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sábado, 13 de maio de 2023

Benefícios relacionados à maternidade atingem status de necessidade

Diante de dados desafiadores, iniciativas que possibilitam o retorno da licença-maternidade com flexibilidade mostram o comprometimento das empresas com a equidade de gênero


A pesquisa “The Labor Market Consequences of Maternity Leave Policies: Evidence from Brazil”, divulgada pela FGV, mostra que cerca de 50% das mulheres perdem o emprego depois do início da licença-maternidade. A porcentagem de mulheres que está no mercado de trabalho acompanha esta média: após a maternidade, metade delas se distanciam do ambiente profissional - entre os homens, apenas 15% deixam seus empregos depois de terem filhos. 

O estudo ainda mostra que a maioria das saídas do mercado de trabalho acontece sem justa causa, por iniciativa do empregador. Mulheres com curso superior apresentam queda de emprego de 35% depois de um ano da licença, enquanto mulheres com níveis mais baixos de escolaridade atingem uma queda de até 51%. 

Países onde a igualdade de gênero alcançou um patamar elevado, como a Holanda, também enfrentam casos parecidos. Um estudo sobre o mercado de trabalho holandês, publicado pelo College Voor de Ritchen Van de Mens, mostrou que 1 em cada 5 mulheres foi rejeitada por causa da gravidez, enquanto 1 em cada 3 contou que ia assinar o contrato de trabalho e perdeu a vaga quando a empresa soube que era mãe. 

“O cenário, que poderia ser desanimador, oferece para as empresas a oportunidade de reconhecer a potência das mães, principalmente aquelas que estão retornando da licença-maternidade. Dez das habilidades listadas pelo Fórum Mundial Econômico como as mais requisitadas pelo mercado de trabalho são desenvolvidas durante a maternidade”, explica Dhafyni Mendes, pesquisadora de carreiras femininas e cofundadora do Todas Gorup. “Em momentos de priorização das pautas ESG, com impacto inclusive no aspecto financeiro, as ações da liderança impactam resultados de estudos como estes”, diz Dhafyni.

Iniciativas já adotadas por muitas empresas brasileiras, como licença-maternidade e paternidade estendidas, auxílio-creche, salas de amamentação, flexibilidade de horários, creches corporativas, carga horária reduzida ou short week são formas de reconhecimento da importância da presença das mulheres que são mães dentro de equipes de alta performance - além de contribuir substancialmente para o aumento da equidade de gênero. 

Outra prática que ganhou espaço em empresas americanas e canadenses é o subsídio do congelamento de óvulos para as funcionárias interessadas em terem filhos em momentos mais tardios. A prática tem levantado algumas polêmicas, principalmente em relação ao quanto a empresa está incentivando as mulheres a atrasarem seu desejo de maternidade. Grandes companhias como Meta, Google e IMB, já oferecem o benefício, defendendo o acesso ao planejamento familiar e à autonomia sobre a decisão de quando se tornar mãe. 

“Mulheres que são mães chefiam mais de 50% dos lares brasileiros, mas encontram barreiras para continuarem no mercado formal de trabalho, e acabam voltando para o final da fila de prioridades, promoções e melhores remunerações nas empresas. No entanto, precisamos mudar os viéses inconscientes que colocam a maternidade como obstáculo em vez de todo o desenvolvimento de novas habilidades que ela proporciona”, reflete Dhafyni. 

A pesquisadora, no entanto, vê com otimismo a pauta da maternidade estar em alta. “Falar sobre a potência das mães, a importância da nossa presença no mercado de trabalho e nosso papel social mostra que estamos avançando na consciêncientização. A valorização das mães é fundamental para a equidade de gênero como um todo, inclusive para as mulheres que não optarem pela maternidade”, conta Dhafyni Mendes, que vê como prioridade as empresas abrirem mais espaços de escuta para as mães. “Precisamos ser ouvidas, em primeiro lugar”, finaliza.



Dhafyni Mendes - pesquisadora do crescimento profissional feminino, com foco na trajetória de lideranças. Com mais de 10 anos de experiência em comunicação multiplataforma para este público, além do desenvolvimento de branding e treinamento de vendas para times globais femininos. Dhafyni é co-fundadora do Todas Group - plataforma que reúne as maiores líderes da América Latina em trilhas de aprendizados voltadas para o impulsionamento da carreira de mais de 30 mil mulheres no Brasil.
https://www.linkedin.com/in/dhafynimendes/
https://www.instagram.com/dhafyni/

 

Reúso de água em condomínios é ação simples para colaborar com o meio ambiente

Grupo Graiche destaca a instalação de cisterna para captação de água da chuva, para uso em áreas comuns


Há pouco mais de um mês, entrou em vigor lei a qual determina que o governo federal estimule o uso de água das chuvas e o reúso não potável das chamadas “águas cinzas” (usadas em chuveiros, pias, tanques e máquinas de lavar) em novas edificações e nas atividades paisagísticas, agrícolas, florestais e industriais.

Embora a determinação envolva novos empreendimentos, adotar ações de sustentabilidade naqueles já existentes, além de significativa contribuição ambiental, agrega ainda mais valor - algumas pesquisas indicam que um imóvel sustentável tem uma valorização imediata de 10%.

Em condomínios, iniciativa tida como uma das alternativas mais simples e baratas de reaproveitamento de água e que pode, ainda, ajudar a diminuir a conta em até 50%, é a instalação de cisternas para captação e reuso de água de chuva.

“As cisternas são reservatórios que podem ser instalados em lugares estratégicos do condomínio para captar a água da chuva, que será armazenada para a limpeza das áreas comuns e rega dos jardins, por exemplo. Existem diversos modelos que podem ser instalados até mesmo nos apartamentos”, explica Maria Claudia Buarraj El Khouri, gerente de Sustentabilidade do Grupo Graiche, empresa que gerencia 915 condomínios, com 114 mil unidades administradas.

