponíveis para essa doença, e o acompanhamento por especialistas é essencial para o melhor direcionamento do cuidado de acordo com a necessidade de cada paciente”, comenta.

Um exemplo clássico de doença rara de origem genética que afeta o Sistema Nervoso é a Adrenoleucodistrofia Ligada ao X (ADL).  “É uma doença que em sua forma clássica leva a diversas alterações neurológicas importantes, não costuma passar despercebida. Ela causa atraso de desenvolvimento, alterações progressivas de visão, audição e uma deterioração da capacidade motora com dificuldade para caminhar”, afirma o neurologista da Clínica EV CITI em São Paulo. A ADL também pode levar insuficiência adrenal, que consiste na deficiência da produção hormonal pelas glândulas adrenais e é diagnosticada através de exames de imagem e da dosagem no sangue dos Ácidos Graxos de Cadeia Muito Longa. A doença pode ser tratada, quando diagnosticada precocemente, com transplante de medula óssea.

O método de diagnosticar as doenças são bem diferentes, algumas dependem de imagem, outras de biomarcadores no sangue ou no líquor. “O mais importante é lembrar que os pacientes devem procurar um profissional especialista para fazer o diagnóstico’, finaliza.

 

Dr. Rafael Paterno - especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia e atende na clinica EVCITI em São Paulo, pertencente ao Grupo CITA – Centros Integrados de Terapia Assistida.

 

Fratura peniana: posição sexual mais comum, entre os brasileiros, pode ser a mais problemática

Estudo brasileiro demonstrou que pelo menos 50% das fraturas penianas ocorrem a partir de uma posição sexual específica. Ao longo do tempo, a fratura pode se agravar e provocar riscos para a saúde sexual do homem.

 

Segundo estudo brasileiro que reuniu pesquisadores da Unicamp e PUC Campinas, a posição em que a mulher está acima do homem, na relação sexual, é responsável por 50% das fraturas penianas. 

Os urologistas publicaram o estudo na revista internacional Advances in Urology, publicação renomada e especializada nas áreas de urologia, andrologia, disfunção erétil, entre outras questões de fisiologia urológica. 

Os pesquisadores acompanharam 44 casos ao longo de 13 anos (entre 2000 e 2013). O tempo nesse tipo de estudo é fundamental, pois o desenvolvimento de fraturas no pênis é progressivo e está associado ao jeito em que a penetração é realizada. 


Como ocorre a fratura peniana? 

A fratura peniana é, basicamente, um rompimento abrupto dos corpos cavernosos do pênis. É uma espécie de trauma que acontece quando o membro está ereto e sofre um impacto repentino. 

Ou seja, durante a relação sexual ou até mesmo na masturbação, quando o pênis escapa e sofre um movimento de “dobra”. 

Especialistas e estudos demonstram que as fraturas são casos raros e que estão associadas a movimentos muito fortes ou rápidos demais, situações que facilitam o escape do pênis. 

Quando os movimentos são muito intensos, os riscos de rompimento da túnica albugínea são maiores e podem resultar na fratura peniana. A túnica é uma camada de tecido conjuntivo que está diretamente associada às regiões fibrosas e nervosas do pênis.

 

Quais posições sexuais são mais propensas para a fratura no pênis?

É importante ressaltar que, embora o estudo chame atenção para posições sexuais que são mais propensas a causar fraturas ou microtraumas no pênis, não há contra indicação para que elas sejam realizadas. 

O alerta dos especialistas vai no sentido de que qualquer sensação anormal deve ser avaliada por um médico e os homens não precisam esconder isso. Uma fratura peniana, caso não seja identificada e tratada corretamente, pode gerar outros problemas como disfunção erétil e, em casos mais graves, pode desenvolver a Doença de Peyronie.

 

Confira quais posições foram notadas como principais causadoras de lesões no pênis:
 

De quatro

A posição em que a parceira fica em quatro apoios apareceu em segundo lugar, com 28,6% das causas de traumas no pênis.


Homem por cima

A posição sexual em que o homem fica por cima da parceira, ou parceiro, segue com 21,4% das causas. É uma das posições mais populares e preferidas no sexo brasileiro.


Masturbação

A masturbação não é necessariamente uma posição sexual, mas também pode ser realizada quando o homem está acompanhado. 

A depender de como o membro é manipulado e estimulado, pode provocar fraturas no pênis, correspondendo a 14,3% das causas do estudo.
 

Como saber se o pênis está fraturado?

