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sexta-feira, 3 de março de 2023

Mostra no MAM São Paulo celebra a doação de Aracy Amaral para a biblioteca da instituição

Mais de 700 publicações da coleção particular da crítica e curadora foram doadas para a Biblioteca do MAM no final do ano passado; exposição celebra a relação histórica de Aracy com a instituição

 

O Museu de Arte Moderna de São Paulo convida o público para visitar, a partir de 2 de março, às 19h, a exposição A biblioteca de Aracy Amaral: referências e exposições. Com curadoria de Gabriela Gotoda, assistente pesquisa do museu, e Pedro Nery, museólogo do MAM, a mostra irá abordar a relação histórica da crítica e curadora Aracy Amaral com a instituição, representada através de publicações e cartazes das mostras realizadas por ela na instituição ao longo de cinco décadas. A exposição tem como ponto de partida a doação de mais de 700 volumes da sua biblioteca particular para o acervo da Biblioteca Paulo Mendes de Almeida do MAM, onde a exposição será sediada.

O recorte presente nesta mostra irá privilegiar os catálogos das mostras realizadas por Aracy Amaral no MAM, entre exposições individuais, exposições coletivas históricas e exposições coletivas contemporâneas. O público também poderá conhecer toda a coleção de livros que foi doada e que está guardada em uma prateleira específica na Biblioteca, remontando a um espaço particular.

Desde os primeiros anos de sua fundação, o Museu de Arte Moderna tem Aracy Amaral como uma de suas colaboradoras. A crítica e curadora de arte trabalhou como monitora na II Bienal de São Paulo (1954), que naquele momento era realizada pelo museu.

De lá para cá os caminhos de Aracy e do MAM se cruzaram inúmeras vezes, tendo ela contribuído para diversas exposições, publicações e também para a gestão do MAM, como conselheira e parte da Comissão de Arte. Foi curadora do 34° Panorama da Arte Brasileira, em 2015, e mais recentemente, ao lado de Regina Teixeira de Barros, da exposição Moderno onde? Moderno quando? A Semana de 22 como motivação, que marcou o centenário da Semana de Arte Moderna no MAM. Desta forma, esta exposição, que celebra também a relação de Aracy com o MAM, é bastante significativa no ano em que o museu completa 75 anos.

“A doação de Aracy Amaral de uma parte de sua biblioteca pessoal para o Museu de Arte Moderna de São Paulo conduziu a Biblioteca Paulo Mendes de Almeida a orgulhar-se de ser depositária desse legado intelectual e a olhar retrospectivamente para a sua atuação nesse museu”, comenta Pedro Nery, museólogo do MAM e curador da exposição. “Aracy Amaral é uma figura de extrema importância para a história e o cenário da arte, da crítica e da curadoria no Brasil. É com prazer que celebramos as suas contribuições ao MAM e encorajamos o olhar sobre seu repertório e produções”, ressalta Cauê Alves, curador-chefe do MAM.

 

Serviço:
Biblioteca de Aracy Amaral: referências e exposições

Abertura: 2 de março, quinta-feira, às 19h
Período expositivo: 2 de março a 28 de maio de 2023 

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Biblioteca Paulo Mendes de Almeida

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Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)

Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30) 
Ingressos: gratuito na ocasião da abertura, com retirada através do site. Nos demais dias de visitação, de terça a sábado, os ingressos custam R$25,00 inteira e R$12,50 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.
Os ingressos podem ser adquiridos através do site, mam.org.br/ingressos, ou de forma presencial, no museu.

*Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Telefone: (11) 5085-1300

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

 

BANCO DOS SONHOS



Está aberta a temporada de comemorações dos 20 anos da Velha Companhia.
 
Um grupo de teatro que se renova a cada criação. Uma relação que funde vida e arte, estreitando laços.
A reflexão: o que adormece as pessoas ou então, o reverso: o que as move?


 
São duas décadas dedicadas a pesquisa teatral, com ações artístico-sociais, fomentando uma dramaturgia contemporânea que preserva a memória do país, cultivando seu desenvolvimento, gerando inúmeros empregos diretos e indiretos em suas longas temporadas, em produções que reúnem vários profissionais do teatro e tem como desafio uma comunicação ativa e prazerosa com o público.
E para começar tudo isso, dia 2 de março estreia Banco dos Sonhos, novo texto de Kiko Marques, no Teatro do Sesc Pompeia. De quinta a sábado às 21h e domingo às 18h.
Será uma alegria esse reencontro!
 
Banco dos Sonhos revela o universo onírico de uma transtornada atriz à beira da morte, em uma rua insone da cidade de São Paulo, a partir da visita de uma inesperada credora.
 
