Doença
afeta cerca de 15% do público feminino entre 18 e 50 anos, de acordo com
especialista
As
varizes pélvicas são veias aumentadas e tortuosas na região do útero e dos
ovários, que dificultam o retorno venoso, podendo causar dores crônicas na
pelve; ou seja, dores com duração maior que 6 meses.
De
acordo com o médico especialista em cirurgia vascular do Hospital Nove de Julho
em São Paulo, Carlos André Vieira, essa doença pode atingir até 15% das
mulheres entre 18 e 50 anos.
Além
de ser um fator a ser considerado no diagnóstico diferencial para doenças como
endometriose, doenças inflamatórias pélvicas e cistite intersticial, pois
alguns dos sintomas dessas doenças são semelhantes aos de varizes pélvicas.
“Infelizmente, apesar de sua alta prevalência, é subdiagnosticada por muitos
médicos”, afirma Vieira.
O
aparecimento das varizes pélvicas não é perfeitamente explicado. Acredita-se
que níveis elevados de estradiol - hormônio que atua no crescimento dos órgãos
reprodutivos femininos - poderiam ser responsáveis pelo surgimento das dores.
Isso poderia explicar a maior prevalência em gestantes e em mulheres que
possuem ovários policísticos.
Apesar
de que, na maioria das vezes, a origem primária da doença seja desconhecida,
podem existir fatores secundários bem definidos. As síndromes compressivas, em
muitos casos, podem ser identificadas e perfeitamente tratadas.
“As
síndromes compressivas, que acometem as veias na região pélvica, geram
dificuldade no retorno venoso do sangue ao coração, levando à dilatação das veias
e a formação de varizes”, exemplifica Carlos André.
Dois
dos principais exemplos dessas síndromes são a Síndrome de Cockett, em que a
veia ilíaca comum esquerda é comprimida pela artéria ilíaca comum direita e a
Síndrome de Quebra-nozes (Nutcracker), em que a veia renal esquerda é
comprimida também por uma artéria. Ambos, são passíveis de correção
endovascular.
A
maioria dos casos diagnosticados são assintomáticos. As varizes pélvicas só são
relevantes e só devem ser tratadas quando geram algum sintoma; nesse caso,
denomina-se Síndrome Congestiva Pélvica. Os principais sintomas são:
- Dores
crônicas na região da pelve (com mais 6 meses de duração);
- Alterações
no ciclo menstrual;
- Dores
durante a relação sexual (dispareunia);
- Presença
de veias varicosas no períneo ou na vulva.
Como funciona o tratamento?
O
diagnóstico acidental é comum quando se está realizando algum exame por
qualquer outra causa. Nessa situação, o médico explica que a maioria dos casos
não demandam intervenção, pois não se deve tratar exames, mas, sim, o
indivíduo. “As repercussões de uma cirurgia desnecessária podem ser piores e,
por exemplo, trazer dor a uma pessoa que vivia sem dor”.
Quando
há a necessidade de tratamentos, o especialista ressalta que existem opções
tanto clínicas quanto cirúrgicas. De acordo com ele, o tratamento clínico
consiste em supressão ovariana ou medicamentos que induzem a vasoconstrição
venosa.
“Se
não houver melhora após tratamento clínico, pode ser necessário algum tipo de
intervenção. Uma das técnicas seria uma punção para que, com cateteres, acessem
a veia ovariana. Através dela, é feito um procedimento de fechamento dos vasos
dilatados, conhecido como embolização”, comenta Vieira. O tratamento também é
de baixo risco e, normalmente, é possível receber alta ainda no mesmo dia.
Contudo,
é preciso enfatizar que apenas um especialista é responsável por esclarecer se
há a necessidade de tratamento ou não. Embora não haja evidência de que seja
uma doença com risco de morte aumentado, as varizes pélvicas podem levar a
questões físicas e psicológicas que, muitas vezes, são incapacitantes.
“Muitas
mulheres apresentam dores crônicas na região abdominal baixa, na região da
pelve, e apresentam graves problemas como alterações menstruais e dores na
relação sexual. Isso pode ser importante causa de ansiedade e, em muitos casos,
depressão, além de trazer graves consequências nos relacionamentos afetivos”,
finaliza.
Dr. Carlos André Pereira Vieira - médico com 15 anos de experiência (2007). Graduação em medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (2002-2007), fez residência médica em Cirurgia Geral pela Irmandade Santa Casa de São Paulo (2008-2010) e residência em Cirurgia Vascular no Hospital do Servidor Público Estadual (IAMSPE) 2010-2012. Possui Título de Especialista em Cirurgia Vascular, Endovascular e Ecodoppler pela SBACV e CBR desde 2013. Médico titular em cirurgia vascular no Hospital Paulistano de 2012 a 2019. Atualmente, é médico titular no principal hospital do Grupo DASA em São Paulo (Hospital Nove de Julho). Atua em consultório próprio na realização de exames e consultas na Av. Paulista, 91, conj. 307.