Homens que sofrem com a fratura costumam relatar dores intensas e bastante inchaço. No momento em que a fratura acontece, há relatos de barulho forte. 

O trauma provocado pela fratura pode gerar uma cicatriz profunda nas fibras do pênis, ou seja, forma fibroses que se não passarem por tratamento adequado podem causar o entortamento, diminuição e afinamento do pênis.
 

Quais os tratamentos para fratura peniana? 

Há diferentes possibilidades de tratamento para os casos de fratura. E cada indicação pode variar de acordo com o estágio da fratura e se ela está acompanhada de impotência, fibroses graves, afinamento ou perda de calibre do membro. 

Há opções clínicas com ingestão de medicamentos em comprimido para recuperar a função fisiológica e sexual do pênis. 

Para casos mais graves, a intervenção cirúrgica é mais recomendada para recuperação do formato e reconstrução do pênis (o que, inclusive, é indicado por especialistas antes da inserção de prótese peniana, caso ela seja recomendada).

 

 

Endocrinologista alerta para consequências da ingestão de Ozempic sem indicação médica

Conhecido comercialmente como Ozempic, esse medicamento possui um princípio ativo chamado semaglutida que controle os níveis de açúcar no sangue.

 

Apesar de ter sido criado para ser usado no tratamento de diabetes tipo 2 que ainda não está controlada, a droga apresenta um efeito de emagrecimento considerável em obesos. Por isso, começou a ser usado para este fim também, muitas vezes sem acompanhamento profissional. 

No entanto, sua ingestão nunca deve ser realizada sem indicação e acompanhamento médico, alerta Dra. Thais Mussi, endocrinologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). 

"É importante frisar que existem pessoas alérgicas à semaglutida e outras substâncias contidas no Ozempic. Sendo assim, como todo medicamento, é preciso atenção antes de indicar ou ingerir”, alerta a médica.

 Em relação aos efeitos colaterais, Dra. Thais destaca algumas questões digestivas. Por exemplo: “cerca de uma em cada 10 pessoas apresenta problemas como diarreia, vômitos e enjoos, mas com uma duração bem curta", detalha.


Uso do Ozempic com álcool e anticoncepcionais
 

Como a medicação é muito usada em pacientes diabéticos, é importante evitar ou consumir álcool com moderação. Álcool pode causar hipoglicemia ou hiperglicemia em pacientes com diabetes. A hipoglicemia ocorre mais frequentemente durante agudos do consumo do álcool. Mesmo pequenas quantidades podem baixar o açúcar no sangue de forma significativa, especialmente quando o álcool é ingerido com o estômago vazio ou após o exercício. 

Associado ao Ozempic, o risco pode ser maior, ainda mais se o paciente estiver usando outras medicações que abaixem a glicemia como insulina. Por outro lado, abuso crónico de álcool pode causar intolerância à glicose, ganho de peso e hiperglicemia. “E se o uso da medicação é para perder peso, como o álcool é muito calórico, devemos evitar seu consumo em excesso para obter o resultado desejado do uso da medicação, que é a perda de peso. O consumo moderado de álcool, geralmente, não afeta os níveis de glicose no sangue em doentes com diabetes controlada.” Explica a endocrinologista.

Segundo pesquisas, o Ozempic não interfere em outras medicações, como anticoncepcionais. Não há relatos sobre diminuir efeitos do anticoncepcional, mas sempre que a mulher emagrece a sua fertilidade aumenta e a chance de engravidar também, caso não esteja se protegendo adequadamente."De qualquer forma, conversar com o médico sobre a combinação de medicamentos é sempre essencial", aconselha.

 

Alerta sobre quem NÃO pode usá-lo 

“Esse medicamento não é indicado, realmente, para pessoas com diabetes tipo 1 e pessoas com cetoacidose diabética -- que é uma complicação aguda da diabetes mellitus tipo 1”, frisa a médica. 

Ela chama à atenção, também, os pacientes que apresentem histórico familiar de um tipo de câncer chamado carcinoma medular de tireoide (CMT) ou da síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM2). “Nesses casos, é importantíssimo entender com o seu médico se o Ozempic pode ser usado", ressalta.

Outra questão frisada pela endocrinologista é a necessidade de deixar bastante claro que o Ozempic não é insulina. Ou seja, essa medicação nunca deve ser usada como um substituto dessa substância no tratamento de diabetes.

