Pesquisar no Blog

segunda-feira, 10 de maio de 2021

É na escola que as crianças e jovens aprendem sobre empatia e outras competências socioemocionais, diz especialista

Pessoas que desde cedo desenvolvem as chamadas soft skills tornam-se mais humanas e solidárias


A pandemia da Covid-19 também expôs feridas de uma sociedade que não é solidária diante de necessidades coletivas. Após mais de um ano de crise, o uso de máscaras de proteção e o distanciamento social ainda são vistos com reticências, especialmente entre os mais jovens. Festas clandestinas, viagens desnecessárias, grandes reuniões familiares, entre outras atividades que fomentam as aglomerações, evidenciam que a capacidade de se colocar no lugar do outro precisa ser estimulada. 

Entretanto, antes de mirar os holofotes para a juventude em busca de culpados, a neuropsicopedagoga Renata Aguilar diz que não adianta querer que o adolescente e o jovem mostrem empatia se essa competência não foi desenvolvida neles e estimulada desde a infância.

As habilidades, também conhecidas como competências socioemocionais, podem e devem ser desenvolvidas desde a primeira infância. “Como resultado, teremos crianças, jovens e adultos mais fortes e confiantes do ponto de vista emocional e com um olhar mais altruísta, voltado para o próximo”, diz ela, que é também autora da coleção de apostilas “Socioemocional”, um material lançado pelo Grupo Super Cérebro, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular, para alunos de ensino fundamental e médio.

Para a neurociência, é nesta fase que ocorre o mais significativo desenvolvimento neurológico, fenômeno também conhecido como plasticidade cerebral. "Portanto, quando estimulamos desde pequenos competências como empatia, autoconhecimento, segurança e capacidade de argumentação podemos, inclusive, prevenir problemas de aprendizagem e dificuldades de socialização", afirma a neuropsicopedagoga. 


Escola como agente multiplicador

Por meio de abordagens e estímulos específicos embasados em materiais pedagógicos assertivos, a criança e o jovem entendem que as suas ações têm responsabilidades e que não devem jamais prejudicar o próximo. “Tudo, é claro, dentro de um contexto lúdico, reflexivo e de acolhimento. De preferência, dentro das escolas – que é a primeira sociedade que a criança vivencia.” 

Ao aprender a negociar um brinquedo ou ser capaz de defender suas ideias, exemplifica Renata, os pequenos vão entendendo que fazem parte de um grande sistema autossustentável, em que a relação de dependência é mútua. 

Quando a escola desenvolve esse papel junto das crianças e dos jovens o resultado reverbera na família e, por consequência, na sociedade. “As crianças são importantes agentes multiplicadores. Conforme vão aprendendo, vão reproduzindo em outros ambientes e, dessa forma, conseguimos atingir outras esferas da sociedade.” 

Além disso, prossegue, o professor que trabalha com as habilidades socioemocionais também é beneficiado. “Com o tempo ele passa a exercer a sua atividade com um nível mais profundo de autoconhecimento, autocuidado e autocrítica, estando, portanto, mais apto para lidar com as diferenças em sala de aula.”

Para a autora das apostilas “Socioemocional”, cabe ao professor e à escola observar esse aluno e cuidar para que o repertório linguístico não seja o único ponto a ser trabalhado pela instituição de ensino. “Porém, vale ressaltar que os gestores devem estar preparados. É necessário que estudem, busquem evidências científicas e entendam alguns aspectos da neurociência e do cérebro. Um exercício que gosto de praticar em sala de aula e que envolve o estímulo de áreas positivas do cérebro é: como converter a reclamação em gratidão? O resultado é transformador.” 


Como o lúdico e o brincar ajudam na compreensão das emoções

Altruísmo, empatia, autoconhecimento, segurança e capacidade de argumentação são algumas das habilidades socioemocionais que podem ser desenvolvidas por meio de brincadeiras e atividades lúdicas. Entre elas, rodas de conversa e levantamento de hipóteses, contação de histórias, músicas, cantigas, leitura de jornais, poemas, além da cultura digital (Fake News e Bullying), são apenas algumas das abordagens que podem ser praticadas em sala de aula. 

Segundo Renata Aguilar, tais práticas estimulam o olhar crítico, reflexivo e propiciam uma melhor compreensão das emoções. “No entanto, é essencial dar espaço para que as crianças sejam protagonistas do seu próprio conhecimento, a partir do repertório de vida que já possuem”, salienta, explicando que as apostilas foram desenvolvidas exatamente para que o aluno se torne protagonista e multiplicador no gerenciamento de suas emoções.

De acordo com o método, já presente em cerca de 150 escolas do Brasil, o professor deve se colocar na condição de mediador e não simplesmente entregar tudo pronto para a criança. “Ele deve dar liberdade, autonomia e desenvolver a consciência crítica e reflexiva dos seus alunos, sempre promovendo o próximo.”  

 

 


Grupo Super Cérebro

 https://www.supercerebro.com.br/


Mães: No Brasil, 46% das mães se sentem julgadas com frequência, mostra Ipsos

Para 46,3% das brasileiras, o sentimento de se sentirem julgadas enquanto mães é frequente. É o que aponta estudo da Ipsos realizado em 28 países. No comparativo com as respostas de pais, há uma diferença de mais de 10 pontos percentuais: 35,9% dos respondentes do sexo masculino disseram se sentir julgados frequentemente.

