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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Brasileiro associa câncer a fatores hereditários, mas não tem acesso a exames ou aconselhamento genético


Levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica mostra que hereditariedade é lembrada como fator causador de câncer por 84% dos brasileiros


Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento de tumores, dentre eles o consumo exagerado de álcool, o vírus HPV e a exposição excessiva a raios solares. Entretanto, nenhum desses fatores é tão lembrado pelos brasileiros quanto os hereditários – alterações genéticas que são passadas dos pais para os filhos e, hoje, estão comprovadamente associadas a um em cada dez casos de tumores malignos diagnosticados. De acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), 84% das pessoas relacionam o câncer à hereditariedade, sendo o segundo fator mais lembrado de todos, atrás apenas do tabagismo. 

O nível de conscientização da população sobre os fatores que causam em torno de 10% dos casos de câncer é um dado positivo. Entretanto, de acordo com o Dr. Rodrigo Guindalini, membro da SBOC, as boas notícias precisariam ser acompanhadas de investimentos substanciais em Oncogenética – área que estuda a relação entre fatores genéticos e o desenvolvimento de tumores – e na disponibilização de suas conquistas à população. Segundo o especialista, a oferta de testes genéticos ainda é incipiente, sendo que grande parte dos brasileiros atualmente não tem acesso a exames que podem levar a estratégias de vigilância e redução de risco de câncer muito mais efetivas e personalizadas.

 Em alguns casos, medidas que podem ser recomendadas após esses exames – como a mastectomia profilática ou a quimioprevenção – reduzem o risco de câncer em mais de 90%, por exemplo.

“Nos últimos anos, surgiram iniciativas tratando da cobertura de testes genéticos por planos de saúde. Desde 2014, o rol de cobertura obrigatória contempla a investigação diagnóstica para as principais síndromes de câncer hereditário – como a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário – e essa cobertura vem sendo ampliada a cada atualização da lista, que ocorre de dois em dois anos. Porém, ainda há melhorias a serem realizadas, como, por exemplo, a inclusão dos genes POLE e POLD1 na pesquisa de polipose colônica – uma doença hereditária que se caracteriza pelo crescimento desordenado de células de tecido na parede do cólon e que pode levar ao surgimento de um câncer”, diz o Dr. Guindalini. 

Além disso, segundo o especialista, os critérios clínicos obrigatórios para cobertura dos testes ainda são restritivos e necessitam de aperfeiçoamento. “Com as regras atuais, não é permitido iniciar a investigação diagnóstica para pessoas que ainda não desenvolveram câncer e pertencem a uma família de alto risco. Esta limitação, em famílias nas quais todos os pacientes diagnosticados com câncer já faleceram, inviabiliza a utilização de testes para pessoas que poderiam se beneficiar de estratégias de prevenção primária. Outro entrave é que a aprovação da solicitação dos testes genéticos pelas seguradoras/operadoras foi limitada a poucos profissionais da área médica, excluindo, por exemplo, os oncologistas clínicos. Esta determinação compromete sobremaneira o acesso da população conveniada às novas tecnologias”, explica.

Para o Dr. Guindalini, também é fundamental discutir as dificuldades que a população enfrenta para ter acesso a esses exames de Oncogenética na saúde pública. “A situação é ainda mais complicada e desafiadora no SUS. Existem poucos centros de referência com profissionais capacitados para realização do aconselhamento genético a pacientes com câncer. Dentre esses centros, poucos possuem laboratórios equipados e pessoal treinado para realização e interpretação de exames de biologia molecular. E, nos raros estabelecimentos onde as condições para o aconselhamento genético são adequadas, não há financiamento governamental previsto para cobertura desses testes genéticos para a população de risco. Portanto, é crucial que seja estabelecido um plano nacional articulado entre os órgãos governamentais e centros acadêmicos para criação e implantação do aconselhamento genético para pacientes de alto risco oncológico com o objetivo de garantir a universalidade do acesso às estratégias personalizadas de rastreamento e redução de risco de câncer advindos dos conhecimentos da Oncogenética”, finaliza. 

A Dra. Clarissa Baldotto, diretora da Sociedade, ressalta que parte da solução para o problema do acesso dos brasileiros aos avanços da Oncogenética envolve também novos investimentos e incentivos para a formação de especialistas.
“Mais da metade dos médicos geneticistas do Brasil estão na região Sudeste.
Isso quer dizer que, mesmo com um investimento maciço de verbas em exames e acompanhamento, não haveria profissionais em número suficiente em todo o País para implantar as medidas. Para dar ao câncer hereditário a atenção necessária, é crucial que sejam feitos mais investimentos públicos e privados destinados a despertar o interesse de cada vez mais profissionais pelo tema. Na SBOC, lançamos no ano passado um programa para residentes em Oncologia Clínica realizarem um treinamento internacional em Oncogenética. Apenas com medidas como essa haverá um aumento na massa crítica de profissionais que poderão atuar efetivamente para prevenção, redução de risco, diagnóstico e tratamento do câncer hereditário”, finaliza Baldotto. 