As cisternas podem ser instaladas no nível do solo ou serem enterradas, mas em condomínios, Maria Claudia pontua que uma boa opção é situá-las nas áreas comuns, pois assim o investimento será mais baixo e não será preciso modificar a estrutura hidráulica. “No entanto, havendo possibilidade de um investimento maior, empresas especializadas podem elaborar um projeto personalizado para otimizar a captação, conectando mais de uma cisterna e anexando-as à uma rede de encanamento, de forma que os apartamentos sejam individualmente abastecidos”, diz.

A sustentabilidade é uma atitude que deve partir de cada pessoa, mas no condomínio esse estímulo encontra mais voz na coletividade, frisa Maria Claudia,. “Fazer a implantação de um programa completo de sustentabilidade no condomínio talvez, não seja uma tarefa tão fácil, mas é fundamental que a vontade de transformar atitudes para preservar o planeta faça parte da cultura condominial. Todos só têm a ganhar”, conclui.


Salvar vidas no trânsito é o foco da campanha publicitária do Detran-SP no Maio Amarelo

Com slogan “No trânsito, respeite a sua vida e a dos outros”, peças convidam população a refletir diante de relatos reais de quem teve sua trajetória impactada por acidentes

 

Em meio às comemorações do décimo ano do Movimento Maio Amarelo, iniciativa internacional da ONU adotada no Brasil a partir de 2014 com objetivo de conscientizar a população para reduzir acidentes e óbitos no trânsito, o Detran-SP lança uma campanha publicitária com foco em três fatores de risco que estão entre as principais causas de mortes nas vias: o excesso de velocidade, o consumo de álcool combinado com direção e o uso de celular ao volante.  

Do total de acidentes de trânsito com óbitos, 94% são causados por falha humana, segundo o Infosiga - Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo. E não foi à toa a escolha das três principais causas para a campanha – excesso de velocidade, alcoolemia e distrações ao volante, lideradas pelo uso de celular. Juntas, elas respondem por 70% desses acidentes nos quais houve falha do motorista, segundo a Polícia Rodoviária Federal.


Inspirado em histórias reais de pessoas que tiveram suas vidas impactadas por acidentes, a ação passa a ser veiculada nesta quinta-feira, 11 de maio, em rádio, TV, internet, além de anúncios em espaços públicos. Estudos que apontam como más escolhas dos condutores contribuem para o aumento de fatalidades embasam as peças. Como slogan, a campanha adota a frase “No trânsito, respeite a sua vida e a dos outros” para trazer comparativos entre o ato imprudente do motorista e a sua consequência para os acidentados.

Assista ao vídeo da campanha publicitária

 

                       https://www.youtube.com/watch?v=ElHbj84wvyg

 

Álcool e direção

É fato que, sob efeito de álcool, o motorista tem a sua capacidade de percepção reduzida em vários sentidos. Isso porque o álcool causa uma diminuição da capacidade neurológica, e, consequentemente, dos órgãos de sentido. A ingestão de bebida alcoólica diminui a visão periférica, a percepção de movimentos laterais e a visão de obstáculos, além de afetar o tempo de reação. 

De acordo com estudo publicado em 2006 nos Estados Unidos, o risco de um condutor com alcoolemia entre 0,2 e 0,5 grama por litro de sangue morrer em um acidente de trânsito envolvendo apenas um veículo é de 2,5 a 4,6 vezes maior que o de um condutor abstêmio (dependendo da faixa etária, já que motoristas mais jovens correm maiores riscos do que os mais velhos, mesmo sem estarem alcoolizados). Já para níveis de álcool no sangue entre 0,5 e 0,8 grama por litro, esse fator varia entre 6 e 17 vezes. Com alcoolemias a partir desse valor, os fatores variam de 11 a até 15.560 vezes, indicando que o consumo abusivo de álcool acarreta risco muito acentuado de envolvimento em acidentes fatais.

 

Alta velocidade 

Um veículo que circula com excesso de velocidade necessita de tempo maior para a frenagem, o que eleva a probabilidade de o motorista perder o seu controle. Além disso, quanto maior a velocidade de circulação, menor é a capacidade de o motorista se antecipar a possíveis perigos, o que aumenta muito o risco de acidente e a gravidade das lesões. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou uma fórmula que relaciona risco de acidentes e de mortes ao aumento da velocidade, por meio de cálculos baseados em relatórios de ocorrências de trânsito enviados de todo o mundo e compilados em 2004. Pela equação, quando se ultrapassa em 1% o limite de velocidade em uma via, os riscos médios de acidentes sobem 3% e o risco de morte cresce em até 5%. Estudos do órgão trazem evidências diretas de que dirigir apenas 5 Km/h acima da média em áreas urbanas, com limite de velocidade de 60 Km/h, e 10 Km/h acima da média em rodovias é fator suficiente para dobrar o risco de ocorrer um acidente. 

Já estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS) e do New York City Department Of Transportation apontam que, quando um pedestre é atropelado a 60km/h, a chance de o acidente ser fatal é de 98%. Já se o acidente ocorrer a 40km/h, essa porcentagem cai para 35%.

 

Ao volante, esqueça o celular

É correto dizer que dirigir mexendo no celular é tão perigoso quanto após a ingestão de bebida alcoólica. Segundo uma pesquisa da instituição inglesa RAC Foundation, o envio de mensagens pelo smartphone é capaz de retardar o período de reação do condutor em 35%. 

Outro estudo, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), aponta que digitar uma mensagem de texto enquanto se conduz um veículo a 80 km/h equivale a dirigir com os olhos vendados por um percurso de até 100 metros, o comprimento de um campo de futebol. 

Outro fato notório é que, ao usar o celular ao volante, o condutor perderá o campo de visão de 360 º que se deve ter com o auxílio do espelho retrovisor, o que afetará sua concentração no trânsito.

 

Maio Amarelo

A campanha do Detran-SP está sintonizada com a temática nacional do movimento Maio Amarelo para 2023: “No trânsito, escolha a vida”, definida em resolução do Contran – Conselho Nacional de Trânsito. 

