A liberdade de
expressão facilitada pela internet não deve ser confundida com manifestação
irrestrita de opinião, propagação de preconceito, atos de intolerância ou
discurso de ódio. Com essa premissa, 15 escolas brasileiras têm incluído no
conteúdo didático aulas que funcionam como uma resposta propositiva à escala de
discursos desagregadores. O tema tem especial relevância se considerarmos uma
pesquisa conduzida em 27 países com 19 mil pessoas, que aponta o Brasil como o
sétimo no ranking da intolerância ao lado de países como Estados Unidos,
Polônia e Espanha. Quando o tema é cyberbullying, o país ocupa a segunda
posição em agressões online a adolescentes; 53% dos pais afirmaram que a
agressão partiu de um colega de escola do filho; a maior parte, via redes
sociais.
O Geekie One, plataforma de
educação personalizada desenvolvida pela Geekie, tem auxiliado as escolas a
lidar com a questão ao oferecer conteúdo integrado a dinâmicas inovadoras e
canais de multimídia que apoiam uma aprendizagem mais significativa e conectada
com os novos tempos. Entre os conteúdos pedagógicos, a Educação Digital que se
propõe a ensinar nativos digitais a lidar com os riscos e desafios, além de
identificar oportunidades nas redes sociais.
Tolerância se aprende, também, na sala de aula. A
Geekie, uma das principais empresas de educação inovadora do Brasil, tem
transformado a disciplina de Educação Digitalem ferramenta
pedagógica para que as escolas possam combater a propagação do preconceito, de
atos de intolerância e discursos de ódio online, sobretudo nas redes sociais.
Com sequências didáticas apoiadas em casos reais – como o preconceito sofrido
pela jornalista Maju Coutinho e o assédio sexual à Valentina Schulz,
participante do Masterchef Júnior–, a dinâmica tem o objetivo de disseminar
entre os alunos com idades entre 13 e 17anos a noção de que a liberdade de
expressão não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião
preconceituosa. Por meio de questões e dinâmicas que despertam empatia, os
alunos são convidados a refletir individualmente e debater em grupo o tema.
Assuntos correlatos como limites da privacidade, cyberbullyinge assédio
online também são abordados em sequências didáticas.
Futuristas como o alemão Gerd Leonhard têm
defendido que a educação baseada em Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática – conhecido pelo acrônimo STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics)
– deve ser mesclada com as habilidades HECI: humanidade, ética, criatividade e
imaginação. Na prática, investir tanto em tecnologia quanto em humanidade,
sobretudo empatia, consciência, valores e compaixão. O tema é de especial
relevância diante do aumento dos episódios de intolerância nas redes sociais.
Conduzida em 27 países com mais de 19 mil pessoas, a pesquisa da IPSOS Mori
aponta que o Brasil é o sétimo no ranking da intolerância ao lado de Estados
Unidos, Polônia e Espanha. Entre os brasileiros, 84% dos entrevistados enxergam
uma divisão no país. Entre os pontos da discórdia, a maioria global aponta as
visões conflitantes sobre a política (44%); polarização entre ricos e pobres
(36%); tensão entre imigrantes e pessoas que nasceram no país (30%); divisão
entre grupos religiosos (27%); diferenças entre etnias (25%); entre idosos e
jovens/homens e mulheres (11%). No Brasil, os índices são, respectivamente,
54%, 40%, 8%, 38%, 25% e 18%. A maioria dos brasileiros, 62%, acredita que o
país está mais polarizado do que há 10 anos.
Por sua vez, a pesquisa sobre cyberbullying–
também conduzida pela IPSOS com 20,8 mil pessoas em 28 países – aponta o Brasil
como o segundo no número de agressões online. A cada 10 pais entrevistados,
três disseram que os filhos já sofreram violência na internet; 53% dos pais
brasileiros afirmaram que o ataque partiu de colegas de classe do filho, que
cometeram o ataque em redes sociais.
Mestre em Educação pela Stanford University,
Claudio Sassaki – cofundador e CEO da Geekie– defende que a tecnologia deve
estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação. Na
prática, a tecnologia não é mais um diferencial para os jovens; diferente é o
fato de a escola ser o único lugar onde a tecnologia fica de lado na vida
deles. “A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as
oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da
TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias
habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saberem mais do
que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da
teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não
souberam verificar se uma informação na internet estava correta.Esse dado é
relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação
de professores”, avalia Sassaki.