Além disso, 33,5% das mulheres e 47,5% dos homens afirmaram se sentir julgados às vezes. Somando as respostas do “frequentemente” e “às vezes”, 8 entre cada 10 pessoas entrevistadas pelo levantamento no Brasil sentem que a sociedade julga, em maior ou menor escala, sua maternidade ou paternidade.

Entre os principais tópicos pelos quais se sentem julgadas, as mães brasileiras citam: o comportamento do(s) filho(s) (49,7%), o que deixam ou proíbem o(s) filho(s) de fazer(em) (47,6%) e a forma como controlam os comportamentos da(s) crianças(s) (36,4%).

As mães do Brasil estão entre as que mais se sentem frequentemente julgadas no mundo, atrás apenas das indianas (60,6%), das sauditas (49,4%) e das australianas (48,5%). Na média global, o percentual de mulheres no exercício da função materna que sente julgamento frequente da sociedade é de 38%. De homens, é de 33,9%.

Foram realizadas 23 mil entrevistas em 28 países – sendo 1.000 entrevistas no Brasil – entre 23 de dezembro de 2020 e 8 de janeiro de 2021. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 p.p..

 

 

Ipsos

www.ipsos.com/pt-br


O consumo de álcool e alimentos de difícil digestão pioram a qualidade de sono do brasileiro, aponta pesquisa

Informações coletadas pela startup Vigilantes do Sono mostram que além da pandemia, alguns hábitos ruins prejudicam a qualidade do sono da população.

 

Um estudo realizado pela Royal Philips identificou que 74% dos brasileiros enfrentam um ou mais problemas de sono, sendo que 50% relataram que a pandemia afetou diretamente a capacidade de dormir bem.

Esses fatores aliados à má alimentação podem desencadear uma piora na qualidade do sono, como indica a análise realizada pela startup Vigilantes do Sono, a partir de 70 mil noites de sono registradas por mais de 6 mil pessoas que utilizaram o programa digital, indicam que consumir refeição pesada perto do horário de dormir aumenta em média 44 minutos o tempo que a pessoa permanece acordada na cama sem dormir. Isso acontece porque o organismo dá prioridade à digestão e não ao sono.

No que se refere ao consumo de cafeína, ao ingerir a bebida até cinco horas antes de dormir, a pessoa fica em média 42 minutos a mais na cama e acaba dormindo 12 minutos a menos. Já sobre o consumo de bebidas alcoólicas, as informações da Vigilantes do Sono afirmam que o álcool possui um efeito negativo que perturba a qualidade do sono, o que faz as pessoas acordarem mais cansadas e com menos disposição.

Segundo Laura Castro, sócia e diretora de psicologia na Vigilantes do Sono, "ao consumirmos alimentos mais pesados e bebidas mais energéticas antes de dormir o nosso corpo adquire um estado de alerta, quando na realidade deveria estar se preparando para adormecer, no caso da cafeína ela ainda atua com uma energizante e pode desregular o relógio biológico", esclarece a especialista.

Ainda segundo Laura, a cafeína por ser uma antagonista da adenosina (molécula que seu corpo identifica que seu corpo está cansado), engana seu corpo, fazendo pensar que ainda não está cansado e, desse modo, desestimulando o sono. "A cafeína também atrasa em 40 minutos a produção de melatonina, que controla nosso relógio biológico, quase a metade do retardo causado pela exposição à luz brilhante, retardando consequentemente o período de sono" " Contudo, é importante dizer que a cafeína nem sempre é uma vilã contra o sono. Ela pode ser importante ao ajudar a enfrentar o "jet lag" das viagens intercontinentais, e muitas vezes ser uma aliada quando praticada a técnica de restrição de sono, de forma a ajudar uma pessoa a aguentar a sonolência até o período adequado de ir para a cama" explica Laura.

O álcool por outro lado, não é estimulante como o café e, por isso, muitos têm o costume de beber algo para pegar no sono mais fácil. "O problema aqui é que existe um efeito rebote. O álcool desregula o sono, atrapalhando principalmente a segunda metade da noite. Em nossa pesquisa vimos que mesmo as pessoas passando mais tempo dormindo, elas alegam acordar mais cansadas e com menos disposição", conclui.


UM AMOR INESQUECÍVEL

A pergunta estava no Depósito de Tirinhas: “Amanhã é um dia a menos, ou um dia a mais na sua vida?” É uma boa pergunta. É sobre o meu tempo no mundo. A mim me parece que há uma única resposta capaz de atender à concretude do transcorrer da minha existência: amanhã é um dia a menos na minha vida; amanhã é um dia a mais para eu viver.


Vida é significado, prazer e intensidade. Eu me significo quando meço a apreciação em que me tenho: sendo quem sou, o que mereço dos outros e de mim mesmo? Sinto prazer se agrado minhas emoções, se atendo meu gosto. Sou intenso na medida em que me relaciono com categoria: quem me venha, que me seja grande; eu que não me vá pequeno a ninguém. E tudo com mundanidade, nada de viver em abstração.


