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sexta-feira, 4 de março de 2022

ANVISA aprova medicamento da GSK para o tratamento de HIV multirresistente 1

Rukobia (fostemsavir) surge como uma opção de tratamento para pessoas que vivem com HIV, cujo vírus adquiriu resistência e estão em risco de progressão da doença ou complicações 4

 

A ANVISA aprovou recentemente um novo medicamento para o tratamento de HIV multirresistente, ou seja, para pessoas que já utilizaram diversos outros tratamentos antirretrovirais mas adquiriram resistência. 1 Desenvolvido pela GSK/ViiV Healthcare, Rukobia (Fostemsavir) tem indicação de uso em combinação com outros medicamentos antirretrovirais para pessoas que vivem com HIV associado a histórico de tratamentos prévios, resistência e dificuldade em compor seus esquemas antirretrovirais com os tratamentos atualmente disponíveis. 4,1  

“Nas últimas décadas, conquistamos muitos avanços no tratamento das pessoas que vivem com HIV, no entanto alguns desafios ainda estão presentes. Um exemplo é a composição do esquema de tratamento para aquele paciente adulto que vive com HIV multirresistente, altamente experimentado a tratamentos antirretrovirais prévios e com dificuldade na composição do seu esquema de tratamento atual. Com a aprovação de Rukobia, teremos a oportunidade de oferecer uma nova opção de tratamento a essas pessoas. Em ensaios clínicos, Rukobia em combinação com outras terapias antirretrovirais, demonstrou significativas taxas de supressão virológica”, afirma o Dr. Jucival Fernandes, gerente médico da GSK/Viiv Healthcare.  

De acordo com o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, atualizado em dezembro de 2021, observa-se uma tendência de declínio na resistência de todas as classes de antirretrovirais analisadas entre 2009 e 2020. Entretanto, até setembro de 2021, percebe-se um aumento da resistência, podendo ter sido ocasionado pela pandemia da COVID-19 em que muitos pacientes deixaram ou atrasaram o tratamento, comprometendo a supressão viral e favorecendo a seleção de linhagens resistentes. 3  

Segundo o Dr. Jucival Fernandes, a definição racional dos antirretrovirais é essencial para maximizar a eficácia do tratamento. “A resistência do HIV aos antirretrovirais ocorre quando uma ou mais mutações afetam a habilidade de uma droga específica, ou a combinação delas, de inibir a replicação viral. E isso ocorre quando a pressão seletiva da droga permite que linhagens resistentes se manifestem e se estabeleçam, reduzindo a sensibilidade do vírus ao antirretroviral. Com isso, a escolha do tratamento correto e eficaz se torna essencial pois pode minimizar efeitos colaterais, prevenir o desenvolvimento de resistência e, consequentemente , aumentar a duração da supressão viral, oferecendo assim a possibilidade de uma melhor qualidade de vida.", explica o médico.

 

Mais sobre Rukobia  

A aprovação de Rukobia é apoiada pelo estudo internacional BRIGHTE, que avaliou a segurança e eficácia do fostemsavir, otimizado com terapia de base, em adultos altamente experimentados em tratamento e que vivem com HIV multirresistente, muitos dos quais tinham doença avançada no início do estudo. 

Na coorte randomizada, 60% (n=163/272) dos indivíduos que receberam fostemsavir, além de um tratamento de base selecionado pelo investigador, alcançaram carga HIV indetectável e melhorias clinicamente significativas na contagem de células T CD4+ até a Semana 96. 2

 


 GSK/ViiV Healthcare


 

Referências

  1. Governo Federal do Brasil. Diário Oficial da União 2021 - Seção 1 ISSN 1677-7042 Nº 243. Disponível aqui. Acesso em 01 fev 2022.
  2. Lataillade, M., et al. 2020. Safety and efficacy of the HIV-1 attachment inhibitor prodrug fostemsavir in heavily treatment-experienced individuals: week 96 results of the phase 3 BRIGHTE study. The Lancet, Vol 7 Nov 2020 pp740-751
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório de Monitoramento Clínico. Disponível aqui. Acesso em: 23 jan. 2022.
  4. Rukobia (Fostemsavir). Bula do Produto

  

Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico 

Entenda a influência dos hábitos familiares à obesidade infantil

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que 22% da população brasileira adulta sofre com a obesidade. Entre crianças de até 5 anos de idade, a proporção é de uma a cada dez

 

Considerado prioridade pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o combate à obesidade se tornou ainda mais relevante em meio à pandemia, cujos fatores associados ao isolamento social e seus impactos na saúde física e mental da população levaram ao aumento de casos entre crianças e adultos.

Conforme dados da organização, divulgados em 2021, 22% da população adulta brasileira estava obesa, enquanto análise feita pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil indica que, atualmente, uma em cada dez crianças de até cinco anos de idade está acima do peso no Brasil.

A endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de SP Cristiane Lauretti alerta para o risco deste número aumentar ainda mais. “A estimativa da OMS é que, em 2025, até 700 milhões de pessoas atinjam a massa corporal (IMC) acima de 30, indicando obesidade”, destaca.

De acordo com a médica, entre os fatores que contribuem para o sobrepeso e obesidade estão os hábitos cultivados no dia a dia, muitas vezes propagados em família. “Os hábitos perpetuados em casa influenciam diretamente na saúde da família como um todo, sobretudo na saúde dos filhos”, reitera.



O que diz a ciência?

Este tema foi abordado por uma pesquisa realizada pela Península Medical School, na Inglaterra, que sugere que o vínculo comportamental pode ser ainda mais relevante para a obesidade infantil do que fatores genéticos.

Segundo o estudo, publicado na revista científica International Journal Obesity, mães obesas apresentaram dez vezes mais probabilidades de terem filhas obesas, e, entre pais e filhos, essa proporção foi de seis vezes mais.

