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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Brasileira recebe medalha inédita em Congresso Mundial de Conservação





 Premiada durante o Congresso Mundial da Conservação 2016, Maria Tereza é a primeira brasileira a receber a medalha  
 


Maria Tereza Jorge Pádua ganha destaque pelos esforços feitos em prol da conservação da fauna e da flora brasileiras em mais de 50 anos de carreira

A agrônoma Maria Tereza Jorge Pádua recebeu, no dia 6 de setembro, a Medalha comemorativa John C. Phillips 2016, a mais alta condecoração do Congresso Mundial da Conservação 2016. Ela é a primeira brasileira e a segunda mulher a receber o prêmio, que desde 1963 reconhece personalidades que se destacam internacionalmente pela contribuição excepcional à conservação da natureza. A primeira mulher premiada foi Indira Gandhi, ex-primeira ministra da Índia, em 1984. A condecoração também celebra a vida e trabalho do cientista da qual leva o nome, que foi um pioneiro no movimento conservacionista.

Com atuação decisiva para a criação de diversos parques nacionais e outras unidades de conservação em todo o Brasil, Maria Tereza já participou no conselho de importantes organizações mundiais ligadas à conservação da natureza, como a IUCN, o World Resources Institute (WRI) e World Wide Fund-International. Atualmente ela é membro do Conselho da Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do Conselho da Fundação Pró-natureza (Funatura). Também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

A escolha do premiado é feita por um júri composto por cinco membros do comitê constituinte da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que organiza, a cada quatro anos, o Congresso Mundial da Conservação. Em 2016, o evento acontece em Honolulu, no Havaí, durante os dias 1 a 10 de setembro, e reúne os mais importantes representantes e formadores de políticas ambientais de todo o mundo.

Na opinião da diretora executiva da Fundação Grupo Boticário Malu Nunes, Maria Tereza foi uma das protagonistas centrais de uma época única para a conservação da natureza brasileira. "Com sua contribuição, o Brasil dos anos 1960 evoluiu de um discreto patamar para chegar à década de 1980 entre os países mais avançados em termos de áreas protegidas. Foi um crescimento intenso e consistente, nunca visto antes no nosso país”, comenta a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, instituição da qual Maria Tereza é membro do Conselho Curador desde 1990. Para Malu, a contribuição de Maria Tereza para a conservação da natureza merece ser reconhecida mundialmente e, por isso, a Fundação Grupo Boticário a indicou para a medalha John C. Phillips da IUCN. “E, agora, é com imenso orgulho que recebemos a notícia de sua premiação”, complementa Nunes.

Premiações
Além da Medalha John C. Phillips, Maria Tereza já recebeu o prêmio Fred Packard, em 2008, um reconhecimento oferecido pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) da IUCN, que reconhece o serviço prestado em prol das áreas protegidas. Em 1999, o prêmio Henry Ford condecorou sua atuação individual, assim como o prêmio Jean Paul Getty para a Conservação da Natureza, considerado o Prêmio Nobel da Ecologia.

Trajetória pioneira
Natural de São José do Rio Pardo (SP), Maria Tereza Jorge Pádua é a primeira mulher a ter posição de destaque no setor de conservação e foi pioneira em muitas atividades que realizou. “Quando comecei a graduação havia apenas duas mulheres na turma de Agronomia e quatro na Universidade. Fui a primeira mulher a atuar com parques nacionais na área de conservação da natureza no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal e isso se repetiu muitas e muitas vezes, até hoje”, comenta ela.

Sua trajetória está intimamente ligada à história do Brasil e à luta pela preservação da flora e da fauna nacionais. Formada em Agronomia com mestrado em Ecologia e Manejo de Vida Silvestre, ela começou sua carreira no recém-criado Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) em 1968, no qual atuou por 18 anos e fez história. Quando começou seu trabalho, apenas 0,28% da extensão do Brasil era protegido, segundo ela. “Quando saí do IBDF, muitos parques nacionais haviam sido criados. Nós quintuplicamos a área protegida no país e criamos inclusive a primeira reserva biológica marinha: o Atol das Rocas”, conta com orgulho.

Além de vários parques na Amazônia, região onde não havia unidades de conservação no início da carreira de Maria Tereza, a lista de áreas protegidas criadas por ela incluem a Chapada Diamantina, Serra Geral, Fernando de Noronha, Serra da Capivara (a primeira na Caatinga) e o Pico da Neblina. “De certa forma era fácil escolher as áreas, pois praticamente não havia unidades de conservação no Brasil”, comenta ela. “A dificuldade estava no apoio da população e dos políticos. As pessoas não percebiam a importância das áreas verdes, pois o sinônimo de desenvolvimento para a época era asfalto e concreto”.