Vida é tempo, e tempo tem futuro. Então, que se construa um futuro interessante e com alguma felicidade. Sobretudo, que não se sofra a tristeza de um futuro que não se soube ter. Assuntava sobre essas coisas, intrigado com o que ouvi em uma peça de teatro: alguém lá propôs que não se fizessem planos para o passado. Claro, o passado compõe a minha vida; o passado não passa, fica sempre em mim. A despeito disso, tenho que seguir: eu e o meu passado temos todo um futuro para fazer acontecer.


Pour Elise, um amor inesquecível, é um musical de Flávio de Souza e Claudio Goldman, dirigido por Pamela Duncan, teatro Folha, 2005: “Varsóvia, 1938. Em uma festa de classe social abastada, o pianista judeu Sbig se apaixona pela bela cantora Elise, casada com um líder da resistência antinazista. O amor acaba quando explode a Segunda Guerra Mundial e Elise embarca com seu marido para o Brasil. Anos depois, Sbig e Elise se reencontram no país tropical e retomam o romance” (prospecto, apresentação).


Tudo no enredo é sensível, divertido, afetivo, mas tudo trata da vida bruta, da gravidade dos acontecimentos, da fria incidência do aleatório nos nossos caminhos. Elise é socialmente sofisticada, mas pessoalmente cafajeste. Já na lua de mel “engana-se” de trem e vai ao encontro marcado com Sbig. Sbig é um apaixonado ingênuo que sabe calcular: está com Elise quando é possível; quando o dever a chama ao marido, põe-se de espera, como um bom “amante”.


Os autores afirmam que “o amor acaba quando explode a Segunda Guerra Mundial”. Discordo. Trata-se de um amor ardente, mas que sabe ser sensato. As afeições se interrompem sempre que o império dos fatos pede. Mas os amantes não se deixam vencer, resistem a matar sua paixão. Ela lembra dele enquanto cumpre os protocolos esponsais. Ele faz do seu desejo um amor buscado, e a busca até por ela ser encontrado. Embora esse amor tenha tanto de candente quanto de prático, em tudo é um amor de querer eternizar-se.


A representação teatral é angústia humorada quando, diante do futuro, o casal não pode determiná-lo para si próprio, e é humor angustiado quando os amantes se põem ingênuos ou cínicos para levar a vida como ela é. É o impreciso da condição humana tratado com gravidade e graça.


O motivo do texto é o amor, só que não trata de um amor piegas. Cuida do amor dos sobreviventes, como somos todos no mundo, ainda que alguns jamais compreendam essa nossa condição. É um amor sem controles, durado nas incertezas: “Quem quer amar vai ter que arriscar, vale a pena”, diz um personagem. Cada amanhã o dia é meu. Como na peça, não sei as surpresas que o meu dia me prepara. Espero que tenha amores, estou seguro de que haverá dores. É a vida. Quero vivê-la bem assim mesmo como ela é.
 



Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.


Neurocientista diz que pós-pandemia a procura por relacionamentos pode ser exagerada

Com a pandemia a dificuldade para se relacionar aumentou, raros são os encontros amorosos. O risco de contato pessoal, tornou-se preocupante e a falta de demonstrações de afeto e carinhos físicos tem deixado a carência evidente. O neurocientista Nicolas Cesar afirma que pós-pandemia, possivelmente pode acontecer um “efeito rebote” na vida afetiva de muitas pessoas.

 

Existe um mecanismo no cérebro que chama sistema de recompensas, responsável por ações positivas ou negativas. Quando relacionada à sensação de prazer ou de satisfação, o cérebro aumenta a dopamina no sistema nervoso central (SNC), exaltando ainda mais o desejo e euforia. No caso de algumas pessoas, por passar um período muito longo de privação, tendem hipercompensar, exagerar na procura por alguém que supra o tempo recluso, com isso podem sofrer com as consequências do imediatismo, e não conseguir escapar das decepções amorosas.

 

"Períodos prolongados de solidão podem levar a uma certa desilusão com o mundo e a vida, culminando em uma tendência de isolamento cada vez maior. Pessoas que não aguentam mais a solidão e a privação, podem manifestar também em seu comportamento dificuldades (extras) para retomar o contato social", diz Nicolas Cesar.

 

A dica do neurocientista para se entregar ao amor, sem se machucar pós-pandemia, é se envolver com cuidado, ter autoconfiança e clareza no que deseja. Aproveitar o tempo do isolamento para se conhecer melhor, descobrir quais são as prioridades pessoais e profissionais, e não esquecer de avaliar se a outra pessoa é capaz de oferecer aquilo que busca em alguém, para não se arrepender depois. 

 




Nicolas Cesar -Formado em Ciência e Tecnologia, e Neurociência, palestrante, autor do livro “Neurociente - Por que algumas pessoas são mais felizes que outras”, professor dos cursos online “Neurociência no dia a dia” e “Neuroeducação”. Também do curso acadêmico de Pós-Graduação em Neurolearning. Atualmente participa de uma de linha de pesquisa em percepção de tempo no Laboratório de Cognição Humana da UFABC

Instagram: @nicaolasneuro


Velhices

 Quando eu nasci, a expectativa de vida no Brasil era de pouco mais de 50 anos. Ou seja, se eu tivesse a idade que eu tenho agora naquele tempo eu já seria considerado velhíssimo. No entanto, as melhorias no padrão médio de saúde, habitação, trabalho e tecnologia fazem de mim, agora, um homem de meia idade, com pelo menos mais vinte ou vinte e cinco anos de vida ativa, antes de entrar na categoria dos realmente velhos. Ou seja, ganhei um tempo enorme para saber o que ainda fazer da vida.