Com esses dados, os especialistas entendem que afinidades entre os gêneros em uma mesma família contribuem para a reprodução do estilo de vida. “É comum vermos no consultório histórias que nos levam a uma análise semelhante a esta pesquisa”, afirma a nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Tatiana Bononi.

“Muitas vezes, a criança começa a ganhar peso devido a hábitos alimentares ruins que são comuns em casa, como o consumo excessivo de açúcar e embutidos, refrigerantes e bolachas recheadas, por exemplo.”

Esses hábitos, somados à falta de estímulo para a prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre, são os principais causadores da obesidade, o que é observado tanto nos pais como nos filhos.

“A sobrecarga com a rotina de trabalho e ritmo acelerado do dia a dia foi modificando os hábitos das famílias ao longo dos anos e isso só piorou com o agravante do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 e seus consequentes impactos econômicos”, salienta Tatiana.

Conforme ressaltam as especialistas do Hospital São Camilo SP, geralmente, os familiares são os responsáveis pelos primeiros contatos das crianças com os alimentos, e a introdução de hábitos saudáveis nesta etapa pode evitar problemas graves à saúde dos pequenos ao longo da vida.

“Com a manutenção deste quadro, essas crianças terão um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares e complicações metabólicas no início da vida adulta”, alerta Dra. Cristiane.

A nutricionista, por sua vez, acredita que a conscientização da população é o melhor caminho, estimulando ações de combate à obesidade por meio de informação e educação, sobretudo considerando a avaliação dos hábitos dentro da realidade de cada família.

“São os adultos que levam para casa os alimentos que a criança consumirá no dia a dia. Portanto, devemos atuar junto a esses pais e cuidadores para que novos e melhores hábitos sejam perpetuados no meio familiar, evitando apresentar aos filhos produtos ultra processados ou açucarados”, orienta.



Riscos e tratamentos

Considerada pela OMS uma doença crônica, a obesidade está entre os principais fatores de risco para diversas doenças cardiovasculares, tipos de cânceres e diabetes, além de estar associada à redução da expectativa de vida.

Dr. Ivan Sandoval, cirurgião geral e responsável pelo Centro de Tratamento da Obesidade do Hospital São Camilo de São Paulo, explica que a obesidade é uma doença do metabolismo que acarreta muita facilidade em ganhar peso. “Bons hábitos e estilo de vida saudável, em alguns casos, não são suficientes para resolver a questão. Porém, são parte fundamental em qualquer tratamento.”

Ele ressalta que a doença é multifatorial e, por isso, seu tratamento deve ser conduzido por uma equipe formada por vários especialistas. “Embora o mercado esteja cheio de promessas de soluções rápidas, essas medidas são ilusórias e não trazem resultados positivos”, alerta.

Segundo o especialista, o paciente que está com excesso de peso necessita de acompanhamento multidisciplinar e tratamento contínuo, assim como qualquer outra doença crônica. “Não devemos culpar ou discriminar o paciente, mas sim incentivá-lo a participar de todo este processo, incluindo as mudanças na rotina do dia a dia. Caso isso não seja feito, haverá grande chance de ganho ou reganho de peso.”

Por isso, além de levar em conta a história do paciente à identificação das causas do problema, um programa eficaz de tratamento da obesidade envolve abordagem nutricional e psicológica durante todo o processo, podendo estar associado a outras medidas, como uso de medicamentos, intervenções como a gastroplastia endoscópica ou cirurgia bariátrica.

 


Hospital São Camilo

@hospitalsaocamilosp

Dia Mundial da Obesidade: estudo alerta para aumento significativo de casos no Brasil

Endocrinologista explica os perigos do distúrbio e como evitá-lo


Um estudo realizado por uma equipe de 17 pesquisadores de diversas universidades brasileiras e uma do Chile aponta que a prevalência da obesidade aumentou de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019 no Brasil. No Dia Mundial da Obesidade, que acontece nesta sexta-feira (4), a endocrinologista Juliana Andrade, da Iron Telemedicina, ressalta os perigos do distúrbio e como evitá-lo. 

“A obesidade está relacionada ao aumento do risco e desenvolvimento de inúmeras doenças, não só cardiometabólicas como infartos e derrame, mas a doenças neoplásicas, câncer, aumento da hipertensão arterial, diabetes, doenças pulmonares, entre outras”, inicia a médica, que também é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

Os dados do estudo vão de acordo com o que a especialista relata. De acordo com ele, o risco associado de diversas Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) é o mais preocupante na obesidade. O acúmulo excessivo de gordura corporal está associado com o aumento no risco de mais de 30 DCNT, em maior ou menor grau. 

“A perda de peso é fundamental para a redução do risco e para isso deve ser feita uma dieta com menos uso de ultraprocessados, alimentos calóricos e gordurosos, ricos em sódio e mais alimentos naturais. Paralelo a isso temos a atividade física, que é coadjuvante na perda. Com atividades aeróbicas conseguimos um equilíbrio melhor da composição corporal com menos tecido gorduroso e inflamatório e aumento da massa magra”, complementa a endocrinologista. 

Atualmente há muitas formas de praticar exercício físico sem que isso gere impacto financeiro. Além das atividades ao ar livre, há diversos conteúdo online que permitem até mesmo malhar em casa. Prova disso é a Mude, primeira empresa voltada para bem-estar no país, que além de ter um aplicativo, realiza diversas aulas presenciais para a população em vários estados e disponibiliza aparelhos de musculação para uso -- tudo gratuitamente. 

“Temos mais de 600 espaços de bem-estar e nosso aplicativo já tem mais de 300 mil downloads. Atualmente, temos atividades presenciais no Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia e Fernando de Noronha. Oferecemos ferramentas acessíveis e através de ambientes democráticos, como praias, praças, e diversos espaços públicos acessíveis a qualquer pessoa. Estamos juntos na luta para combater a obesidade, que acomete enorme parte da população", afirma o educador físico, João Ricardo Marques. 