 
“Banco dos Sonhos, em seu universo patético, fala de um mundo onde o sonho foi burocratizado e o sonhar se tornou objeto de consumo, não mais conectado às demandas particulares ou coletivas das psiques, mas seguindo a lógica da mercantilização das vontades. Fala de um tempo onde a sensibilidade foi engolida pela luta da sobrevivência cada vez mais selvagem e desumana, não deixando espaço ao indivíduo, a não ser a desconexão e o desamparo. Fala da cidade que destrói seus teatros, suas livrarias, cinemas e praças, sua poesia, pra construir enormes prédios através dos quais se pode chegar cada vez mais perto do céu, em monumentos de concreto e poder. Fala de um universo onde o sonhar está obsoleto, onde o tempo é a ferramenta da produção e do consumo. Mas fala também do amor. Do que há que de imprevisível e revolucionário no verdadeiro amor, aquele que não segue regras. E da esperança que mora nos verdadeiros encontros.

 
Kiko Marques

 

FICHA TÉCNICA
Idealização: Velha Companhia
Texto e Direção: Kiko Marques
Elenco:
Alejandra Sampaio - Benedita
Virgínia Buckowski - Enoc
Maristela Chelala - Rúbia
Valmir Sant’Anna - O Autor e O Saxofonista Solitário
Mateus Matilde Menezes - Joel/ Gerusa Marília Santos - Gerusa/Anna
Kiko Marques – Elton
 
Direção de produção: Virgínia Buckowski e Alejandra Sampaio
Desenho de luz: Marisa Bentivegna
Figurino: João Pimenta
Cenário: Velha Companhia (com supervisão de João Pimenta)
Trilha sonora original: Bruno Menegatti
Videografismo e videomapping: Um Cafofo/ André Grynwask
Assistência de direção e produção: Fábio Mráz
Provocação cênica: Maria Fernanda Vomero
Analista junguiana: Mariana Laham Bruzzone
Assessoria de imprensa: Morente Forte
Ação formativa de público: Plínio Meirelles
Operadora de luz: Adriana Dham
Operador de som: Caçula Rodrigues
Gravação, mixagem e masterização: Estúdio P4Rei/ Luiz Claudio Sousa
Músicos em estúdio: Bruno Menegatti, Gustavo Boni, Gustavo Sarzi, Guegué Medeiros e Luiz Claudio Sousa
Designer gráfico: Fabricio Santos
Fotografia: Ênio Cesar
Designer de peruca: Paulette Pink
Libras: Elaine Sampaio e Fabiano Campos
Histórico – A VELHA COMPANHIA
A Velha Companhia desenvolve um trabalho contínuo de pesquisa teatral desde 2003. Foi fundada por
Kiko Marques, Alejandra Sampaio e Virgínia Buckowski, que formam o núcleo central de idealização e
realização dos projetos. Seus espetáculos têm cumprindo longas temporadas, ficando anos em cartaz,
percorrendo várias cidades do país, gerando centenas de empregos diretos e indiretos e alcançando
reconhecimento da crítica, alguns dos mais importantes prêmios teatrais e principalmente criando um
diálogo ao mesmo tempo profundo, questionador e prazeroso com o público.


 
Sesc Pompeia
 
Classificação: 14 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Tragicomédia
 
Temporada: 2 de março a 2 de abril
 De quinta a sábado 21h e domingos às 18h.
 
Ingressos: R$40,00
 
Pelo site e pelas bilheterias do Sesc Credencial plena: R$ 12,00
Estudantes, Idosos, PCD e seus Acompanhantes (meia entrada): R$ 20,00


Livraria prepara evento gratuito para as crianças neste sábado

A partir das 10h, os pequenos têm encontro na PanaPaná para contação de história e oficina de quadrinhos decorativos


Boas histórias são capazes de marcar gerações, além de serem importantes ferramentas para o desenvolvimento infantil. E, quando envolvem a convivência em família, podem auxiliar no melhor entendimento de questões nem tão simples para as crianças: como a compreensão de que a mãe trabalha fora.

Essa é a proposta do livro “Enquanto você não chega” e, neste sábado (4), a autora Marcela Levy vai estar na Livraria PanaPaná, na Vila Clementino, para contar essa história, a partir das 10h.

Logo após, acontece a oficina de quadrinhos decorativos personalizados. A técnica de colagem ficará a cargo de Lúcia Moreira, do Atelier Ideias da Fada.

O evento é gratuito e as vagas são limitadas. As inscrições devem ser feitas pelo Whatsapp (11) 94536-4921.


Serviço:

  • O quê: Contação de História “Enquanto você não chega” e oficina de quadrinhos decorativos personalizados
  • Quando: Sábado (04), às 10h
  • Onde: Rua Leandro Dupré, 396 - Vila Clementino, São Paulo-SP
  • Evento gratuito, mediante inscrição prévia, pelo Whatsapp (11) 94536-4921

No Dia Mundial da Audição, especialistas alertam para cuidados e as principais causas de perda auditiva

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 217 milhões de pessoas no continente americano possuem algum grau de deficiência auditiva.

 

Nesta sexta-feira, 3 de março, é celebrado o Dia Mundial da Audição, oportunidade para conscientização sobre a perda auditiva, um problema que afeta aproximadamente 7% da população brasileira, ou seja, aproximadamente 15 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Nesta data, que também marca o Dia do Otorrinolaringologista no Brasil, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) chamam atenção para a importância de ter uma boa saúde auditiva, destacando hábitos que preservam a audição, orientando a população sobre os fatores de risco e a necessidade de procurar um especialista em caso de sintomas. 

“Quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de recuperação da audição. Uma perda auditiva não tratada pode desenvolver impactos negativos à vida, como dificuldades de comunicação, o isolamento social, depressão, quedas e outras lesões, além de aumentar o risco de demência”, esclarece o presidente da SBO e membro da ABORL-CCF, Arthur Menino Castilho. 

No Relatório Mundial sobre Audição, a OMS estima que 217 milhões de pessoas no continente americano possuam algum grau de deficiência auditiva, sendo que cerca de 6% desse contingente apresentam perda auditiva em nível moderado ou mais elevado. O levantamento projeta aumento de casos nesses países até 2050, chegando a 332 milhões de pessoas com algum problema na audição nas próximas décadas.
 

As causas

Os problemas auditivos podem surgir por diferentes motivos e variam de acordo com a faixa etária. Em crianças, o diagnóstico é mais decorrente de otites médias, caxumba e rubéola, infecções maternas durante a gestação, questões genéticas e problemas no parto. 

Já nos adolescentes, a perda auditiva começa a se manifestar em decorrência dos sons altos, como o uso incorreto dos fones de ouvido. Segundo a OMS, mais de 1 bilhão de pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de ter a audição comprometida devido à exposição excessiva à música em alto volume e outros sons recreativos. 

“Nos adultos, o problema é identificado de forma ocupacional, ou seja, pessoas que trabalham em fábricas ou locais em que há muito barulho, ou por ocorrências de traumas, perfuração timpânica e causas crônicas, como infecção persistente e o colesteatoma, um tumor benigno”, explica Castilho. 

Nos idosos, o envelhecimento natural do organismo pode impactar a capacidade de ouvir devido à morte de células específicas, um processo que também pode ser acelerado por fatores como diabetes, pressão alta, tabagismo e álcool em excesso.
 

Cuidados e prevenção

Segundo especialistas da ABORL-CCF, em geral, os ouvidos apresentam alguma proteção para sons abaixo de 80 dB. A partir desse parâmetro, o risco de lesão auditiva aumenta exponencialmente. A exposição a 90 dB por quatro horas, por exemplo, já é suficiente para causar perda auditiva. 

Uma orientação é observar se é possível ouvir uma pessoa lhe chamando em voz normal, quando estiver usando os fones de ouvido. Caso contrário, há o risco de a intensidade sonora dos fones estar elevada demais. 

“Evite exposição a sons de alta intensidade. Em circunstâncias de trabalho, é obrigatório o uso de protetores auriculares específicos para som alto. Quando for necessário utilizar fones de ouvido, deixe o volume baixo. Além disso, não os use por períodos muito prolongados, retire-os periodicamente para que haja a ventilação da pele”, explica o especialista. 

Outro cuidado com os ouvidos é jamais introduzir qualquer objeto ou tentar limpar os canais auditivos, pois a boa higienização deve ser feita sem riscos de perfurações. Mais um fator preventivo é a vigilância de uso de medicamentos ototóxicos, pois eles possuem componentes que podem causar danos às células e mecanismos ligados à audição.
 

Tratamento

Existem diversas alternativas de tratamento para perdas auditivas e, em casos de perda auditiva irreversível, há possibilidade de reabilitação da audição, desde aparelhos auditivos convencionais, próteses cirurgicamente implantadas e até implantes cocleares. 

Além de se proteger, em caso de dúvidas em relação à audição, ou notar a presença de sintomas como zumbido ou dor no ouvido, dificuldade em acompanhar uma conversa quando mais de uma pessoa está falando, ou a percepção de sons abafados frequentemente, é fundamental consultar um médico otorrinolaringologista. 

No caso das crianças, é importante ficar atento a qualquer dificuldade de rendimento escolar, atraso de fala, troca de letras, ou dificuldades de atenção, visto que nessa faixa etária a criança não irá se queixar. Atenção redobrada também ao aparecimento de sintomas de dor, secreção ou coceira no ouvido. A ABORL-CCF destaca que quase 60% da perda auditiva pode ser evitada nesse público se o diagnóstico for precoce.
 

ABORL-CCF

 

Obesidade: Endocrinologista responde 5 dúvidas sobre a semaglutida

4 de março é o Dia Mundial da Obesidade

 

Recentemente a Anvisa anunciou a aprovação da semaglutina 2,4 mg para pessoas com obesidade. O endocrinologista e metabologista Dr. André Camara, da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) responde abaixo 5 dúvidas sobre a semaglutida.

 

1.        Do ponto de vista clínico, o que este medicamento oferece de diferente em comparação aos outros medicamentos que existem para tratar a obesidade?

 

A semaglutida é uma droga da classe dos analógos do GLP-1 que tem como efeito diminuir a fome, aumentar a saciedade e controlar a glicemia e deve ser usada sob prescrição e acompanhamento médico em associação com reeducação alimentar, atividade física, sono adequado e controle de stress/ansiedade/depressão. É válido ressaltar que normalmente todos nós sintetizamos o GLP-1 (hormônio endógeno) sob o estímulo após refeições pelas células neuroendócrinas da mucosa intestinal, e assim de forma fisiológica este hormônio atua regulando a fome, a saciedade e a glicemia.

