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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

ANS inclui no rol de procedimentos obrigatórios o fornecimento do medicamento Zolgensma - considerando o mais caro do mundo

Na 584ª Reunião Colegiada, a diretoria da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a incorporação do medicamento Onasemnogeno abeparvoveque (Zolgensma) – para tratamento dos beneficiários com até 6 meses de idade com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo I que estejam fora de ventilação mecânica Invasiva acima de 16 horas por dia.

A AME é uma doença degenerativa rara. Pacientes da doença não conseguem produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores responsáveis por movimentos vitais, como respirar, engolir e se mover.

 O Zolgensma é considerado o medicamento mais caro do mundo, pois a sua aplicação por paciente custa em média R$ 11,5 milhões. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria há cerca de 400 crianças com AME no Brasil.

 A incorporação do medicamento no Rol de procedimentos obrigatórios pelas Operadoras de planos de saúde ocorreu por determinação do que prevê o § 4º da Lei 14.307/2022, que determinou a incorporação no Rol da ANS os procedimentos e tecnologias que tenham sido recomendadas pelo CONITEC e cuja decisão de incorporação ao SUS já tenha sido publicada.

As operadoras serão obrigadas a fornecerem o medicamento após a publicação da inclusão no rol de procedimentos no Diário Oficial. Já o Governo Federal terá o prazo de até junho deste ano para fornecer o medicamento na rede pública de saúde. 

Para o advogado Clismo Bastos, especialista em Saúde Suplementar, integrante do QVQR Advocacia “a inclusão no medicamento Zolgensma no SUS representa um avanço na saúde pública do Brasil, pois a AME é uma doença rara que não possui cura, mas os estudos científicos demonstraram uma melhora na expectativa de vida dos pacientes que utilizaram o medicamento.”

No entanto, o advogado alerta que a inclusão no medicamento como fornecimento obrigatório pelos planos de saúde pode acarretar no aumento das mensalidades “A inclusão de um medicamento de alto custo no rol de procedimentos obrigatórios sem a análise do impacto financeiro, ocasionará um desequilíbrio contratual, pois a Saúde Suplementar funciona com base no mutualismo e possui recursos finitos. Segundo dados divulgados pela ANS, no terceiro trimestre de 2022 as operadoras tiveram um prejuízo de R$ 5,5 bilhões.”

 

Exagerou no Carnaval? Médico dá dicas de como retomar a rotina de exercícios após a folia

Especialista em Nutrologia Esportiva explica o que acontece com nosso corpo e como recuperar a performance física

 

Todo brasileiro adora Carnaval, tanto para festejar, quanto para descansar. Contudo, para aqueles que gostam da folia, o retorno à rotina pode ser mais difícil, principalmente para os adeptos de atividades físicas regulares. Se você exagerou no carnaval e acabou deixando de lado sua rotina de exercícios, é importante que você retome aos poucos para evitar lesões e desconfortos. O especialista em Nutrologia Esportiva, Dr. Cristovam Miguel Neto, dá dicas de como essa retomada pode ser descomplicada. 

“O exagero na ingestão de álcool, a alimentação inadequada e pobre em nutrientes e a falta de sono, fatores muito frequentes durante o Carnaval, prejudicam muito o funcionamento geral do nosso corpo. Por isso, é importante tomar certos cuidados ao retomar as atividades físicas, pois o corpo precisa de algum tempo para recuperar a performance alcançada antes do feriado prolongado”, afirma o Dr. Cristovam Miguel Neto. 

Confira algumas dicas do especialista em Nutrologia Esportiva que podem ajudar: 

  • Comece devagar -- não tente retomar sua rotina de exercícios exatamente do ponto onde você parou antes do Carnaval. Comece com exercícios mais leves e vá aumentando a intensidade gradualmente.
  • Faça um aquecimento adequado -- antes de começar qualquer tipo de atividade física, é importante fazer um aquecimento para preparar seu corpo para o esforço físico.
  • Hidrate-se bem - beba bastante água antes, durante e depois do exercício para evitar a desidratação, principalmente se você exagerou no consumo de bebidas alcoólicas no carnaval.
  • Escolha atividades que você goste - se você não gosta de academia, por exemplo, escolha outra atividade física que te dê prazer, como caminhar, dançar, nadar, andar de bicicleta, entre outros.
  • Não se esqueça do descanso - ele é tão importante quanto o exercício em si. Dê ao seu corpo tempo suficiente para se recuperar após cada sessão de exercícios. 

“É importante lembrar que a chave para retomar as atividades físicas após o carnaval é ir aos poucos e escutar o seu corpo. Dia após dia a performance física é recuperada, assim como os benefícios do exercício para a saúde e bem-estar”, destaca Dr. Cristovam. 

A Nutrologia Esportiva é a área da Nutrologia voltada ao esporte e, consequentemente, performance física. O objetivo dessa área é auxiliar no aumento do rendimento físico, estabelecendo o planejamento de alimentação saudável e suplementação para a prática de alguma modalidade esportiva, direcionando desde o atleta amador até o profissional. Além disso, essa especialidade médica também contribui para o aprimoramento do desempenho físico como um todo, melhorando a disposição, libido, pele e peso, por exemplo. 

 

Dr. Cristovam Miguel Neto - ormado em escolas de medicina conceituadas, como a Universidade de Taubaté, PUC SP e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e com mais de 20 anos de experiência em medicina, o Dr. Cristovam Miguel Neto tem olhar atento e focado não apenas na saúde, mas também no bem-estar de seus pacientes. A especialização em Nutrologia Esportiva proporcionou ao médico um olhar diferenciado, voltado à performance física e ao emagrecimento, atuando diretamente com: Preparo físico e orientação para prática de esportes amadores e de alto rendimento; Implante intradérmico (“Chip da Beleza”); Modulação hormonal; Performance física.