Sempre quis ser velho, porque acho ser velho algo muito digno, mas a modernidade pregou-me essa peça e, por isso, quando digo hoje para as pessoas que estou velho - porque é bacana e porque sinto-me alegremente assim, no meu terceiro cavalo - recebo reprimendas com olhares de quem não está brincando, como se eu tivesse dito algo imoral ou tivesse comido algo que engorda muito. A velhice está se tornando uma espécie de tabu, como “aquela doença” ou “aquele problema na família". Uma demonstração disso foi a polêmica em torno da campanha feita pela ONG Relate, no Reino Unido, sobre a intimidade sexual na velhice, sobre a continuação da atração pelo outro na velhice, sobre a permanência do desejo pelo corpo do outro na velhice, ainda que esse corpo esteja em fase de descoberta da inevitável força da gravidade e as reservas de colágeno já não sejam suficientes para encarar essa briga. Aliás, como eu sempre considerei desde muito jovem, o desejo não está na percepção do olhar, mas na reflexão da mente (obrigado, John Locke) e em como ela processa de maneira complexa o conjunto de informações que vêm juntas com a imagem desse corpo. Coisas que a idade normalmente ensina. E, às vezes, não.

A ideia contemporânea sobre a velhice tem deixado os velhos em uma situação de risco. Os mais jovens, de uma maneira geral, creem que a vitalidade física e a longa estrada de tempo que supostamente têm à frente, dá a eles uma primazia em termos de cidadania e, por isso, sentem-se incomodados com os mais velhos que estão em suposta “vantagem legal", na fila do supermercado, no aeroporto ou mesmo em situações cotidianas, quando, por exemplo, demoram para entrar no carro do Uber. Da mesma forma, acham "cute" quando veem duas pessoas com bastante idade namorando ou acham "terrific" quando uma delas faz alguma atividade - normalmente física - como dançar, pular, correr, carregar coisas - que não poderiam estar fazendo, afinal são velhos ou velhas.

Penso, então, nas pessoas jovens que ficaram velhas rapidamente, passando a jato pela vida e então morreram gloriosamente. A primeira imagem que me vem à cabeça é Noel Rosa, morto aos 26 anos, depois de ter revolucionado o samba brasileiro e composto mais de 250  canções. E também Cazuza, aos 32 anos, tendo realizado uma vida artística completa e marcado para sempre a música brasileira. Como também Nara Leão, morta aos 46, ou Raul Seixas, aos 44. E o que dizer de Torquato Neto, que achou que já tinha vivido o bastante aos 28 anos? Ou Glauber Rocha, que completou seu ciclo genial e inesquecível aos 42?

Penso também nas pessoas velhas que nos encantam e nos fazem perder o fôlego com tanto talento - e que os muitos jovens ressentidos insistem em dizer que são pessoas com “alma jovem”- como Fernanda Montenegro ou Ary Fontoura, ou Habermas ou Edgar Morin, ou Anthony Hopkins ou, bom, a ideia é essa e creio que já está bem exemplificada.

Quando nasci, as pessoas morriam cedo porque o país não era capaz de garantir um tempo de existência mais longo para elas, embora viver muitos anos ou poucos anos não signifique realmente viver bem. Hoje, depois de alguns governos que melhoraram as condições gerais do país - enquanto outros fazem um pouco de tudo para reverter essas conquistas - as pessoas  existem por mais tempo. Com a Medicina avançando, as próximas gerações chegarão aos cem anos com facilidade. É muito tempo para existir. E esse parece ser o grande xis da questão: existir não é exatamente igual a viver. Porque podemos encerrar o acerto com a nossa biografia aos 20, aos 40, aos 60 ou aos 104, como Oscar Niemeyer, tendo vivido muito ou existido muito. Viver é fazer desse tempo por aqui um testemunho útil e/ou fascinante da nossa existência, como pessoas de todas as idades - viva Greta Thunberg! - fazem, diariamente. 

Gosto da ideia de ser velho, porque vivi intensamente minha juventude e minha vida adulta, balançando em meio às cordas, umas  tensas, outras  frouxas das minhas decisões, gritando sempre ao contra regra: “sem rede de proteção!”. Agora, a calma que a memória desses tempos agitados e a certeza de que eles já ocorreram, enchem-me de vitalidade para um viver mais epicurista, de prazer com discernimento, de desejos moderados. Como um livro que nos envolve e acaricia, mas que sabemos que chegará à última página. Seja a Metamorfose de Kafka ou as Putas Tristes de Garcia Marquez; seja um grande romance de Pasternak ou Lúcio Cardoso; seja Ratos e Homens ou Vinhas da Ira, o importante é que, no fim, eu tenha saboreado cada página e, então, feche o livro e repouse minha cabeça na poltrona e (en)cerre os olhos para estender o prazer da jornada para o infinito. E além.

 


Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.
danielmedeiros.articulista@gmail.com
@profdanielmedeiros


Coronofobia: a nova vilã da saúde mental

 

Freepik

Psiquiatra alerta para medo excessivo relacionado à Covid-19


O coronavírus continua trazendo muitos problemas nesses 17 meses de pandemia - o número de mortes por conta do vírus, juntamente com o medo da população mundial, continua crescendo. Essa aflição, quando excessiva, ganha um novo nome: coronofobia.