 

DRA. THAIS MUSSI -Crm 27542-PR 118942-SP RQE 373 . Formada em medicina para Universidade do Vale do Itajaí (Univali); Residência em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Residência em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Membro titulado da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e  Membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV); Pós-graduação em Nutróloga pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); Médica integrante da C.A.S.A Sophie Deram- centro de aconselhamento em saúde alimentar.

 

Testosterona e câncer de próstata: qual é a verdadeira relação?

A testosterona é um hormônio sexual masculino produzido pelos testículos que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e manutenção de características sexuais masculinas, como o crescimento 

muscular, a densidade óssea e a regulação da libido.

 

O médico especialista em medicina laboratorial e pós-graduado em nutrologia Dr. Roberto Franco do Amaral explica que o câncer de próstata é um tipo de câncer que se desenvolve na próstata, glândula localizada abaixo da bexiga masculina. É uma doença complexa e multifatorial, ou seja, é influenciada por diversos fatores de risco, incluindo idade, história familiar, estilo de vida e exposição a agentes cancerígenos. Entre os principais motivos que podem desencadear um câncer na próstata estão:

 

  1. Idade: O câncer de próstata é uma doença que se desenvolve principalmente em homens mais velhos, sendo raro em homens com menos de 40 anos.

 

  2. História familiar: Homens com pai ou irmão que tiveram câncer de próstata apresentam um risco aumentado de desenvolver a doença, principalmente se o diagnóstico ocorreu em idade precoce.

 

  3. Genética: Mutação em genes específicos, como BRCA1 e BRCA2, estão associados a um maior risco de câncer de próstata.

 

  4. Obesidade: A obesidade pode estar associada a um risco aumentado de câncer de próstata avançado e agressivo.

 

  5. Dieta: A dieta rica em gorduras saturadas e pobre em frutas, verduras e legumes pode aumentar o risco de câncer de próstata.

 

  6. Sedentarismo: A falta de atividade física pode estar relacionada a um maior risco de câncer de próstata.

 

  7. Exposição a agentes cancerígenos: A exposição ocupacional a agentes cancerígenos, como radiação e alguns produtos químicos, pode aumentar o risco de câncer de próstata.

 

  8. Inflamação crônica: A inflamação crônica da próstata pode aumentar o risco de câncer de próstata. 

É importante ressaltar que muitos homens que desenvolvem câncer de próstata não apresentam nenhum fator de risco conhecido, o que reforça a importância de se realizar exames de rotina para detecção precoce da doença. 

 

O Dr. Roberto Franco do Amaral comenta que, por muito tempo, acreditou-se que a testosterona poderia estimular o crescimento do câncer de próstata. Por essa razão, muitos médicos evitavam prescrever terapia de reposição hormonal com testosterona para homens com histórico de câncer de próstata ou com suspeita da doença.

 

No entanto, estudos mais recentes mostraram que a relação entre testosterona e câncer de próstata é mais complexa do que se pensava. Alguns estudos sugerem que níveis baixos de testosterona podem estar associados a um risco aumentado de câncer de próstata, enquanto outros estudos não encontraram relação entre testosterona e câncer de próstata.

 

De fato, atualmente, não há evidências sólidas de que a testosterona cause câncer de próstata. Em vez disso, a maioria dos especialistas concorda que o câncer de próstata é causado por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e hormonais.

 

No entanto, em homens que já tiveram câncer de próstata, a terapia de reposição hormonal com testosterona deve ser realizada com cautela e acompanhamento médico rigoroso, já que o tratamento pode estimular o crescimento de células cancerígenas residuais ou recorrentes.

 

“Por isso, é importante que os homens que têm histórico de câncer de próstata ou que apresentam sintomas como disfunção erétil, diminuição da libido ou baixa energia busquem o acompanhamento de um médico para avaliar a necessidade de terapia de reposição hormonal com testosterona e discutir os riscos e benefícios do tratamento.” Finaliza Roberto Franco do Amaral. 

 

Roberto Franco do Amaral - Diretor Médico da Clínica Franco do Amaral. Médico clínico geral.  

Graduação em Medicina pela Universidade Severino Sombra.


Saúde da mulher: 5 dicas para envelhecer bem e com qualidade de vida

No mês da mulher, a geriatra e nutróloga Mariana Carvalho explica a importância de pensar desde cedo em como envelhecer de maneira saudável

 

Envelhecer é inevitável e certamente melhor do que a alternativa. Chegar bem e com qualidade de vida na longevidade significa ter uma vida plena e satisfatória, mesmo com o avanço da idade. Isso implica em manter uma boa saúde física, mental e emocional, além de ter autonomia e independência para realizar atividades diárias.