Como a cannabis medicinal afeta o futuro da medicina tradicional

A medicina vem se transformando constantemente e aprimorando suas formas de tratamento, graças ao desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitaram o surgimento de métodos inovadores. A cannabis medicinal, por exemplo, vem ganhando cada vez mais espaço na rotina de pacientes com as mais distintas patologias. Mas como isso afeta a medicina tradicional?

Hoje, apesar de não ter uma regulamentação ampla para o uso da planta no tratamento de diversas doenças, o Brasil é um dos países que mais produz artigos científicos e materiais de estudo sobre as propriedades da cannabis. Além disso, a evolução da indústria farmacêutica e científica permitiu unir tratamentos alopáticos e homeopáticos de acordo com a necessidade do paciente, a fim de oferecer alternativas eficazes e que auxiliem na qualidade de vida, o que é avaliado caso a caso.

A partir do grande fluxo de informações disponíveis, podemos observar uma menor resistência da classe médica em prescrever medicamentos à base dos ativos da planta, que pode ser usada por pessoas de qualquer idade e estágio da doença. Os profissionais, cada vez mais buscam capacitações que possibilitem proporcionar bem-estar como, por exemplo, em doenças como Parkinson e Alzheimer, que são neurodegenerativas e sem cura. 

No caso das doenças citadas acima, considerando a falta de alternativas terapêuticas, a cannabis pode ser uma forte aliada, afinal, age diretamente no sistema endocanabinoide, responsável por regular processos fisiológicos, como inflamações, controle muscular, metabolismo, resposta a estresse e memória. Possui poucos efeitos colaterais, possibilitando a retirada de medicamentos alopáticos que, ao contrário, possuem muitos efeitos colaterais. 

Podemos afirmar que essa constante evolução do setor farmacêutico tende a ter um crescimento exponencial nos próximos anos, permitindo o desenvolvimento de novos métodos de tratamento e aprimorando os que já existem. Por isso, prevejo para o futuro um cenário em que o uso de medicamentos à base de cannabis seja cada vez mais eficaz. Além disso, entendo como um processo de educação social, que pode contribuir para mudanças concretas na legislação, favorecendo a produção e comercialização dos medicamentos de maneira acessível.

Muitas vezes, embora o paciente tenha interesse em adquirir o medicamento, por ser proibido produzir o insumo no país, geralmente possui um custo elevado. Além de ser uma tecnologia e matéria-prima escassa no mundo, ela somente pode ser produzida em alguns poucos países autorizados. Toda essa produção internacional acaba tendo um valor elevado e, apesar disso, hoje existem algumas alternativas, como a solicitação por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e das associações de pacientes, mas que ainda não contemplam todos que poderiam ser beneficiados.

Por essa razão, mesmo com a comprovação dos benefícios para a saúde, e consequentemente para a economia, ainda há um longo caminho a percorrer na implementação da cannabis medicinal. O setor está avançando, mas ainda não é acessível para todos. Em dez anos, visualizo um mercado mais consolidado e com maior aderência, afinal, é um produto que teve sua eficácia afirmada muitas vezes e, cada vez mais, torna-se uma alternativa viável para milhares de pacientes.

 

Fabrizio Postiglione - fundador e CEO da Remederi, farmacêutica brasileira que promove o acesso a produtos, serviços e educação sobre a cannabis medicinal. O executivo estuda a planta há mais de 10 anos e ao longo de sua trajetória profissional, atuou em todo o processo para produção e comercialização de medicamentos à base de cannabis.

 

DÚVIDAS DE CONSULTÓRIO: DIFERENÇAS ENTRE CIRURGIAS BARIÁTRICA E METABÓLICA, E OS CUIDADOS QUE A PESSOA OBESA PRECISA TER PARA AUMENTAR A QUALIDADE DE VIDA

Garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a cirurgia bariátrica, conhecida popularmente por “cirurgia de redução do estômago”, é um dos principais procedimentos à disposição do paciente obeso para o tratamento da doença. De acordo com relatório da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o volume dessa cirurgia no Brasil aumentou 84,78% entre 2011 e 20181. Apesar do crescimento e da consolidação do procedimento como um tratamento eficaz e seguro contra a obesidade mórbida, ainda há muitas dúvidas por parte dos pacientes elegíveis à realização da cirurgia.

O Dr. Mauricio Azevedo, especialista em Cirurgia do aparelho digestivo e gerente médico da Johnson & Johnson MedTech responde algumas das perguntas mais levantadas por pacientes a respeito do tratamento contra a obesidade.


A obesidade é considerada uma doença?

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, ou seja, apresenta múltiplas causas e é de longa duração, exigindo, assim, um cuidado contínuo ao longo de toda a vida do paciente. Mundialmente, a obesidade é considerada a causa principal de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

 

Qual a diferença entre a cirurgia bariátrica e a cirurgia metabólica?

Embora ambas as cirurgias sejam iguais, elas diferem em seus objetivos. O foco principal da cirurgia bariátrica é a perda de peso, enquanto a cirurgia metabólica visa o controle da diabetes tipo 2 e da síndrome metabólica.

Os pacientes elegíveis para a cirurgia bariátrica precisam ter obesidade a partir do grau 2, com IMC acima de 35, associada a alguma outra comorbidade, sendo as mais comuns: hipertensão, diabetes, apneia do sono, doenças reumatológicas, e doenças osteomusculares. Além disso, a faixa etária para a realização desse procedimento vai dos 16 aos 65 anos.

Os pacientes elegíveis para a cirurgia metabólica precisam estar com IMC entre 30 e 35, ter entre 18 e 70 anos, e histórico comprovado de diabetes tipo 2 não controlada e persistente.

 

Há alguma vantagem na realização da cirurgia metabólica em relação ao tratamento medicamentoso?