Segundo o pesquisador independente e empreendedor,
educar para a cidadania digital vai além da disseminação da compreensão de
conceitos como pegadas digitais. “O aluno tem que ser preparado para ver e
compreender a relevância desse conhecimento; entender como as pegadas digitais
influenciam na forma como ele será visto na internet; como a reputação online
pode influenciar a busca de um emprego ou vaga acadêmica, no futuro”, analisa,
acrescentando que esse aprendizado envolve disponibilizar insumos para o
alcance da cidadania – ou seja, uma aprendizagem significativa e relevante para
o cotidiano do aluno.
Educação Digital, modo de usar
Preparar os alunos para desbravar os desafios
decorrentes de questões sociais e profissionais complexas apresentadas pelas
novas tecnologias tem sido endereçado pela Educação Digital, conteúdo pedagógico
do Geekie
One. A plataforma educacional oferece suporte para que o educador
provoque o diálogo, o olhar crítico e incentivar o aluno a assumir o
compromisso do desenvolvimento de uma cidadania que se dá, também, no ambiente
digital.
Segundo Leandro Carabet, Designer Pedagógico da
Geekie, a Educação Digitalestá apoiada em unidades temáticas: identidade
online(os alunos analisam de que modo as pessoas assumem e
constroem a própria identidade e reputação na internet, refletindo os impactos
no presente e futuro); tecnologia e bem-estar(conteúdo sobre
possíveis interferências da tecnologia na saúde física e psicológica e estimula
o aluno a desenvolver hábitos mais saudáveis de uso da tecnologia); segurança e
privacidade(capacitar para identificar as ameaças na internet
às informações pessoais e aprender a desenvolver estratégias e hábitos para
reverter a ingenuidade); cidadania digital(os alunos
discutem os principais dilemas éticos da rede, refletindo sobre direitos,
responsabilidades e crimes); comunicação digital e relacionamentos(os
alunos estabelecem um paralelo entre a comunicação online e off-line para
refletirem sobre o diálogo e envolvimento das pessoas na rede); e cultura
digital(discutem sobre as principais tendências e atualidades
da internet e de comportamento no ambiente digital, bem como suas implicações
sociais).
Cada uma das unidades é trabalhada ao longo dos
anos escolares de forma espiral e tratadas em diferentes contextos e situações
– progressivamente, dos mais complexos e reflexivos modos. A proposta estimula
o diálogo aberto para tratar de assuntos como perfil online; construção da
autoimagem na rede; contas seguras e sites confiáveis; limites da privacidade
online (assédio); publicidade no digital; história da internet; comunicação
face a face e comunicação online; vício em tecnologia; impacto da tecnologia na
saúde; cyberbullying; denúncia e comunidades de apoio – são
exemplos dos temas abordados com os alunos do 9oano. Na 1asérie
do Ensino Médio, o conteúdo programático versa sobre cultura digital;
identidade online; perfis fakes e anonimato; notícias fake;
estratégias de busca e avaliação das fontes; navegação segura; linguagens;
preconceito, intolerância e discurso de ódio online; games; realidade virtual;
foco, distrações e phubbing; tecnologia e ansiedade;
conteúdo adulto: exposição e riscos; e limites da privacidade online: nudes,
por exemplo.
Para o 2oe 3oanos, os temas
são mais complexos como marco civil e direitos online; limites da privacidade
online: hackers; pirataria; cultura do remix; direitos autorais;
relacionamentos amorosos online e sexting; comunicação profissional
online (email, entrevistas, redes sociais); transações financeiras; big data;
crimes online; inteligência artificial; entre outros.
“Soma-se a um conteúdo relevante, a participação
ativa dos alunos. Não se trata de uma transmissão, mas do ensino com o objetivo
de compreensão. Cada aula tem um aprendizado e começa com uma lista de
objetivos a serem atingidos; ao final, um feedback dos alunos sobre o nível de
entendimento”, afirma. Como exemplo, no conteúdo sobre fake newse
pós-verdade, a expectativa de aprendizagem acordada por professor e alunos é
compreender o significado e as consequências da disseminação das notícias
falsas na internet para a sociedade; desenvolver um pensamento crítico sobre as
informações disseminadas em redes sociais a fim de detectar conteúdos dúbios ou
enganosos: e conhecer mecanismos e projetos que têm sido criados para combater
a disseminação de conteúdo falso. “O importante não é somente assimilar o
conteúdo, como saber lidar com ele em um contexto de vivência prática”, explica
Carabet.
IPSOS
Geekie
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