 

Segundo a geriatra e nutróloga Mariana Carvalho, muitos fatores influenciam o envelhecimento saudável. “Alguns deles, como a genética, não estão sob nosso controle. Outros, como exercícios, uma dieta saudável, ir ao médico regularmente e cuidar de nossa saúde mental, estão ao nosso alcance”, diz.

 

De acordo com o estudo Tábulas de Mortalidade publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro de 2022, a expectativa de vida dos brasileiros que nasceram em 2021 é de 77 anos. Em comparação a 2020, aumentou em exatos 2 meses e 26 dias, quando registrou 76,8 anos. Os homens nascidos em 2021 podem chegar até os 73,6 anos, enquanto as mulheres que nasceram neste mesmo ano podem atingir, em média, os 80,5 anos.

 

Para a mulher envelhecer de maneira saudável, uma série de cuidados precisam ser tomados com a saúde física, mental e emocional. Entenda ações que podem ser tomadas para ajudar a gerenciar a saúde, viver o mais independente possível e manter a qualidade de vida à medida que envelhece.

 

Mexa-se: Exercício e atividade física

 

A atividade física é o ponto central do envelhecimento saudável. Ajuda a manter a saúde cardiovascular, muscular e óssea, além de melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças. Evidências científicas sugerem que as pessoas que se exercitam regularmente não apenas vivem mais, mas também podem viver melhor, o que significa que desfrutam de mais anos de vida sem dor ou incapacidade.

 

Embora tenha muitos outros benefícios, o exercício é uma ferramenta essencial para manter um peso saudável. Adultos com obesidade têm um risco aumentado de morte, incapacidade e muitas doenças, como diabetes tipo 2 e pressão alta. No entanto, mais magro nem sempre é mais saudável também. Ser ou ficar muito magro na velhice pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentar o risco de fratura óssea e, em alguns casos, pode ser um sintoma de doença. Tanto a obesidade quanto às condições de baixo peso podem levar à perda de massa muscular, o que pode fazer com que a pessoa se sinta fraca e facilmente desgastada.

 

À medida que as pessoas envelhecem, a função muscular geralmente diminui. Os idosos podem não ter energia para realizar as atividades cotidianas e podem perder sua independência. O exercício pode ajudar a manter a massa muscular à medida que envelhecemos e ajudar a viver mais e melhor.

 

Alimentação saudável: faça escolhas alimentares inteligentes

 

Como acontece com o exercício, comer bem não é apenas sobre o seu peso e pode até ajudar a melhorar a função cerebral. Alimentos ricos em proteínas, fibras e gorduras proporcionam uma sensação de saciedade maior que alimentos ricos em carboidratos. Isso acontece porque são digeridos lentamente, o que favorece a absorção do intestino. Com os alimentos ricos em carboidratos acontece o oposto, principalmente os refinados, que são pobres em fibras, têm alto índice glicêmico e ocasionam uma digestão acelerada.

 

O ômega-3, por exemplo, é um tipo de gordura poli-insaturada que tem sido associada a vários benefícios à saúde das mulheres. Essa gordura é importante porque o corpo humano não pode produzi-la, sendo necessário obter através da alimentação ou suplementação. Algumas fontes alimentares de ômega-3 incluem peixes gordos como salmão, sardinha e atum, além de sementes de chia, linhaça e nozes. No entanto, muitas pessoas não conseguem obter quantidades suficientes somente por meio da alimentação e podem precisar suplementar com cápsulas de óleo de peixe ou outras fontes. Mas qualquer tipo de suplementação deve ser feita sob orientação médica.

 

Tenha uma boa noite de sono

 

Dormir o suficiente ajuda a manter o corpo saudável e alerta e é importante para a memória e o humor. Não ter um sono de qualidade suficiente pode deixar a pessoa irritada, deprimida, esquecida e mais propensa a sofrer quedas ou outros acidentes. Além disso, dormir bem está associado a taxas mais baixas de resistência à insulina, doenças cardíacas e obesidade. O sono também pode melhorar a criatividade e habilidades de tomada de decisão, e até mesmo os níveis de açúcar no sangue.