Recentemente foi publicado um estudo2 na revista científica The Lancet que mostra que a cirurgia metabólica oferece resultados superiores em comparação ao tratamento com os medicamentos mais eficazes disponíveis. A pesquisa, que acompanhou pacientes pelo período de 5 anos, apontou que 69,7% dos que realizaram a cirurgia metabólica apresentaram melhoras nas condições renais. Em comparação, 59,6% dos pacientes que tiveram acesso ao melhor tratamento medicamentoso disponível apresentaram os mesmos resultados. Ainda de acordo com a pesquisa, a cirurgia metabólica apresenta resultados superiores para o controle glicêmico e da pressão arterial, a perda de peso, e aumento da qualidade de vida dos pacientes que buscam o controle do diabetes e da obesidade, além das comorbidades associadas. 

 

Qual o melhor momento para a realização da cirurgia bariátrica ou da cirurgia metabólica? Há algum problema em adiar essa decisão e tentar outras formas de tratamento?

Toda decisão por parte do paciente precisa ser avaliada em conjunto com sua equipe médica e multiprofissional, com base em exames e em seu histórico de saúde. Contudo, é comum a pessoa portadora de obesidade passar por várias tentativas de emagrecimento ao longo dos anos, antes de procurar ajuda médica especializada. Um dos problemas mais comuns é o chamado “efeito sanfona”, quando o paciente perde peso e após alguns meses, volta a engordar. Isso é muito ruim para o organismo a médio e longo prazo, pois chega uma hora em que o metabolismo não aguenta, pois está constantemente sobrecarregado, e o reganho de peso é maior que o peso perdido.

 

Quais são os cuidados necessários após a realização da cirurgia, e o tempo de recuperação do paciente?

Os casos são avaliados individualmente pela equipe médica e multiprofissional, mas, no geral, após a cirurgia o paciente precisa completar um mês fazendo apenas ingestão de alimentos em forma líquida e pastosa, em pequenas porções. Até a quarta semana após a cirurgia, evitará a realização de atividades físicas que exijam grandes esforços. No entanto, é importante ir retomado aos poucos o ritmo normal de vida, fazendo pequenas caminhadas e seguindo à risca as recomendações médicas.

Normalmente, a partir da quarta semana, o paciente pode realizar práticas de atividades físicas moderadas sem problemas.

 

Quantos quilos o paciente que fizer a cirurgia vai perder?

É esperado que o paciente perca cerca de 10% do seu peso total no primeiro mês, após a realização da cirurgia. Até o terceiro mês, espera-se que haja uma perda média de mais 10%. Após esse período, é comum o paciente chegar a um platô, pois o metabolismo estabiliza e a perda de peso passa a ser mais lenta que nos meses iniciais. É preciso controlar a ansiedade, entendendo que isso é normal, e é fundamental estimular o metabolismo com hábitos saudáveis, cuidando não só da alimentação, como também da ingestão de água, cultivando bons hábitos de sono e a prática de atividade física. Dessa forma, de 12 a 14 meses após a realização do procedimento o paciente pode perder em média até 40% do seu peso inicial antes da cirurgia.


Após a cirurgia o paciente precisa tomar alguma suplementação vitamínica?

A perda de peso nos primeiros meses após a realização da cirurgia é intensa e com o estômago reduzido, o paciente sente menos fome e passa a ingerir os alimentos em menor quantidade. Por esse motivo, é muito importante que o paciente faça um acompanhamento com nutricionista, que vai avaliar quais são os suplementos indicados para o seu caso, e em quais quantidades. Para alguns pacientes, após a realização da cirurgia é necessária a suplementação de ferro, ácido fólico, vitaminas B12 e D, zinco, cobre e selênio.

O nutricionista vai avaliar por quanto tempo o paciente deverá tomar os suplementos, mas, no geral, é indicada a ingestão de um polivitamínico para que ele tome ao longo da vida para evitar deficiências nutritivas.




Johnson & Johnson MedTech,


Referências:
Cirurgia bariátrica cresce 84,78% entre 2011 e 2018 (Link). Visitado em 06/12/2022
Gastric bypass versus best medical treatment for diabetic kidney disease: 5 years follow up of a single-centre open label randomised controlled trial (Link). Visitado em 15/12/2022

 

Entenda o que é enxaqueca com aura

Conhecida como “sinal de alerta”, a aura antecede a dor de cabeça através de distúrbios visuais, sensoriais e motores


Atualmente, a enxaqueca é uma das doenças mais incapacitantes do mundo, que tem como alguns dos principais sintomas a dor latejante de intensidade moderada ou grave em um dos lados da cabeça e as náuseas, com crises que podem durar de 4 a 72 horas¹. Ainda, cerca 25 a 30% das pessoas acometidas pela doença, são impactadas pelo fenômeno da aura². Mas afinal, o que isso significa?

Geralmente descrita como “sinal de alerta”, a aura é um conjunto de distúrbios neurológicos que antecedem a fase da dor de cabeça, com duração média de 20 a 60 minutos². As manifestações mais comuns são: 

Alterações visuais²: Manchas, flashes, ziguezagues e pontos cegos aparecem no campo visual. Em alguns casos, pode até mesmo ocorrer a perda da visão por curtos períodos de tempo. 

Alterações sensoriais²: Sensação de formigamento, fraqueza muscular ou dormência, acometendo geralmente um único lado do corpo ou rosto, espalhando-se gradualmente. 

Problemas de fala ou linguagem²: Dificuldade em falar com clareza e/ou entender certas palavras.

Há também episódios conhecidos como “enxaqueca silenciosa”, quando a aura aparece juntamente com demais sintomas, mas sem que a típica dor de cabeça se desenvolva³.

No caso de um ou mais sintomas, é importante consultar um médico para garantir um diagnóstico preciso. Normalmente, o tratamento para a enxaqueca com aura segue as mesmas regras da doença isolada, visando aliviar as dores4.