Sintomas de ansiedade e medo de contrair o vírus da Covid-19 têm feito com que pessoas se sintam inseguras em todo e qualquer lugar. Um estudo feito pela National Library of Medicine analisou 500 casos de ansiedade e depressão e certificou que todos estavam ligados à crise da Covid-19. O termo “coronofobia” foi criado no final de 2020 e traduz uma ansiedade grave diante do vírus e da pandemia, tanto em contraí-lo, quanto em disseminá-lo.

Segundo a psiquiatra e professora de Saúde Mental no curso de Medicina da Universidade Positivo, Raquel Heep, quem tem essa fobia não percebe e acredita que o seu comportamento está correto e os outros é que estão errados, causando um sofrimento muito grande para a pessoa. "É importante ressaltar que esse tipo de ansiedade não é saudável, fugindo dos padrões de incertezas que todos nós temos. É normal ter um certo grau de ansiedade, mas essa preocupação excessiva traz prejuízos físicos e funcionais. É claro que lavar as mãos, usar álcool em gel, máscara e manter o distanciamento social são atitudes necessárias, mas quem sofre com a coronofobia possui comportamentos como lavar as mãos a ponto de machucá-las e usar máscara dentro de casa, ou até mesmo para dormir. São pessoas que não saem de casa mesmo quando necessário", aponta.

Pessoas com coronofobia também dão muita importância a sintomas que não são preocupantes e acabam até mesmo se automedicando, podendo gerar crises de pânico e problemas físicos. A professora recomenda que, quem identificar sinais de medo excessivo deve agendar uma avaliação com um profissional especializado em saúde mental, principalmente psicólogo ou psiquiatra, que vai avaliar a necessidade, ou não, de medicação para o controle da ansiedade. "Esse segundo ciclo da pandemia trouxe mais inseguranças a todos nós, mas temos que nos manter esperançosos e não deixar que toda essa situação nos traga ainda mais prejuízos", salienta.

 


Universidade Positivo

universidade.up.edu.br/


Como deixar de procrastinar? 4 mudanças para implantar no seu cotidiano agora mesmo

Fotos de Debora Garcia / créditos: arquivo pessoal

A especialista em fisiologia Debora Garcia explica mais sobre mal que nos assola e dá quatro dicas de como deixar a preguiça de lado

 

Procrastinar é universal, e não pense que é só você, seus parentes, familiares, amigos ou vizinhos que evitam fazer certas atividades do dia-a-dia, "empurrando com a barriga" aquela tarefa que, no momento, não estamos com tesão em fazer.

 

Entretanto, procrastinar pode nos trazer consequências, como acúmulo de trabalho e não podemos fugir dela, pois uma hora ou outra vamos ter que trabalhar nossas emoções e enfrentar os problemas.

 

Mas por que procrastinamos? Por que deixamos para fazer depois coisas que podem ser realizadas de maneira simples no momento? Para responder essas e outras dúvidas relacionadas à procrastinação, convidamos a especialista em fisiologia e meditadora Debora Garcia para falar como nosso cérebro atua diante de um trabalho que consideramos enfadonho e como podemos evitar ter preguiças para realizar tarefas.

 

"Procrastinar é uma resposta automática e inconsciente a emoções desconfortáveis. Procrastinamos até para fazer coisas bobas, como lavar louça e arrumar a cama, isso porque nosso cérebro entende que é uma coisa chata. Então temos tendência para evitarmos fazer tarefas que não gostamos de fazer no dia-a-dia.", assim a especialista começou explicando.

Mas, indo além de adiarmos fazer tarefas de coisas do nosso cotidiano, também procrastinamos em fazer coisas maiores e mais complexas, que nos exige mais atenção, como por exemplo, marcar uma consulta, pagar uma conta e até mesmo elaborar a nossa aposentadoria. Nesses casos, a especialista pondera que mesmo adiando, não vamos conseguir fugir das responsabilidades.

 

"O nosso cérebro gosta de sentir prazer, então procrastinamos porque é prazeroso. Quando temos que resolver coisas burocráticas, como por exemplo documentos, isso pode ser monótono ou até complicado para algumas pessoas, principalmente nesse momento que temos que resolver pela internet e lidar com os erros de páginas. É desgastante, trabalhoso, mas não conseguimos fugir, sobretudo se tratando da nossa saúde, vamos ter que enfrentar", ponderou.

 

A consequência de se procrastinar nos estudos e no trabalho é maior

Quando temos a mania de "deixar para  amanhã o que precisamos fazer hoje", obrigações que podem ser simples de serem resolvidas, acabamos acumulando serviço e, geralmente, nos damos conta quando temos alguns tipos de prejuízo. No trabalho e nos estudos isso é mais comum.

 

Nesses dois ambientes, Debora Garcia frisa que, além dos profissionais e estudantes procrastinarem para fazer tarefas enfadonhas, também existe o medo de não saberem superar os desafios e os medos de quais resultados aquilo pode gerar. "O medo de fracassar, de não se sair bem, está ligado à procrastinação. Se o profissional ou o estudante não se sentir seguro naquilo que for realizar, então protela, deixando para enfrentar a tarefa em outro momento. Ao voltar para o mesmo ponto, de resolver o assunto, ele pode fugir de novo e assim sucessivamente", frisou a especialista.