Lacunas na saúde pública, lacunas na educação da população
Enquanto a importância que a população destina à hereditariedade no desenvolvimento de tumores é positiva, o levantamento da SBOC mostrou que a mesma atenção não é dada a outras causas, como hábitos de vida e fatores ambientais. “O que é passado hereditariamente é importante para entendermos o desenvolvimento da doença, mas é apenas uma peça em um quebra-cabeça muito mais complexo. Outros fatores, como a ingestão exagerada de bebidas alcóolicas, exposição excessiva ao sol, doenças sexualmente transmissíveis também são chave para entender a incidência do câncer no Brasil, mas essas causas são ignoradas por pelo menos dois em cada dez brasileiros como questões que podem causar um tumor. Os números são muito altos e demonstram que grandes esforços ainda precisam ser feitos para conscientizar a população”, salienta Baldotto.






SOBRE A SBOC - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é a entidade nacional que representa mais de 1,5 mil especialistas em oncologia clínica distribuídos pelos 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Fundada em 1981, a SBOC tem como objetivo fortalecer a prática médica da Oncologia Clínica no Brasil, de modo a contribuir afirmativamente para a saúde da população brasileira. Desde novembro de 2017, é presidida pelo médico oncologista Sergio D. Simon, eleito para o biênio 2017/2019. 


UMA DOENÇA OCULAR CHAMADA CERATOCONE


Enfermidade não inflamatória, que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular, cuja evolução pode levar à cegueira e necessidade de transplante da córnea


Os poetas contam em verso e prosa que os olhos são a janela da alma, pois são eles que captam as informações visuais do mundo exterior e que também revelam todo o sentimento de uma pessoa. Apesar de todo o encantamento, os olhos são acometidos por doenças que nem sempre são tão conhecidas, como é o caso do ceratocone.

O ceratocone é uma doença na qual a córnea passa por um processo de mudança da curvatura e pode ser confundida com outras alterações oculares, porque afeta a qualidade visual. Além da consulta oftalmológica de rotina, um dos exames básicos para seu diagnóstico é a topografia corneana com disco de Plácido. Essa doença envolve três aspectos críticos: é bilateral, assimétrica e progressiva, ou seja, costuma acometer os dois olhos, mas não evolui da mesma forma em cada um dos olhos com o passar dos anos e piora quando não é tratada ou fica sem acompanhamento especializado. O aparecimento desta doença inicia-se, geralmente na adolescência, afeta um pouco mais as mulheres do que os homens e evolui comumente até 30 ou 35 anos, quando geralmente ocorre uma estabilização natural.

"A combinação dessas características é importante para entender que um paciente pode viver muito tempo com um dos olhos muito bom, enquanto a doença vai avançando de maneira mais significativa no outro olho. É fundamental a consulta anual desde criança no oftalmologista, para evitar que, ao chegar em uma primeira consulta aos 16 anos, por exemplo, a doença já esteja em um nível muito avançado. Ao aparecer na adolescência, o ceratocone pode comprometer o desenvolvimento de uma pessoa que tem a vida inteira ainda pela frente", alerta Walton Nosé, doutor em oftalmologia, Prof. Adjunto Livre Docente da UNIFESP-EPM e presidente da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR-BRASCRS).


Causas e fatores de risco

Algumas literaturas científicas relatam que ainda não se conhece a causa exata da doença e que, possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Entretanto, sabe-se que o ceratocone é uma doença que tem um componente de transmissão genética, mas isso não quer dizer que todos os filhos, cujos pais têm ceratocone, manifestarão o problema. Esse tipo de doença familiar deve ser informado ao oftalmologista por se tratar de um fator de risco. O médico deverá ressaltar a importância de consultas mais frequentes e a realização de outros exames, além da topografia da córnea, como a tomografia e a paquimetria, ainda na infância. Desta forma, o oftalmologista consegue intervir para que o paciente não apresente problemas mais graves de visão ou sofra de uma perda visual significativa.

A alergia ocular também é um fator associado ao ceratocone. "No consultório, frequentemente vemos pacientes com ceratocone que apresentam quadro de conjuntivite alérgica e com o hábito de coçar os olhos, ato este muito relacionado à progressão da doença. Por isso, é necessário orientar pais e responsáveis a levarem a criança a uma consulta quando ela coça muito os olhos, especialmente se tem algum caso de ceratocone na família", completa Dr. Walton Nosé.

Estudos mostram que o ato de coçar pode aumentar de maneira significativa a pressão intraocular, afastando ainda mais as fibras de colágeno da córnea, liberando citocinas inflamatórias, e ainda promovendo um ambiente favorável à colagenase (digestão das fibras de colágeno) e, consequentemente, a diminuição de resistência da córnea, que fica mais suscetível a mudar sua curvatura.

Fotofobia, comprometimento da visão noturna, visão dupla (diplopia), formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz são outros sintomas da doença.


Tratamentos atuais
Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.