Para ambos os casos, Doril Enxaqueca é um medicamento analgésico e anti-inflamatório, que pode ajudar no alívio destes sintomas5

 


Hypera Pharma



Referências consultadas

1. World Health Organization. Headache disorders. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/headache-disorders>. Acesso em: dezembro, 2022.

2. American Migraine Foundation. Understanding Migraine with Aura. Disponível em: <https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/understanding-migraine-aura/>. Acesso em: dezembro, 2022.

3. NHS. Migraine. Disponível em: <https://www.nhs.uk/conditions/migraine/>. Acesso em: dezembro, 2022.

4. Mayo Clinic. Migraine with aura. Disponível em: <https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/migraine-with-aura/diagnosis-treatment/drc-20352077>. Acesso em: dezembro, 2022.

5. Bula do Produto Doril Enxaqueca.

 

Sem causa definida, Lúpus atinge mulheres nove vezes mais do que homens

 Doença, caracterizada por dores nas articulações e erupções vermelhas no rosto, não tem cura, mas pode ser controlada por meio de tratamentos corretos.

 

No Brasil, aproximadamente 65 mil pessoas sofrem com o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus), uma doença inflamatória crônica que pode apresentar sintomas como dores nas articulações, fadiga, erupções e manchas vermelhas no rosto. 

Mesmo não possuindo uma causa definida, o Lúpus, da mesma forma que outras doenças autoimunes, pode estar relacionado a fatores hormonais, infecciosos, ambientais (exposição excessiva a raios ultravioleta, por exemplo) e genéticos. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença afeta uma a cada 1.700 mulheres brasileiras, número nove vezes maior em comparação aos homens. 

“O Lúpus é uma doença predominante na mulher, especialmente naquelas que estão em idade fértil, pois o estrogênio é um dos fatores associado ao desenvolvimento da doença. Ela também pode acometer mulheres na menopausa ou antes da menarca, assim como pode acometer homens, de forma menos comum”, explica a Dra. Jaqueline Barros Lopes, reumatologista do Hospital Santa Catarina - Paulista. 

“Ele pode afetar todos os órgãos, podendo atingir o sistema hematológico, o pulmão, o coração, membranas que envolvem o intestino e os rins. Em casos muito graves, a doença pode levar à morte. Mas também existem pacientes que tem um acometimento leve e com pouca manifestação”, afirma a médica. 

Para identificação da doença, o médico com dados da história clínica e do exame físico, solicitará alguns exames laboratoriais como o FAN (fator ou anticorpo antinuclear), que, em níveis elevados, associado a outros achados característicos, possibilita o diagnóstico. Além do FAN, outros anticorpos podem ser realizados como anti-Sm e anti-DNA, específicos para a doença. 

“Após o diagnóstico, algumas recomendações, como manter a carteirinha de vacinação sempre atualizada, praticar exercícios e ter uma alimentação balanceada são indicadas. É importante evitar a exposição solar por tempos prolongados, assim como evitar a ingestão de alimentos que elevam o colesterol”, completa a especialista. 

Sem cura, o tratamento possibilita controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzindo as crises e evitando sequelas. Para tanto, são administrados remédios que combatem a autoimunidade, os chamados imunossupressores, sempre levando em conta o perfil de cada paciente. “Um dos medicamentos utilizados são os corticoides, fundamentais no início do tratamento, porém cada vez mais procuramos usar doses menores pelo menor tempo possível. Com o advento dos imunobiológicos, novas terapêuticas têm se mostrado eficazes”, conta Dra. Jaqueline.

 

Também sem causa definida, a fibromialgia é prevalente em mulheres 

Além do Lúpus, outras doenças reumatológicas afetam os brasileiros, como a fibromialgia, artrite reumatoide, artrite psoriasica e espondilite anquilosante. Muitas delas também podem ser tratadas por meio de infusões com imunobiológicos, com ocorrência variável de acordo com a posologia de cada medicamento. 

Prevalente entre as mulheres, a fibromialgia é outra doença reumatológica que, se não diagnosticada corretamente, pode até mesmo incapacitar o paciente em casos mais graves. 

Assim como o Lúpus, a fibromialgia afeta mais o público feminino, sendo 90% dos casos prevalentes em mulheres na fase produtiva. Caracterizada por uma dor crônica que atinge especialmente as articulações e tendões, a fibromialgia não tem causa definida e, em casos extremos, pode ser incapacitante. 

No Brasil, cerca de 3% da população possui fibromialgia, indicam os dados da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor. No entanto, devido à dificuldade do diagnóstico, muitos desses casos não são identificados e acabam resultando em uma abordagem terapêutica incorreta. 

“O problema é que o diagnóstico de fibromialgia é feito incorretamente. Hoje, diferentes problemas são erroneamente diagnosticados como fibromialgia. O problema que acomete o paciente não é investigado de forma adequada, nem encaminhado para os especialistas. Todo o caso de fibromialgia tem que ser investigado por um reumatologista, pois a maioria das doenças reumatológicas mimetizam um quadro de fibromialgia”, esclarece a Dra. Jaqueline. 

Além das dores, a fibromialgia tem como sintomas a fadiga, falta de disposição e energia, ansiedade, depressão e alterações do sono. A enfermidade, que também está ligada a questões hormonais (pessoas com maior estresse e níveis de serotonina mais baixos tendem a possuir a doença), é tratada com relaxantes musculares, atividade física, ansiolíticos, e, em casos de depressão, com antidepressivos. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 15 milhões de brasileiros sofrem com doenças reumáticas, como o Lúpus e a fibromialgia. Outras doenças, como a artrite reumatoide e a osteoartrite, também precisam de acompanhamento médico periódico.

