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terça-feira, 3 de julho de 2018

Pesquisa aponta Brasil como sétimo país no ranking da intolerância e segundo em cyberbullying; temas devem ser combatidos na sala de aula

A liberdade de expressão facilitada pela internet não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião, propagação de preconceito, atos de intolerância ou discurso de ódio. Com essa premissa, 15 escolas brasileiras têm incluído no conteúdo didático aulas que funcionam como uma resposta propositiva à escala de discursos desagregadores. O tema tem especial relevância se considerarmos uma pesquisa conduzida em 27 países com 19 mil pessoas, que aponta o Brasil como o sétimo no ranking da intolerância ao lado de países como Estados Unidos, Polônia e Espanha. Quando o tema é cyberbullying, o país ocupa a segunda posição em agressões online a adolescentes; 53% dos pais afirmaram que a agressão partiu de um colega de escola do filho; a maior parte, via redes sociais.

O Geekie One, plataforma de educação personalizada desenvolvida pela Geekie, tem auxiliado as escolas a lidar com a questão ao oferecer conteúdo integrado a dinâmicas inovadoras e canais de multimídia que apoiam uma aprendizagem mais significativa e conectada com os novos tempos. Entre os conteúdos pedagógicos, a Educação Digital que se propõe a ensinar nativos digitais a lidar com os riscos e desafios, além de identificar oportunidades nas redes sociais.


Tolerância se aprende, também, na sala de aula. A Geekie, uma das principais empresas de educação inovadora do Brasil, tem transformado a disciplina de Educação Digitalem ferramenta pedagógica para que as escolas possam combater a propagação do preconceito, de atos de intolerância e discursos de ódio online, sobretudo nas redes sociais. Com sequências didáticas apoiadas em casos reais – como o preconceito sofrido pela jornalista Maju Coutinho e o assédio sexual à Valentina Schulz, participante do Masterchef Júnior–, a dinâmica tem o objetivo de disseminar entre os alunos com idades entre 13 e 17anos a noção de que a liberdade de expressão não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião preconceituosa. Por meio de questões e dinâmicas que despertam empatia, os alunos são convidados a refletir individualmente e debater em grupo o tema. Assuntos correlatos como limites da privacidade, cyberbullyinge assédio online também são abordados em sequências didáticas.  

Futuristas como o alemão Gerd Leonhard têm defendido que a educação baseada em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática – conhecido pelo acrônimo STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) – deve ser mesclada com as habilidades HECI: humanidade, ética, criatividade e imaginação. Na prática, investir tanto em tecnologia quanto em humanidade, sobretudo empatia, consciência, valores e compaixão. O tema é de especial relevância diante do aumento dos episódios de intolerância nas redes sociais. Conduzida em 27 países com mais de 19 mil pessoas, a pesquisa da IPSOS Mori aponta que o Brasil é o sétimo no ranking da intolerância ao lado de Estados Unidos, Polônia e Espanha. Entre os brasileiros, 84% dos entrevistados enxergam uma divisão no país. Entre os pontos da discórdia, a maioria global aponta as visões conflitantes sobre a política (44%); polarização entre ricos e pobres (36%); tensão entre imigrantes e pessoas que nasceram no país (30%); divisão entre grupos religiosos (27%); diferenças entre etnias (25%); entre idosos e jovens/homens e mulheres (11%). No Brasil, os índices são, respectivamente, 54%, 40%, 8%, 38%, 25% e 18%. A maioria dos brasileiros, 62%, acredita que o país está mais polarizado do que há 10 anos.

Por sua vez, a pesquisa sobre cyberbullying– também conduzida pela IPSOS com 20,8 mil pessoas em 28 países – aponta o Brasil como o segundo no número de agressões online. A cada 10 pais entrevistados, três disseram que os filhos já sofreram violência na internet; 53% dos pais brasileiros afirmaram que o ataque partiu de colegas de classe do filho, que cometeram o ataque em redes sociais.

Mestre em Educação pela Stanford University, Claudio Sassaki – cofundador e CEO da Geekie– defende que a tecnologia deve estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação. Na prática, a tecnologia não é mais um diferencial para os jovens; diferente é o fato de a escola ser o único lugar onde a tecnologia fica de lado na vida deles.  “A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saberem mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não souberam verificar se uma informação na internet estava correta.Esse dado é relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação de professores”, avalia Sassaki.