 

A semaglutida e outros análogos de GLP-1 apresentam algumas vantagens em comparação com a sibutramina pois apresentam pouca interação medicamentosa (o que faz com que a semaglutida tenha poucas contraindicações) e atua no sistema nervoso central de forma mais específica e seletiva, causando menos efeitos colaterais relacionados à alteração de humor, libido, concentração entre outras funções coginitivas.

 

Em comparação à liraglutida, a semaglutida tem maior facilidade de posologia, diária e semanal respectivamente, o que aumenta a aderência e apresenta perda média de peso maior, entretanto apresenta, no geral, mais efeitos colaterais gastrointestinais como náuseas e vômitos. Por enquanto apenas a apresentação subcutânea de semaglutida está aprovada para perda de peso em pacientes com sobrepeso/obesidade. Porém, já existe via oral (comprimidos), liberada para pessoas com diabetes.

 

Lembrando que cada paciente tem suas particularidades e resposta ao tratamento e eventualmente tem indicação de uma ou outra substância.

 

2.        Para que tipo de perfil de paciente esse medicamento deve ser receitado?

 

Esta medicação está indicada para pacientes com dificuldade de perder peso com reeducação alimentar e atividade física que tenham obesidade (IMC> ou = 30) e/ou sobrepeso com IMC>27 com uma comorbidade associada à obesidade e que não tenha contraindicações à mesma. Outra indicação da semaglutida é tratamento de diabetes mellitus tipo 2.

 

3.        Esse medicamento pode ser usado para combater a obesidade infantil ou é apenas para adultos?

 

Este medicamento é aprovado no mercado brasileiro para ser usado em pacientes a partir de 18 anos, entretanto já foram publicados trabalhos para tratamento de adolescentes com obesidade a partir de 12 anos, inclusive com aprovação do FDA (órgão dos Estados Unidos semelhante à ANVISA) para essa faixa etária.

 

4.        Quais as perspectivas que se abrem para o tratamento da obesidade com a aprovação desta medicação?

 

A semaglutida é uma droga que tem mostrado excelentes resultados (média de 16% do peso perdido, com alguns pacientes perdendo mais do que isso) no médio prazo. De maneira geral, perda de peso maior ou igual a 10% diminui risco de comorbidades associadas à obesidade.

 

5.        Na sua opinião esse medicamento pode diminuir a necessidade de bariátricas em pacientes com obesidade acima de grau 3?

 

A semaglutida isoladamente tem mostrado uma boa perda ponderal próximo ao resultado da cirurgia bariátrica “sleeve” (perda média de 20%) e a cirurgia bariátrica Bypass gástrico (perda média de 30%). Além do resultado isolado da semaglutida, temos que pensar também em possíveis associações com outras medicações que temos no mercado ou com novas substâncias (associação de semaglutida com cagrilintida já está em estudo com resultados promissores), além de outras medicações que estão vindo (Tirzepatida) o que pode fazer essa perda ser mais expressiva ainda, com a possibilidade de diminuir a demanda por cirurgia bariátrica.

 


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Conheça as principais causas da obesidade e veja como combatê-la

A principal causa da obesidade é um desequilíbrio entre a quantidade de energia consumida na alimentação e a quantidade de energia gasta pelo organismo para manutenção das funções vitais e atividades diárias. Isso significa que, quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente, o excesso de energia é armazenado na forma de gordura, levando ao ganho de peso e à obesidade. 

Além disso, hoje se sabe que outros inúmeros fatores podem causar favorecer obesidade como deficiências hormonais onde temos uma queda importante do metabolismo como acontece na menopausa, andropausa e hipotireoidismo, mudanças na flora intestinal, baixa qualidade do sono, favorecendo maior compulsão alimentar, inflamação crônica ou subclinica pois a inflamação do centro da fome no cérebro aumenta também a voracidade por comida, doenças psíquicas não tratadas como ansiedade e até depressão, falta de atividade física, fatores genéticos e ambientais. 

O médico especialista em medicina laboratorial, com pós-graduação em nutrologia pala ABRAN e referência em emagrecimento, Dr. Roberto Franco do Amaral, explica que uma dieta rica em calorias, desbalanceada com excesso de carboidratos refinados como açucares presentes em doces e guloseimas e farinha de trigo refinada e pobre em proteínas, e em micronutrientes é associada à obesidade. Alimentos altamente processados, ricos em açúcares e gorduras saturadas, como fast food, refrigerantes, doces e salgadinhos, são comuns na dieta moderna e podem ser prejudiciais à saúde se consumidos em excesso. Esses alimentos geralmente têm baixo teor de fibras, vitaminas e minerais, são extremamente apetitosos e geram uma sensação de prazer fugaz no organismo, fazendo com que a pessoa coma mais e mais mesmo já estando saciada. 

Além disso, a falta de atividade física é um fator importante na obesidade. O sedentarismo é um problema crescente em todo o mundo, principalmente em países com estilo de vida mais urbanos e industrializados. O estilo de vida moderno muitas vezes envolve longas horas sentado em frente a computadores ou assistindo televisão, o que pode levar a uma redução significativa no gasto energético diário. 