 

Centro de Infusão
Avenida Paulista, ao lado da estação Brigadeiro do metrô, em um andar exclusivo


Câncer colorretal, com viés de alta de óbitos prematuros, é tema do Março Azul

O oncologista Ramon Andrade de Mello ressalta que o diagnóstico precoce amplia em até 95% as chances de cura da doença

 

Diagnosticado em celebridades como Preta Gil, Simony e Pelé, o câncer colorretal é o tema das campanhas de saúde do Março Azul. A doença também é conhecida como câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso, e ocupa a segunda posição de maior incidência na população brasileira, excetuando o câncer de pele não-melanoma. “O diagnóstico precoce é fundamental e amplia em até 95% as chances de cura”, explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, e médico pesquisador honorário do Departamento de Oncologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido. 

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que o número de óbitos por câncer de intestino, entre pessoas de 30 a 69 anos, pode aumentar 10% até 2030. “A sociedade contemporânea trouxe novos hábitos, principalmente alimentares. As pessoas aumentaram o consumo de alimentos ultraprocessados. Além disso, a obesidade também contribui para o diagnóstico da doença”, alerta o oncologista. 

Ramon Andrade de Mello explica que o câncer colorretal se desenvolve a partir de pólipos -- lesões benignas no início e encontradas na parede do cólon -- que podem se transformar em um tumor cancerígeno. Até as últimas décadas, a enfermidade acometia principalmente pessoas acima de 50 anos de idade: “Como as pesquisas do Inca já mostraram, a idade de incidência dessa doença vem reduzindo e traz um alerta muito importante para os nossos hábitos alimentares”.

Os sintomas iniciais do câncer colorretal podem ser confundidos com outras doenças como verminoses, hemorroidas e gastrites. Pacientes que apresentem sintomas como diarreia, prisão de ventre, dor ou desconforto abdominal, perda de peso sem causas aparentes e sintomas de fraqueza e anemia precisam procurar um especialista para uma melhor avaliação. 

“O tratamento desse tumor depende da avalição do seu estágio e a cirurgia vai permitir a retirada de parte do tecido afetado. Em seguida, a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, pode ser indicada para evitar a recidiva tumoral”, detalha Ramon Andrade de Mello.

  

Dr. Ramon de Mello - oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
ramondemello.com.br/


Infertilidade afeta igualmente homens e mulheres? Especialista esclarece

Depois de um ano de tentativas de gestação frustradas, casal é considerado infértil; quando isso ocorre, tanto o homem quanto a mulher precisam recorrer aos médicos

 

Ao contrário do que muita gente imagina, a infertilidade não é um problema que pode ser atribuído exclusivamente à mulher. Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), as causas da infertilidade podem ser igualmente femininas ou masculinas: cerca de 35% dos casos são relacionados à mulher, 35% são relacionados ao homem, 20% a ambos e 10% permanecem desconhecidos.  

Segundo Dra. Dorodina Correia, médica especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana, membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil), depois de um ano de tentativas frustradas de gestação, um casal já pode ser considerado infértil. “Quando isso ocorre, tanto o homem quanto a mulher precisam recorrer aos médicos para investigar as causas. É importante reforçar que tanto o homem quanto a mulher devem ser avaliados por seus respectivos médicos - urologista e ginecologista” 

A médica lembra que a infertilidade é um assunto sempre permeado de muitos tabus, principalmente envolvendo confusões em torno de masculinidade e potência sexual. Ela ressalta que são temas absolutamente diferentes: um homem pode ter ambos, e ainda assim ser infértil. 

Segundo a Associação Brasileira de Urologia (SBU), existe uma lista de doenças e condições que podem causar a infertilidade do homem. Entre elas, estão condições anatômicas dos testículos, inflamações ou infecções, doenças sexualmente transmissíveis como gonorreia e HIV e história prévia de trauma testicular. 

Além disso, estudos iniciais apontam que o coronavírus também pode afetar o sistema urinário e reprodutivo masculino. Isso acontece porque a enzima receptora do vírus (ACE2), presente nos pulmões e rins, também está presente em grande quantidade nos testículos. “Porém, a SBRA lembra que, por ser uma doença nova, seus efeitos e a duração deles ainda estão sendo estudados”, ressalta Dra. Dorodina. 

A médica prossegue também dizendo que alterações hormonais, diabetes e cirurgias no aparelho urinário também podem obstruir os canais e afetar o transporte dos espermatozoides até o sêmen. Outra causa são medicamentos contra o câncer, que podem ter como efeito colateral a menor produção de espermatozoides. “Estima-se que ela volte ao normal passados cinco anos de tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias”. 

Outras medicações também diminuem a fertilidade, entre elas, alguns antibióticos, anti-hipertensivos e antidepressivos. Em muitos casos, os efeitos negativos destas substâncias são reversíveis com a suspensão do uso. 

Por parte da mulher, a fertilidade natural tende a decrescer com o tempo, iniciando a queda por volta dos 35 anos. Além da idade, as causas mais comuns da infertilidade feminina são endometriose, infecção pélvica, síndrome dos ovários policísticos, bem como estilo de vida. 

“É muito importante que o casal converse abertamente e busque ajuda médica para solucionar a infertilidade, uma vez que esse é um tema muito desgastante na vida conjugal. Com apoio especializado, as chances de um casal engravidar aumentam significativamente”, conclui Dra. Dorodina.



AMCR -Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil
amcrbrasil.org/#!/quem

 

4 tecnologias para o diagnóstico e tratamento de doenças raras


Doenças raras geralmente são caracterizadas por serem crônicas e degenerativas, na maioria dos casos são graves e até incapacitantes. De acordo com dados da Orphanet (iniciativa que reúne e promove o conhecimento sobre doenças raras), atualmente existem cerca de sete mil doenças raras no mundo, sendo 300 milhões de pessoas portadoras de alguma delas, isto é, entre 3,5% e 5,9% da população. Desse total, 47,3% dos doentes se dizem insatisfeitos com os cuidados recebidos, além dos elevados custos econômicos e a discriminação sofrida devido a sua condição. 