A fisioterapeuta Nathália Bordalo, de 34 anos, conta que frequenta as aulas da Mude há um ano regularmente e que sente impactos significativos na sua vida. 

“Sou uma pessoa muito ativa e como consequência me sinto bem, tenho uma autoestima alta, estou quase sempre bem-disposta, além de dormir bem e ter uma estabilidade na saúde física e mental”, finaliza.


Obesidade aumenta risco de diversos tipos de câncer, alertam pesquisadores

Foto ilustrativa / Divulgação
 Dia Mundial da Obesidade busca refletir sobre as causas da doença, como evitá-la e o acesso ao seu tratamento

 

Uma pesquisa publicada pela revista científica Nature Communications sugere que a obesidade produz alterações celulares que promovem a origem de tecidos carcinogênicos, ou seja, que produzem células cancerígenas. O Dia Mundial da Obesidade chama a atenção para esta que é uma doença crônica e que, inclusive, está diretamente relacionada com ao menos 10% das mortes oncológicas em não fumantes no mundo. 

De acordo com o estudo, uma das hipóteses é que a obesidade eleva os níveis de insulina, hormônio que aumenta o metabolismo e a duplicação celular. O tecido gorduroso também produz hormônios femininos que são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama. Outro ponto é a inflamação crônica causada pela obesidade, algo que também aumenta o risco de desenvolvimento de cânceres. 

Segundo o especialista em obesidade, cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo, Dr. José Alfredo Sadowski, a obesidade promove diversas alterações físicas e metabólicas que colaboram não apenas para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer como também para problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outras comorbidades.  

"Hoje vemos mais estudos apontando a incidência de casos de câncer em pacientes com obesidade. Durante a pandemia também vimos como a obesidade se tornou um fator de risco para pacientes com COVID-19, que evoluíam mais facilmente para formas graves da doença", comenta Sadowski.  

Contudo, o médico destaca que a obesidade possui tratamentos eficazes e seguros como a cirurgia bariátrica. O procedimento é indicado quando o paciente atende a alguns critérios como Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades e acima de 40 kg/m² mesmo sem a presença de outras doenças diagnosticadas; idade e tempo de tratamento. 

"O principal benefício da cirurgia bariátrica, além de promover a perda de peso, é combater e controlar as doenças associadas e promover qualidade de vida aos pacientes. Além da saúde física, a cirurgia apresenta bons resultados também na saúde mental. Pessoas com obesidade enfrentam grave estigma social, dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, e outros diversos tipos de estigmas sociais devido ao preconceito pelo excesso de peso.

 

Câncer de Mama - De acordo com a médica radiologista Dra. Cristiane Spadoni, estudos epidemiológicos mostram a importância de fatores culturais e de estilo de vida, sendo 5% a 10% hereditários e 20% a 50% atribuídos a fatores de risco modificáveis, incluindo inatividade física e escolhas nutricionais que levam à obesidade. Segundo ela, o aumento da gordura abdominal aumenta o risco para tumores mais agressivos. 

"O risco de desenvolver câncer de mama pós-menopausa é aumentado pela obesidade. Além disso, há redução da sobrevida apesar do tratamento apropriado, mais complicações durante a cirurgia, radioterapia, quimioterapia e maior recorrência local. Há, ainda, aumento da probabilidade para ter um tumor maior, metastático, resistente à terapia endócrina e doença avançada no momento do diagnóstico", explica Cristiane Spadoni. 

A dona de casa Marli Rodrigues Borges, de 47 anos, descobriu o câncer de mama pouco tempo após iniciar o tratamento para a redução de peso, quando estava com 97 quilos e um IMC de 30, que caracteriza obesidade. “Fiz a mamografia em fevereiro de 2019, apareceu uma calcificação e a biópsia apresentou uma lesão benigna. Continuei a ter sintomas como mamas inchadas e sangramento menstrual, mesmo sem ter útero; repeti os exames e tive o diagnóstico do câncer”, afirmou. 

Marli realizou a cirurgia de mastectomia total para a retirada do tumor e, hoje, está bem; segue com o tratamento de hormonioterapia. “O meu ginecologista sempre falava que a obesidade é um dos itens que pode levar ao câncer, os exames apontaram que o meu tumor não foi causado por alterações hormonais”.

 

Genoma e obesidade - Um outro estudo publicado por pesquisadores do King's College London no último mês aponta que os cientistas encontraram 74 novas regiões do genoma humano ligados à obesidade.  

Os pesquisadores correlacionaram o resto do processo de decomposição de um alimento em energia - o metabolismo - com áreas específicas do mapa genético dos voluntários. Esses resquícios são chamados metabólitos e alguns deles estão diretamente ligados ao bem-estar instantâneo fornecido após uma refeição, enquanto outros estão atrelados aos principais processos fisiológicos do organismo e que interferem em seu equilíbrio. 

"É uma pesquisa muito inicial, mas no futuro essas descobertas podem ajudar a desenvolver abordagens para manter um peso saudável que levem em consideração o perfil genético de uma pessoa", comenta Sadowski. 

“Um maior entendimento do porque o metabolismo e as necessidades de nutrientes diferem entre indivíduos, considerando os fatores intrínsecos como a genética, epigenética, microbioma e fatores ambientais, como dieta, atividade física, saúde mental e exposição ao meio ambiente permitirão estratégias mais personalizadas para reduzir o câncer de mama relacionado à obesidade”, diz Cristiane Spadoni.

 

Obesidade cresce no Brasil - A última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta o crescimento do índice de sobrepeso e obesidade. De acordo com os dados, 96 milhões de pessoas, ou cerca de 60,3% da população adulta do Brasil, estão com sobrepeso. Especificamente sobre a obesidade, o índice de prevalência em homens adultos é de 22,8% e de 30,2% nas mulheres.

 

Critérios para indicação da cirurgia bariátrica - No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser indicada quando os pacientes atendem a critérios de peso, idade e/ou doenças associadas. Estão aptos os pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação "grave" por um médico especialista na respectiva área da doença. 