A idealização do movimento Maio Amarelo foi embasada em estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a segurança no trânsito em diversos países. A partir disso, a Assembleia Geral da ONU definiu o período entre os anos de 2011 e 2020 como a Década de Ações para a Segurança no Trânsito. Maio foi escolhido porque foi o mês em que a resolução da ONU foi publicada, em 2011. Já a cor amarela, que representa a campanha, simboliza advertência e atenção. O objetivo era criar planos para reduzir o índice de acidentes no trânsito, que, na época, eram a causa de 1,2 milhão de mortes e 20 milhões a 50 milhões de ferimentos de pessoas por ano, em todo o mundo. A meta era promover a conscientização mundial de forma a reduzir em 50% o número de mortes no trânsito. Como a meta inicial não foi cumprida por vários países, a OMS lançou a Segunda Década de Ação para a Segurança no Trânsito, entre 2020 e 2030, para se alcançar a redução de 50% de mortalidade no trânsito. 

No Brasil, as campanhas do Maio Amarelo tiveram início em 2014, coordenadas pelo Observatório Nacional de Segurança Viária. Promoveu-se a união entre a iniciativa privada, o poder público e a sociedade para discutir e criar estratégias voltadas à segurança viária, dedicadas a reduzir o número de mortes e acidentes. 

São Paulo foi o estado que mais chegou perto da meta inicial da OMS, com redução de 32% da mortalidade no trânsito até 2020. O Detran-SP trabalha incessantemente para reduzir ainda mais esses indicadores negativos, aumentar a conscientização da população e preservar vidas, adotando programas permanentes de ações de Educação para o Trânsito, como Cidadania em Movimento e Educação Viária é Vital. Um dos maiores programas de redução dos acidentes de trânsito do Brasil é o paulista Respeito à Vida, que investe anualmente R$ 500 milhões, oriundos das multas de trânsito, em iniciativas voltadas à prevenção de acidentes e à sinalização em municípios paulistas. As verbas são destinadas ao poder municipal e podem ser aplicadas em instalação de ciclofaixas, lombadas e sinalização semafórica, entre outros tipos de intervenção.


Mercado de entretenimento e mídia vai faturar US$ 3 trilhões no mundo até 2026

De Criança Para Criança oferece aos universitários de áreas relacionadas ao segmento, como animação, design e cinema, curso e oportunidade de trabalho remoto para animação 2D


O mercado de entretenimento e mídia vai alcançar US$ 3 trilhões em receitas no mundo até 2026, segundo a Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2022–2026, da consultoria PWC. No Brasil, o setor chegará até 2026 com receitas de US$ 39,9 bilhões e taxa de crescimento anual composta (CAGR, do inglês Compound Annual Growth Rate) de 5,7%, superior à global. O estudo aponta que cada vez mais pessoas dedicam mais tempo, atenção e dinheiro a experiências de entretenimento e mídia imersivas. A previsão é de que o faturamento do cinema seja de US$ 45 bilhões no mundo este ano, conforme a PWC. No Brasil, o segmento vai movimentar US$ 681 milhões em 2026. 

A demanda para produção de vídeos para a internet é maior a cada ano. Estudo do Statista aponta que o vídeo se tornou um dos formatos online mais populares, abrangendo desde conteúdo educacional até análises de produtos. Levantamento do SPCine informa que o setor de audiovisual empregava no ano passado no Brasil mais de 200 mil pessoas diretamente e outras quase 300 mil indiretamente, com R$ 3 bilhões pagos em salários fixos e mais R$ 4 bilhões pagos indiretamente em serviços movimentados pelo segmento. 

O programa revolucionário e premiado de ensino De Criança Para Criança (DCPC), está ao alcance de novos e potenciais talentos do audiovisual, alunos universitários que poderão trabalhar para o DCPC. Um dos criadores do programa, Vitor Azambuja, explica que o DCPC está entrando em contato com universidades no Brasil inteiro para oferecer aos estudantes de áreas relacionadas ao segmento, como animação, design e cinema, oportunidade de trabalho remoto em animação 2D. O aluno pode trabalhar quando e a hora que quiser, pois é tudo por job. 

“A produção de vídeos e animações é uma das mais promissoras profissão do futuro. A adesão ao projeto está sendo incrível. Criamos uma nova e inovadora plataforma para trabalharmos com os animadores. Ela oferece opções como: edição de áudio, edição de imagens e animação. Estamos muito alinhados com as linguagens de hoje e dos próximos anos”, afirma Azambuja. Ele explicou que os interessados podem se inscrever no link https://studiodcpc.com

O De Criança Para Criança já produziu mais de 1.500 animações a partir das histórias criadas por crianças em sala de aula, além de desenvolver a EncicloKids, um acervo digital de vídeos organizados por categorias e áreas do conhecimento, que escolas e alunos do mundo todo podem acessar e utilizar em sala de aula como material didático e como inspiração para novas histórias. A plataforma tem mais de 70 escolas parceiras e mais de 30 mil crianças participantes. 

 


De Criança para Criança

O programa De Criança para Criança oferece um leque de metodologias de educação híbrida para escolas de todo o mundo. Do futuro para a escola, a proposta da startup é oferecer às crianças a oportunidade de serem protagonistas, colocando-as no centro da aprendizagem. Através de uma plataforma simples, os professores são orientados a serem mediadores, fazendo com que os próprios alunos desenvolvam conhecimento sobre temáticas diversas. A partir de discussões, constroem coletivamente histórias, fazem desenhos e gravam locuções relativas às narrativas criadas, que posteriormente serão transformadas em animações feitas pelo DCPC, expandindo os horizontes educacionais.
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A Força da Ancestralidade

Chegamos a Vila Verde no final da tarde. Era mês de abril, final dos anos 80. Fazia um friozinho gostoso. Depois de um dia inteiro dirigindo desde Lisboa, finalmente estávamos perto do nosso destino. No hotel, falei com a gerente sobre o motivo da nossa viagem: busca pela ancestralidade.