 

Entretanto, diferenciando ambos, a meditadora aponta que no campo profissional ter essa atitude pode ser mais prejudicial. "Cabe para o profissional que, por exemplo, já não aguenta mais o trabalho, mas a segurança que o serviço lhe oferece, lhe faz procrastinar sua saída, assim trabalhando de maneira infeliz. Também vale para o empregado inseguro, mesmo que seja convidado para montar uma apresentação que lhe custe uma ascensão de cargo, ele vai dar um jeito de evitar, o que pode prendê-lo em uma situação de insatisfação por muito tempo", finalizou.

 

Como evitar a preguiça e ser mais produtivo no dia-a-dia

 

É possível vencer esse mal que nos assola tendo uma boa organização e bom trabalho emocional. Abaixo, Debora compartilha quatro pilares cruciais para driblar a procrastinação.

 

  1. Organize seu tempo: crie uma agenda ou faça uma lista com todas as suas tarefas do dia e cada uma feita, dê um "ok" na frente da atividade. Ao final do dia, com tudo feito, você se sentirá melhor.
  2. Tenha habilidade emocional: entenda que as coisas precisam ser feitas mesmo que lhe gere um desconforto. Além de identificar as tarefas do dia, é preciso conseguir lidar com as emoções.
  3. Auto-observação: tente identificar em quais setores da vida você procrastina. Sabendo delas, fica fácil reverter o problema

Evite ser perfeccionista: seja mais estimulante consigo mesmo. Encontre formas para fazer as coisas acontecerem e deixe de se auto julgar, cobrar

 


Debora Garcia - Palestrante, professora de meditação, escritora e mentora, atua no mercado corporativo e para autogestão pessoal. Formada em Educação Física pela UMESP, especializada em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP, atua também na área de educação corporal por mais de 14 anos, identificando que as habilidades ou inabilidades internas são pontos limitantes tanto no desempenho esportivo como na vida

 

 

Doze dicas para fortalecer o sistema Imunológico e amenizar as alergias nesta época do ano!

As doenças respiratórias atingem, em média, 30% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), porém em tempos de Covid-19 a atenção deve ser ainda maior.


“É bastante comum nesta época do ano, com as sucessivas frentes frias, muitas pessoas sofrerem com alergias respiratórias, resfriados e gripes, que aumentam em 40% a incidência, por conta das oscilações climáticas. O grande vilão não é só o vírus, mas o ar frio e a poluição do ar. Tomar a vacina é fundamental, por que diminui o risco de gripes e suas complicações, mas a frente fria, o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar contribuem para o aumento das doenças respiratórias devido à alta concentração de poluentes na atmosfera, propiciando o aparecimento de doenças respiratórias como rinite, sinusite, asma e bronquite”, ressalta o otorrino Dr. Alexandre Colombini. 

Segundo o especialista, cerca de 10% dos brasileiros apresentem quadros variados de asma, enquanto 30% sofram com rinite alérgica. 

“ As crianças sofrem mais, com idade abaixo dos 05 anos, e os idosos acima dos 60 anos também, isto por que o sistema imunológico nestas faixas etárias é menos funcional. Com isso as chances de as gripes e resfriados voltarem a cada semana é maior, o que também acaba levando a um gasto maior dos anticorpos, abaixando ainda mais a resistência para que peguem mais e mais doenças respiratórias”, explica o doutor.


VÍRUS DA GRIPE E ALERGIAS- RECOMENDAÇÃO:

Aqueles que são alérgicos ou que têm rinite alérgica ou bronquite são mais sensíveis nessa época do ano e sofrem mais. Devem previamente consultar o médico para poderem se fortalecer, evitando quadros mais graves. Busque um profissional de sua confiança e se possível consultas online. A ida ao pronto-socorro pode prejudicar ainda mais qualquer quadro, pois ali com certeza é um ambiente fechado onde há acúmulo de doenças respiratórias de todo tipo e agora temos mais um alarmante que é o COVID-19.


12 Dicas do especialista. Anote:

  1. - Beba bastante água: o ideal é ingerir dois litros por dia para manter o organismo hidratado. Isso vai ajudar muito a hidratar as vias respiratórias também.
  2. - Faça limpeza nasal com solução fisiológica ao menos duas vezes ao dia. Caso trabalhe em ambiente com ar condicionado, redobre o uso por que ele resseca ainda mais as vias respiratórias.
  3. - Umidifique o ar, seja com aparelhos próprios para isso ou mesmo com toalhas úmidas e/ou grandes bacias para que haja uma grande superfície a ser evaporada para tornar o ar mais úmido.
  4. - Guarde brinquedos de pelúcia em embalagens à vácuo depois de higienizados.
  5. - Procure manter os ambientes arejados.
  6. - Evite usar vassouras para limpar a casa, pois elas podem espalhar a poeira. Prefira utilizar panos úmidos.
  7. - Troque a roupa de cama a cada semana.
  8. - Procure ter uma boa alimentação. A alimentação deve ser balanceada com sopas e caldos ricos em verduras e legumes. As frutas são essenciais, principalmente aquelas que contêm vitamina C, como a laranja. Elas ajudam a prevenir gripes e resfriados.
  9. - Lave as mãos com álcool gel e evite o contato com a boca, nariz ou olhos por que é a porta de entrada dos vírus e bactérias.
  10. - Tenha um bom sono e um bom descanso.
  11. - Evite o contato com pessoas gripadas ou com resfriados, pois essas doenças são adquiridas pelo ar. Ao espirrar, coloque um lenço ou a mão só se puder lavá-la em seguida, ou vai transmitir a doença assim que tocar qualquer superfície.
  12. - Mantenha a respiração sempre pelo nariz e não pela boca, pois as narinas têm a função de filtrar o ar e aquecê-lo;