A idade também é fator a ser analisado. Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrição. Acima de 65 anos, o paciente deverá passar por uma avaliação individual. Em pacientes com menos de 16 anos, o Consenso Bariátrico recomenda que a operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.


Especialistas explicam como a cirurgia bariátrica está associada a menor risco de desenvolvimento de câncer

 A obesidade representa um risco para o desenvolvimento de 13 tipos de câncer. Estudo revela como a intervenção cirúrgica auxilia na redução de até metade das taxas de óbito por cânceres diretamente ligados à obesidade

 

De acordo com um estudo publicado pela revista The New England Journal of Medicine (Long-Term Mortality after Gastric Bypass Surgery), a intervenção cirúrgica com o objetivo de auxiliar a perda de peso pode significar uma redução de metade dos casos de óbito devido a cânceres ligados diretamente à obesidade e, além disso, reduzir em até a incidência de outros tipos da doença após um período de sete anos. 

Assim, a incidência de cânceres de esôfago e de mama - o primeiro, duas vezes mais comum e o segundo 10% mais provável em pessoas com quadro de obesidade - pode apresentar uma queda significativa entre a população estadunidense. 

Segundo a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer - da Organização Mundial de Saúde -, o excesso de gordura corporal representa risco para o desenvolvimento de, pelo menos, 13 tipos de câncer: o de esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (em mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo. 

Para o Dr. Antonio Cavaleiro, coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Santa Catarina -- Paulista, o controle do peso é uma importante medida preventiva contra o câncer e outras patologias. "De modo geral, o excesso de gordura no corpo gera níveis elevados de hormônios do crescimento, e isso pode levar as células a se dividirem de maneira acelerada, resultando em um possível câncer. Além disso, grande parte das pessoas obesas graves tem um nível crônico e baixo de inflamação que, ao longo do tempo, pode causar dano no material genético do indivíduo e levar à doença. O sobrepeso e a obesidade estão, inclusive, relacionados ao aumento de outras doenças que têm relação com inflamações crônicas, como refluxo, pedra na vesícula, hepatite não alcoólica, entre outras", alerta o Dr. Cavaleiro. 

O quadro de obesidade pode ser desencadeado por diversos fatores - genéticos, psicológicos, sociais, metabólicos -- e, assim como o excesso de peso, também pode estar ligado aos hábitos da vida moderna, ao estresse e à diminuição da atividade física. "Para o bem da população, temos que evitar ou diminuir o sedentarismo, refeições industrializadas, além do excesso de alimentos ricos em gordura e açúcar, que resultam no aumento do número de pessoas obesas, inclusive crianças", explica Hugo Valente, endocrinologista do Hospital Santa Catarina - Paulista. 

O cenário atual se mostra preocupante visto que o número de indivíduos com obesidade e excesso de peso no mundo tem apresentado aumento constante nos últimos anos, quadro agravado pela pandemia da Covid-19. De acordo com o estudo Diet & Health Under COVID-19, realizado pela IPSOS, que entrevistou 22 mil pessoas em 30 países, os brasileiros representam a nação que mais ganhou peso durante o período da pandemia: enquanto a média global de pessoas que afirmam ter engordado é de 31%, o mesmo índice entre os brasileiros entrevistados - que engordaram cerca de 6,5kg nesse período - é de 52%.


Cirurgia Bariátrica como ferramenta para controle da obesidade

Além da melhora da qualidade de vida, o tratamento cirúrgico da obesidade também diminui o surgimento e/ou complicações de outras enfermidades, evidenciando a importância de um profissional qualificado para o acompanhamento desse processo que, devido à pandemia, apresenta uma demanda reprimida de cirurgias bariátricas e metabólicas.

"No Brasil, menos de 2% da população elegível para o procedimento realiza a cirurgia. Apesar do medo de sair de casa e dos receios para realizar os procedimentos bariátricos, as pessoas estão cada vez mais seguras com o avanço da vacinação e a evolução dos tratamentos para perda de peso", informa o Dr. José Luís Corrêa, cirurgião bariátrico do Hospital Santa Catarina - Paulista.

 

Quem são os pacientes elegíveis à cirurgia?
 

Os pacientes candidatos a realizar a cirurgia devem ter entre 18 e 65 anos e podem ser divididos em três grupos, conforme o índice de massa corpórea (IMC) - que é a divisão do peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).

IMC entre 30 e 34,9: pacientes que são diabéticos tipo II, com idade mínima de 30 e máxima de 70 anos, com menos de 10 anos de doença e com resultados clínicos pouco satisfatórios após 2 anos com endocrinologista e mínimo de 2 anos em dieta, exercícios físicos e medicações orais e/ou injetáveis.

IMC entre 35 e 40: aqueles pacientes que apresentarem pelo menos um quadro dentre os citados: diabetes; doenças cardiovasculares (Hipertensão, IAM, ICC, Angina e Fibrilação atrial); AVC; dislipidemia (colesterol e/ou triglicérides aumentados); artropatias, como problemas ortopédicos de coluna, quadril, joelhos, pés etc.; refluxo gastroesofágico; asma grave; colecistopatia calculosa; pancreatites agudas de repetição; esteatose hepática; incontinência urinária; infertilidade; estigmatização social; depressão e apneia do sono.

IMC > 40: todos os pacientes com mais de 2 anos de tratamento clínico.

Para jovens entre 16 e 18 anos, a cirurgia pode ser realizada mediante a autorização da família, avaliação pediátrica e consolidação das epífises de crescimento dos punhos. Pacientes com idade superior a 65 anos também devem respeitar os critérios citados e ter a presença de comorbidades, além de avaliação individual por equipe multiprofissional e avaliação criteriosa do risco/benefício. Já em casos de pacientes com histórico de abuso de entorpecentes ou quadro de alcoolismo, transtorno de humor grave, transtorno psicótico e ausência de entendimento do procedimento, pode haver a contraindicação do procedimento.