Fatores genéticos e ambientais também podem contribuir para a obesidade. Estudos mostram que algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para ganhar peso mais facilmente do que outras. Além disso, fatores ambientais, como a disponibilidade de alimentos pouco saudáveis, a falta de acesso a espaços verdes para atividade física e o estresse crônico, podem contribuir para o aumento do consumo alimentar e a diminuição do gasto energético.

“Existem muitas causas diferentes de obesidade, incluindo uma dieta pouco saudável, falta de atividade física, predisposição genética e fatores ambientais e sociais. A obesidade também pode estar associada e predispor a outras condições de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, hipertensão arterial, apneia do sono e algumas formas de câncer.” alerta o Dr. Roberto Franco do Amaral. 

A prevenção e o tratamento da obesidade geralmente envolvem mudanças no estilo de vida, como uma dieta saudável e balanceada, aumento da atividade física e redução do estresse. Caso se se tenha insucesso no que chamamos de MEV (mudança do estilo de vida) o tratamento medicamentoso é indicado conforme o índice de massa corporal e presença comorbidades (doenças associadas ao excesso) 

Quando uma pessoa acumula uma quantidade significativa de gordura corporal, a perda de peso pode ser mais difícil por vários motivos. 

O médico Dr. Roberto cita que, em primeiro lugar, o excesso de gordura armazenada no corpo geralmente leva a um aumento da resistência à insulina, inflamação crônica e resistência a leptina o que pode tornar mais difícil para as células do corpo absorver a glicose e metabolizar(queimar) a gordura, além de deixar o indivíduo com mais compulsão e menos saciedade ao comer. Isso pode levar a um ciclo vicioso de maior consumo de alimentos ricos em açúcar e carboidratos, que contribuem para o aumento da gordura corporal. 

Também pode ser difícil para as pessoas manterem um déficit calórico constante, que é necessário para a perda de peso. Isso ocorre porque o corpo pode aumentar o hormônio da fome e diminuir a sensação de saciedade em resposta a uma redução calórica, o que pode levar a desejos alimentares e à ingestão excessiva de alimentos. E é por esse motivo que o déficit calórico não deve ser tão excessivo como em dietas muito radicais, além de priorizar alimentos com maior potencial de saciedade como os ricos em fibras, proteínas e gorduras boas. 

Por fim, a perda de peso sustentável requer mudanças duradouras no estilo de vida, como uma dieta saudável e equilibrada e atividade física regular. Mudanças drásticas na dieta e no exercício podem ser difíceis de sustentar a longo prazo, o que pode levar a um retorno ao ganho de peso após a perda inicial. 

“O médico tem um papel fundamental no diagnóstico, tratamento e prevenção da obesidade. Como a obesidade é uma condição médica complexa, o acompanhamento de um profissional é essencial para o sucesso do tratamento e para a promoção da saúde e qualidade de vida do paciente com o tratamento personalizado para cada caso.” Finaliza o Dr. Roberto Franco do Amaral.

 

 

Roberto Franco do Amaral - Diretor Médico da Clínica Franco do Amaral. Médico clínico geral. Graduação em Medicina pela Universidade Severino Sombra. Residência Médica em Patologia Clínica -- Medicina Laboratorial na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com 1 ano de clínica médica no Hospital do Servido Público Estadual de São Paulo (HSPE -- IAMSPE). Título de Especialista em Patologia Clínica -- Medicina Laboratorial pela Associação Médica Brasileira. Pós graduado em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia. Palestrante e idealizador do curso para médicos Performance Física e Envelhecimento Saudável. Coescritor do livro: Você Precisa Saber -- Tudo sobre a medicina do futuro.

 

As doenças raras não são tão raras assim

Elas acometem mais de 300 milhões de pessoas no mundo

              No Brasil, mais de 13 milhões de pessoas têm doenças raras

 

O Ministério da Saúde considera uma patologia rara quando afeta até 65 pessoas em um grupo de 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000 indivíduos. “Importante ressaltar que - muito embora sejam individualmente raras - como um grupo elas acometem um percentual significativo da população, o que resulta em um problema de saúde relevante”, alerta a Dra. Ana Carla Moura Falcão, especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

 

Abaixo, a médica traz informações e ressalta a importância do diagnóstico precoce.

 

- Existem estatísticas de quantas pessoas tenham alguma doença rara no Brasil?

Dra. Ana Carla - O número exato de doenças raras não é conhecido. Estima-se que, mundialmente, existam em torno de seis a oito mil patologias raras, acometendo mais de 300 milhões de pessoas. Esse número representa cerca de 3,5 a 5,9% da população mundial com uma doença rara. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 13 milhões de pessoas possuem uma patologia rara.

 

- É demorado chegar ao diagnóstico de uma doença rara?