- E qual é a sua família? – perguntou-me a moça, muito educada.

- Fonseca. Tenho aqui uma lista com os nomes dos irmãos do meu avô.

- Deixe-me vêire, pediu-me, modulando a voz em delicioso sotaque de fado.

Concluímos que o avô dela era irmão do meu avô, ambos já falecidos. Apenas meia hora nos separava das nossas origens. Não deu para esperar o dia seguinte. Eu, minha mulher, minha irmã e meu cunhado deixamos o cansaço de lado e fomos assim mesmo, já começando a escurecer.

Na Freguesia de Paçô, entramos no primeiro bar, falamos sobre o motivo da nossa viagem e o nome da família. Um homem que estava ali perto ouviu nossa conversa e veio até nós. Era o marido de uma prima do meu pai. A partir daí foi tudo festa e emoção. Para nós e para eles. Tinham até fotos nossas, que a minha tia havia enviado nas suas correspondências.

Conhecermos vários parentes, estivemos no quarto onde o meu avô nasceu, em maio de 1888, mês e ano da Abolição, por coincidência. Tiramos fotos em frente à igrejinha onde ele foi batizado e onde também se casou com a minha avó.

Atravessamos o Atlântico, rodamos vários quilômetros. Quantos de nós já fizemos aventura semelhante? É a força da ancestralidade que nos move e nos faz sentir orgulho de sobrenomes, que muitas vezes são comuns, como o nosso. Mas é nosso, parte de uma cadeia de afetividades bem definida na linha do tempo. São os laços de família, bem apertados, bem identificados.

Tempos depois, já no Rio de Janeiro, li no jornal um artigo do Nei Lopes, compositor e estudioso das culturas africanas, em que ele observava que os afrodescendentes brasileiros não têm sobrenomes africanos, mas portugueses. É que os escravizados acabavam sendo identificados pelos nomes dos seus senhores, como um certificado de propriedade. E os seus descendentes têm que carregar esses sobrenomes pela vida afora. Como é que eu nunca tinha pensado nisso antes?

Os negros eram capturados em regiões diversas da África, com culturas, religiões e línguas diferentes, mas quando chegavam aqui viravam uma coisa só: mão de obra, sem passado, sem futuro, sem história. Misturados, apartados das suas famílias, vendidos separadamente dos filhos, mulheres, maridos, amigos.

Os seus nomes de origem eram trocados por outros, muitas vezes com requintes de crueldade, usando o mesmo nome do traficante que os vendeu.

Lembrei-me da minha viagem a Portugal. Talvez tão sofrido quanto a perda da liberdade seja a privação da ancestralidade.

Felizmente, muitos dos nossos irmãos afrodescendentes já perceberam que, agora que o sobrenome é seu, podem, com sua dignidade, fazer dele um motivo de orgulho e não de dor. Honrar esse sobrenome será uma homenagem aos seus antepassados e não aos senhores deles.

Conhecer um pouco da história ainda é o melhor caminho para compreender, respeitar e exercitar a empatia em relação aos nossos irmãos afrodescendentes.

 

Chico Fonseca é escritor e arquiteto, autor do livro “Amores, Marias, Marés”, publicado pela Editora Pensamento.

 

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Equipe Singulariana de Proteção aos Animais faz 15 anos e promove feira de adoção


Neste mês de maio, o Colégio Singular, com unidades localizadas no Grande ABC, está comemorando o aniversário de 15 anos de fundação da Equipe Singulariana de Proteção aos Animais (ESPA), que trabalha para reduzir o número de animais abandonados nas ruas. 

Para marcar a data, foi preparada uma programação especial de atividades com os alunos e a tradicional Feira de Adoção, que acontecerá no próximo dia 13 de maio (sábado), a partir das 9 horas, na unidade São Bernardo, localizada na rua Dr. Baeta Neves, 123 - Baeta Neves. 

De acordo com Roseli Denaldi, coordenadora da ESPA, as ONG’s estão lotadas, sem vagas para resgates e muitas dívidas. “A ESPA tem se esforçado para amenizar essa situação por meio da doação de ração e de tratamento veterinário, promoção de feiras de adoção e palestras educativas”.  

A coordenadora ainda explica que o aumento de animais abandonados está ligado à Lei Estadual nº 12.916/08, que proibiu a eutanásia em animais saudáveis. “A medida foi excelente para a proteção animal, porém faltou a criação de políticas substitutivas para a contenção do abandono nas ruas”, acrescenta Roseli Denaldi. 

Além de todo esse trabalho, a ESPA ainda conta com uma cartilha com informações essenciais sobre a guarda responsável e mantém um projeto pedagógico que envolve todas as séries, da Educação Infantil ao Ensino Médio; divulgação de feiras de adoção de outras instituições; participação na Cãominhada, evento anual realizado na cidade de Santo André e incentivo da adoção de animais abandonados ao invés da compra. www.singular.com.br 

 

Serviço: Feira de Adoção Animal

Data: 13 de maio

Horário: a partir das 9 horas

Local: Colégio Singular São Bernardo (rua Dr. Baeta Neves, 123 - Baeta Neves).


Símbolos da Mata Atlântica compõem exposição Cartas para o Futuro

Divulgação

Com um olhar interno para a cultura caiçara, a exposição Cartas para o Futuro apresenta 20 fotografias do artista Marcelo Oséas em parceria com a Fazenda Bananal, na cidade de Paraty (RJ). As imagens percorrem os espaços comuns das comunidades caiçaras na região, celebram a imensidão do mar e retratam a flora da Mata Atlântica — o bioma mais devastado do Brasil.

Na mostra, o visitante adentra em um estilizado jardim caiçara, rodeado por fitilhos de algodão cru, tingidos naturalmente pela Mattricaria, ateliê e laboratório voltados para a pesquisa da flora tintorial brasileira. Com diferentes intensidades e degradês, os tecidos variam entre as cores verde (proveniente das cascas de romã com carqueja e erva-mate), azul (índigo) e marrom (cascas de barbatimão com jatobá).