 

Procedimento clínico e recuperação

Para a realização do procedimento, é necessário que o paciente permaneça, em média, de 36 a 48 horas internado, para que os procedimentos pré-operatórios possam ser realizados de acordo com o protocolo médico. Além disso, é preciso seguir rigorosamente a orientação dada pelo nutricionista e pela equipe quanto à alimentação (dieta líquida para gastroplastia na fase inicial). Outras recomendações comuns incluem: não carregar peso, evitar esforços físicos exagerados, estimular a deambulação após liberação médica, não ficar deitado em demasia e fazer o uso da meia anti-trombo.

"O paciente pode retomar a maioria das atividades habituais - como dirigir - cerca de sete dias após a operação, mas recomenda-se que permaneça em home-office nesse primeiro período. Atividades físicas como musculação e exercícios aeróbicos são liberados após 30 dias, e são tão importantes quanto a dieta no processo de emagrecimento", explica Dr. Corrêa.


Fertilidade de homens é ameaçada pela obesidade

Dormir mal pode levar à falta de testosterona

4 de março é o Dia Mundial da Obesidade


O excesso de peso e a obesidade levam ao aumento de um hormônio chamado leptina, produzido pelas células de gordura. Esse excesso de leptina é responsável pela desregulação do eixo hipotálamo-hipófise, causando problemas nas gônadas, ou seja, ovários ou testículos.


“Independentemente do índice de massa corporal, considerado até 25 kg/m² como normal, o excesso de adiposidade visceral (a tal ‘barriguinha de chope’) já predispõe o organismo a desordens hormonais, resistência insulínica, inflamação de estresse oxidativo, distúrbios metabólicos, desordens oncológicas, e uma série de outros fatores tanto em homens quanto em mulheres”, explica Dr. Cristiano Barcellos, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

 

Ele explica que os mecanismos através dos quais a resistência insulínica causa problemas reprodutivos envolvem os fatores inflamatórios que vão levar a um prejuízo do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal em homens e mulheres. Tanto a ovulação quanto a qualidade dos óvulos e da mesma forma tanto a quantidade quanto a qualidade dos espermatozoides fica afetada. “Quando o assunto é infertilidade, 30% das vezes o problema está com as mulheres, 30% com os homens, 30% o problema é de ambos e 10% das vezes a causa é desconhecida”, relata Dr. Cristiano.

 

De acordo com os dados da última pesquisa do IBGE, cerca de 60% da população adulta brasileira está com excesso de peso, sendo quase 1/3 delas na faixa etária entre  18 a 24 anos. Já em  pessoas de 40 a 59 anos o número aumenta quase 71%.


Como prevenir o excesso de gordura visceral especialmente nos homens?

Uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios influenciam no peso, mas diretamente também no eixo reprodutivo. Além disso, o sono adequado é fundamental não só em qualidade, mas em quantidade. 

A apneia do sono, que são as paradas respiratórias enquanto a pessoa dorme, leva a uma ruptura do ritmo circadiano de vários hormônios que são secretados à noite, sendo que um que sofre com esta desregulação do sono é a testosterona. “O homem que dorme mal pode ter falta de testosterona, por isso cuidar do sono é tão fundamental. Além disso, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e parar de fumar são medidas que contribuem para manutenção do peso adequado e boa saúde”, conclui o médico.


SBEM-SP -Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo

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Dia Mundial do Rim relembra a importância da doação de órgãos durante a pandemia

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Número de transplantes renais caiu quase 50% entre 2019 e setembro de 2021, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)

 

No dia 10 de março é celebrado o Dia Mundial do Rim, data dedicada a conscientizar e orientar a população sobre a Doença Renal Crônica (DRC), caracterizada pela lesão irreversível nos rins durante três meses ou mais. Se diagnosticada precocemente, a DRC pode ser controlada, mas em estágios avançados pode exigir um transplante renal. Em contexto de pandemia de Covid-19, no entanto, o número de transplantes caiu e fez crescer a lista de pessoas que esperam por uma doação de rim para recomeçar a vida.

Um levantamento do Ministério da Saúde indicou que em setembro de 2021 havia 53.218 pessoas aguardando por um transplante no Brasil. Dessas, mais de 30 mil estavam na lista de espera por um rim. A pandemia de Covid-19 influenciou esse quadro, não só pelo menor número de pessoas dispostas a fazer a doação, como também porque os transplantes são vetados quando o doador está contaminado pelo Coronavírus. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram uma queda brusca no número de transplantes renais durante a pandemia, passando de 6.296 em 2019, 4.821 em 2020, para 3.304 em 2021, uma redução de quase 50%. 

A médica nefrologista e coordenadora do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie de Curitiba (PR), Carolina Maria Pozzi, explica que a variante Ômicron mudou a expectativa de recuperação no número de transplantes em 2022. “Muitas pessoas faleceram na espera nesses tempos de pandemia, mas é muito importante lembrar que alguém que contraiu a Covid-19, mas não tem infecção ativa, pode ser uma potencial doador. Além disso, toda pessoa que pretende fazer doação é analisada integralmente, por meio de exames”. 

Segundo Carolina Pozzi, é preciso reforçar a conscientização em torno da importância da doação de órgãos. “Com essa mobilização e o conhecimento adquirido da comunidade científica sobre a Covid-19, ainda mantemos a expectativa de aumento para este ano 2022. A população precisa ter consciência de que a doação salva muitas vidas”.

 

Depois de três transplantes, o recomeço

O publicitário Alexandre Barroso sabe bem o que é a experiência de esperar por um transplante, na incerteza sobre o futuro. Ele ficou quatro anos internado em um hospital, onde entrou em coma 20 vezes e recebeu três transplantes - dois de fígado e um de rim. “Foi bastante traumático. Passei dois anos esperando até conseguir um transplante de fígado, mas o resultado não deu certo, acabei perdendo o fígado e um rim. Assim, voltei para a fila à espera de uma doação”, relembra.