 

Vá ao médico regularmente

 

Ir ao médico para exames de saúde regulares é essencial para um envelhecimento saudável. Nos últimos anos, os cientistas desenvolveram e aprimoraram testes laboratoriais, de imagem e biológicos que ajudam a descobrir e monitorar sinais de doenças relacionadas à idade. Alterações prejudiciais nas células e moléculas do corpo podem ocorrer anos antes da pessoa começar a sentir qualquer sintoma da doença. Os testes que detectam essas alterações e podem ajudar a diagnosticar e tratar doenças precocemente, melhorando os resultados de saúde. Visite o médico pelo menos anualmente e possivelmente mais, dependendo da sua saúde.

 

Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool

 

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool estão relacionados a diversas doenças crônicas e podem afetar negativamente a saúde física e mental. Não importa a idade ou há quanto tempo a pessoa tenha sido fumante, parar de fumar melhora a saúde. Já a dependência de álcool ou o consumo excessivo de álcool afeta todos os órgãos do corpo, incluindo o cérebro. Algumas pesquisas já revelaram que certas regiões do cérebro mostram sinais de envelhecimento prematuro em homens e mulheres dependentes de álcool. É importante ter consciência de quanto se está bebendo e os danos que a bebida pode causar.

 

“Cuidar de sua saúde física envolve permanecer ativo, fazer escolhas alimentares saudáveis, dormir o suficiente, limitar a ingestão de álcool e gerenciar pró-ativamente os cuidados de saúde. Pequenas mudanças em cada uma dessas áreas podem percorrer um longo caminho para apoiar o envelhecimento saudável”, conclui a médica.

 



Mariana Carvalho - Formada em Medicina pelo Centro Universitario do Estado do Pará (2015). Residência em Clínica Médica Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto (2018) e Geriatria pela Universidade Federal do Piauí (2022). Pós graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia - ABRAN (2019) e Adequação Nutricional e Manutenção da Homeostase
Prevenção e Tratamento de Doenças relacionadas à Idade pelo Centro Universitário Uningá (2021). Pós graduanda em Medicina e Nutrição aplicadas à Saúde da Mulher e Fertilidade. Atualmente trabalha como Geriatra e Nutróloga em São Paulo na clínica Maria Fernanda Tembra e em Teresina - PI no Instituto Performance e saúde. https://dramarianacarvalho.com.br

Saúde da mulher: 5 dicas para envelhecer bem e com qualidade de vida

No mês da mulher, a geriatra e nutróloga Mariana Carvalho explica a importância de pensar desde cedo em como envelhecer de maneira saudável

 

Envelhecer é inevitável e certamente melhor do que a alternativa. Chegar bem e com qualidade de vida na longevidade significa ter uma vida plena e satisfatória, mesmo com o avanço da idade. Isso implica em manter uma boa saúde física, mental e emocional, além de ter autonomia e independência para realizar atividades diárias.

 

Segundo a geriatra e nutróloga Mariana Carvalho, muitos fatores influenciam o envelhecimento saudável. “Alguns deles, como a genética, não estão sob nosso controle. Outros, como exercícios, uma dieta saudável, ir ao médico regularmente e cuidar de nossa saúde mental, estão ao nosso alcance”, diz.

 

De acordo com o estudo Tábulas de Mortalidade publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro de 2022, a expectativa de vida dos brasileiros que nasceram em 2021 é de 77 anos. Em comparação a 2020, aumentou em exatos 2 meses e 26 dias, quando registrou 76,8 anos. Os homens nascidos em 2021 podem chegar até os 73,6 anos, enquanto as mulheres que nasceram neste mesmo ano podem atingir, em média, os 80,5 anos.

 

Para a mulher envelhecer de maneira saudável, uma série de cuidados precisam ser tomados com a saúde física, mental e emocional. Entenda ações que podem ser tomadas para ajudar a gerenciar a saúde, viver o mais independente possível e manter a qualidade de vida à medida que envelhece.


 

Mexa-se: Exercício e atividade física

 

A atividade física é o ponto central do envelhecimento saudável. Ajuda a manter a saúde cardiovascular, muscular e óssea, além de melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças. Evidências científicas sugerem que as pessoas que se exercitam regularmente não apenas vivem mais, mas também podem viver melhor, o que significa que desfrutam de mais anos de vida sem dor ou incapacidade.