“Trouxemos duas tonalidades de verde, uma mais clara e outra mais escura, para mostrar a intensidade da cor, quando ela entra em contato com a luz solar e quando a mata está mais fechada, traduzindo esse sentimento de estar dentro da floresta e caminhar por ela”, explica Maibe Maroccolo, da Mattricaria.

Enquanto percorre o espaço preenchido pelos fitilhos que sintetizam a Mata Atlântica, o público contempla as fotos de Oséas sobre a cultura caiçara, penduradas em um tipo de moldura-janela. As peças foram construídas a partir das madeiras que já integraram os barcos que cruzam a Baía de Paraty. “Fora de uso e abandonado nos estaleiros, o material teria como fim a fogueira, se não fosse ressignificados”, explica o fotógrafo.

Para completar a vivência, aromas naturais da região, como jasmim e pitangueira, são borrifados no ambiente. Vale lembrar que, além da mostra na Fazenda Bananal, uma versão pocket da exposição Cartas para o Futuro acontece na galeria do artista, localizada no centro histórico de Paraty.   

 

Sobre Marcelo Oséas @marcelooseas

Fotógrafo documental, Marcelo mora entre as cidades de Paraty e São Paulo. Estudou Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e atuou por nove anos em grandes companhias brasileiras, assim como no terceiro setor. Migrou integralmente para a fotografia em 2012.

Sua produção está relacionada às expressões artísticas autóctones brasileiras, assim como culturas tradicionais, como a indígena, caiçara e sertaneja. Mantém como campo de pesquisa os processos de assimilação da sociedade de consumo dos elementos culturais nativos, com sua consequente integração ou eliminação.

Destaques dos últimos anos:

  • 2019: Exposição individual na Galeria Yankatu, intitulada "Uma Crônica Munduruku";
  • 2019: Exposição Duas Crônicas no Museu A Casa, compartilhada com a designer Maria Fernanda Paes de Barros;
  • 2020-22: Expedição pelo projeto de livro BrasisQueVi do arquiteto Gabriel Fernandes, para 12 Estados brasileiros;
  • 2022: Inauguração da Marcelo Oséas Galeria na cidade de Paraty/RJ;
  • 2022-3: Exposição solo - Tivoli Mofarrej - Quase Dez Anos.

 

 

Serviço: 

Exposição Cartas para o Futuro

Fazenda Bananal - Estrada da Pedra Branca - Paraty - RJ.

Todos os dias, das 10h às 18h. É possível entrar até às 17h.

Valor de entrada na fazenda, incluindo a exposição e outras atividades, é de R$ 60,00, com meia-entrada para grupos específicos. Os moradores da cidade têm entrada livre às quartas-feiras.

Mais informações: https://fazendabananal.com.br/

 

Exposição Cartas para o Futuro | Versão pocket

Marcelo Oséas Galeria - Rua Dr. Pereira, 125 - Centro Histórico de Paraty - RJ.

Gratuita.

 

Exposição inédita na Japan House São Paulo apresenta a diversidade das paisagens e da cultura japonesa a partir de miniaturas


As obras do fotógrafo Tatsuya Tanaka serão exibidas pela primeira vez na América Latina na mostra "Japão em miniaturas", incluindo um trabalho inédito feito para a JHSP. As fotografias e maquetes apresentam a paisagem e cultura do Japão por meio do "mitate", conceito tradicional japonês que sugere novas interpretações para objetos do cotidiano

A floração das cerejeiras, a marcante presença do Monte Fuji, os restaurantes de sushi em esteiras, a prática de artes manuais e marciais, além das tradicionais festividades japonesas são apenas algumas das cenas retratadas em miniaturas - sob o conceito “mitate” - pelo fotógrafo japonês Tatsuya Tanaka, que estarão em exibição na Japan House São Paulo entre os dias 16 de maio e 8 de outubro de 2023, com entrada gratuita.

Ao todo são 37 obras criadas a partir de elementos como conchas, alimentos como macarrão e sushi, itens de maquiagem, canudos, pregadores, leques, entre outros objetos do dia a dia japonês, que estarão divididas em cinco grupos principais: estações do ano e seus eventos, cenas do Japão tradicional, cenas do Japão moderno, vida cotidiana e práticas tradicionais. Na mostra inédita “Japão em miniaturas - Tatsuya Tanaka”, o público poderá reconhecer cerdas de escovas que se tornam plantações arroz, embalagens da soja fermentada japonesa, nattō, que remetem à arquitetura de um importante castelo japonês, sushis enfileirados em esteiras que remetem à trens e carros em trânsito e até canudos verdes que podem ser confundidos com um bambuzal a partir da mudança de perspectiva e escala.

Internacionalmente conhecido pelo projeto Miniature Calendar realizado em suas mídias sociais, Tanaka ilustra o conceito “mitate” em todo seu trabalho, onde a arte em miniatura é fotografada com temática de bonecos de diorama e coisas do dia a dia. Acredita-se que o “mitate” esteja enraizado na cultura japonesa - que desde sempre conviveu em harmonia com a natureza - para compensar com a imaginação coisas faltantes ou vazios. Esse senso estético ainda é presente na literatura, cerimônia do chá, jardinagem, entretenimentos do período Edo (Kabuki e Rakugo) e gastronomia. “Nesses pequenos universos criados por ele, o que chama a atenção é sua percepção quase fantástica, que lembra a mais pura imaginação infantil sobre os objetos, renovando e reformulando seus significados a todo instante”, explica a diretora cultural da Japan House São Paulo e curadora da exposição, Natasha Barzaghi Geenen.

Tanaka também faz questão de inserir na mostra o elemento que o fez iniciar a produção de miniaturas e suas fotografias, o brócolis, criando uma pequena floresta desse vegetal na obra que recebe o visitante no espaço da Japan House São Paulo: “o brócolis é o material que me inspirou a olhar os objetos e a pensar em outras possibilidades com eles. Quando digo que se parecem árvores, pessoas em todo o mundo podem se relacionar com essa ideia”, comenta.