Dra. Ana Carla - Sim. As patologias consideradas raras podem apresentar uma grande diversidade de sinais e sintomas, com manifestações relativamente frequentes, que podem simular doenças comuns, e estes variam de doença para doença e de indivíduo para indivíduo com o mesmo diagnóstico, corroborando para o atraso do diagnóstico. A maioria das patologias raras ainda não tem cura, são crônicas, progressivas e estima-se que 70 a 80% delas são ocasionadas por fatores genéticos. As demais são oriundas de causas ambientais, infecciosas, imunológicas, entre outras. Ressaltando a complexidade e a dificuldade diagnóstica dos casos raros.

 

- Se esse diagnóstico fosse mais rápido, precoce, poderia mudar a qualidade de vida do paciente?

Dra. Ana Carla - Sim. A dificuldade e retardo do diagnóstico de uma doença rara estão atrelados a um elevado sofrimento clínico e psicossocial aos afetados, bem como para suas famílias. Um diagnóstico precoce pode mudar este cenário. Como se tratam, em geral, de doenças crônicas, progressivas, degenerativas e com risco de vida, o reconhecimento precoce favorece ao tratamento adequado com impacto na evolução da doença e sua gravidade. Ressalta-se que muitas delas não possuem cura, de modo que o tratamento consiste em acompanhamento clínico, fisioterápico, fonoaudiológico, psicoterápico, entre outros, com o objetivo de aliviar os sintomas ou retardar seu aparecimento. Além da necessidade de terapêutica medicamentosa específica, de acordo com a doença rara. Considerando que cerca de 80% das doenças raras são de origem genética, o aconselhamento genético é fundamental na atenção às famílias e pessoas com essas doenças. Demonstrando, a importância do diagnóstico acurado e precoce das doenças raras.

 

- O que falta para identificar uma doença rara mais cedo possível?

Dra. Ana Carla - O atraso no diagnóstico de pacientes com doenças raras é comum e, muitas vezes, ocasionada pela baixa conscientização e reconhecimento das doenças raras entre os profissionais de saúde. O Brasil adota a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, desde 2014. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimentos para prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas com doenças raras, além de tratamento dos sintomas. É necessário melhorar o acesso aos serviços de saúde e à informação, habilitar cada vez mais centros e profissionais de saúde para atuação, ampliar o conhecimento sobre as doenças raras, pesquisas e potenciais terapias, reduzir a incapacidade causada por essas doenças e contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas e familiares que convivem com as doenças raras. Além da organização de política e rede nacional de doenças raras, é muito importante a participação de grupos e organizações de pacientes e familiares, mobilizando de forma coletiva e globalmente a comunidade.

 

- Qual a mensagem que a Sra. gostaria de deixar para o Dia Internacional das Doenças Raras?

Dra. Ana Carla – No dia 28 de fevereiro é comemorado o Dia das Doenças Raras. O objetivo é aumentar a conscientização e gerar mudanças para 300 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com uma doença rara, suas famílias e cuidadores. É significativo destacar que tanto no dia 28 quanto todos dias, podemos dar voz a causa das doenças raras, com solidariedade e respeito. Doenças raras são individualmente raras, mas, coletivamente, essas condições são comuns. Os Raros são muitos, são Fortes, são Orgulhosos!

 


ASBAI - Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação
www.asbai.org.br
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https://www.facebook.com/asbai.alergia/
https://twitter.com/ASBAI_alergia
http://www.youtube.com/c/ASBAIAlergia

Obesidade: dor causa círculo vicioso de limitações que prejudicam perda de peso

Excesso de peso pode causar problemas de coluna e pressão alta

 

“Perdi três anos com as limitações causadas pela dor. Não podia ir ao parque porque não conseguia caminhar muito nem ir ao cinema, pois era incômodo ficar muito tempo sentada. Agora estou recuperando o tempo perdido”, conta a professora Anna Wisoczynski, 41 anos. O motivo da dor era uma hérnia de disco volumosa, que foi agravada por uma vida de sobrepeso. Com os quilos a mais vieram problemas de saúde como pressão alta e a piora da endometriose e hipotireoidismo. 

A professora soube da hérnia de disco no fim de 2019, depois de uma viagem. Começou tratamento com ortopedista, descobriu a necessidade da cirurgia para correção, mas a pandemia da covid-19 dificultou o tratamento, o que fez com que ela ficasse apenas com os remédios nos momentos de crise. Três anos depois, já não conseguia fazer atividades rotineiras, como arrumar a cama ou até mesmo trabalhar. Voltou a procurar um especialista e os exames mostraram que a hérnia já havia dobrado de tamanho. 


Cirurgia minimamente invasiva e reabilitação

O ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat, Antonio Krieger, explica que, embora a causa da hérnia de disco seja genética, o sobrepeso é um fator agravante porque aumenta a carga em cima do disco, que já tem uma predisposição para o desgaste. “Pela obesidade, a Anna não conseguia fazer uma reabilitação adequada com fisioterapia e exercícios, porque as dores causavam limitações e isso cria um círculo vicioso. Ela já não tinha qualidade de vida, perdeu o controle da urina e não conseguia ficar muito tempo em pé”, conta Krieger. 