Segundo o pesquisador independente e empreendedor, educar para a cidadania digital vai além da disseminação da compreensão de conceitos como pegadas digitais. “O aluno tem que ser preparado para ver e compreender a relevância desse conhecimento; entender como as pegadas digitais influenciam na forma como ele será visto na internet; como a reputação online pode influenciar a busca de um emprego ou vaga acadêmica, no futuro”, analisa, acrescentando que esse aprendizado envolve disponibilizar insumos para o alcance da cidadania – ou seja, uma aprendizagem significativa e relevante para o cotidiano do aluno.


Educação Digital, modo de usar

Preparar os alunos para desbravar os desafios decorrentes de questões sociais e profissionais complexas apresentadas pelas novas tecnologias tem sido endereçado pela Educação Digital, conteúdo pedagógico do Geekie One. A plataforma educacional oferece suporte para que o educador provoque o diálogo, o olhar crítico e incentivar o aluno a assumir o compromisso do desenvolvimento de uma cidadania que se dá, também, no ambiente digital.

Segundo Leandro Carabet, Designer Pedagógico da Geekie, a Educação Digitalestá apoiada em unidades temáticas: identidade online(os alunos analisam de que modo as pessoas assumem e constroem a própria identidade e reputação na internet, refletindo os impactos no presente e futuro); tecnologia e bem-estar(conteúdo sobre possíveis interferências da tecnologia na saúde física e psicológica e estimula o aluno a desenvolver hábitos mais saudáveis de uso da tecnologia); segurança e privacidade(capacitar para identificar as ameaças na internet às informações pessoais e aprender a desenvolver estratégias e hábitos para reverter a ingenuidade); cidadania digital(os alunos discutem os principais dilemas éticos da rede, refletindo sobre direitos, responsabilidades e crimes); comunicação digital e relacionamentos(os alunos estabelecem um paralelo entre a comunicação online e off-line para refletirem sobre o diálogo e envolvimento das pessoas na rede); e cultura digital(discutem sobre as principais tendências e atualidades da internet e de comportamento no ambiente digital, bem como suas implicações sociais).

Cada uma das unidades é trabalhada ao longo dos anos escolares de forma espiral e tratadas em diferentes contextos e situações – progressivamente, dos mais complexos e reflexivos modos. A proposta estimula o diálogo aberto para tratar de assuntos como perfil online; construção da autoimagem na rede; contas seguras e sites confiáveis; limites da privacidade online (assédio); publicidade no digital; história da internet; comunicação face a face e comunicação online; vício em tecnologia; impacto da tecnologia na saúde; cyberbullying; denúncia e comunidades de apoio – são exemplos dos temas abordados com os alunos do 9oano. Na 1asérie do Ensino Médio, o conteúdo programático versa sobre cultura digital; identidade online; perfis fakes e anonimato; notícias fake; estratégias de busca e avaliação das fontes; navegação segura; linguagens; preconceito, intolerância e discurso de ódio online; games; realidade virtual; foco, distrações e phubbing; tecnologia e ansiedade; conteúdo adulto: exposição e riscos; e limites da privacidade online: nudes, por exemplo.

Para o 2oe 3oanos, os temas são mais complexos como marco civil e direitos online; limites da privacidade online: hackers; pirataria; cultura do remix; direitos autorais; relacionamentos amorosos online e sexting; comunicação profissional online (email, entrevistas, redes sociais); transações financeiras; big data; crimes online; inteligência artificial; entre outros.

“Soma-se a um conteúdo relevante, a participação ativa dos alunos. Não se trata de uma transmissão, mas do ensino com o objetivo de compreensão. Cada aula tem um aprendizado e começa com uma lista de objetivos a serem atingidos; ao final, um feedback dos alunos sobre o nível de entendimento”, afirma. Como exemplo, no conteúdo sobre fake newse pós-verdade, a expectativa de aprendizagem acordada por professor e alunos é compreender o significado e as consequências da disseminação das notícias falsas na internet para a sociedade; desenvolver um pensamento crítico sobre as informações disseminadas em redes sociais a fim de detectar conteúdos dúbios ou enganosos: e conhecer mecanismos e projetos que têm sido criados para combater a disseminação de conteúdo falso. “O importante não é somente assimilar o conteúdo, como saber lidar com ele em um contexto de vivência prática”, explica Carabet.