A exposição ainda traz uma maquete inédita, elaborada a partir de conversas entre o artista e a JHSP, especialmente para esta mostra no Brasil. Os materiais principais escolhidos foram o arroz e o feijão. "Ao ouvir sobre a feijoada, prato que se come com arroz, assim como o karê, comecei a pensar na possibilidade de expressar a areia branca e o mar utilizando esse prato típico. Também soube que no Rio de Janeiro, à beira da praia, há calçadas com padrões de ondas feitas de pedras pretas e brancas. É isso que imagino quando penso no Brasil. O feijão preto e o arroz são alimentos familiares aos japoneses também, e penso que, apesar de estarem de lados opostos do mundo, Brasil e Japão possuem culturas com aspectos semelhantes”, avalia o fotógrafo.

Para valorizar ainda mais esses pequenos universos, a expografia aposta no minimalismo e nas diferentes perspectivas de observação, oferecendo ao público a oportunidade de enxergar algumas obras por meio de lupas, de pé ou sentado, observando todos os ângulos. Em sua primeira vinda ao Brasil, especialmente para a montagem desta exposição, Tanaka dará uma palestra sobre seu trabalho, carreira e inspirações, no dia 16 de maio, às 19h, com transmissão ao vivo pelo YouTube da JHSP. O evento é livre e gratuito.

Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição “Japão em miniaturas - Tatsuya Tanaka” ainda conta com recursos táteis, audiodescrição e de Libras por meio de QR Code presente no espaço expositivo.

Sobre Tatsuya Tanaka
Nasceu em 1981 em Kumamoto, Japão, e formou-se na Escola de Educação da Universidade de Kagoshima. É fotógrafo e, desde 2011, realiza o projeto “Miniature Calendar” [calendário miniatura], no qual ele reimagina e ressignifica objetos do cotidiano, propondo cenas e imagens em miniatura. Desde então, diariamente, ele apresenta suas criações na internet. Com obras inusitadas que unem elementos de surpresa e humor, o artista e fotógrafo de miniatura se conecta com o público tanto online quanto presencialmente, realizando exposições no Japão e internacionalmente. Seu Instagram possui mais de 3,7 milhões de seguidores e suas exposições que circulam pelo Japão e o mundo já foram vistas por mais de dois milhões de pessoas. Tanaka participou da Expo Dubai 2020 como criador do pavilhão japonês e é autor dos livros "MINIATURE LIFE," "Small Wonders," "MINIATURE TRIP IN JAPAN," "Assemble and Resemble ‘KuMitate’ e " "SUSHI came to buy clothes".


Serviço:
Exposição “Japão em Miniaturas - Tatsuya Tanaka”
Período:
16 de maio a 8 de outubro de 2023
Local: Japan House São Paulo, térreo - Avenida Paulista, 52, São Paulo/SP 
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h
Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais):
https://agendamento.japanhousesp.com.br/ 


Palestra Descobrindo o mundo das miniaturas de Tatsuya Tanaka
Quando:
16 de maio, às 19h
Onde:
YouTube da JHSP
Duração: 60 min
Tradução simultânea português/japonês



Japan House
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Abertura | Camile Sproesser entra em temporada com a exposição individual Ás no Projeto Vênus


Na mostra, que traz uma produção de pintura recente da artista, o imaginário mitológico se combina a vários outros universos simbólicos que compõem sua obra. Na construção de cenas, o protagonismo do corpo feminino ganha força sob o plano natural e ritualístico dos arcanos do Tarô
 



A partir do dia 13 de maio, sábado, 14h, no Projeto Vênus, está aberta para visitação a exposição Ás, a quinta mostra individual da artista plástica Camile Sproesser (1985, São Paulo) que reúne dez pinturas a óleo criadas em 2023. A curadora e pesquisadora Marília Loureiro assina o texto da mostra.

Na atual exposição, a artista mostra arcanos do Tarô construídos sob um manancial de força, assentado num plano profundamente feminino e espiritual, que não se encerra em uma forma, mas aceita correr o risco do desconhecido para ir um pouco além. 

O fauno, as ninfas, a lira, a flauta, as máscaras, o protagonismo do corpo feminino e dos animais seguem interessando a pintura da artista e nessa série, esses elementos surgem como figuras vaporosas cuja fatura e o cromatismo podem remeter a afrescos e murais.

"Reunidas em seu conjunto, as pinturas nos envolvem num ambiente imersivo. Se é possível imaginá-las como afrescos para serem avistados de longe, de perto elas ganham fisicalidade, como se sua escala as permitisse conviver conosco no espaço. Dessa curta distância participamos de uma atmosfera no mínimo instável, já que a luz homogênea que recai sobre elas e a ausência de sombras projetadas nos colocam diante de uma outra construção de mundo", comenta a curadora Marília Loureiro. 

As pinturas de Camile Sproesser cruzam narrativas pessoais e fantásticas a um só tempo. Inspirada nos arcanos do Tarô e sua potência simbólica, onde novas possibilidades de rumos são sugeridos por meio de arcanos como A Louca, A Lua, O Sol e 3 de copas, Sproesser homenageia o cosmos e o destino dos humanos e não humanos numa simbiose entre o telúrico e o etéreo. Em composições destacadas pela vivacidade das cores, a artista invoca a potência simbólica de animais e outros signos da natureza e da cultura para abrir suas possibilidades de representação hoje. Entre retratos e visões, o universo poético de Sproesser é satírico, lúdico e destemido. 

Ao beber de referências literárias e mitológicas diversas, a artista atravessa histórias do passado com as questões sociais e identitárias do feminino no tempo presente. Neste sentido, as imagens conjuradas em suas telas não estabelecem juízos objetivos sobre os temas que abordam, preferindo reverberar humores e sentidos mais próximos do instinto.