 

Canabigerol mostra efeito terapêutico para doenças inflamatórias

 Recentes estudos com a substância, extraída da Cannabis, revelam propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antibacterianas


Com o avanço da Ciência nos estudos da cannabis medicinal, pesquisadores buscam compreender, cada vez mais, os benefícios das diferentes substâncias extraídas da planta. Para o neurologista Flávio Rezende, mestre e doutor em Neurologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o canabigerol (CBG) representa uma nova fronteira entre os fitocanabinoides existentes. "Diversos estudos pré-clínicos apontam o CBG como potencial substância no tratamento de sintomas não atendidos em diversas condições médicas - como a esclerose múltipla e a doença de Parkinson", revela Dr. Flávio Rezende. Um dos benefícios é a ausência de efeitos psicotrópicos, já que não altera o humor ou estado psicológico do paciente.

O canabigerol foi descrito pela primeira vez em 1964 pelo pesquisador Raphael Mechoulam, o "pai da cannabis moderna", mas seu mecanismo de ação só começou a ser descoberto recentemente. Estudos pré-clínicos utilizando células e modelos animais demonstram seu potencial terapêutico para diversas indicações. "Modelos de pesquisa pré-clínicos in vivo demonstraram que o CBG possui efeito imunomodulador muito potente. Isso abre as portas para realização de pesquisa em humanos, principalmente quando inflamação e a neurodegeneração coexistem", explica Dr. Flávio Rezende, que também é diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Health Meds.

Estudos mostram que o CBG mostrou uma importante ação neuroprotetora na doença de Parkinson, reduzindo os níveis de marcadores e reações inflamatórias. Já na esclerose múltipla, derivados do CBG mostraram melhora na atividade motora, redução na expressão de moléculas pró-inflamatórias e diminuição da atividade de células inflamatórias no cérebro.

O neurologista revela que, em breve, será realizado o primeiro estudo em humanos com canabigerol em todo o mundo. "Estamos protocolando no Brasil um estudo clínico de fase II para analisar o uso de formulações com canabigerol em pacientes com doença de Parkinson. Nosso foco também está direcionado à investigação de doenças que cursam com dor crônica, insônia, depressão e apatia, como a esclerose múltipla", diz Dr. Flávio Rezende.


Mecanismo de ação

O canabigerol é uma molécula precursora dos fitocanabinoides e está presente em apenas 1% da planta cannabis, mas com um efeito extremamente potente nos receptores CB2 que estão relacionados ao funcionamento do sistema imunológico e dos nervos periféricos.

O CBG também é um potente agonista de PPARs, fatores de transição que sinalizam a inflamação dentro do núcleo da célula. Esses fatores funcionam como mensageiros nos processos antioxidantes e anti-inflamatórios no organismo. Quando os PPARs são ativados, estimulam o organismo a diminuir a inflamação e agem como um efeito antioxidante.


Propriedades do canabigerol em estudo:

• Ação analgésica e anti-inflamatória

Existe um número crescente de evidências mostrando que os canabinoides reduzem a sensibilidade à dor pela ação potencial associada à inflamação. A substância tem sido estudada no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, como na colite ulcerativa. Estudos iniciais mostram que o canabigerol tem 80 vezes mais potência do que o poder anti-inflamatório do ácido acetilsalicílico.


• Propriedade antibacteriana

O canabigerol possui atividade contra bactérias, microbactérias e até mesmo fungos, sendo mais potente que outros fitocanabinoides como THC, CBD e canabicromeno.


• Potencial atividade antitumoral

Além de reduzir náuseas e vômitos associados à quimioterapia, o uso de canabinoides tem demonstrado potencial em inibir o crescimento de células cancerígenas. Em estudos pré-clínicos, o CBG foi capaz de reduzir a proliferação de células humanas de câncer de mama, próstata, carcinoma colorretal e adenocarcinoma gástrico.


• Potencial atividade redutora da pressão intraocular

Estudos pré-clínicos demonstram que o CBG promove redução da pressão intraocular através do aumento da drenagem de fluidos oculares, sendo promissor para o tratamento do glaucoma.



Entenda a Cannabis Medicinal

A cannabis medicinal possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos, denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC (Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas, incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o sono, a imunidade e a dor.

Com base em estudos variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação, distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson (sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia (Dravet e Lenox Gastaut), esclerose múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.