IPSOS


Geekie


Brasil: um país prioritariamente rodoviário


Especialista comenta sobre o tema e opções para melhorar a logística de transporte brasileiro


O transporte rodoviário é o principal meio para o deslocamento de cargas dentro do país. Apesar dos investimentos em outros modais, esse meio ainda é o responsável por quase 63% de tudo que é transportado no Brasil, atrás vem o ferroviário com 21,7%, o arquaviário com 11,7%, o dutoviário com 3,8% e por último o aéreo com apenas 0,1%. Diante da última greve dos caminhoneiros – a qual parou o país e gerou uma das maiores crises de abastecimentos dos últimos anos – a discussão sobre os modelos logísticos adotados pelo governo voltam à tona.

Para a Mariana Canto, advogada especialista em logística do departamento Societário do escritório Andersen Ballão, o modal rodoviário possui características próprias que são bastante determinantes para a sua posição de destaque na matriz de transporte de cargas do Brasil. “Estudos apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostram que no Brasil, só o modal ferroviário se mostra competitivo em relação à rodovia em se tratando de volumes de carga a partir de 350 mil toneladas mensais”, explica.

Além disso, o transporte rodoviário é versátil e isso se revela na flexibilidade de rotas, nos volumes transportados e até mesmo na forma de embalagem dos produtos transportados. Essas características fazem com que o modal rodoviário seja o único capaz de atender determinadas cargas e cadeias logísticas. “Veja, até mesmo as concessionárias de ferrovia precisam das rodovias para interligar determinados trechos com os terminais ferroviários e é essa intermodalidade que muitas vezes viabiliza a utilização da ferrovia”, avalia Mariana.

O modal rodoviário, sem dúvida, é um grande aliado nos processos logísticos. Porém ele traz graves consequências, segundo a especialista. O desgaste nas rodovias e nos veículos, o aumento do consumo de combustíveis e dos gastos com saúde por acidentes aumentam os custos de vida de uma maneira geral e isso penaliza a todos. Adicionalmente, a preferência pelo modal rodoviário anda na contramão do desenvolvimento sustentável, além de congestionar o trânsito nas grandes cidades em razão da deficiência de contornos intermunicipais, é também o que mais polui. Para transportar 100 contêineres de carga são necessários 100 caminhões, que emitem 73 toneladas de CO². A mesma quantidade de carga demanda apenas duas locomotivas, que emitem apenas cinco toneladas de CO² para o mesmo resultado.

 Outro aspecto importante a ser analisado segundo Mariana, está em nossa dependência desse modelo de transporte, o que traz consequências como as da última paralisação. “As paralizações recentes revelaram a dependência que nosso país tem em relação ao modal rodoviário. Essa condição é péssima para a concorrência do mercado e expõe os cidadãos à distorção de políticas públicas para o atendimento emergencial da categoria. A insegurança jurídica instalada ainda repercutirá por muito tempo no setor produtivo e como consequência indissociável nos consumidores. Os reflexos do acordo de contenção do preço do diesel ainda não são passíveis de mensuração, mas timidamente (ou não) já estão sendo percebidos por meio de alterações tributárias”, complementa.

Existem outros modais que para Mariana, funcionariam bem no Brasil e trariam benefícios como o ferroviário. “O Brasil é um país que tem sua base agrícola, por isso é importante que haja investimento no modal ferroviário para manter a competitividade internacional. Ampliando os corredores de exportação que integram o interior produtivo do país aos portos, assim como facilitar a intermodalidade de transportes, seria o início de um ciclo virtuoso”.

Para finalizar a especialista lembra que esse é um processo lento, que requer investimento, estudos adequados e muito trabalho. “É bem verdade que estes são projetos de longa maturação e não basta apenas investir, é preciso saber tomar decisões estratégias, como o emprego de materiais que ainda que demandem maior investimento inicial, geram menos custos de manutenção e menos reparos no futuro, investir mais tempo e dinheiro em projetos para evitar aditivos contratuais e processos infindáveis de reequilíbrio econômico-financeiro de contratos. Precisamos desenvolver projetos sólidos de longo prazo na área de infraestrutura, além de compreender a segurança jurídica e as políticas públicas como pilares do desenvolvimento. As reformas legislativas e a consciência da necessidade de controle da corrupção são certamente grandes aliados para atingirmos essas condições”. 


A malha viária brasileira

O Brasil, a terceira mais extensa malha rodoviária do mundo, mas apenas 12% dela é pavimentada. O Mapeamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de Obras Rodoviárias, que estudou os gargalos e deficiências das rodovias nacionais, identificou a necessidade de investirmos mais de R$ 183 bilhões para sanar problemas e torná-las eficientes.  