 

Embora tenha muitos outros benefícios, o exercício é uma ferramenta essencial para manter um peso saudável. Adultos com obesidade têm um risco aumentado de morte, incapacidade e muitas doenças, como diabetes tipo 2 e pressão alta. No entanto, mais magro nem sempre é mais saudável também. Ser ou ficar muito magro na velhice pode enfraquecer o sistema imunológico, aumentar o risco de fratura óssea e, em alguns casos, pode ser um sintoma de doença. Tanto a obesidade quanto às condições de baixo peso podem levar à perda de massa muscular, o que pode fazer com que a pessoa se sinta fraca e facilmente desgastada.

 

À medida que as pessoas envelhecem, a função muscular geralmente diminui. Os idosos podem não ter energia para realizar as atividades cotidianas e podem perder sua independência. O exercício pode ajudar a manter a massa muscular à medida que envelhecemos e ajudar a viver mais e melhor.


 

Alimentação saudável: faça escolhas alimentares inteligentes

 

Como acontece com o exercício, comer bem não é apenas sobre o seu peso e pode até ajudar a melhorar a função cerebral. Alimentos ricos em proteínas, fibras e gorduras proporcionam uma sensação de saciedade maior que alimentos ricos em carboidratos. Isso acontece porque são digeridos lentamente, o que favorece a absorção do intestino. Com os alimentos ricos em carboidratos acontece o oposto, principalmente os refinados, que são pobres em fibras, têm alto índice glicêmico e ocasionam uma digestão acelerada.

 

O ômega-3, por exemplo, é um tipo de gordura poli-insaturada que tem sido associada a vários benefícios à saúde das mulheres. Essa gordura é importante porque o corpo humano não pode produzi-la, sendo necessário obter através da alimentação ou suplementação. Algumas fontes alimentares de ômega-3 incluem peixes gordos como salmão, sardinha e atum, além de sementes de chia, linhaça e nozes. No entanto, muitas pessoas não conseguem obter quantidades suficientes somente por meio da alimentação e podem precisar suplementar com cápsulas de óleo de peixe ou outras fontes. Mas qualquer tipo de suplementação deve ser feita sob orientação médica.


 

Tenha uma boa noite de sono

 

Dormir o suficiente ajuda a manter o corpo saudável e alerta e é importante para a memória e o humor. Não ter um sono de qualidade suficiente pode deixar a pessoa irritada, deprimida, esquecida e mais propensa a sofrer quedas ou outros acidentes. Além disso, dormir bem está associado a taxas mais baixas de resistência à insulina, doenças cardíacas e obesidade. O sono também pode melhorar a criatividade e habilidades de tomada de decisão, e até mesmo os níveis de açúcar no sangue.


 

Vá ao médico regularmente

 

Ir ao médico para exames de saúde regulares é essencial para um envelhecimento saudável. Nos últimos anos, os cientistas desenvolveram e aprimoraram testes laboratoriais, de imagem e biológicos que ajudam a descobrir e monitorar sinais de doenças relacionadas à idade. Alterações prejudiciais nas células e moléculas do corpo podem ocorrer anos antes da pessoa começar a sentir qualquer sintoma da doença. Os testes que detectam essas alterações e podem ajudar a diagnosticar e tratar doenças precocemente, melhorando os resultados de saúde. Visite o médico pelo menos anualmente e possivelmente mais, dependendo da sua saúde.


 

Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool

 

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool estão relacionados a diversas doenças crônicas e podem afetar negativamente a saúde física e mental. Não importa a idade ou há quanto tempo a pessoa tenha sido fumante, parar de fumar melhora a saúde. Já a dependência de álcool ou o consumo excessivo de álcool afeta todos os órgãos do corpo, incluindo o cérebro. Algumas pesquisas já revelaram que certas regiões do cérebro mostram sinais de envelhecimento prematuro em homens e mulheres dependentes de álcool. É importante ter consciência de quanto se está bebendo e os danos que a bebida pode causar. 

“Cuidar de sua saúde física envolve permanecer ativo, fazer escolhas alimentares saudáveis, dormir o suficiente, limitar a ingestão de álcool e gerenciar pró-ativamente os cuidados de saúde. Pequenas mudanças em cada uma dessas áreas podem percorrer um longo caminho para apoiar o envelhecimento saudável”, conclui a médica.