 

Serviço:

Ás | Camile Sproesser 

Texto: Marília Loureiro

Local: Projeto Vênus

Endereço: Travessa Dona Paula, 134 - Higienópolis 

Abertura: 13 de maio de 2023, sábado, das 14h às 19h

Visitação: de 13 de maio a 17 de junho de 2023

Entrada gratuita 


Exposição "Retro / Ativa", do artista multimídia Eder Santos, segue no Memorial Vale até dia 23 de julho

 


Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, “Retro / Ativa” apresenta trabalhos de diferentes momentos dos mais de 20 anos de carreira de Eder Santos; com três obras inéditas, exposição itinerante fica no Memorial Vale, em Belo Horizonte, até dia 23 de julho, antes de seguir para Vitória (ES), Belém (PA) e São Luiz (MA)

 

“Um artista barroco e multimídia, que não se contenta com nenhuma zona de conforto. Um criador que, quando alcança algum lugar, é capaz de partir, na sequência, para outro extremo”. Essa é uma das definições de Eder Santos nas palavras do curador Luiz Gustavo Carvalho, responsável pela seleção das obras da exposição “Retro / Ativa”, cuja estreia aconteceu no último sábado, 6 de maio, no Memorial Minas Gerais Vale. Com 13 trabalhos que traçam um panorama da múltipla produção do artista multimídia mineiro e dialogam com o espaço arquitetônico do Memorial, a exposição itinerante fica em Belo Horizonte até dia 23 de julho, antes de circular por outras três capitais brasileiras: Vitória, no Espírito Santo; Belém, no Pará; e São Luiz, no Maranhão. Gratuita, a visitação acontece nas terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 21h; e nas quintas-feiras, das 10h às 21h30. Este projeto é realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução, e tem patrocínio do Instituto Cultural Vale. Outras informações podem ser encontradas no site www.memorialvale.com.br.

 

Mesclando diferentes linguagens e técnicas, a obra de Eder Santos borra fronteiras entre artes visuais, cinema, teatro, vídeo e novas mídias. Pioneiro da arte multimídia no Brasil, sua trajetória confunde-se com o início da produção audiovisual nas artes plásticas, nos anos 1980, que funde o padrão estabelecido pelas televisões e as experimentações com o vídeo-amador. “A maioria dos trabalhos da exposição traz essa coisa da tecnologia, que sempre esteve presente na minha obra. Mas a tecnologia acidental, como forma de experimentar. O ruído, a distorção, o desconforto. Usar como ferramenta, sem respeitar muito a tecnologia, sem se entregar ao monitor”, pontua o artista. Diretor do Memorial Vale, Wagner Tameirão destaca a importância de sediar a exposição de um nome tão significativo para o cenário da arte contemporânea brasileira. “Espaço do Instituto Cultural Vale, o Memorial Minas Gerais Vale reflete a intensa e diversa cultura mineira. A exposição ‘Retro / Ativa’, de Eder Santos, ocupa um espaço de memória neste sentido, com trabalhos que resgatam os muitos anos de trajetória do artista", reflete o gestor.

 

Eder Santos sublinha a presença de três novas obras na exposição - “Janaúba” e “Barravento Novo”, trabalhos de outros tempos, que ganharam formatos nunca antes mostrados - e a inédita "Oxalá". “É importante dizer que algumas das minhas obras têm versões duplas, triplas. Como ‘Janaúba’, que surgiu como performance e depois virou um vídeo, em 1993, exibido em festivais de cinema e premiado no ‘Videobrasil’. Agora, ele chega neste formato de videoinstalação, que ainda não foi apresentado. Essas duas obras que foram repaginadas, curiosamente, tratam do cinema”, comenta Eder Santos, autor de 15 curtas, três longas-metragens e várias séries televisivas. “‘Janaúba’ traz questões mineiras, que remetem a Guimarães Rosa e, ao mesmo tempo, faz referência a ‘Limite’, de Mário Peixoto, e a ‘Carro de Boi’, de Humberto Mauro, figuras importantes do nosso cinema. Já ‘Barravento Novo’ é uma releitura do filme de Glauber Rocha, que leva o cinema para a videoinstalação”, completa o artista, ressaltando que “Barravento” tem atuação de Antônio Pitanga, protagonista do filme de Glauber Rocha, bem como da filha e da neta do ator, Camila Pitanga e Antônia Peixoto.

 

Para Luiz Gustavo Carvalho, as obras inéditas trazem um aspecto importante para a seleção, que vai ao encontro do título da exposição. “É uma retrospectiva que contempla vários períodos da carreira de Eder, mas que não trata de um trabalho fechado, muito pelo contrário. Estamos falando de uma produção totalmente ativa, e as obras inéditas permitem o olhar para os novos inícios”, pontua o curador, ressaltando que o artista mineiro possui trabalhos em coleções permanentes de instituições como os Museus de Arte Moderna da Bahia, de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Museu de Arte Moderna de Nova York – MOMA (Nova Iorque, Estados Unidos), o Centre Georges Pompidou (Paris, França) e a Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami, Estados Unidos). Mesmo algumas criações antigas apontam para o futuro, já que trazem relação com projetos futuros do artista, como no caso da celebrada série “Enciclopédia da Ignorância”, de 2003, cujas obras “Preguiça”, “Humilhação” e “Ciúme” fazem parte exposição. “Em julho, apresento, em São Paulo, a segunda versão da ‘Enciclopédia da Ignorância’, com novos verbetes como intolerância, falsidade e culpa, e obras que terão a inteligência artificial como uma das ferramentas”, adianta Eder Santos.


 

Diálogo entre a exposição e o Memorial Vale

 

O curador de “Retro / Ativa” ressalta, ainda, o diálogo criado pela montagem entre os trabalhos apresentados e o espaço arquitetônico do Memorial Vale, que incita a dissolução da barreira entre o público e a obra de arte. “Fiz essa provocação ao Eder, para que ele se apropriasse do espaço do Memorial, um prédio histórico da cidade, e ele aceitou prontamente. Então, mapeamos o edifício e seus elementos arquitetônicos, criando uma ocupação não só do espaço expositivo, mas também das áreas de passagem”, conta Luiz Gustavo Carvalho. Eder Santos conta que a obra “Iluminado” acabou sendo escolhida, neste sentido, para criar um diálogo entre a exposição e a Praça da Liberdade. “Essa obra é um poste de iluminação, que ao invés de lâmpadas tem uma projeção. A estrutura do poste, coincidentemente, é a mesma dos postes da praça, então a colocaremos do lado de fora, convidando as pessoas a entrarem na exposição”, afirma.