Só depois de mais dois anos de espera é que Barroso, finalmente, recebeu o transplante de um novo fígado e de rim. Desta vez, o desfecho da história foi positivo. “Foi uma experiência gratificante que me fez querer cuidar mais de mim. A doação de órgãos é uma forma de ressignificar vidas”. Atualmente, o publicitário viaja o Brasil dando palestras sobre o tema. Criou um grupo de acolhimento para pacientes e familiares. Por conta disso, decidiu mudar de profissão. “Me tornei psicanalista para fazer um trabalho mais direcionado. Além disso, sigo defendendo e incentivando a doação de órgãos. As pessoas precisam entender que essa é uma forma de continuar a vida”, completa.

 

A importância do exames pré-transplante 

Bióloga, mestre em Genética, doutora em Imunologia de Transplante e responsável técnica do Laboratório de Imunogenética do Hospital Universitário Cajuru, no Paraná, Cristina von Glehn explica que, ao se tornar candidato a um transplante renal, paciente é inscrito no Sistema Nacional de Transplantes e precisa fazer exames, sendo os principais: o de tipo sanguíneo, o de tipagem HLA  (Human Leucocyte Antigen) e Painel de reatividade de Anticorpos, que permitem entender como o sistema imunológico do paciente responde a organismos estranhos, neste caso, a um órgão novo. “Quando entra um doador no sistema, ele também é tipificado. Assim, selecionam-se os candidatos mais compatíveis com o doador”;

De acordo com Cristina, quando fora da família, raramente a compatibilidade entre doador e receptor é total. Daí vem a importância do teste: ele permite aos médicos fazer uma análise preditiva das chances de haver uma reação hiperaguda (rejeição imediata), acelerada (rejeição na primeira semana) ou crônica (rejeição que ocorre aos poucos). “Com essa informação, o médico vai avaliar se faz ou não o transplante. Se aceitar, vai precisar ter uma estratégia de imunossupressão para controlar a presença de anticorpos, mas ele também pode avaliar o risco e decidir que o paciente deve esperar outro órgão. Ou seja, o exame permite que se tenha o melhor órgão com a menor possibilidade de rejeição dos pacientes”. 

Com a evolução das tecnologias na detecção de anticorpos, todos os exames necessários para transplante podem ser feitos em laboratórios, a partir da amostra de sangue. Para isso, são utilizados reagentes e equipamentos específicos para pré e pós-transplante e a Biometrix Diagnóstica é uma referência na área. “Ela tem muita qualidade e é uma grande parceira para o nosso laboratório. Oferecem reagentes que nos colocam no mesmo nível de laboratórios dos Estados Unidos e da Europa”, avalia Cristina.  


Autorização familiar

Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos. Para isso, basta ser maior de 18 anos, ter condições de saúde adequadas e passar por avaliação médica. É fundamental que a pessoa que deseja ser doadora de órgãos converse com sua família sobre a decisão, mesmo que tenha a informação registrada em documento oficial. Além da doação em vida, é possível doar os órgãos após a morte encefálica, quando há interrupção irreversível das funções cerebrais. Neste caso, é preciso que a família autorize o procedimento. Segundo o Ministério da Saúde, em 2021 foram registradas 5.857 mortes encefálicas no país, mas apenas 1.451 delas resultaram em doação de órgãos. Em mais de um terço dos casos (37,8%), houve recusa por parte das famílias. Se houver conscientização prévia e diálogo aberto entre o doador e seus familiares, há mais chances de que a doação de órgãos seja autorizada após o falecimento.  

HLA - sistema imunológico tem a função de identificar e reagir a organismos estranhos. Este processo é baseado na identificação dos antígenos, a “marca biológica” de cada célula. Quando o organismo reconhece um antígeno estranho, desencadeia uma resposta com o objetivo de destruí-lo. Este corpo estranho detectado pode ser tanto uma bactéria ou vírus, como um tecido, órgão ou medula transplantados. Assim, o HLA é o responsável pela histocompatibilidade.

É importante saber que o HLA é herdado, uma parte da mãe e a outra do pai. A identidade HLA é composta por vários genes agrupados na mesma região no cromossomo 6. Cada gene possui uma diversidade muito grande de alelos. Sabe-se que mais de 11 mil alelos já foram identificados em todo o mundo. Por isso, é muito raro que dois indivíduos tenham o mesmo grupo de genes. A grande complexidade dos transplantes é encontrar esta compatibilidade entre doador e receptor.

 


Biometrix Diagnóstica

www.biometrix.com.br


Obesidade e diabetes: “Precisamos entender que não existe fórmula mágica”

Diabesidade, você sabe o que é?


 Hoje, 04/03, é o Dia Mundial da Obesidade


O diabetes tipo 2 está intimamente relacionado com a obesidade, já que a pré-condição genética é predisponente. O Dr. Clayton Macedo, Coordenador da Comissão de Endocrinologia do Exercício Físico da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Conselheiro Honorário do Instituto Correndo Pelo Diabetes (CPD), organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), explica abaixo a relação do diabetes com a obesidade, os avanços no tratamento, a importância da atividade física como prevenção e até remissão de doenças graves e faz um alerta: “Precisamos combater a inércia terapêutica”.

 

Existe relação entre obesidade e diabetes?

Sim... No diabetes tipo 2 há uma resistência à ação da insulina, o pâncreas até trabalha mais que o necessário, porém o defeito está no receptor, onde a insulina age para diminuir a glicose no sangue. Genética, sedentarismo e obesidade acentuam essa resistência à insulina. 

Nesse contexto, temos a síndrome metabólica, que também tem uma predisposição genética e faz com que a pessoa ganhe peso, sendo a característica predominante a gordura abdominal. Quatro fatores estão envolvidos com a síndrome metabólica: hipertensão arterial, diabetes, colesterol (HDL baixo) e o triglicérides elevado. Essa doença tem um impacto enorme, pois aumenta os riscos de problemas cardiovasculares, como infarto e derrame vascular cerebral (AVC) por exemplo.