Diante deste cenário, a tecnologia ajuda a enfrentar os desafios dessas doenças por meio do fornecimento de novas ferramentas para melhorar o seu diagnóstico e tratamento. Um exemplo disso são as plataformas genéticas de alto rendimento, que permitem descobrir novos genes e novas mutações, bem como diferentes fenótipos (conjunto de características observáveis de um organismo). O fato de a tecnologia poder garantir, ou pelo menos promover, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o aparecimento dos sintomas ou tratar a doença desde o início, tornando-se uma das chaves para reduzir a morbidade dessas enfermidades. Alguns dos avanços já conhecidos são: 

  • Escaneamentos 3D para diagnóstico: uma equipe de pesquisadores da Universidade do Colorado, da Universidade de Calgary e da Universidade da Califórnia, desenvolveu uma tecnologia inovadora que usa imagens faciais tridimensionais para acelerar o diagnóstico de doenças raras. A biblioteca com imagens 3D possuí 3.327 participantes de várias etnias e idades com 396 síndromes genéticas. Depois de inserir as imagens em um banco de dados, um algoritmo de aprendizado automatizado foi treinado para identificar pessoas com uma doença rara.
     
  • Tecnologia de mRNA: utilizada na vacina da Covid-19 pela Pfizer e Moderna, o RNA mensageiro é responsável por dizer às células qual proteína elas devem produzir para combater uma infecção. Essa tecnologia é usada há anos e é aplicável a várias doenças, como a Lyme, uma infecção transmitida por carrapato.
     
  • Tecnologia CRISPR: trata-se de uma ferramenta de edição de genes que pode ser utilizada no tratamento de doenças como o angioedema hereditário, ou seja, doença genética Graças a essa tecnologia foi desenvolvido um tratamento conhecido como NTLA-2002, que bloqueia a ação do gene responsável pela doença no fígado.
     
  • Plataformas de reconhecimento de sintomas: elas listam os sintomas da doença para ajudar a reconhecê-las. Um exemplo disso é o site SMA Early Signs, desenvolvido pela Novartis Gene Therapies, que procura apoiar aqueles que provavelmente têm SMA (em português, Atrofia Muscular Espinhal), uma doença genética causada pela ausência ou mutação do gene SMN1. Os pacientes diagnosticados com ela sofrem de uma perda de neurônios motores que podem afetar as funções vitais. A possibilidade de diagnóstico precoce graças a essas plataformas favorece a indicação de um tratamento que pode salvar vidas e até interromper o curso da doença em crianças. 

Estes são alguns exemplos do que somos capazes de fazer hoje com ferramentas digitais e tecnológicas. Embora ainda haja muito a fazer, elas estão apoiando milhares de profissionais de saúde e seus pacientes a terem cuidados que antes eram inimagináveis.
 


Lucas Najún - diretor do estúdio Life Science na Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras.

www.globant.com/pt-br?utm_source=prgen&utm_medium=org&utm_campaign=a-prs_r-lat_bo-crp_cn-pr-generic_s-prgen_m-org_o-bra_bi-nap_y-2022_m-11_id-100069_ac-tl_t-landing-globant-pt
 


Tireoidectomia: quando e por que é necessário fazer a cirurgia de tireoide?

hospital albert sabin
divulgação

Quando a tireoide não funciona bem, todo o organismo sofre diversas consequências negativas pela alteração na produção de hormônios


A tireoide é uma glândula endócrina que fica localizada na parte anterior e inferior do pescoço em forma de borboleta. É uma das maiores glândulas do corpo humano e é responsável pela produção de diversas substâncias e hormônios por meio de suas células foliculares, produzindo tiroxina (T4), triiodotironina (T3) que regulam diversas funções de nosso corpo e são responsáveis pelo funcionamento de diversos órgãos, como o fígado e o coração.  Também estão ligadas à memória, humor, sono, fertilidade e ciclo menstrual feminino. 

A tireoidectomia, ou cirurgia de tireoide está indicada em situações, como:

  • Câncer – se forte suspeita ou confirmação;
  • Nódulo benigno – quando apresentam crescimento progressivo;
  • Bócio- aumento visível da tireoide;
  • Hipertireoidismo – se resistente ao tratamento clínico;
  • Estética – quando o bócio causa apenas desconforto estético no paciente.

A literatura mundial relata que até 60% das pessoas possuem ou possuirão nódulos de tireoide, sendo as mulheres a população mais acometida. “Um nódulo se torna perigoso quando seu tamanho é grande o suficiente para causar sintomas como disfagia (dificuldade para engolir), disfonia (rouquidão) ou mesmo dispneia (desconforto respiratório). Também, quando reúne características que levantem a suspeita de que se trate de câncer”, explica o Dr. Diego Rocha Moreira, Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Albert Sabin (HAS).
O diagnóstico de alterações da tireoide é realizado pelo médico por meio de exame físico, em busca de aumento do volume da tireoide ou outros sinais. Dependendo do caso, através de ultrassonografia (USG) com punção aspirativa por agulha fina (PAAF) -que fornecerá o diagnóstico citológico de algum nódulo - e por exames de sangue, como o T4 livre e o TSH, que podem diagnosticar o hipertireoidismo ou hipotireoidismo.
 

“Se o nódulo é confirmado como sendo câncer, a cirurgia é recomendada, uma vez que o tratamento precoce do câncer de tireoide pode atingir taxas de curas de aproximadamente 98%”, explica o especialista”. 

São dois os tipos de cirurgia de tireoide: a tireoidectomia total, muito indicada para casos de câncer, que consiste na remoção total da tireoide e a lobectomia ou tireoidectomia parcial (hemitireoidectomia) que consiste na remoção de apenas um lado da glândula, comum em situações de nódulos unilaterais. A porção restante da tireoide continua funcionante. 

