Com
slogan “No trânsito, respeite a sua vida e a dos outros”, peças convidam
população a refletir diante de relatos reais de quem teve sua trajetória
impactada por acidentes
Em meio às comemorações do décimo ano do Movimento Maio
Amarelo, iniciativa internacional da ONU adotada no Brasil a partir de 2014 com
objetivo de conscientizar a população para reduzir acidentes e óbitos no
trânsito, o Detran-SP lança uma campanha publicitária com foco em três fatores
de risco que estão entre as principais causas de mortes nas vias: o excesso de
velocidade, o consumo de álcool combinado com direção e o uso de celular ao
volante.
Do total de acidentes de trânsito com óbitos, 94% são
causados por falha humana, segundo o Infosiga - Sistema de Informações
Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo. E não foi à toa a
escolha das três principais causas para a campanha – excesso de velocidade,
alcoolemia e distrações ao volante, lideradas pelo uso de celular. Juntas, elas
respondem por 70% desses acidentes nos quais houve falha do motorista, segundo
a Polícia Rodoviária Federal.
Inspirado em histórias reais de pessoas que tiveram suas vidas impactadas por acidentes, a ação passa a ser veiculada nesta quinta-feira, 11 de maio, em rádio, TV, internet, além de anúncios em espaços públicos. Estudos que apontam como más escolhas dos condutores contribuem para o aumento de fatalidades embasam as peças. Como slogan, a campanha adota a frase “No trânsito, respeite a sua vida e a dos outros” para trazer comparativos entre o ato imprudente do motorista e a sua consequência para os acidentados.
Assista ao vídeo da campanha publicitária
https://www.youtube.com/watch?v=ElHbj84wvyg
Álcool e direção
É fato que, sob efeito de álcool, o motorista tem a sua capacidade de percepção reduzida em vários sentidos. Isso porque o álcool causa uma diminuição da capacidade neurológica, e, consequentemente, dos órgãos de sentido. A ingestão de bebida alcoólica diminui a visão periférica, a percepção de movimentos laterais e a visão de obstáculos, além de afetar o tempo de reação.
De acordo com estudo publicado em 2006 nos Estados
Unidos, o risco de um condutor com alcoolemia entre 0,2 e 0,5 grama por litro
de sangue morrer em um acidente de trânsito envolvendo apenas um veículo é de
2,5 a 4,6 vezes maior que o de um condutor abstêmio (dependendo da faixa
etária, já que motoristas mais jovens correm maiores riscos do que os mais
velhos, mesmo sem estarem alcoolizados). Já para níveis de álcool no sangue
entre 0,5 e 0,8 grama por litro, esse fator varia entre 6 e 17 vezes. Com
alcoolemias a partir desse valor, os fatores variam de 11 a até 15.560 vezes,
indicando que o consumo abusivo de álcool acarreta risco muito acentuado de
envolvimento em acidentes fatais.
Alta velocidade
Um veículo que circula com excesso de velocidade necessita de tempo maior para a frenagem, o que eleva a probabilidade de o motorista perder o seu controle. Além disso, quanto maior a velocidade de circulação, menor é a capacidade de o motorista se antecipar a possíveis perigos, o que aumenta muito o risco de acidente e a gravidade das lesões.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou uma fórmula que relaciona risco de acidentes e de mortes ao aumento da velocidade, por meio de cálculos baseados em relatórios de ocorrências de trânsito enviados de todo o mundo e compilados em 2004. Pela equação, quando se ultrapassa em 1% o limite de velocidade em uma via, os riscos médios de acidentes sobem 3% e o risco de morte cresce em até 5%. Estudos do órgão trazem evidências diretas de que dirigir apenas 5 Km/h acima da média em áreas urbanas, com limite de velocidade de 60 Km/h, e 10 Km/h acima da média em rodovias é fator suficiente para dobrar o risco de ocorrer um acidente.
Já estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
Organização Mundial da Saúde (OMS) e do New York City Department Of
Transportation apontam que, quando um pedestre é atropelado a 60km/h, a
chance de o acidente ser fatal é de 98%. Já se o acidente ocorrer a 40km/h,
essa porcentagem cai para 35%.
Ao volante, esqueça o celular
É correto dizer que dirigir mexendo no celular é tão perigoso quanto após a ingestão de bebida alcoólica. Segundo uma pesquisa da instituição inglesa RAC Foundation, o envio de mensagens pelo smartphone é capaz de retardar o período de reação do condutor em 35%.
Outro estudo, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), aponta que digitar uma mensagem de texto enquanto se conduz um veículo a 80 km/h equivale a dirigir com os olhos vendados por um percurso de até 100 metros, o comprimento de um campo de futebol.
Outro fato notório é que, ao usar o celular ao volante, o
condutor perderá o campo de visão de 360 º que se deve ter com o auxílio do
espelho retrovisor, o que afetará sua concentração no trânsito.
Maio Amarelo
A campanha do Detran-SP está sintonizada com a temática nacional do movimento Maio Amarelo para 2023: “No trânsito, escolha a vida”, definida em resolução do Contran – Conselho Nacional de Trânsito.
A idealização do movimento Maio Amarelo foi embasada em estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a segurança no trânsito em diversos países. A partir disso, a Assembleia Geral da ONU definiu o período entre os anos de 2011 e 2020 como a Década de Ações para a Segurança no Trânsito. Maio foi escolhido porque foi o mês em que a resolução da ONU foi publicada, em 2011. Já a cor amarela, que representa a campanha, simboliza advertência e atenção. O objetivo era criar planos para reduzir o índice de acidentes no trânsito, que, na época, eram a causa de 1,2 milhão de mortes e 20 milhões a 50 milhões de ferimentos de pessoas por ano, em todo o mundo. A meta era promover a conscientização mundial de forma a reduzir em 50% o número de mortes no trânsito. Como a meta inicial não foi cumprida por vários países, a OMS lançou a Segunda Década de Ação para a Segurança no Trânsito, entre 2020 e 2030, para se alcançar a redução de 50% de mortalidade no trânsito.
No Brasil, as campanhas do Maio Amarelo tiveram início em 2014, coordenadas pelo Observatório Nacional de Segurança Viária. Promoveu-se a união entre a iniciativa privada, o poder público e a sociedade para discutir e criar estratégias voltadas à segurança viária, dedicadas a reduzir o número de mortes e acidentes.
São Paulo foi o estado que mais chegou perto da meta
inicial da OMS, com redução de 32% da mortalidade no trânsito até 2020. O
Detran-SP trabalha incessantemente para reduzir ainda mais esses indicadores
negativos, aumentar a conscientização da população e preservar vidas, adotando
programas permanentes de ações de Educação para o Trânsito, como Cidadania em
Movimento e Educação Viária é Vital. Um dos maiores programas de redução dos
acidentes de trânsito do Brasil é o paulista Respeito à Vida, que investe
anualmente R$ 500 milhões, oriundos das multas de trânsito, em iniciativas
voltadas à prevenção de acidentes e à sinalização em municípios paulistas. As
verbas são destinadas ao poder municipal e podem ser aplicadas em instalação de
ciclofaixas, lombadas e sinalização semafórica, entre outros tipos de
intervenção.
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