No Brasil, o ceratocone ainda é responsável pela maioria dos transplantes de córnea realizados. Cerca de 80% dos casos de transplante de córnea são decorrentes de ceratocone avançado, que não pode mais ser beneficiado pelas técnicas menos invasivas, como implante de anéis e crosslinking.

O crosslinking é uma forma de tratamento que interrompe a progressão do ceratocone, com taxa de eficiência de 98%. "Quando o paciente tem menos de 20 anos, é usual indicar este procedimento cirúrgico que detém a progressão, que se chama crosslinking da córnea, pois os estudos científicos mostram que esta cirurgia interrompe a progressão da doença. Se o paciente tem mais de 20 anos, é importante documentar se ele apresenta uma progressão acelerada do ceratocone, manifesto por aumento de curvatura, afinamento da córnea, baixa visual ou aumento do grau de miopia presente, entre outros fatores", completa Walton Nosé, presidente da ABCCR-BRASCRS.

Quando o ceratocone é considerado estável, o foco do tratamento pode ser melhorar a qualidade visual da pessoa com o uso de óculos corretivos ou de lentes de contato especiais. Além disso, se o paciente tem uma alteração de visão significativa, uma alternativa é o implante de um anel corneano intraestromal que, por meio de uma ação mecânica, promove um aplanamento da curvatura da córnea.

"Em situações nas quais não se opta pelo crosslinking de imediato, é primordial manter o acompanhamento próximo do paciente com ceratocone, principalmente naqueles menores de 30 anos de idade, com consultas a cada 6 meses, a fim de se documentar se há ou não a progressão da doença. É importante avaliar caso a caso com o oftalmologista compartilhando as informações com a família. Além disto, atualmente temos várias opções de correção óptica, sendo o transplante de córnea muitas vezes postergado e até evitado", esclarece o especialista.

Na maior parte dos pacientes que não realiza algum tratamento ou acompanhamento do ceratocone, a doença vai progredindo num ritmo que varia de pessoa para pessoa. Nesta progressão, a córnea fica fina e abaulada, como um cone, podendo apresentar opacidade central, um estágio que não é reversível – a solução passa a ser apenas o transplante corneano.

Lembramos ainda que uma pessoa com ceratocone não deve realizar cirurgias refrativas com laser, porque este procedimento pode fragilizar ainda mais uma córnea já delicada.








Sobre ABCCR

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA (ABCCR) visa congregar oftalmologistas, ampliar o estudo e acompanhar o desenvolvimento de todos os aspectos técnicos e científicos inerentes à cirurgia de catarata, aos implantes intraoculares e da cirurgia refrativa, propagando-os aos oftalmologistas e estendendo seus benefícios à comunidade.


5 passos para utilizar as redes sociais de maneira saudável e como apoio profissional


As redes sociais, mesmo sendo utilizadas para lazer e descontração, devem ser tratadas com seriedade, pois podem auxiliar e interferir na atuação profissional do internauta. O advogado, Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso, que é Presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), ensina os 5 passos para utilizar as redes sociais de maneira saudável na vida pessoal e também profissional:
 
  1. Evite postar fotos bebendo em festas e bares ou com roupas de banho.
Não cabe a ninguém julgar as fotos postadas por você, todavia, muitas empresas verificam as fotos postadas na internet, antes de contratá-lo. Seus eventuais clientes e chefes também podem consultar suas redes. Portanto, escolha com atenção a foto que será postada.
 
  1. Não escreva nas redes por impulso.
Ao expor uma opinião nas redes sociais, você perde totalmente o controle sobre esta postagem, que pode chegar a ter milhões de compartilhamentos. Devido a isto, calcule o risco e sempre pense bastante o quê e como irá escrever, avaliando a necessidade real deste post.

 
  1. Cuidado ao compartilhar ou curtir um conteúdo.
Atualmente, a Justiça condena quem curte ou compartilha um conteúdo indevido na internet. Isto ocorre, pois os Tribunais passaram a entender que, o conteúdo compartilhado ou curtido, faz parte de sua opinião. Portanto, só compartilhe ou curta o que você concorda, lembrando que poderá ser responsabilizado por tal iniciativa e também, por exemplo, pela divulgação de uma Fake News.
 
  1. Evite debates e discussões desnecessárias.
O debate, especialmente o político, é cada vez mais comum na internet. Reflita se vale a pena entrar nesse debate pelas redes socias com quem quer que seja, pois tudo que for dito será acompanhado por muitos, com as mais variadas opiniões. Por vezes, estas discussões não acabam bem, e criam inimizades e antipatias. Lembre-se que, o texto escrito, pode ser interpretado de várias formas.
 
  1. Publique assuntos relacionados a seu campo de atuação.
Utilize as redes sociais para ampliar seus contatos com colegas e, também, publique informações, notícias e opiniões relacionadas a sua atuação profissional que possam ser úteis a alguém.






Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso - Advogado Criminalista, Presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), Pós-Graduado pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha) e integra o escritório D’Urso e Borges Advogados Associados.


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