A recuperação é rápida e a cirurgia exige em média um dia de internação. Já com 15 dias, o paciente está apto para suas atividades laborais, desde que não envolvam exercícios físicos. “A vida do paciente após a realização do procedimento é perfeitamente normal, entretanto, será necessário fazer reposição do hormônio tireoidiano para suprir a falta do hormônio T4 que era produzido pela tireoide”, finaliza o médico do HAS. 

 

HAS
https://www.youtube.com/watch?v=M7W28Af8tKI
Link vídeo 50 anos: https://youtu.be/uNoHjdPVMVI


Avanço nos tratamentos oncológicos promove redução na mortalidade e melhor qualidade de vida

 O Brasil reduziu em 6,4% as mortes por câncer de mama e 6,6% na próstata, dois dos tumores mais comuns no país. A comunidade médica busca promover o tratamento personalizado e humanizado

 

O tratamento oncológico é um momento de muita tristeza e apreensão para qualquer paciente e seus familiares. O medo dos efeitos colaterais e da cura não acontecer desmotivam desde o início do processo. No entanto, com o avanço da tecnologia em terapias e em ferramentas diagnósticas, cada vez mais, os tratamentos oncológicos alcançam melhores resultados. 

Os avanços mostram resultados na redução da mortalidade pela doença. Nos Estados Unidos, segundo o NIH, Instituto Nacional de Saúde do país, o número de mortes caiu 2,3% por ano em homens e 1,9% em mulheres entre 2015 e 2019. Os tumores com maior redução foram o melanoma e os que acometem o pulmão. 

No Brasil, os números também diminuíram entre 2019 e 2021. De acordo com o 12º Fórum Nacional Oncoguia, o país viu uma redução de 6,4% das mortes por câncer de mama; 6,6% por câncer de próstata; 8,1% por câncer de traqueia, brônquios e pulmão; 10,3% por câncer de esôfago; 13,4% por linfoma de Hodgkin; e 13,7% por câncer da cavidade oral. Por outro lado, o estudo aponta que a pandemia atrapalhou o diagnóstico de grande parte dos casos. 

“O principal recurso nesta última década para o tratamento oncológico tem sido a terapia-alvo, uma tecnologia que veio para ficar e dar mais potência no processo. Atualmente, com essas novas terapias, os efeitos colaterais são menores, quando comparados aos de quimioterápicos convencionais, o que ajuda na melhora da qualidade de vida do paciente”, explica o Dr. Gregório Pinheiro Soares, oncologista do Hospital Santa Catarina -- Paulista. 

A escolha do tratamento é feita por diversos fatores como tipo, localização e tamanho do tumor. Além da faixa etária e das condições de saúde prévias do paciente. 

“Hoje, o foco do tratamento oncológico é personalizarmos o tratamento, desenvolvendo uma terapia que seja efetiva para o paciente e, ao mesmo tempo, evite efeitos colaterais. Estudamos cada tipo de perfil e percebemos que um medicamento voltado para o que acomete o pulmão, pode ter o perfil genético parecido com o de um que atinge o cérebro, por exemplo. Dessa forma, podemos usar a mesma medicação para ambos”, afirma o Dr. Aumilto Silva Júnior, oncologista do Hospital Santa Catarina -- Paulista. 

Outra tecnologia cada vez mais consolidada que permite o desenvolvimento de uma terapia personalizada é a Oncogenética. O teste genético possibilita que determinadas alterações sejam identificadas previamente ao surgimento de doença e possíveis tratamentos ou ações preventivas sejam tomadas para reduzir a possibilidade do desenvolvimento do câncer ou identificá-lo de maneira precoce. 

Em certos casos, a descoberta de um gene cancerígeno possibilita ações preventivas e a possibilidade de intervenções precoces antes do desenvolvimento do tumor. Por exemplo, a retirada preventiva das mamas, em situações em que a mulher é portadora de um gene que predispõe ao surgimento do câncer de mama. 

“Cerca de uma a dez pessoas com câncer possuem alterações genéticas herdadas e que estão circulando pela família. Antes bastante restrita, a Oncogenética está cada vez mais acessível e mais avançada em termos de tecnologia”, comenta o Dr. Gregório Pinheiro. “Entre as novas tecnologias para diagnóstico, podemos destacar a biópsia líquida, que é a utilização de exame de sangue para análise do DNA do tumor, sem precisar de um pedaço dele, ou seja, é um método menos invasivo. No Hospital Santa Catarina - Paulista, utilizamos a biópsia líquida em casos de tumores no pulmão para pesquisa de mutação de drive (genes cancerígenos) ” completa o médico. 

Referência em tratamento humanizado, o Hospital Santa Catarina - Paulista inaugurou, em dezembro, seu novo Centro de Oncologia e Hematologia. O espaço aumentou em 120% os boxes dedicados à quimioterapia e à infusão de medicamentos não oncológicos e triplicou o número atual de consultórios oncológicos.
 

Cuidados paliativos no tratamento oncológico 

Visando promover os benefícios de um tratamento humanizado e responsável, muitos médicos optam por realizar os cuidados paliativos concomitante a terapia convencional. Seus objetivos é permitir que o paciente e seus familiares experenciem uma abordagem que permite um bem-estar físico e psicológico. 

Para esse método ser efetivo, a equipe médica toma algumas medidas como uso de analgésicos e a redução ao máximo de procedimentos incômodos, que visam sempre a qualidade de vida da pessoa em tratamento. Mesmo nos casos de fim de vida, os cuidados paliativos funcionam como promotores da melhor qualidade de vida, confortando e cuidando do paciente e familiares. 

Não são raros os casos de famosos que passaram pelos cuidados paliativos na oncologia. O ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e o maior jogador da história do futebol, Pelé, realizaram essa abordagem para diminuir a dor e aumentar o bem-estar.