 

Há um risco maior para a saúde do paciente quando essas duas doenças estão associadas? Por quê?

Com certeza, principalmente, aquelas com a síndrome metabólica, pois aumenta muito o risco cardiovascular. Além do infarto e AVC, mais de 10 tipos de câncer estão relacionados com a obesidade. O paciente com diabetes e obesidade tem mais risco de doenças articulares e depressão.  A classe médica já está usando o termo Diabesidade – junção de diabetes com obesidade.

 

Como deve ser o tratamento de um paciente com obesidade e diabetes?

A medicina está evoluindo muito tanto para obesidade quanto para diabetes. Hoje temos remédios que agem simultaneamente nas duas doenças, melhorando essa resistência à insulina, controlando o apetite, a saciedade a taxa metabólica, melhorando o controle do diabetes e o excesso de peso. 

A mudança de estilo de vida é fundamental, porém, sabemos que mudar hábitos não é tão fácil. Quais as orientações?

Não é fácil, mas é possível. Alimentação equilibrada, exercício físico regular, qualidade do sono, manejo do estresse. E o que vem sendo muito utilizada é a terapia cognitiva comportamental, quando trabalhamos o entendimento dos nossos sentimentos, das nossas emoções, ou seja, o comportamento que as emoções geram frente à alimentação saudável e atividade física. Essa terapia tem um impacto muito importante tanto no diabetes como na abordagem da obesidade. 

A dica que fica é que, cada vez mais, devemos trabalhar em equipe, unir as expertises e os esforços do médico, nutricionista, do psicólogo, educador físico, do enfermeiro para proporcionar ao paciente uma abordagem mais ampla. Um estudo chamado Direct mostrou que pessoas que perdem peso podem, inclusive, ter remissão do diabetes tipo 2. 

Outros estudos já apontam que o estilo de vida saudável pode prevenir diabetes e obesidade e, se não é mais possível prevenir, podemos evitar as complicações que essas doenças trazem.   

Além disso, precisamos combater a inércia terapêutica. O médico não deve dar tapinhas nas costas e pedir para comer menos. É preciso encarar a obesidade como doença, muitas vezes precisando de tratamento medicamentoso. Ainda existe um preconceito entre médicos. Para pessoas com diabetes precisa de medicamento, mas o paciente com obesidade parece que tem que ter uma fórmula mágica.

 

Como a atividade física pode contribuir no tratamento do diabetes e obesidade? 

É determinante. Podemos considerar a atividade física como um remédio para obesidade e diabetes. Faz perder massa gorda, aumenta massa magra. Nosso músculo é a maior glândula do corpo humano e, quando contraído, faz aumentar a produção de vários hormônios chamados miocinas, que regulam todo o organismo, a termogênese, queima de gordura, transforma o tecido adiposo em um tecido mais metabolicamente ativo, melhorando o sistema cardiovascular, melhora os ossos e, principalmente, age no cérebro, melhorando o humor, a memória, diminuindo a depressão e prevenindo a demência como o Alzheimer. A atividade física regular também ajuda na prevenção do câncer. Para quem já desenvolveu a doença, o exercício físico pode ser um grande aliado na remissão.

 

Instituto Correndo pelo Diabetes (CPD) 

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Março Amarelo chama atenção para a Endometriose, doença que acomete uma em cada dez mulheres

Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que a endometriose causa dor, pode levar à infertilidade e ser até mesmo incapacitante 

 

Fortes dores abdominais, que se assemelham a cólicas, geralmente incapacitantes e que sempre aparecem no período menstrual, não são normais e podem ser sinal de endometriose, uma doença inflamatóeria e que pode levar à infertilidade. Março Amarelo é o nome da campanha que alerta as mulheres para o problema, que acomete uma em cada dez mulheres em idade fértil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS). 

Conforme explica a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, quando as mulheres relatam o que sentem, em consulta, e comentam seus hábitos diários, é possível que o médico experiente desconfie de um quadro de endometriose. Então, exames bioquímicos são solicitados para que o quadro se confirme. "A paciente com endometriose precisa ser tratada individualmente, porque essa doença nunca é igual, de uma mulher para a outra. Cada uma precisa de um tratamento diferente, mas todas necessitam de mudança de estilo de vida”, diz ela.

A endometriose acontece quando a camada de tecido que reveste internamente o útero, o endométrio, ao se desprender (descamar), na menstruação, em vez de sair pela vagina, no formado de fluxo menstrual, por algum mecanismo não identificado completamente pela ciência, escapa para a cavidade abdominal. É a chamada menstruação retrógrada. “Quando algumas dessas células do endométrio migram para a cavidade abdominal, elas atingem outros órgãos, como as trompas, ovários, intestino e bexiga, por exemplo, fixando-se nestes órgãos. As células do endométrio descamam a cada menstruação, então, estejam elas onde estiverem, elas sangrarão a cada menstruação. É por isso que mulheres com endometriose na bexiga ou no intestino podem apresentar sangue na urina ou nas fezes, na menstruação, por exemplo”, resume Dra. Mariana.

A endometriose também pode atingir outros órgãos. Quando ela se encontra no músculo do útero, o miométrio, é chamada de adenomiose, e pode causar sangramento menstrual intenso e cólicas. Se, em casos raros, as células forem enviadas pela corrente sanguínea para órgãos distantes, como coração, cérebro e pulmões, pode haver complicações ainda mais severas. “No cérebro, ao sangrar, as células da endometriose podem causar um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo”.

A maioria dos casos de endometriose, porém, estão restritos à cavidade abdominal e devem ser diagnosticados o mais rápido possível, para que a mulher ganhe qualidade de vida.