 

 

Mariana Carvalho - Formada em Medicina pelo Centro Universitario do Estado do Pará (2015). Residência em Clínica Médica Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto (2018) e Geriatria pela Universidade Federal do Piauí (2022). Pós graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia - ABRAN (2019) e Adequação Nutricional e Manutenção da Homeostase
Prevenção e Tratamento de Doenças relacionadas à Idade pelo Centro Universitário Uningá (2021). Pós graduanda em Medicina e Nutrição aplicadas à Saúde da Mulher e Fertilidade. Atualmente trabalha como Geriatra e Nutróloga em São Paulo na clínica Maria Fernanda Tembra e em Teresina - PI no Instituto Performance e saúde. https://dramarianacarvalho.com.br


Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo: formas de se exercitar em casa sem necessidade de aparelhos

Alongamento, exercícios de força muscular e cardiovasculares são grandes aliados contra o sedentarismo

 

Sexta-feira, 10 de março, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo. Criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a data foi estabelecida com o propósito de conscientizar a população sobre as consequências da falta de exercícios físicos, como doenças cardiovasculares e problemas na coluna.

Após a pandemia, essa data tornou-se ainda mais importante, visto que, com os efeitos do isolamento social, o número de pessoas que praticam exercícios físicos sofreu uma queda considerável. Mesmo com a diminuição dos casos de covid-19 e a flexibilização das medidas de segurança, uma pesquisa realizada pela Vital Strategies, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas, revelou que a quantidade de brasileiros que afirmam fazer mais de 150 minutos de atividades físicas por semana continuou em queda – de 38,6% antes da pandemia para 30,3% no primeiro trimestre de 2022. Um dado extremamente preocupante, levando em conta que, em 2018, a OMS já apontava o Brasil como o quinto país mais sedentário do mundo, com 46% da população nesse recorte.

Parte da população brasileira continua hesitante em praticar atividades em locais públicos, seja por questões econômicas, medo de aglomeração ou até mesmo falta de tempo. Porém, existem inúmeros exercícios que podem ser feitos em casa, sem equipamento nenhum. “Há vários exercícios simples, de força muscular e cardiovasculares, que promovem bem-estar, qualidade de vida e promoção de saúde, como agachamentos, abdominais, movimentação dos braços e polichinelos”, recomenda a especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e professora do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo (UP), Christina Cepeda. “No entanto, é importante que a pessoa tenha uma boa coordenação e equilíbrio corporal”, alerta.

Para quem possui algum tipo de dificuldade de movimentação, como idosos e pessoas obesas, a especialista recomenda o acompanhamento de um profissional da saúde, já que, por conta dessas limitações, alguns exercícios podem ser contraindicados, mesmo realizados em uma intensidade mais leve. “Alguns cuidados devem ser tomados, como a escolha do ambiente para a atividade, que deve ser arejado e com pisos antiderrapantes ou que não sejam lisos, e do calçado ideal, como um tênis específico para exercícios físicos”, detalha a professora, reforçando que, ao utilizar algum objeto para apoio durante a atividade física, deve-se escolher um material pesado, que não se mova e garanta a estabilidade no corpo, de forma a evitar quedas.

Christina recomenda ainda que, para quem sofre com dores articulares e lombares, os exercícios de força muscular e cardiovasculares também são eficientes, desde que realizados da forma correta, assim como o alongamento do corpo. “É importante diagnosticar a causa dessas dores, mas geralmente o alongamento muscular, alinhado com exercícios de relaxamento dos músculos, são eficazes contra essas dores”, finaliza a especialista, destacando que os exercícios de fortalecimento dos músculos do abdômen também são efetivos contra a dor lombar.

 

Transplante de córnea é o tipo mais realizado no Brasil, mostra relatório

Segundo Associação de Transplante de Órgãos, recuperação das taxas de transplantes e doadores é lenta desde pandemia


De acordo com o último relatório anual da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o transplante de córnea foi o tipo deste procedimento que mais ocorreu em 2022. Divulgado nesta segunda-feira (6), o documento Registro Brasileiro de Transplantes aponta que 21.161 pessoas aguardam pelo transplante de córnea, em 2022, ficando atrás apenas do tamanho da fila de rim. 

Ainda de acordo com o relatório, quase 14 mil córneas foram transplantadas no Brasil, número abaixo do esperado para cobrir a demanda necessária pelo procedimento no Brasil. Com efeito, cerca de 4,9 mil pessoas que precisavam do transplante em 2022 ainda estão na fila de espera, que alcançou tamanho inédito. Pela primeira vez, mais de 50 mil pessoas aguardam por um transplante de órgão.

De acordo com o especialista Ricardo Fillipo, oftalmo na rede de clínicas COI, o setor médico já retomou a capacidade operacional e logística do período pré-pandemia, para realizar os transplantes. Contudo, faltam doadores. 