 

Chegando ao Memorial Vale, o visitante vai se deparar com “Dogville”, videoinstalação de 2012 que traz diversas televisões com imagens de cachorros “aprisionados” aos monitores. “O trabalho provoca a reflexão sobre como ficamos presos e, ao mesmo tempo, atraídos pelo monitor. Sobre essa rede que fazemos parte, que é a televisão, ferramenta que inclusive uso pouco nos meus trabalhos, apresentados em sua maioria por projeções”, diz Eder Santos, artista cujo universo temático perpassa, ainda, assuntos do cotidiano e questões entrelaçadas à mineiridade, como o território e a religiosidade. “Por meio da vídeo-arte, o visitante estará diante das paisagens mineiras e de seus atravessamentos, bem como de provocações sobre aspectos da vida contemporânea. Por mais que as ferramentas se relacionem à vida acelerada da atualidade, são obras que demandam tempo e reflexão para serem contempladas”, finaliza Luiz Gustavo Carvalho.


 

Sobre Eder Santos

 

Nascido em Belo Horizonte, Eder José dos Santos Júnior iniciou seus estudos na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, posteriormente, mudou-se para o curso de Programação Visual, na Fundação Mineira de Arte Aleijadinho (Fuma), onde graduou-se em 1984. Videoartista, cineasta, roteirista e designer gráfico, tem obras nos acervos permanentes de vários museus e vasta participação em bienais e festivais no Brasil e no exterior. Possui premiada carreira como diretor de cinema e TV e, na música, soma parcerias com o multi-instrumentista e compositor Paulo Santos, do grupo Uakti.

 

Entre seus trabalhos, estão a videoinstalação “The Desert in My Mind” (1992), que convida os espectadores a caminharem sobre as imagens; o vídeo “Janaúba” (1993), que evoca uma volta às origens do audiovisual; e a videoinstalação “Call Waiting” (2006), composta por 50 gaiolas e imagens projetadas de pássaros, que remetem a memórias de infância ligadas às aves que o pai do artista criava. Além de se dedicar à criação de exposições, videoinstalações e vídeo-performances, Eder Santos é autor de trabalhos em vídeo como “Tumitinhas” (1998), “Eu Não Vou à África Porque Tenho Plantão” (1990) e “Mentiras & Humilhações” (1988). Dirigiu 15 curtas-metragens; a série de televisão “Contos da Meia-Noite” (2004, TV Cultura); e os longas-metragens “Enredando Pessoas” (1995), “Deserto Azul” (2014) e “Girassol Vermelho” (2020).

 

A participação de Eder Santos em festivais e bienais inclui, por exemplo, o “WWVF – World Wide Video Festival”, em Amsterdã (Holanda), onde apresentou a videoinstalação “Enciclopédia da Ignorância”, também exibida no “Media Art Festival de Milão” (Itália), no Palácio das Artes (MG) e na Luciana Brito Galeria (SP). O percurso do artista mineiro está entrelaçado com a história do “Festival Videobrasil”, de São Paulo, para o qual é selecionado desde a segunda edição e já ganhou diversos prêmios. Eder Santos participou, também, da “Bienal de São Paulo” (1996) e da “Mostra Bienal 50 anos” (SP, 2001), além de acumular premiações em festivais internacionais e nacionais como “Prêmio Sergio Motta” (SP), “Prêmio Petrobras Brasil”, “Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana” (Cuba), “FestRio” (RJ) e “Rio Cine Festival” (RJ).


 

Sobre a Trem Chic

 

A Trem Chic é uma produtora criada em 2007 por Eder Santos, em parceria com André Hallak, Leandro Aragão e Barão Fonseca. Sediada em Belo Horizonte, possui amplo histórico em produções experimentais e de artes visuais, com trabalhos apresentados em bienais e festivais no Brasil e no exterior. Entre os trabalhos, destacam-se a produção da videoinstalação "Dogville", entre 2011 e 2012, em locais como "Pinta Art Fair" (Nova Iorque, EUA); Oi Futuro Ipanema, para o projeto "VideoUrbe" (RJ); e Galeria Celma Albuquerque (BH). Também produziu, em Belo Horizonte, as videoinstalações "Estado de Sítio", no Palácio das Artes (2017), e "Galeria das Almas II", no Museu de Arte da Pampulha (2013).

 

Além disso, a Trem Chic produziu a instalação exclusiva "Mentiras e Humilhações" (2010) no Palácio da Aclamação, em Salvador (BA); as videoinstalações "Atrás do Porto Tem uma Cidade" (Museu da Vale, Vitória, ES, 2010), "O Julgamento de Paris" (3D, MASP, São Paulo, 2010) e "Embaixadas" (CCBB, Brasília, 2010); e a exposição "Cinema" (Luciana Brito Galeria, São Paulo 2010). Recentemente, a produtora consolidou seu departamento de Cinema e TV, que desenvolve projetos de filmes ficcionais, documentários e séries televisivas, com longas e curtas exibidos e premiados em festivais como "Rotterdam", "Oberhausen", "DOK Leipzig", "É Tudo Verdade", "Videobrasil", entre outros.

 

SERVIÇO

Exposição “Retro / Ativa”, de Eder Santos

Quando. Até dia 23 de julho

Visitação. Terça, quarta, sexta e sábado, 10h às 17h30; quinta, 10h às 21h30

Onde. Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade, 640 - Savassi)

Quanto. Visitação gratuita

Mais. Site Memorial Vale | Instagram Eder Santos | Instagram Trem Chic


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