 

Dores inexplicáveis podem ser sintomas de fibromialgia


Poucas pessoas sabem que o Fevereiro Roxo também tem como foco a conscientização sobre uma doença considerada invisível e que, segundo a Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor (SBED), acomete mais de 6 milhões de pessoas no Brasil e tem maior incidência entre as mulheres – 90% dos casos diagnosticados envolvem pessoas do sexo feminino – com idades de 25 anos a 50 anos. Estou falando da fibromialgia, síndrome clínica que se manifesta pela dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Mundialmente, a doença afeta entre 2,5% a 6% da população.

Infelizmente, a fibromialgia não aparece em exames laboratoriais e de imagem e é de difícil diagnóstico, principalmente porque ele é realizado apenas em âmbito clínico. Muitas mulheres, antes de conseguirem descobrir a doença, sofrem preconceito pela descrença dos próprios familiares e amigos na dor que estão sentindo – sendo consideradas exageradas ou frágeis. Mas não é exagero afirmar que, como muitas portadoras descrevem, a fibromialgia causa “dores do fio de cabelo até o dedão do pé”. Trata-se de uma condição na qual as sensações ficam amplificadas. Além disso, ela pode apresentar diversas manifestações preocupantes como fadiga, sono não reparador, alterações na memória e na concentração, formigamentos, dores de cabeça, tontura, alterações intestinais. Consequentemente, questões emocionais como depressão e ansiedade surgem também, comprometendo significativamente a qualidade de vida das pacientes. 

Apesar de ainda não ter cura, existem algumas formas de controlar o avanço da doença. Além de medicamentos, a prática regular de exercícios físicos, como aeróbicos e de fortalecimento muscular, pode ajudar muito na melhora das dores e no aumento da qualidade e vida de quem vive com a fibromialgia. Uma outra forma de tratamento é a terapia cognitiva-comportamental, que auxilia as pacientes a conviverem de forma mais fácil com a sua condição e a lidarem melhor com as suas relações sociais e familiares. Sem dúvida, uma dieta alimentar adequada também pode ser empregada como tratamento adjuvante. 

Por fim, caso a pessoa perceba que sente dores persistentes e constantes no corpo, aparentemente sem um motivo específico, o mais importante é buscar a ajuda médica para ter acesso a um diagnóstico correto e para receber orientação a respeito dos tratamentos adequados. Quanto antes a paciente for diagnosticada, mais chance ela terá de ter melhor qualidade de vida.

 

Virginia Trevisani - reumatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.

 

Março Azul-Marinho

Detalhes tão pequenos podem representar uma vida sem câncer de intestino grosso

 

Olá, no meu papel de médico oncologista gostaria de falar sobre o câncer de cólon e reto, especialmente neste mês de março, que é dedicado à conscientização e prevenção dessa doença tão importante. 

O câncer de cólon e reto é uma doença que afeta o intestino grosso e o reto, sendo um dos tipos mais comuns de câncer no mundo. É uma doença que pode se desenvolver lentamente ao longo de vários anos, começando com pólipos que se formam na parede do intestino e, com o tempo, podem se tornar cancerosos. 

A importância da conscientização sobre o câncer de cólon e reto -- também chamado de câncer colorretal ou câncer do intestino grosso -- é crucial, uma vez que essa doença é altamente curável quando detectada precocemente. No entanto, quando não diagnosticado e tratado a tempo, pode ser fatal. 

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres, com cerca de 40.990 novos casos em 2021. No mundo, estima-se que 1,8 milhão de novos casos foram diagnosticados em 2018. 

Os principais fatores de risco para o câncer colorretal incluem a idade avançada, história familiar da doença, dieta pobre em fibras e rica em gorduras, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. 

Os sinais e sintomas do câncer colorretal podem incluir mudanças nos hábitos intestinais, dor abdominal persistente, sangramento retal, perda de peso não intencional e fadiga. É importante estar atento a esses sinais e sintomas e procurar um médico se eles persistirem por mais de duas semanas. 

O estadiamento e prognóstico do câncer de cólon e reto dependem do estágio da doença no momento do diagnóstico. 

O diagnóstico pode ser feito por exame de sangue oculto nas fezes, colonoscopia ou retossigmoidoscopia. Cada um desses exames tem suas peculiaridades, mas o de colonoscopia é o mais assertivo por analisar toda a extensão do intestino grosso e já retirar os pólipos quando encontrados, sem necessidade de agendar outro procedimento ou tratamento posterior quando o resultado da biópsia é negativo. 

Além da colonoscopia, o estadiamento também é realizado pelos exames de tomografia e ressonância magnética. O prognóstico varia de acordo com o estágio da doença, mas é importante destacar que, quando detectado precocemente, o câncer do intestino grosso tem 90% de chance de cura. 

Os tratamentos disponíveis para o câncer de cólon e reto incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O tratamento escolhido dependerá do estágio da doença, da saúde geral do paciente e de outros fatores individuais. 

Dependendo do tamanho da área tomada pelos tumores, pode ser necessário extrair na cirurgia um segmento do intestino grosso e a não ligação entre uma extremidade e a outra pode resultar na dependência do uso de uma bolsa excretora (colostomia) para coleta das fezes. 

No estágio mais avançado da doença, quando o câncer está disseminado pelo organismo, o tratamento visa o controle e o paciente pode ganhar muitos anos de sobrevida com quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. 

Em conclusão, é fundamental aumentar a conscientização sobre o câncer de cólon e reto neste mês de março azul-marinho e durante todo o ano. A prevenção e a detecção precoce são fundamentais para salvar vidas e reduzir o impacto desta doença. Portanto, fale com seu médico e faça exames de rotina para prevenir e tratar o câncer de cólon e reto. 


Dr. Paulo Pizãooncologista. Coordena o Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Beneficência Portuguesa de Campinas; coordena a equipe médica da Oncologia Vera Cruz Hospital; é pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica São Lucas (PUC-Campinas) e coordena a disciplina de Oncologia Clínica no Curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, Campinas-SP.


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