Esses dados mostram ainda que mais de 80% da malha pavimentada está sob gestão pública e deste percentual apenas 37% é avaliada com qualidade boa ou ótima, sendo que os outros 63% estão entre regulares e péssimas. Essa condição se deve a inúmeros fatores, mas especialmente a falta de planejamento e decisões de investimento de curto prazo, e custos elevados de manutenção que acabam se convolando em deficiências sistêmicas.



Da sensação de impotência à prepotência


Afora os donos corruptos do poder, que são os que governam, dominam e parasitam o Estado perversamente desde 1500, é muito difícil encontrar algum brasileiro contente com a situação do país. O que predomina de forma generalizada é a angústia, o descontentamento, a indignação, a revolta, o grito por ética e justiça, por ordem e por progresso.  

Todos os injuriados somos contra as roubalheiras das oligarquias (econômicas e políticas) que governam a nação, a incompetência dos que nos gerenciam, o desperdício, a brutal desigualdade entre as pessoas, a falta de crescimento econômico sustentável, a baixa escolaridade do brasileiro.

Nesses momentos de caos profundo é que aflora a sensação de impotência, que se dissemina por toda população. A impressão que se tem é de que, de tropeço em tropeço coletivo, nossa nave está indo muito mais para a Venezuela ou para o Haiti, que para a Escandinávia.

Como o Brasil é governado não para o povo (para o todo), mas sim para as oligarquias gananciosas que regem nosso destino (oligarquias econômicas, políticas, financeiras e administrativas), o sentimento de pertencimento dos brasileiros a uma comunidade é tão raso quanto a profundidade de um pires.  

Não nos sentimos corresponsáveis pelo país. As políticas reinantes não são inclusivas, ou seja, o poder não é compartilhado. Os interesses privados dos donos corruptos do poder (dos que nos roubam diuturnamente) não se alinham, salvo em raríssimos momentos, com os interesses públicos de todos (leia-se, do bem comum).

Nos países cleptocratas (que contam com governos ladrões), os segmentos excluídos oscilam entre (1) a servidão, (2) a indisciplina (descumprimento contínuo das normas, anomia), (3) a descrença nas instituições e nos valores que elas representariam e (4) a revolta (que frequentemente se transformam em rebeliões).

Da descrença nas instituições (políticas, econômicas, jurídicas e sociais) emerge o sentimento de impotência, acompanhado de desesperança, desânimo, tristeza, medo, desinteresse, ansiedade, inquietude e tensão. Esse quadro agrava, naturalmente, a depressão (o Brasil é o 5º país mais deprimido do mundo, diz Calligaris), que gera profundo desinteresse (sobretudo de participar da vida política do país).

Aqui está a explicação para o seguinte: 59% dos eleitores dizem que vão votar em branco, nulo ou ainda não têm candidato a presidente da República (CNI-Ibope).

Quando a força simbólica das instituições (programadas para transmitirem segurança, estabilidade, tranquilidade) se minguam, o povo vai se sentindo cada vez mais diante de uma “perda da consistência simbólica” (o Estado já não funciona ou não funciona de forma minimamente aceitável).

Atingido esse desesperador estágio (de impotência absoluta), o imaginário do cidadão (e da coletividade) pede qualquer coisa que para ele tenha o significado de salvamento próprio e/ou do grupo social (recuperação da sua identidade perante si mesmo e perante a coletividade).

Quando o cidadão alcança níveis insuportáveis de descrença (e de impotência), diante da perda da consistência simbólica das instituições, o que ele mais deseja é um Estado radical, um pai severo, um professor com pulso firme, uma autoridade de mão dura, um sofrimento cruel, um castigo violento.

Daí nascem as demandas para a intervenção (golpe) militar e posturas políticas extremadas, radicais (típicas da nova direita fundamentalista).

No fundo, o cidadão quer recuperar o seu self (ou seja: sua identidade perante si mesmo e perante a sociedade). Quando o cidadão perde a ideia da garantia simbólica, corre para soluções imaginárias prepotentes, drásticas, radicais, fundamentalistas, severas, exorbitantes.

Da sensação de impotência se passa para o extremo da prepotência rapidamente. É esse momento trágico que uma boa parcela da população brasileira está vivenciando. Impotência, potência e prepotência.





LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um Brasil Ético. Estou no f/luizflaviogomesoficial

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