Para remover a hérnia, a professora passou por uma cirurgia minimamente invasiva chamada vídeo-endoscopia, em que é feito apenas um único furo no paciente. “A cirurgia demorou cerca de 40 minutos, entrei com dor no centro cirúrgico e saí andando sem nenhum incômodo. No início, até achava que era devido à anestesia, mas já nos primeiros dias vi que estava sem nenhuma dor para sentar-se, andar e fazer pequenas atividades”, relembra a professora. “A cirurgia melhorou minha saúde física e mental. Hoje já caminho no parque, vou ao cinema e levo uma vida normal. E estou com meu currículo pronto para voltar a dar aulas, que antes não conseguia devido à dor”, afirma. 

 

Dia Mundial da Obesidade

Obesidade é uma doença e precisa ser tratada com acompanhamento profissional  

 Cirurgia bariátrica é uma técnica eficaz para casos mais graves de obesidade, mas a indicação depende da análise clínica e psicológica

 

Na campanha deste ano para o Dia Mundial da Obesidade, em 4/03, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) querem conscientizar a sociedade para ‘um outro jeito de olhar’. É essencial mudar a perspectiva para a doença, entendendo que a obesidade precisa ser olhada com mais empatia. Não basta o portador de obesidade ser convidado a fazer dietas e exercícios, porque na maioria das vezes ele vai precisar do apoio de profissionais. 

A conscientização da população sobre os riscos e como tratar é urgente. Dados da última pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde, divulgada ano passado, mostram que os números relacionados à obesidade e ao sobrepeso não param de crescer no país. Quase seis em cada 10 brasileiros estavam com sobrepeso em 2021, um aumento de cerca de 2% em relação a 2019. Já o índice de obesidade ficou em 22,35% em 2021, também superior aos anos anteriores e o dobro do registrado há 15 anos. A maioria das pessoas acima do peso é do sexo masculino, mas as mulheres lideram entre os que já são considerados obesos. 

Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma doença crônica, a obesidade também é considerada um dos principais problemas de saúde pública atualmente no mundo, em todas as faixas etárias. Isso porque a doença tem potencial de causar e agravar diversas outras como diabetes, inflamações no fígado, hipertensão arterial, problemas respiratórios, além de aumentar o risco de infarto, AVC e de alguns tipos de câncer. 

“Ainda existe muito preconceito e estigma em relação à obesidade e esse paciente precisa justamente do oposto, que é apoio e compreensão, seja de médicos, da família, do seu ciclo social e da sociedade em geral. Por isso, é fundamental abordarmos a obesidade como o que ela é: uma doença que precisa ser tratada com acompanhamento profissional”, lembra o cirurgião bariátrico Cid Pitombo. A qualidade de vida do indivíduo é um fator relevante para o aumento de peso, por isso é considerado um tratamento complexo e requer o envolvimento de várias especialidades. 

A obesidade não deve ser considerada apenas pelo “acúmulo excessivo de gordura” no corpo. É preciso um olhar mais amplo e considerando diferentes fatores que levam ao desenvolvimento da doença, além do perfil genético do indivíduo, como sociais e ambientais, o sedentarismo, alimentos ultraprocessados, consumo excessivo de calorias, distúrbios endócrinos, entre outros. 

O diagnóstico eficiente é o primeiro passo para iniciar o atendimento do paciente, com sobrepeso e obesidade. Para isso é preciso contar com profissionais de saúde que estejam preparados para o atendimento, capacitados e sensibilizados para essa temática, compreendendo que o excesso de peso é uma doença, com riscos de morbidade e mortalidade.

Cada doente deve ser cuidado de maneira individual, mas com abordagem multidisciplinar. Na classificação de risco, seguindo o Índice de Massa Corporal (IMC), deve-se considerar as fases do curso da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes), faixa etária e o acompanhamento do paciente, seja na saúde pública ou privada. É importante considerar a infraestrutura no acolhimento e no atendimento dos pacientes nos estabelecimentos de saúde.

 

Cirurgia bariátrica - A partir do diagnóstico é que as estratégias de tratamento são especificadas já que será observado o perfil do paciente para obter os melhores resultados. Nem todo doente, com sobrepeso ou obesidade, apresenta comorbidades, como hipertensão e diabetes, por isso precisam de acompanhamento diferenciado. Nos casos mais graves, quando o IMC está acima de 40 kg/m², não sendo possível controlar o peso corporal, com a combinação de atividade física e acompanhamento nutricional, a cirurgia bariátrica surge como recurso terapêutico para perda de peso. 

“O paciente candidato à bariátrica precisa ser muito bem avaliado por um médico, já que somente esse profissional pode definir qual é a melhor forma de abordar e tratar cada tipo de obesidade. É fundamental entender as condições clínicas e também psicológicas do paciente para sabermos se a indicação é mesmo a bariátrica e se é o melhor momento para fazê-la”, ressalta Pitombo.

 

Porque a bariátrica não é recomendada para todos os casos severos?

 

De acordo com o médico, nem todo portador de obesidade pode operar. É importante que os obesos entendam que somente a presença de outros problemas não é indicação absoluta para a cirurgia, devendo cada caso ser analisado, levando-se em conta o tempo que está com a doença, a gravidade, a resposta ao tratamento e o IMC do paciente. “A cirurgia é complexa, porém muito segura e rápida, levando em torno de 40 minutos. É uma cirurgia, não se pode banalizar”, esclarece o médico Cid Pitombo. 