Em 1986, com o apoio de outros conservacionistas, ela criou a Fundação Pró-Natureza (Funatura), a segunda organização não governamental focada em conservação da natureza do Brasil. Grandes conquistas estão no currículo da organização, como a criação das primeiras Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) no Brasil e a criação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, primeira área protegida nos Campos Gerais. Em fevereiro de 1989 o IBDF foi extinto e cedeu lugar ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A instituição foi presidida por Maria Tereza Jorge Pádua em 1992.

Entre as diversas realizações de Maria Tereza ao longo de sua carreira, destaca-se a criação de 15 parques nacionais, o apoio em ao menos outros 4 e a implementação de diversas áreas que conservam a natureza local em mais de 9 milhões de hectares. O Projeto Tamar, de proteção de tartarugas marinhas, o Projeto Peixe-boi e o Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres (Cemave) também estão na lista de suas realizações.

No entanto, para ela, ainda há muito a ser feito. “Meu sonho é que o Brasil investisse em pesquisas direcionadas ao manejo de fauna. Nós já perdemos o bonde da história e as listas de animais ameaçados de extinção estão aí para comprovar isso”, alerta. “Nós já perdemos tanto e vamos esperar mais o que? Já passou da hora de agir”, afirma Maria Tereza Jorge Pádua.

*Maria Tereza Jorge Pádua é membro da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza, uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dia Mundial da FPI: Associação de pacientes convida à conscientização de doença pulmonar rara



Ações digitais marcam o mês de setembro em alusão ao Dia Mundial da Fibrose Pulmonar Idiopática, doença desconhecida para 96% da população brasileira


No dia 7 de setembro é comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) e, para conscientizar a população sobre essa doença rara, o Instituto Vidas Raras / APMPS-DR prepara ações para todo o mês de setembro. A FPI é uma doença de causa desconhecida, progressiva, crônica e rara que afeta os pulmões, ocasionando cicatrizes (fibrose) e a sobrevida média após o diagnóstico é de 2 a 3 anos. Os sintomas característicos da doença, como falta de ar e tosse crônica seca, podem não ser avaliados corretamente, fazendo com que o paciente demore a ser diagnosticado - por isso a importância da conscientização sobre esta condição.

Nesse mês, o Instituto Vidas Raras / APMPS-DR trará, em suas redes sociais, posts informativos sobre FPI, seus sintomas e diagnóstico, e incentivará pacientes e familiares a compartilhar experiências sobre o dia a dia da doença e os desafios de ser diagnosticado com uma doença rara por meio de vídeos com a hashtag #FPIeuapoioessacausa. Outra ação de conscientização será realizada, no dia 08 de setembro, em parceria com a Faculdade de Itápolis (FACITA), em Itápolis – SP, na qual os alunos irão ao campus vestindo roxo ou branco e postarão fotos com a hashtag da campanha. 

Segundo uma pesquisa conduzida pelo IBOPE Inteligência em 2015, a FPI é desconhecida por 96% da população brasileira. Com essa campanha, o Instituto Vidas Raras / APMPS-DR espera gerar mais conhecimento sobre a doença e contribuir para que as pessoas busquem cuidados médicos aos primeiros sintomas. O diagnóstico precoce é fundamental para dar início ao tratamento o quanto antes e evitar que a capacidade pulmonar seja severamente comprometida, aumentando a qualidade de vida dos pacientes.

Sobre Fibrose Pulmonar Idiopática
FPI é uma doença de causa desconhecida (idiopática), progressiva, crônica e rara que afeta os pulmões, ocasionando cicatrizes (fibrose). Embora os sintomas típicos da doença como, falta de ar e tosse crônica e seca sejam evolutivos, na fase inicial da doença estes podem ser confundidos com o envelhecimento, e a outras doenças cardíacas e respiratórias, o que torna o diagnóstico bastante complexo1

É considerada uma doença rara, atingindo 14 a 43 em cada 100.000 pessoas2, e possui taxa de sobrevida pior do que muitos canceres, como câncer de mama e próstata.

Em uma pesquisa sobre doenças respiratórias, conduzida pelo IBOPE Inteligência e encomendada pela farmacêutica Boehringer Ingelheim, menos de 5% dos entrevistados afirmam ter conhecimento razoável, bom ou profundo sobre FPI. A pesquisa Panorama da Saúde Respiratória do Brasileiro, foi realizada entre maio e junho de 2015 e consultou 2.010 pessoas de diferentes classes, gêneros e localidades do país. 


Referências
1. Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7), 810 - 816 (2006).
2. Raghu G, et al, ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management.
Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)



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