“Um dos fatores que podemos mencionar em relação ao aumento da fila de transplante de córnea é o fato de a quantidade de doadores ainda não ter voltado ao normal após a pandemia. Portanto, o grande desafio para mudarmos essa realidade das córneas é a conscientização das famílias dos possíveis doadores”, ressalta Fillipo. 

Segundo as considerações da ABTO, a recuperação das taxas de transplante e doadores evolui em ritmo lento desde a pandemia, sugerindo que outros fatores estejam no caminho de retomada para as taxas obtidas em 2019, quando foram registrados 18,1 doadores por milhão de pessoas. 

A mesma taxa fechou em 16,1 pessoas no último ano — apenas um doador a mais do que o ano mais crítico durante a pandemia, em 2021. Isto reflete em taxas de efetivação de doação abaixo do esperado pela associação. 

"Este é o único tratamento que depende da população. Desde 1998 a política de transplantes no Brasil está ancorada em quatro pilares: legislação, organização, financiamento e educação. Contudo, é preciso que haja aprimoramento desse sistema", afirma o Dr. Duro Garcia, editor do relatório.  

Garcia cita o aspecto legal como obstáculo para maior cobertura de transplantes. Hoje, a doações são efetivadas apenas se a família do doador permitir, mesmo quando a pessoa tenha escolhido doar em vida. 

"A minha decisão de doar estaria documentada em vida e, quando fosse o momento, a base de sistema dos transplantes recebia minhas documentações assinadas para permitir a doação, independente do crivo familiar". 

Pertencente ao Ministério da Saúde, o Sistema Nacional de Transplantes, na avaliação de Garcia, já realiza com eficiência demandas logísticas, como envio de tecido e órgãos para transplante entre estados. Somado a isto, ele afirma, existem unidades hospitalares e equipes médicas suficientes para realizar todos os transplantes necessários de córnea, por exemplo. 

"O ideal era a lista de transplantes de córnea ser zero. Alguém ingressa na fila de espera e aguarda apenas 90 dias pelo procedimento. No entanto, como faltam córneas no Brasil, as pessoas deixam de transplantar e fila tende a continuar crescendo". 

Para ele, é necessário um trabalho educativo junto à população:

"A população tem que estar favorável. é a única forma de tratamento que depende da população. E por meio de campanhas educativas e de conscientização, este cenário pode mudar". 

Transplante de córnea foi o tipo mais prejudicado durante a pandemia 

Sobre o fator de pandemia na lentidão da retomada, Garcia explica que os transplantes de córnea foram os procedimentos mais prejudicados. Como postergar a operação não salva a vida dos pacientes, ela precisou parar. 

"Tu permitiu que ninguém morresse, ou ficasse exposto à Covid-19. Agora tem que correr atrás", finaliza. 

Na avaliação de Fillipo, a depender da doença de base que o paciente possui, o atraso do transplante pode levar à cegueira definitiva, como em casos onde há perfuração ocular e infecção grave sem resposta ao tratamento. Fillipo explica também que, em episódios menos urgentes, a espera impacta diretamente na qualidade de vida do paciente. 

Camada anterior à dimensão frontal do olho, a córnea tem função de proteger e focalizar a luz.  Ao concentrar esta luminosidade na retina — parte do fundo dos olhos — a disfunção no local pode gerar quadros cegueira, como na trombose ocular, pois é na retina onde ocorre a troca de sinais com o cérebro na formação de imagens. 

“O paciente pode sofrer prejuízos na qualidade de vida, como em atividades sociais e do dia a dia, e também no trabalho, podendo muitas vezes o impedir de trabalhar e forçando uma aposentadoria por invalidez”, afirma Fillipo. 

De acordo com o oftalmologista, entre os danos e as doenças que estão na raíz pela necessidade do transplante, são doenças com maior ocorrência a ceratocone, distrofias corneanas, ceratopatia bolhosa, infecções corneanas graves, leucomas (cicatrizes corneanas secundárias a trauma, queimaduras e infecções), entre outras.

Segundo Garcia, ainda que seja observada uma demanda maior pelos transplantes de córnea, a fila de espera pelo novo rim é maior devido à condição do doador. 

Ele explica que grande parte dos transplantes só podem ser realizados quando o doador tem morte encefálica, o que ocorre apenas em 1% dos doadores ativos. Por outro lado, é clinicamente viável realizar o procedimento de córnea a partir de doadores com morte circulatória — os outros 99% dos casos. 

 

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