Cada paciente é estudado a fundo para ter a certeza de que a bariátrica é a melhor solução. Temos que avaliar a capacidade cardiopulmonar, verificar se não há doença vascular sobretudo dos membros inferiores, tem que haver controle máximo da glicemia e o psicológico tem que estar bem controlado. O paciente precisa estar preparado para as restrições da dieta pós-operatória, por exemplo. Ele tem que estar disposto a mudar bastante seus hábitos alimentares, principalmente no início. Até mesmo a mobilidade influencia. Temos que avaliar em que estado o paciente se encontra. Muitos precisam emagrecer para operar”, ressalta Pitombo.

 

Diabetes - Vale lembrar que a cirurgia bariátrica também já tem sua eficácia reconhecida para o controle do diabetes tipo 2. Isso porque, após o procedimento, o alimento passa a chegar mais rapidamente ao intestino, promovendo a liberação de diversos hormônios, entre eles o GLP1. Esse hormônio age sobre o pâncreas, que, por sua vez, passa a produzir mais insulina, fazendo com que o açúcar no sangue diminua.

 

Conheça os principais tipos de cirurgia bariátrica:  

- Bypass: um dos procedimentos mais realizados no país para tratamento da obesidade mórbida, costuma ser feito por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva. Uma grande parte do estômago é desconectada e, em seguida, a porção restante é ligada ao início do intestino. Nenhuma parte dos órgãos é retirada nessa cirurgia, sendo possível a reversão. Essas alterações levam o paciente a ter menos fome, sentindo-se saciado com pouca ingestão de alimentos. Também diminui a quantidade de calorias absorvidas pelo intestino, levando ao emagrecimento rápido. 

- Banda Gástrica Ajustável: procedimento muito pouco realizado no Brasil, consiste na colocação de um anel que possui um balão, no alto do estômago. Tem por objetivo diminuir a ingestão de alimentos, mas tem pior resultado em perda de peso quando comparada a outros métodos. 

- Sleeve: cirurgia autorizada no país há pouco mais de 10 anos somente, consiste em retirar grande parte do estômago deixando em formato de um tubo. Possui perda de peso e resultado no controle da doença metabólica menores que o Bypass.

 

Entenda porque a cirurgia é apenas o início do tratamento 

Após a alta hospitalar, o paciente segue seu acompanhamento ambulatorial, com a mesma equipe multidisciplinar. É de fundamental importância o cuidado com a dieta -- adaptada a cada técnica cirúrgica utilizada -- e a sua progressão com o passar do tempo. Inicialmente o paciente ingere somente pequenas quantidades de líquidos, com o tempo a dieta evolui com relação à consistência e volume. “O acompanhamento das patologias coexistentes permite a adequação das medicações em uso e a eventual suspensão das mesmas - total ou parcialmente", explica o cirurgião. 

Avaliações laboratoriais periódicas são realizadas a fim de se diagnosticar precocemente os possíveis distúrbios nutricionais associados principalmente às técnicas mistas, e assim tratá-los precocemente. “O apoio psicológico é de fundamental importância. Assim, o paciente inicia uma longa caminhada tendo ao lado vários profissionais que o acompanharão. A cirurgia não é o fim, mas sim o início do tratamento”, alerta Cid Pitombo, cirurgião bariátrico e metabólico. 

Os benefícios à saúde são diversos, como: melhoria da saúde cardiovascular, diminuindo o risco de doença coronariana, acidente vascular cerebral e doença cardíaca periférica, com redução da pressão arterial e dos níveis de colesterol. Remissão a longo prazo para diabetes tipo 2 em obesos; alívio da depressão, eliminar a apneia obstrutiva do sono; alívio da dor nas articulações; melhora a fertilidade e outras condições médicas, como a síndrome metabólica; reduz riscos de complicações na gravidez e de doença da vesícula biliar, entre outros. 

O paciente deve ter compreensão das mudanças. A bariátrica reduz a absorção de alimento e provoca alteração nos hormônios que estão relacionados à fome e à saciedade. “O volume de alimentos que passa a ingerir é menor sim, mas nada tão restritivo. Gradativamente, quem opera vai aumentando a quantidade de comida até o limite considerado normal”, finaliza o médico Cid Pitombo.

 

Cid Pitombo - especialista em tratamentos de obesidade e cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, tendo se tornado referência nacional em seu segmento de atuação, com 30 anos de experiência, sendo 22 com bariátricas. Ao longo de sua carreira, realizou cerca de 5,5 mil cirurgias. Entre elas, 3,5 mil foram pelo Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro entre 2010 e 2020, coordenado pelo médico. É proprietário da Clínica Cid Pitombo, onde realiza atendimento multidisciplinar para tratamento de obesidade, com acompanhamento psicológico e nutricional para cerca de 100 pacientes por mês, de todo o Brasil. Tem mestrado e doutorado em temas ligados à obesidade e é editor do livro Obesity Surgery: Principles and Practice. Mais informações podem ser obtidas pelo site da clínica.

 

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