O tratamento da endometriose

Dra. Mariana Rosario, que faz parte do corpo clínico do hospital Albert Einstein e também é obstetra e mastologista, diz que a endometriose pode ser diagnosticada em exame clínico, após uma boa conversa com a paciente. Depois, exames de imagem e de marcadores específicos são solicitados, para saber o tamanho do foco da doença. “Em casos graves, apenas a videolaparoscopia consegue determinar a extensão da doença”, explica.

O tratamento é realizado de forma que a paciente evite, ao máximo, a cirurgia. Atualmente, existem drogas antiestrogênicas para combater o problema, que trazem excelente resultado para dor e lesão. “Essa doença depende do hormônio estrógeno para se manifestar, então, os implantes hormonais bioidênticos antiestrogênicos são excelentes neste tratamento”, ressalta.

Paralelamente, é imprescindível que seja adotada uma dieta sem glúten e sem lactose por um período, para desinflamar o organismo. “A prática de atividade física regular, a meditação e o tratamento psicológico, sempre que possível, completam o pacote, porque não adianta tratarmos o corpo, se a alma está doente”, explica a especialista. É isso mesmo: a Dra. Mariana Rosario defende que, no tratamento da endometriose, não basta apenas tratar a doença clinicamente. “Apenas o tratamento multidisciplinar surte efeitos na endometriose. Essa doença tem componente emocional envolvido e mulheres com tendência à depressão são naturalmente mais propensas a desenvolvê-la. Por isso, é necessário eliminar a inflamação crônica do organismo, por meio da redução do glúten e da lactose, adotar uma rotina fixa de atividades físicas e investir no apoio psicológico”, alerta.

Nos casos graves, em que as cirurgias são necessárias, é preciso avaliar a extensão das lesões e envolver os profissionais capazes de eliminá-las. Pode ser necessário que gastroenterologistas, além dos ginecologistas, participem do procedimento. O tratamento multidisciplinar também se faz necessário nesta hora.

A endometriose também está ligada a problemas de fertilização porque a doença produz algumas citotoxinas endometriais que dificultam a implantação do embrião, devido a esse endométrio não ser normal. A infertilidade atinge cerca de 40% das brasileiras com essa doença. Portanto, é necessário que se trate a endometriose o quanto antes, quando a mulher quer engravidar.

A endometriose não é um câncer, mas se estuda a ligação da doença como precursora de casos de câncer de ovário. “Estudos, ainda inconclusivos, apontaram que pacientes que desenvolvem câncer de ovário teriam sofrido de endometriose. Mas, ainda é cedo para poder afirmar a relação entre as doenças. A endometriose não é um tumor, mas, como sou mastologista e estudo o câncer, percebo que ela se assemelha ao câncer na invasão de órgãos, sem causar metástase. A endometriose é uma doença séria, que precisa de atenção e tratamento. Não se deve negligenciá-la”, finaliza a médica.

 

 

Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.


Consultas regulares ao dentista podem colaborar para diagnóstico precoce do câncer de boca e outras doenças

Para 2022, Inca estima cerca de 15 mil novos casos do câncer da cavidade oral 

 

 “A saúde começa pela boca”. Esta frase tantas vezes repetida revela o quão fundamental é ter um acompanhamento da saúde bucal com um olhar integrado. A boca é a porta de entrada para o aparelho digestivo e está diretamente conectada a todo o sistema imunológico. Daí a importância de manter os cuidados e as consultas regulares ao dentista para identificar qualquer situação atípica.


De acordo com o coordenador técnico da Clínica Odontológica Omint, Marcus Amaral manchas e placas brancas ou avermelhadas, feridas que não cicatrizam em até 15 dias, nódulos no pescoço, sangramentos e dificuldade para engolir ou falar são ocorrências que devem acender o sinal de alerta. 

“Esses são apenas alguns dos sinais e sintomas que podem sugerir o diagnóstico de câncer de boca, e que são possíveis de serem detectados pelo dentista, nas consultas preventivas”, explica Amaral “A recomendação é que as visitas ocorram a cada seis meses. Contudo, cada paciente é avaliado individualmente e recebe uma orientação específica para o acompanhamento”.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o problema é mais comum em homens acima dos 40 anos. A estimativa para 2022 é de 11.180 casos em homens e de 4.010 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 10,69 casos novos a cada 100 mil homens e 3,71 para cada 100 mil mulheres. O desafio, assim como em outros tipos de câncer, é o diagnóstico rápido e assertivo.

“O câncer de boca tem cura quando diagnosticado precocemente. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de recuperação. Quando descoberto no início, o tumor pode ser retirado em cirurgias menos invasivas”, alerta o especialista. 

 

Grupos de risco

A recomendação é que todos criem o hábito regular de frequentar o dentista. “Contudo, os fumantes e aqueles que consomem bebida alcoólica em excesso estão mais propensos a desenvolver lesões que podem causar câncer bucal. 

Para pacientes diabéticos, aqueles com alguma doença cardiovascular e pacientes em tratamento para osteoporose, a recomendação é o acompanhamento para manter a saúde bucal adequada. Em qualquer situação, em uma consulta que se observa e detecta alguma anormalidade, o dentista pode e deve solicitar uma biópsia para uma avaliação mais criteriosa”, explica Amaral. 

Outras doenças como o HPV, também podem ser detectadas nas consultas periódicas.

 

Autoexame é fácil e deve ser feito todo mês

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) recomenda a realização mensal do autoexame bucal. O procedimento é simples: com a boca bem aberta em frente ao espelho, em ambiente bem iluminado, deve-se afastar a bochecha com o cabo de uma colher, levantar a língua e verificar todas as regiões internas. A procura deve ser por manchas brancas ou avermelhadas, feridas ou caroços. 

O exame precisa se estender ao pescoço, observando a ocorrência de nódulos fixos. “É normal ter ínguas nessa região, mas se notar que há um nódulo duro e fixo, é mandatório procurar atendimento especializado”, alerta Marcus.   

 

Omint


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