Health Meds 

Site: http://www.healthmeds.com.br
facebook.com/ healthmedsbrasil
instagram.com/ healthmedsbrasil
linkedin.com/company/ healthmedsbrasil /
youtube.com/c/ HealthMedsBrasil

 


Referências:

1. Colasanti BK, et al. Exp Eye Res. 1984;39:251-9
2. Colasanti BK. J Ocul Pharmacol. 1990;6:259-69
3. Ligresti A, et al. J Pharmacol Exp Ther. American Society for Pharmacology and Experimental Therapeutics; 2006;318:1375-87
4. Orrego-González E, et al. Evid-Based Complement Altern Med ECAM. 2020;2020:2371527
5. Borrelli F, et al. Carcinogenesis. 2014;35:2787-97
6. Borrelli F, et al. Biochem Pharmacol. 2013;85:1306-16
7. Pagano E, et al. Phytother Res [Internet]. [citado em 2021 Jan 11];n/a. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/ptr.6831
8. Deiana S. Chapter 99. In: Preedy VR, editor. Handb Cannabis Relat Pathol [Internet]. San Diego: Academic Press; 2017 [citado em 2021 Jan 10]. p. 958-67. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780128007563001150
9. Appendino G, et al. J Nat Prod. 2008;71:1427-30
10. Farha MA, et al. ACS Infect Dis. American Chemical Society; 2020;6:338-46
11. Valdeolivas S, et al. Neurother J Am Soc Exp Neurother. 2015
12: 185-99; 12. Díaz-Alonso J, et al. Sci Rep. 2016;6:29789
13. García C, et al. J Neuroinflammation. 2018;15:19
14. Granja AG, et al. J Neuroimmune Pharmacol Off J Soc NeuroImmune Pharmacol. 2012;7:1002-16
15. Gaoni Y, et al. J Am Chem Soc. American Chemical Society; 1964;86:1646-7
16. Formukong EA, et al. Inflammation. 1988 12(4):361-71.
17. Colasanti BK, et al. Exp Eye Res. 1984;39:251-9.
18. Colasanti BK. J Ocul Pharmacol. 1990;6:259-69.

Especialista explica por que a covid-19 já é considerada uma doença vascular e não apenas respiratória

Cientistas defendem que a doença deixe de ser classificada como uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG) para se tornar a primeira febre viral trombótica

 

Para a maior parte dos leigos, a covid-19 pode ser definida apenas como uma doença respiratória, que em poucos dias pode acometer os pulmões. Porém, cientistas descobriram recentemente que esta é apenas uma das faces da doença. "O SARS-CoV-2 possui também impacto vascular no organismo por causar lesão endotelial, que é a camada interna do vaso. "Esta lesão pode causar dissecção deste vaso, inflamação do endotélio com comprometimento da circulação, tromboembolismo arterial e venoso, alteração da microcirculação, e consequente repercussão em todo o organismo ", explica o médico Dr. Josualdo Euzébio da Silva, especializado em cirurgia vascular e endovascular.

Conforme o médico revela, as alterações endoteliais podem justificar essas alterações. Dr. Josualdo enfatiza ainda que a Covid-19 precisa ser mais conhecida para melhor entendimento. "Temos visto alterações circulatórias que podem ocorrer tanto na fase da doença quando no período até três meses pós-covid. Algumas alterações podem ser tratadas com medicamentos e outras necessitam de tratamento cirúrgico".

Uma pesquisa publicada na revista científica norte-americana Circulation Research mostrou que o novo coronavírus utiliza uma enzima de conversão da angiotensina (ACE2) para facilitar a entrada nas células-alvo e iniciar a infecção. Esta entrada viral na célula depende da ligação da proteína S (glicoproteína Spike) à ECA (enzima de conversão da angiotensina) nas células hospedeiras.

"Segundo o artigo da renomada revista, quando o endotélio vascular é infectado, ele desencadeia a produção de espécies reativas de oxigênio mitocondrial e desvio glicolítico. Paradoxalmente, a ACE2 é protetora do sistema cardiovascular, enquanto a proteína SARS-CoV-1 S promove lesão pulmonar ao diminuir o nível de ACE2 nos pulmões infectados. No estudo, os cientistas mostraram que a proteína S sozinha pode danificar as células endoteliais vasculares (ECs) ao diminuir a regulação da ECA2 e, consequentemente, inibir a função mitocondrial".

Neste estudo, o Sars-CoV-2 é ressaltado com uma característica peculiar: a de promover a hipercoagulabilidade do sangue, sobretudo por fomentar uma produção elevada de substâncias inflamatórias e de uma enzima chamada trombina, que participa do processo de coagulação. "As complicações circulatórias deste evento podem comprometer pulmões, coração, rins e cérebro. O tromboembolismo arterial e venoso e o comprometimento da microcirculação pode levar até mesmo a perda dos membros inferiores", destaca o cirurgião.

Um artigo publicado recentemente no periódico científico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz defendeu que, inclusive, que a covid-19 deixe de ser classificada como uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG) para se tornar a primeira febre viral trombótica. Seria uma classificação pioneira, já que ela é a primeira que favorece a coagulação excessiva, aumentando o risco de trombose.

Dr. Josualdo Euzébio alerta que o controle e a prevenção do tromboembolismo na fase aguda da covid-19 deve ser enfatizado. "É fundamental o acompanhamento médico, lembrando que dor e inchaço nas pernas podem sugerir alterações trombóticas. Saliento a importância do isolamento social e das medidas sanitárias recomendadas pelo Ministério da saúde e enfatizo que as doenças vasculares muitas vezes necessitam de diagnóstico e tratamento precoces", finaliza.



DR. JOSUALDO EUZÉBIO DA SILVA - CRM MG 26128 RQE 17502/RQE 31642
BELO HORIZONTE MG


Posts mais acessados